segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Operação Bolsa Azul: a teoria que envolve um suposto plano de El Salvador para derrubar Maduro

Um post de uma bolsa azul no X, uma fala em um vídeo e um encontro com um mercenário. Isso foi o suficiente para espalhar uma suposta teoria de que o presidente de El SalvadorNayib Bukele, elaborou um plano para derrubar Nicolás Maduro na Venezuela.

Maduro tomou posse nesta sexta-feira (10) após declarar ter vencido as eleições de julho de 2024, sem apresentar provas da vitória e sob contestação internacional.

A teoria, chamada "Operação Bolsa Azul", ganhou força na internet após a líder da oposição venezuelana, María Corina Machadoser interceptada por agentes de Maduro ao deixar uma manifestação. O caso aconteceu nos arredores de Caracas, na quinta-feira (9).

María Corina ficou algumas horas sob o poder do regime Maduro. Pouco antes de ela confirmar que estava em um local seguro, começou a circular nas redes sociais um vídeo em que ela dizia que estava bem e que tinha deixado cair uma "bolsa azul" enquanto era perseguida.

"Estou bem, estou segura. Hoje é 9 de janeiro. Saímos de uma concentração maravilhosa. Me perseguiram, caiu minha bolsa... uma bolsinha azul que tinha meus pertences. Caiu na rua. E já estou a salvo. A Venezuela será livre", disse.

O vídeo em questão não foi divulgado oficialmente pelo partido de María Corina Machado, nem pela opositora. Na sexta-feira (10), ela disse que foi obrigada a gravar o vídeo por agentes de Maduro, como uma prova de vida diante da soltura dela.

Na noite de quinta-feira, Bukele fez um post em tom cifrado no X: uma foto de uma bolsa azul, sem legenda. Logo, internautas resgataram a foto de María Corina Machado com uma bolsa supostamente parecida. Veja a seguir.

A partir daí, surgiram teorias de que María Corina havia comentado sobre a bolsa no vídeo como uma espécie de "palavra-chave" para acionar um plano internacional.

Na internet, houve quem comentasse que a cor azul seria uma referência aos Capacetes Azuis — as forças de paz da ONU. Segundo essa hipótese, as Nações Unidas estariam prontas para restabelecer e democracia na Venezuela.

Já outros disseram que o azul estaria ligado à cor da bandeira de El Salvador, e que algo poderia estar sendo planejado para que Edmundo González tomasse posse com a ajuda do país.

·        Ajuda de mercenário

Bukele também publicou um print de celular que mostrava o tempo em Caracas, mais uma vez sem legenda. Os internautas começaram a se questionar se a temperatura ou os dias da semana poderiam indicar algo.

Também foi levantada a possibilidade de o presidente salvadorenho estar na Venezuela durante a posse de Maduro.

"A partir de sábado sol? Sexta-feira o último dia nublado?", comentou um usuário do X, insinuando que Maduro poderia não seguir no poder.

Diante dos prints surgiu mais um elemento na teoria: um encontro que Bukele teve com o mercenário Erik Prince há alguns meses. Prince é um ex-militar norte-americano que possui uma empresa militar privada. Ele é conhecido por operações de segurança e resgate, principalmente em zonas de conflito.

Nas redes sociais, o mercenário comenta com frequência a questão da Venezuela. Na quarta-feira (8), ele escreveu: "Não acredite nas coisas idiotas que um regime moribundo fará para tentar se agarrar ao poder".

Dias antes, Prince perguntou se alguém estaria disposto a ganhar US$ 100 mil para capturar o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, e levá-lo até águas internacionais. "Isso é muito dinheiro para se livrar desse lixo imundo", escreveu.

Segundo a teoria que está pipocando nas redes sociais, Prince estaria por trás de alguma movimentação que ajudaria a colocar fim no regime Maduro. Tudo teria sido planejado com o apoio de Bukele.

Na quinta-feira, o ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, zombou do fato de María Corina Machado ter perdido sua bolsa azul. O programa que ele tem na TV estatal tocou a música "La Cartera", que fala sobre um rapaz que perdeu a carteira com dinheiro.

Na televisão, Cabello também abriu uma bolsa azul cheia de remédios, como ansiolíticos e tranquilizantes, e que guardava uma nota de dólar. O procurador-geral Tarek William Saab publicou uma nota no mesmo dia dizendo que María Corina tinha transtornos de personalidade.

Ainda nesta semana, Maduro disse que a Venezuela tinha prendido "sete mercenários", entre os quais dois cidadãos americanos, que estavam planejando ações terroristas no país.

A posse de Maduro nesta sexta para um mandato de seis anos ajuda a esfriar a teoria por ora. Sem dar contexto, Bukele fez um novo post, escrevendo "paciência".

¨      Ex-presidentes colombianos de extrema-direita pedem intervenção militar na Venezuela para derrubar Maduro

Os ex-presidentes colombianos Alvaro Uribe e Ivan Duque pediram neste sábado (11) uma intervenção militar na Venezuela para derrubar o governo do presidente Nicolas Maduro, que tomou posse na sexta-feira (10) para um novo mandato de seis anos. 

"Nós pedimos uma intervenção internacional, preferencialmente respaldada pelas Nações Unidas, que remova esses tiranos do poder e convoque imediatamente eleições livres", afirmou Uribe em um ato anti-Maduro na cidade de Cúcuta, conforme citado pelo jornal El Tiempo

Por sua vez, Duque fez um apelo por uma "intervenção humanitária" na Venezuela. "Edmundo Gonzalez, como presidente legítimo da Venezuela, diante da usurpação, deve convocar a comunidade internacional, especialmente os países do sistema interamericano, assim como outros países comprometidos com a democracia, para que promovam uma intervenção humanitária na Venezuela que permita a proteção dos direitos humanos e o restabelecimento da ordem democrática", disse. 

O atual governo colombiano, do presidente Gustavo Petro, de esquerda, não mantém relações tão amistosas com Caracas. Mais cedo na semana, Petro confirmou em seu perfil na plataforma X que não iria à cerimônia de posse de Maduro. Ele justificou a decisão citando a prisão de opositores progressistas do governo venezuelano e de ativistas pelos direitos humanos. 

Em um processo eleitoral que foi contestado pela Colômbia e também pelo Brasil, os venezuelanos votaram para presidente em 28 de julho do ano passado. Maduro foi declarado vencedor com mais de 51% dos votos pelas autoridades judiciárias do país. 

A oposição, no entanto, alegou uma vitória esmagadora, citando as atas eleitorais que receberam de seções de votação em todo o país. Isso levou a grandes protestos de grupos oposicionistas. Desde então, várias milhares de pessoas foram presas sob acusações de danos à infraestrutura estatal, incitação ao ódio e terrorismo. Oficialmente, o governo do presidente Lula ainda não reconheceu Maduro como vencedor.

¨      Itamaraty confirma fechamento da fronteira entre Brasil e Venezuela

O Ministério das Relações Exteriores afirmou nesta sexta-feira que autoridades da Venezuela decidiram fechar a fronteira do país com o Brasil até a segunda-feira.

Em um breve comunicado à imprensa sem citar motivos, o Itamaraty afirmou que "por decisão das autoridades venezuelanas, a fronteira da Venezuela com o Brasil foi fechada hoje, até dia 13 de janeiro, segunda-feira".

O Ministério da Informação da Venezuela não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não reconheceu oficialmente Maduro como o vencedor da eleição contestada de julho passado e não comentou sobre Maduro nesta sexta-feira.

O governo brasileiro, no entanto, enviou sua embaixadora em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira, para a cerimônia de posse de Maduro.

O Itamaraty acrescentou que seus funcionários consulares na Venezuela ajudarão os cidadãos brasileiros em caso de emergência durante o fechamento da fronteira.

¨      Em pronunciamento, María Corina Machado diz que Maduro consumou golpe de Estado na Venezuela

A líder opositora venezuelana María Corina Machado afirmou que Nicolás Maduro consolidou um golpe de Estado ao tomar posse para um terceiro mandato, nesta sexta-feira (10), sem apresentar provas de que venceu as eleições de julho de 2024. Essa foi a primeira vez que a opositora se pronunciou após ter sido detida brevemente na quinta-feira (9).

A oposição garante que Edmundo González venceu as eleições presidenciais com base em dados de votação das atas impressas pelas urnas eletrônicas. No entanto, as autoridades eleitorais, que apoiam Maduro, declararam que o atual presidente foi reeleito.

María Corina afirmou que Maduro se apoia nos "ditadores de Cuba e Nicarágua" para se manter no poder. Ela também acusou o presidente de violar a Constituição da Venezuela.

"Hoje, 10 de janeiro, Maduro consolida um golpe de Estado diante dos venezuelanos e do mundo. Decidiram cruzar a linha vermelha, oficializando a violação da Constituição Nacional. Pisoteiam nossa Constituição", afirmou.

Sobre a própria detenção, María Corina disse que foi abordada por policiais enquanto deixava uma manifestação contra Maduro em Caracas, na quinta-feira (9). O governo venezuelano nega a prisão e chamou o episódio de "teatro".

A opositora afirmou que foi interceptada enquanto deixava a manifestação em um comboio de três motos. Segundo ela, agentes armados da Polícia Nacional Bolivariana pararam o grupo.

A opositora relatou ter sido arrancada de forma violenta da moto onde estava e colocada em outra, entre dois homens. Segundo ela, houve disparos, e um membro da equipe dela foi ferido e preso.

"É assim que eles agem, atacando uma mulher pelas costas", disse.

María Corina disse que foi levada para um local desconhecido. Em seguida, de acordo com ela, os agentes disseram ter recebido ordens para liberá-la, mas exigiram a gravação de um vídeo como prova de vida.

"Estou bem agora, embora sinta dores fortes e tenha contusões em algumas partes do corpo. É evidente que o que aconteceu ontem demonstra as profundas contradições dentro do regime. A atuação errática deles é mais uma prova de como estão divididos internamente", afirmou.

Ela acredita que a repercussão internacional sobre sua detenção forçou o regime de Maduro a reconhecer o erro.

"Todos sabemos que, a partir de hoje, a pressão aumentará ainda mais, até que Maduro entenda que isso acabou. Ontem, o regime reprimiu brutalmente, perseguindo e prendendo mais de 20 venezuelanos."

'Liberdade está próxima'

Edmundo González, que foi reconhecido como presidente eleito por países como Estados Unidos e Argentina, deixou a Venezuela em setembro e se asilou na Espanha. Recentemente, ele visitou alguns países americanos.

Nos últimos meses, González declarou várias vezes que retornaria à Venezuela para tomar posse em 10 de janeiro. Contudo, isso não aconteceu.

María Corina Machado justificou que a volta de González à Venezuela neste momento não é conveniente, por causa da "paranoia delirante do regime". Ele é alvo de um mandado de prisão.

"O mundo virá à Venezuela para que ele tome posse como presidente constitucional no momento certo, quando as condições forem adequadas", disse a opositora.

Em um recado aos apoiadores, María Corina pediu para que a população continue se manifestando contra Maduro e afirmou acreditar que a "liberdade está próxima".

"Venezuelanos, Maduro não poderá governar à força uma Venezuela que decidiu ser livre. Nosso país está mais unido do que nunca, tanto na política quanto em seus lares", disse.

¨      Itamaraty critica "perseguição" a opositores venezuelanos e pede "diálogo" após posse de Maduro

O Ministério das Relações Exteriores divulgou neste sábado (11) nota em que critica as "prisões", "ameaças" e a "perseguição" a opositores políticos venezuelanos, um dia após o presidente do país, Nicolas Maduro, tomar posse para um novo mandato.

A nota foi divulgada em meio a relatos de que a líder oposicionista Maria Corina Machado teria sido presa, embora o governo venezuelano negue. 

"O governo brasileiro acompanha com grande preocupação as denúncias de violações de direitos humanos a opositores do governo na Venezuela, em especial após o processo eleitoral realizado em julho passado", diz o documento, acrescentando que reconhece os "gestos de distensão pelo governo Maduro", ao citar a libertação de mais de 1 mil detidos e a reabertura do Escritório do Alto Comissário de Direitos Humanos das Nações Unidas em Caracas.

Além disso, o documento afirma: "O Brasil registra que, para a plena vigência de um regime democrático, é fundamental que se garantam a líderes da oposição os direitos elementares de ir e vir e de manifestar-se pacificamente com liberdade e com garantias à sua integridade física". 

O governo brasileiro pediu ainda diálogo entre as forças políticas venezuelanas "com vistas a dirimir as controvérsias internas". 

Em um processo eleitoral que foi contestado pelo Brasil, os venezuelanos votaram para presidente em 28 de julho do ano passado. Maduro foi declarado vencedor com mais de 51% dos votos pelas autoridades judiciárias do país. 

A oposição, no entanto, alegou uma vitória esmagadora, citando as atas eleitorais que receberam de seções de votação em todo o país. Isso levou a grandes protestos de grupos oposicionistas. Desde então, várias milhares de pessoas foram presas sob acusações de danos à infraestrutura estatal, incitação ao ódio e terrorismo. Oficialmente, o governo do presidente Lula ainda não reconheceu Maduro como vencedor.

<><> Leia abaixo a nota na íntegra: 

Nota sobre a situação na Venezuela

O governo brasileiro acompanha com grande preocupação as denúncias de violações de direitos humanos a opositores do governo na Venezuela, em especial após o processo eleitoral realizado em julho passado. 

Embora reconheçamos os gestos de distensão pelo governo Maduro – como a liberação de 1.500 detidos nos últimos meses e a reabertura do Escritório do Alto Comissário de Direitos Humanos das Nações Unidas em Caracas, o governo brasileiro deplora os recentes episódios de prisões, de ameaças e de perseguição a opositores políticos.

O Brasil registra que, para a plena vigência de um regime democrático, é fundamental que se garantam a líderes da oposição os direitos elementares de ir e vir e de manifestar-se pacificamente com liberdade e com garantias à sua integridade física.O Brasil exorta, ainda, as forças políticas venezuelanas ao diálogo e à busca de entendimento mútuo, com base no respeito pleno aos direitos humanos com vistas a dirimir as controvérsias internas.

¨      Altman cobra posicionamento do Itamaraty sobre tentativas de golpe contra Maduro

O jornalista Breno Altman foi às redes sociais, neste sábado (11), criticar a nota emitida mais cedo pelo Ministério das Relações Exteriores, em que a pasta "deplora" a "perseguição" a opositores venezuelanos e pede "diálogo" após o presidente Nicolás Maduro tomar posse para um novo mandato. 

A nota foi divulgada em meio a relatos de que a líder oposicionista Maria Corina Machado teria sido presa, embora o governo venezuelano negue. O movimento de ultradireita liderado por Corina Machado é acusado de estar por trás de tentativas de golpe. 

Nesse sentido, Altman criticou o silêncio do Itamaraty sobre os movimentos golpistas da extrema-direita venezuelana, apoiada pelos Estados Unidos. Segundo ele, o documento desta sexta representa uma visão "ultrajante", "demagógica" e "mentirosa" sobre a posse de Maduro. 

"A nota do Itamaraty sobre a posse do presidente Maduro é ultrajante. Demagógica e mentirosa a respeito dos direitos humanos na Venezuela, silencia sobre os movimentos golpistas impulsionando pela extrema-direita com o apoio dos EUA e da União Europeia", escreveu Altman na plataforma X. 

Em um processo eleitoral que foi contestado pelo Brasil, os venezuelanos votaram para presidente em 28 de julho do ano passado. Maduro foi declarado vencedor com mais de 51% dos votos pelas autoridades judiciárias do país. 

A oposição, no entanto, alegou uma vitória esmagadora, citando as atas eleitorais que receberam de seções de votação em todo o país. Isso levou a grandes protestos de grupos oposicionistas. Desde então, várias milhares de pessoas foram presas sob acusações de danos à infraestrutura estatal, incitação ao ódio e terrorismo. Oficialmente, o governo do presidente Lula ainda não reconheceu Maduro como vencedor.

 

Fonte: g1/Brasil 247/Reuters

 

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