Pastor
Zé Barbosa Jr.: Michelle Bolsonaro -
Leia o Salmo 11 comigo
Justamente no dia 8 de
janeiro de 2025, dois anos após a fracassada invasão à Praça dos Três Poderes
em Brasília, que resultou na depredação dos prédios do Supremo Tribunal
Federal, Congresso e do Palácio do Planalto, e na prisão de boa parte dos
golpistas que lá estiveram, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro postou
em suas redes sociais um versículo bíblico, onde dizia "Pois o senhor é
justo e ama a justiça; os retos verão a sua face", último versículo do
Salmo 11. Muitos entenderam como uma mensagem de reafirmação de que a invasão
fracassada era um clamor por “justiça”.
Michelle, como muitos
sabem, se declara evangélica e é frequentadora da Igreja Batista Atitude, na
Barra da Tijuca, lugar inclusive que testemunhou orações e profecias de vitória
para Jair Bolsonaro que nunca se concretizaram. Não era, portanto, de se
esperar que Michelle soubesse, como pretendia, ler e interpretar um texto
bíblico, pois ao utilizar-se apenas de um versículo de um Salmo atribuído ao
Rei Davi o faz de forma equivocada, o que no jargão teológico dizemos: “texto
fora de contexto é pretexto”.
Digo isso porque, ao
analisarmos o Salmo inteiro, o conteúdo poderia surpreender a própria Michelle
e ter um resultado um pouco diferente do que ela quis atribuir ao texto.
Ao ser atribuído ao Rei
Davi, considerado também um grande músico e poeta, autor de grande parte dos
Salmos bíblicos, o Salmo 11 parece falar de uma realidade muito interessante
para esse 8 de janeiro: uma tentativa de golpe.
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Vejamos o texto inteiro:
1 No SENHOR confio; como dizeis à minha alma:
Fugi para a vossa montanha como pássaro?
2 Pois eis
que os ímpios armam o arco, põem as flechas na corda, para com elas atirarem,
às escuras, aos retos de coração.
3 Se forem destruídos os fundamentos, que
poderá fazer o justo?
4 O Senhor está no seu santo templo, o trono
do Senhor está nos céus; os seus olhos estão atentos, e as suas pálpebras
provam os filhos dos homens.
5 O Senhor
prova o justo; porém ao ímpio e ao que ama a violência odeia a sua alma.
6 Sobre os
ímpios fará chover laços, fogo, enxofre e vento tempestuoso; isto será a porção
do seu copo.
7 Porque o Senhor é justo, e ama a justiça; o
seu rosto olha para os retos.
Quando se estuda de
forma séria o texto bíblico, a informação de QUEM escreveu (ou a quem foi
atribuído) o texto, e sua realidade local, temporal e social (que chamamos de
contexto) é essencial e é aqui que Michelle escorrega de forma sem igual, (mas
nada que choque a considerar a realidade evangélica que ela representa: gente
que não tem apreço algum pelo estudo bíblico feito de forma leal e embasada)
usando para “abençoar” a tentativa de golpe um texto que fala exatamente
de um Rei que resistiu ao golpe. Engano total.
Ao fazermos uma análise
verso a verso do Salmo, levando em conta contextos e “autor”, pode complicar
ainda mais para os bolsonaristas, senão vejamos:
# 1 No SENHOR confio; como dizeis à minha
alma: Fugi para a vossa montanha como pássaro?
O Rei não pensa em
fugir ao ser golpeado. Ele confia no SENHOR e na JUSTIÇA. Rejeita até mesmo a
sugestão de amigos a que fuja para não ser “preso”.
Agora pense na história recente do nosso país: Quem foi que resistiu a 580 dias
de prisão e não quis fugir, confiando na justiça e na justiça divina? Bem
diferente de quem se escondeu em embaixadas e já sinalizou diversas vezes sua
vontade de fugir caso o cerco aperte...
# 2 Pois eis que os ímpios armam o arco, põem
as flechas na corda, para com elas atirarem, às escuras, aos retos de coração.
Com as últimas
revelações de esquemas e tantas outras coisas, de que lado estão os que
“armaram o arco” e procuravam, inclusive colocar bombas que matariam centenas
de inocentes, no escuro da noite?
# 3 Se forem destruídos os fundamentos, que
poderá fazer o justo?
Qual a principal
intenção dos golpistas, senão destruírem exatamente os fundamentos da
democracia e do Estado de Direito no país? Cuja implicância direta seria o fato
de nada poder se fazer, já que os FUNDAMENTOS teriam sido todos destruídos em
prol de um golpe?
# 4 O Senhor está no seu santo templo, o trono
do Senhor está nos céus; os seus olhos estão atentos, e as suas pálpebras
provam os filhos dos homens.
A certeza que o Rei
trazia em si de que todos os projetos maus seriam revelados algum dia, de que
“os olhos divinos” provariam quem fazia o quê e quem planejava miséria e destruição
para o nosso povo.
# 5 O Senhor prova o justo; porém ao ímpio e
ao que ama a violência odeia a sua alma.
Quem, nessa história toda, ama a violência? Quem quis colocar bombas em
aeroportos, explodir locais de poder, assassinar líderes nacionais e acabar com
a democracia simplesmente pelo fato de não aceitarem ser derrotados pelo voto
popular? Provado pelo SENHOR, o justo continua governando...
# 6 Sobre os ímpios fará chover laços, fogo,
enxofre e vento tempestuoso; isto será a porção do seu copo.
Sobre os que armaram,
tramaram, planejaram e tentaram executar o golpe, o que vem sobre eles é
destruição, prisão, vento e chuva (lembro-me dos temporais sobre os golpistas
na frente dos quartéis e eles morrendo de medo). Esta é a porção que cabe a
quem é mau, a quem planeja o mal e aos que não tem nenhum apreço pela
democracia e bem-estar do povo.
# 7 Porque o Senhor é justo, e ama a justiça;
o seu rosto olha para os retos.
Finalmente, o versículo postado por Michelle, que encerra o Salmo de um Rei que
superou uma tentativa de golpe, de tomada do poder. Certo de que o justo e a
justiça prevaleceram. E prevalecerão sempre. E sob as bençãos (o olhar, no
texto) do Altíssimo.
Como vimos, bem
diferente do que ela quis dizer, mas estou agradecido por me fazer lembrar de
um Salmo que retrata tão bem esse momento de celebração da democracia neste
8 de janeiro de 2025.
Ditadura nunca mais! E
sem anistia aos golpistas!
¨ Renato
Trezoitão: o tresloucado defensor da “propriedade privada” escravocrata. Por
Ricardo Nêggo Tom
Não
com espanto, assisti a um vídeo no qual quatro bolsonaristas bostejavam
livremente ideias imperialistas, racistas e criminosas, sob a égide da análise
política do período escravocrata e das consequências sócio econômicas da
abolição da escravatura para os senhores de engenho do país. O influenciador
baiano conhecido como Renato Trezoitão, um policial civil que se diz cristão,
se acha um gênio e costuma exibir um currículo recheado de graduações, títulos
e primeiros lugares em concursos públicos, disse que a Lei Áurea foi um erro
que custou parte da propriedade privada dos escravocratas: Os negros
escravizados. A pérola e os porcos, podem ser vistos no podcast “3 irmãos”, o
mesmo onde o deputado bolsonarista Gustavo Gayer disse que o QI dos macacos é superior
ao dos africanos.
A
genialidade do entrevistado é de deixar a autoestima de qualquer analfabeto nas
alturas, posto que se um imbecil que ostenta tantos títulos acadêmicos afirma,
sem nenhum pudor intelectual, que um dos motivos que motivaram o fim do Império
foi o fim da escravização de seres humanos que, na opinião do gênio
bolsonarista, trouxe impopularidade e insegurança jurídica à continuidade da
Monarquia, qualquer um que não manifeste tamanha idiotia pode ser lido como um
ser cognitivamente capaz. Pegue um monte de fezes, coloque numa embalagem de
presente, acrescente um laço de fita e ofereça ao primeiro seguidor de Renato
Trezoitão que encontrarem pela frente. Ele abrirá a embalagem, agradecerá pelo
conteúdo libertador e o utilizará na cabeceira de sua cama como aroma
inspirador. E os coliformes fecais verbalizados pelo bolsonarista logo foram
absorvidos por um dos presentes à latrina estúdio que abrigava o debate.
Wilker
Leão, outro influenciador bolsonarista conhecido por atuar nos moldes dos
vagabundos do MBL fazendo abordagens provocativas a políticos de esquerda,
acrescentou que os portugueses já queriam acabar com a escravidão muito antes,
mas foram impedidos pelos magnatas africanos que lucravam com a venda de
negros. Uma prova de que aquilo que o gato enterra, além de não afundar, se
converte em narrativa para revisionismo histórico. Renato Trezoitão, que parece
conseguir se impor mais pelo belicismo do vulgo do que pelas, digamos, ideias
que costuma expressar, emendou que o Império já havia proibido negros idosos de
serem escravizados, se referindo a lei do sexagenário, que comtemplou a
pouquíssimos negros, uma vez que a estimativa de vida para quem vivia sob a
violência e indignidade da escravização não passava de 40 anos. Sem falar na
indenização a título de alforria que o escravo sexagenário deveria pagar ao seu
dono, sendo obrigado a prestar serviço aos seus ex-senhores durante três anos.
As
falas de “Trezoitão” não denotam somente desconhecimento histórico, ou uma
história distorcida pela sua visão imperialista e escravocrata do mundo. Elas
são racistas e criminosas, e carecem de uma manifestação por parte do
Ministério Público pedindo explicações ao sujeito em questão, que ainda se
refere aos pretos e pretas deste país como coisas, propriedades. A divindade
bolsonarista ainda se orgulha de manifestar tamanha estultice e questiona aos
demais participantes da latrina, se eles já tinham visto alguém dizer
publicamente que a Lei Áurea pode ter sido um equívoco. Eu responderia que não,
porque quase ninguém costuma defecar em público. No entanto, a concordância dos
demais foi quase que silenciosa, só ficando mais evidente quando um dos
apresentadores da fubanga youtuberiana disse que tinha medo de falar sobre o
tema. Certamente, por saber que a sua opinião é criminosa. Imagine alguém
lamentando o fim do Terceiro Reich e dizendo que a culpa pelo insucesso do
nazismo foi o fim do extermínio dos judeus?
O viés
escravocrata e fascista que entusiasma parte da sociedade brasileira, se vê
representado nas falas do tal “Trezoitão”. Mais um tresloucado que se acha
acima da média da intelectualidade mundial, mas que não passa de um racista
mediano com mania de grandeza. A mediocridade do tal professor de Direito é
tanta, que ele se permite definir as relações de dominação de um ser humano
sobre o outro como natural e legal, se referindo a Princesa Isabel como a
mulher que por meio de uma canetada desvalorizou a propriedade dos senhores de
escravos, e fez com que estes ficassem infelizes com uma Monarquia que, segundo
o Einstein dos gados, existia para “manter a porra da relação natural e
garantir os direitos dos cidadãos”, não devendo revogar o seu direito de
possuir seres humanos escravizados sem promover indenização. O que nos leva a
deduzir que Renato “Tresloucado” defende reparação histórica para os
descendentes dos escravocratas.
De
caráter biltre, infame, sórdido e reacionário, a digressão acerca da dignidade
humana feita pelo influenciador bolsonarista precisa lhe render uma punição
pedagógica exemplar. Sobretudo, por estarmos falando de alguém que, além de
servidor da segurança pública, segundo o seu currículo também foi Coordenador
Adjunto do Curso de Direito da Faculdade Batista Brasileira – FBB e Professor
substituto da UFBA. Não é possível que sigamos naturalizando falas e
comportamentos que violam direitos humanos e atentem contra a democracia. A
burrice diplomada deste sujeito pode ser até motivo de risos infinitos, mas a
periculosidade de suas intenções necessitam de um enquadro nos rigores da lei.
É o que esperamos por parte do Ministério Público.
¨ O que
afirmou o influenciador bolsonarista
O
influenciador Renato Amoedo, mais conhecido nas redes sociais como Renato
Trezoitão, gerou polêmica ao defender que o fim da escravidão no Brasil foi um
erro cometido pela monarquia contra os “empresários” da época. Durante sua
participação no Podcast Três Irmãos, em 27 de novembro, o influenciador afirmou
que “um dos grandes motivos do império ter acabado foi a revogação de
propriedade”, se referindo aos negros como bens. A transmissão gerou grande
repercussão e foi amplamente criticada por suas declarações sobre a escravidão
e a abolição no Brasil.
Trezoitão,
que se apresenta como anarcocapitalista e redpill — ideologias que defendem a
extinção do Estado e a regulamentação exclusiva do mercado, além de pregar o
masculinismo em oposição ao feminismo —, tem sido uma figura controversa nas
redes sociais. Autor do livro “Bitcoin Red Pill”, ele também associa o uso de
criptomoedas à ideia de libertação dos homens.
Em um
trecho que viralizou, Renato Trezoitão afirmou que “a escravidão acabaria antes
da Segunda Guerra Mundial, sem revogar a propriedade de ninguém”. Ele
questionou a decisão da monarquia de abolir a escravidão, sugerindo que o fim
da “propriedade” dos escravizados prejudicou os donos de escravos. Além disso,
provocou os apresentadores do podcast, perguntando: “Você já viu alguém dizer
que a Lei Áurea pode ter sido um grande erro do Brasil?”. Durante a provocação,
os outros participantes ficaram em silêncio, claramente constrangidos, mas não
rebateram as declarações de Trezoitão.
O
youtuber Wilker Leão, membro do Movimento Brasil Livre (MBL), também participou
da conversa e, em vez de rebater os argumentos de Trezoitão, limitou-se a dizer
que o tema era “uma questão complexa”.
Trezoitão
seguiu seu raciocínio e questionou: “O fim da escravidão ia ser gradual, mas
chegou a princesa e disse: ‘Toda propriedade sua agora não vale merda
nenhuma’”. O influenciador também afirmou que “o proprietário de escravo fica
feliz com a monarquia?”, insinuando que a monarquia brasileira não deveria ter
revogado a escravidão sem se preocupar com os interesses dos proprietários de
escravizados, “a monarquia não existe para manter a relação natural para
garantir seus direitos?” Por fim, o influenciador provocou novamente: “Como a
rainha poderia revogar a propriedade sem indenizações?”.
Fonte: Brasil 247
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