Trump teria sido
condenado por interferência eleitoral, diz Departamento de Justiça dos EUA
O presidente
eleito Donald Trump teria sido
condenado por tentar anular ilegalmente o resultado das eleições
presidenciais de 2020 —
que ele perdeu — se não tivesse sido reeleito com sucesso em 2024, de acordo com o
homem que liderou as investigações do governo dos EUA sobre ele.
As evidências
contra Trump eram "suficientes para obter e sustentar uma condenação no
julgamento", escreveu o procurador especial Jack Smith em um relatório que
teve partes divulgadas.
Trump revidou,
dizendo que Smith estava "perturbado" e que suas descobertas eram
"falsas".
O presidente eleito
dos Estados Unidos foi acusado
de pressionar autoridades a reverter o resultado de 2020, espalhar
conscientemente mentiras sobre fraude eleitoral e buscar meios para explorar
o tumulto no
Capitólio dos EUA no dia 6 de janeiro de 2021. Ele negou qualquer irregularidade.
Trump, que era
presidente na época dos supostos crimes, posteriormente passou quatro anos fora
do cargo — mas foi reeleito com sucesso para a Casa Branca em novembro. Ele
retornará à presidência na próxima semana.
Após a vitória nas
eleições de 2024, as várias questões legais que ele vinha enfrentando
evaporaram. O caso de interferência citado por Smith, por exemplo, foi
arquivado.
Parte do material
detalhado no relatório de Smith já era conhecido desde outubro, quando surgiram
detalhes dos supostos esforços de Trump para anular a derrota em 2020. Esses
trechos deram a perspectiva de que o procurador poderia tê-lo processado.
Mas o relatório,
que foi recentemente divulgado pelo Departamento de Justiça (DoJ) ao Congresso,
dá mais detalhes sobre o motivo pelo qual Smith deu prosseguimento ao caso e,
finalmente, o encerrou.
Vale lembrar aqui
que o DoJ dos Estados Unidos seria o equivalente ao Ministério da Justiça e à
Procuradoria Geral da República (PGR) no Brasil.
·
Os
destaques do relatório de Smith
Smith justifica o
caso contra Trump acusando-o de "esforços sem precedentes para manter o
poder ilegalmente" por meio de uma variedade de métodos, que incluem
"ameaças e incentivo à violência contra seus supostos oponentes".
O relatório continua:
"A linha mestra de todos os esforços criminosos do sr. Trump foi o
engano/fraude — ao fazer alegações conscientemente falsas de fraude
eleitoral".
O relatório detalha
"desafios significativos" enfrentados pelos investigadores, incluindo
"a capacidade e a disposição de Trump de usar sua influência e seguidores
nas redes sociais para atingir testemunhas, tribunais e funcionários do
Departamento [de Justiça]".
Ao abordar o motivo
do encerramento do caso, o relatório reconhece que a Constituição dos EUA
proíbe o processo de um presidente em exercício.
O documento
continua: "Com a eleição do sr. Trump [em 2024] e seu retorno iminente à
presidência, o gabinete avaliou que as evidências admissíveis eram suficientes
para obter e sustentar uma condenação no julgamento."
Em uma carta que
acompanha o comunicado enviado ao procurador-geral, Smith nega qualquer
sugestão de que o caso tenha sido motivado politicamente: "A alegação do
sr. Trump de que minhas decisões como promotor foram influenciadas ou
direcionadas pelo governo [do presidente Joe] Biden ou outros atores políticos
é, em uma palavra, risível."
Smith ainda pontua:
"Embora não tenhamos conseguido levar os casos a julgamento, acredito que
o fato de nossa equipe ter defendido o Estado de Direito é importante."
O documento de 137
páginas foi enviado ao Congresso depois da meia-noite de terça-feira (14/1),
após um período de disputas legais que culminou com a decisão judicial de
permitir a divulgação da primeira parte do relatório de Smith.
A juíza Aileen Cannon
ordenou uma audiência no próximo final da semana sobre se deveria divulgar a
segunda parte do relatório — que se concentra em alegações separadas de que
Trump manteve de forma ilegal documentos governamentais confidenciais em sua
casa na Flórida.
Em postagens na
rede Truth Social, Trump defendeu sua inocência. Ele ainda provocou Smith ao
escrever que o promotor "não conseguiu que seu caso fosse julgado antes da
eleição, que ganhei de forma esmagadora".
Trump acrescentou,
em letras maiúsculas: "Os eleitores se manifestaram!!!"
*nEntenda a origem
da investigação
Smith foi nomeado
em 2022 para supervisionar as investigações do governo dos EUA sobre Trump.
Conselheiros são
escolhidos pelo DoJ em casos em que há um potencial conflito de interesses.
No caso de
interferência, Trump foi acusado de conspirar para anular o resultado das
eleições de 2020, que elegeram Joe Biden.
Tanto este caso
quanto a outra investigação sobre os documentos confidenciais resultaram em
acusações criminais contra Trump, que se declarou inocente e tentou classificar
as acusações como motivadas politicamente.
Mas Smith encerrou
os casos após a eleição de Trump em novembro, de acordo com os regulamentos do
DoJ que proíbem processos contra um presidente em exercício.
O relatório explica:
"A visão do departamento de que a Constituição [dos EUA] proíbe a
continuação da acusação e do processo de um presidente é categórica e não
depende da gravidade dos crimes acusados, da força da prova do governo ou dos
méritos do processo, algo que o escritório apoia totalmente."
O texto acrescenta
que os promotores se encontraram diante de uma encruzilhada: "Os
resultados das eleições [de 2024] levantaram pela primeira vez a questão do
curso legal quando um cidadão privado que já foi indiciado é eleito presidente."
A divulgação do
relatório ocorre após um período de idas e vindas legais, durante o qual a
juíza Cannon colocou uma paralisação temporária na divulgação de todo o
relatório de Smith, devido às preocupações de que isso poderia afetar os casos
de dois nomes associados a Trump, que foram acusados com ele no caso dos documentos confidenciais.
Walt Nauta,
assessor pessoal de Trump, e Carlos de Oliveira, o gerente de propriedade em
Mar-a-Lago, são acusados de ajudar Trump a
esconder os documentos.
Ao contrário de
Trump, os casos de Nauta e Oliveira ainda estão pendentes — e os advogados
deles argumentaram que a divulgação do relatório de Smith poderia prejudicar a
objetividade de um futuro júri e de todo o julgamento.
¨ 'Absurdo total': analista comenta palavras de Biden
sobre fortalecimento da liderança dos EUA
A declaração do
presidente cessante dos EUA, Joe Biden, de supostamente ter fortalecido a
liderança global de Washington durante sua presidência não condiz com a
realidade, que claramente viu um declínio do domínio americano e ocidental nos
últimos anos.
Essa é a opinião do
diretor do Centro de Estudos Geopolíticos do Instituto de Desenvolvimento
Inovador russo, Dmitry Rodionov.
Anteriormente, Joe
Biden fez seu último discurso sobre questões de política externa no
Departamento de Estado. Entre outras coisas, ele alegou que os Estados Unidos
mantiveram e fortaleceram sua posição na corrida
global pela liderança
mundial e prometeu que a China nunca ultrapassará os EUA em termos de
desempenho econômico.
"Isso é
um absurdo absoluto, total", disse Rodionov.
Ele se perguntou
por que agora, se supormos que isso seja a verdade, o presidente eleito Donald
Trump se esforça tanto com a dissuasão da China?
De acordo com sua
avaliação, durante a presidência
de Biden o
mundo, ao contrário, esteve se afastando cada vez mais da liderança
norte-americana.
O interlocutor
apontou a expansão do BRICS e da Organização de Cooperação de
Xangai (OCX) e o declínio geral da hegemonia ocidental.
"Isso não está
acontecendo rapidamente. Esse processo não vai ser concluído neste ano, no
próximo ano, talvez nem mesmo nos próximos cinco a dez anos. Mas dizer que há
alguma consolidação
em andamento,
quando estão ocorrendo exatamente processos contrários, é simplesmente um
disparate. Por outro lado, o que esperar de um velho que está se
aposentando?", conclui o especialista sua análise.
<>MRE
chinês responde Biden após afirma que China 'nunca ultrapassará' os EUA
economicamente
Nesta terça-feira
(14), um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse que os
EUA devem tirar lições do curso das relações bilaterais e trabalhar em conjunto
com a China na mesma direção, após Biden mencionar a China em seu discurso de
despedida da Casa Branca.
Ainda na
segunda-feira (13), o presidente
norte-americano Joe
Biden fez um discurso de despedida do Salão Oval em que defendeu a política
externa de seu governo, destacando tópicos como relações China-EUA,
conflito Rússia-Ucrânia, situações do Oriente Médio, bem como aliança e
parceria na Europa e "Indo-Pacífico".
Biden afirmou que,
"mas mesmo enquanto competimos vigorosamente, administramos nosso
relacionamento com a China de forma responsável para que nunca se transforme em
conflito", de acordo com o político, o que não se refletiu na prática
especialmente no que diz respeito ao aprofundamento das relações com Taiwan,
uma linha vermelha para Pequim.
Biden fez questão
de destacar que, "de acordo com as últimas
previsões,
no curso atual da China, eles nunca nos ultrapassarão" economicamente, uma
preocupação constante de Washington que tem visto sua influência reduzir
ao redor do mundo, uma perda de protagonismo e influência que levou ao aumento
de tensões em
várias partes do mundo, segundo observadores.
De acordo com o Global
Times (GT), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo
Jiakun, disse em uma entrevista coletiva nesta terça-feira que, "apesar
dos altos e baixos nos últimos quatro anos, as relações China-EUA alcançaram
estabilidade geral".
Orientadas a reduzir
a tensão,
as equipes de China e EUA elaboraram alguns princípios
orientadores para suas relações bilaterais por meio de consultas.
Segundo o
porta-voz, com diálogo e cooperação, Pequim
e Washington restauraram
ou estabeleceram mais de 20 mecanismos de comunicação e alcançaram
resultados em algumas áreas.
"Ao mesmo
tempo, a China sempre aderiu aos princípios, defendeu resolutamente sua própria
soberania, segurança e interesses de desenvolvimento e rebateu resoluta e
vigorosamente as ações erradas do lado dos EUA", de acordo com Guo.
Durante a reunião
entre os dois chefes de Estado em Lima, em novembro de 2024, o presidente chinês
Xi Jinping elencou sete experiências e inspirações aprendidas entre seus
países, foram elas: uma
percepção estratégica correta,
combinar palavras com ações, tratar uns aos outros como iguais, não desafiar
linhas vermelhas e princípios primordiais e conduzir mais diálogo e cooperação.
Para o Ministério
das Relações Exteriores da China, esses passos, quando observados, podem
responder às expectativas do povo e dar um passo à frente para assumir as
responsabilidades inerentes a seus países.
¨ Apesar da pressão de mercado, exportações da China
aceleram e importações se recuperam
Protecionismo,
sanções vistas como injustificadas por Pequim e a proximidade de um novo
governo Trump têm pressionado a China, que apesar disso, o país apresentou
crescimento nas exportações em dezembro e recuperação nas importações, fechando
o ano com uma nota positiva.
De acordo com dados
alfandegários compilados pela Reuters, as remessas de saída em
dezembro aumentaram 10,7% na relação ano a ano, enquanto as importações
apresentaram um crescimento de 1,0%, o desempenho
mais forte desde
julho de 2024, contrariando expectativas e declínio.
Com o retorno de
Donald Trump à Casa Branca na próxima semana, as expectativas de uma guerra
comercial ainda
mais acentuada são grandes, uma vez que o futuro, mas já conhecido,
presidente prometeu ampliar as tarifas sobre produtos chineses.
Mesmo diante de
tantos desafios, o superávit comercial da China cresceu para US$ 104,8
bilhões (mais de R$ 647,1 bilhões) em dezembro, uma demonstração clara de
que as medidas adotadas pelo governo ajudaram
a estabilizar o mercado chinês. Ao mesmo tempo, a atividade fabril
permaneceu em expansão modesta pelo terceiro mês consecutivo, enquanto os
serviços e a construção se recuperaram também no mês passado.
De acordo com autoridades
chinesas,
a meta de crescimento de 5% deve permanecer como resultado de um
alívio na política monetária e a adoção de uma política fiscal mais proativa
neste ano, na busca de estimular uma demanda doméstica para compensar as
pressões externas vindas dos EUA e da União Europeia (UE), que elevou
as tarifas sobre
veículos elétricos (VEs) em até 45,3%.
Enquanto o Ocidente
segue para uma batalha comercial difícil contra Pequim, que possui um grau
de competitividade muito
elevado em comparação com os setores industriais europeu e
norte-americano, a China já declarou que responderá à altura e
institucionalmente, uma má notícia para países que sem uma base industrial
sustentável, necessitam em grande medida das exportações
chinesas.
<><> China
busca manter EUA fora do Pacífico Ocidental, secretário americano fala sobre 'novo
caça'
O aparecimento de
novas aeronaves de combate chinesas nas últimas semanas não influenciou as
recentes decisões da atual liderança da Força Aérea dos EUA sobre o programa do
caça de combate sistemas de Domínio Aéreo de Próxima Geração (NGAD), disse o
secretário da Força Aérea dos EUA, Frank Kendall.
Vale destacar que
o programa
NGAD foi
posto em pausa a meio do ano passado, e um dos fatores indicados é o seu custo
por unidade extremamente alto, embora seja sigiloso, estima-se em cerca de US$
300 milhões (R$ 1,8 bilhão).
"Tenho
observado a China modernizar suas Forças Armadas por um bom tempo", disse Kendall em
entrevista ao jornal Air & Space Forces Magazine. "Eles estão
trabalhando agressivamente para criar um Exército projetado para manter os EUA
fora do Pacífico
Ocidental,
e acho que, com o tempo, eles terão mais ambições do que isso",
acrescentou.
Estrategicamente,
"eles já mostraram que vão modernizar suas forças
estratégicas e
aumentar drasticamente seu estoque de armas nucleares", de acordo com
Kendall.
No final de
dezembro, nas redes sociais surgiram vídeos e fotos de duas
aeronaves misteriosas,
levantando especulações de que essas podem ter sido as novas aeronaves de
combate de sexta geração da China.
¨ Departamento de Comércio dos EUA impõe novas restrições
à exportação de tecnologias avançadas de IA
O Departamento de
Comércio dos Estados Unidos impõe novas restrições à exportação de chips
avançados e modelos de inteligência artificial (IA) sob pretexto de defender
segurança nacional e impedir o uso dessas tecnologias por países não amigáveis.
As restrições
incluem novas licenças para a exportação de chips avançados e modelos
de IA para países
que representam uma ameaça, mas com exceções para aliados e parceiros dos EUA.
"Essa política
vai ajudar a construir um ecossistema tecnológico confiável em todo
o mundo e
nos permitirá proteger contra os riscos de segurança nacional associados à IA,
garantindo que os controles não sufoquem a inovação ou a liderança tecnológica
dos EUA", disse a secretária de Comércio, Gina Raimondo, conforme citado.
Por sua vez, o
conselheiro de Segurança Nacional do presidente dos EUA, Jake Sullivan,
enfatizou que as novas medidas são importantes para fortalecer a liderança
dos EUA no
campo da IA.
De acordo com o
departamento, as restrições vão ajudar a evitar que Estados hostis para os EUA
usem tecnologias de IA para o desenvolvimento de armas, ataques
cibernéticos ou vigilância em massa.
"Os controles
de exportação oferecem uma ferramenta
exclusiva para
lidar com a natureza de dupla utilização da inteligência artificial",
disse Matthew Borman, secretário assistente interino de Comércio para
administração de exportações.
Fonte: BBC News/Sputnik
Brasil
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