quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Planalto, Senado e governo: políticos já projetam candidaturas em 2026

Reeleitos, prefeitos como Eduardo Paes (PSD), no Rio de Janeiro (RJ), e João Campos (PSB), no Recife (PE), já projetam seus nomes para as disputas de 2026, quando serão eleitos governadores, senadores, deputados e presidente da República. A disputa que já se desenha inclui a construção de candidaturas à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

<><> Veja o quadro político atual:

O espectro de centro-esquerda no Brasil enfrenta um problema de continuidade.

Por enquanto, integrantes do PT mantém que o nome para disputar a Presidência em 2026 é Lula, que está apto para ser reeleito. Oficialmente, portanto, nomes ligados ao petista estariam iniciando uma construção com vistas a 2030.

Do outro lado do espectro, na direita, há um vácuo deixado por Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível até 2026.

Há expectativa dos filhos do ex-presidente comporem alguma chapa, enquanto governadores que não poderão concorrer novamente a este cargo também visam a vaga do Executivo.

Paes é próximo de Lula e assumiu, na virada do ano, o quarto mandato à frente do Rio e não pode concorrer em 2028 ao mesmo cargo. Carismático, o prefeito do Rio se tornou um aliado importante do governo federal e tem boa aceitação entre os cariocas.

O prefeito tem ganhado projeção nacional desde a pandemia, quando encabeçou uma forte campanha de vacina, e ao sediar eventos internacionais na cidade, como o G20 em novembro do ano passado. Ele tenta repetir o sucesso e pleiteia para receber, este ano, a cúpula dos Brics.

Além da política, o prefeito da capital fluminense tem tido apelo amplo ao trazer shows de atrações estrangeiras, como Madonna e Lady Gaga, de graça para a população. Outra medida que chamou atenção é o estudo para liberar na rede pública remédios com semaglutida, como Ozempic.

João Campos, por outro lado, é do berço da política tradicional. Ele é filho Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco, e bisneto de Miguel Arraes, outro ex-governador do estado. João começou a carreira política cedo, aos 25 anos, quando se elegeu deputado federal.

Em 2020, assumiu a prefeitura de Recife pela primeira vez, sendo reeleito em 2024 no primeiro turno, com quase 80% dos votos, o que reflete sua alta popularidade local.

Descontraído, João tem forte presença nas redes sociais. No Carnaval do ano passado, o prefeito se tornou assunto nas redes sociais após “nevar“, ou seja, descolorir o cabelo para o feriado. A campanha para reeleição também contou com bom humor e vídeos de João dançando em cima de carros de som.

Campos, porém, não terá a idade mínima para tentar a presidência em 2026 e poderá mirar o governo de seu estado.

·        Pela direita

No outro lado do espectro político, há governadores que não podem mais se reeleger em 2026 e querem aproveitar o vácuo deixado por Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível na próxima eleição presidencial.

É o caso de Romeu Zema (Novo), mandatário de Minas Gerais pelos próximos dois anos, que testa a ideia de competir pela chefia do Executivo.

Zema é crítico de Lula e tem perdido contato com o bolsonarismo, mas serviria como um representante da direita e vem do segundo maior colégio eleitoral do país. Apesar disso, o governador não está decidido e poderia utilizar o próximo pleito para concorrer a uma vaga no Senado por Minas.

Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, está em uma situação semelhante à de Zema, sem apoio petista ou bolsonarista e impedido de ser governador de novo. Ele tem dito que já se decidiu a se lançar candidato à presidência da República na próxima eleição.

Governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL) também está impossibilitado de se eleger novamente ao seu cargo atual. As movimentações dele, apoiado por Bolsonaro, indicam que a campanha em 2026 será para o Senado.

·        Rumo ao governo estadual

Presidente do Congresso Nacional até fevereiro, Rodrigo Pacheco (PSD) é cotado para assumir algum ministério de Lula. No entanto, a hesitação seria pelo desejo de Pacheco de governar Minas Gerais.

O mineiro evitou dar certezas sobre o que fará ao fim do mandato atual. “Por ora, a definição é a permanência aqui no Senado, lá no meu gabinete 24, para poder servir o meu estado de Minas Gerais e servir o povo brasileiro”, declarou.

·        Nomes no limbo

Atual presidente do PT e deputada federal, Gleisi Hoffmann teve o nome ventilado para concorrer à presidência da República em 2026 se Lula não quiser ou puder, mas negou ter intenção de se candidatar. “O nome do PT para 2026 é Lula”, reforçou ela.

Gleisi deixará o comando da sigla petista e se tornou uma incógnita para o partido. Há desejo de acomodá-la em algum ministério, como a Secretaria-Geral ou do Desenvolvimento e Assistência Social. O nome dela poderia ser utilizado também para concorrer ao Senado em 2026.

 Arthur Lira (PP) deixa a presidência da Câmara dos Deputados em fevereiro e possui o destino incerto. Uma das apostas é que Lira tente uma vaga no Senado por Alagoas no pleito seguinte.

 

¨      Erros frequentes de Lula estão sendo usados para fortalecer a oposição. Por Roberto Nascimento

Essa tragédia do 08 de janeiro não deveria ser comemorada, o que é diferente de ser esquecida. É certo que as ditaduras já estão no passado, como o golpe que levou Getúlio Vargas ao poder em 1930 e também o golpe de 1964, que o pretenso “historiador” Dias Toffoli prefere chamar de revolução….

Porém, jamais devemos esquecer a tentativa mais recente, quando assistimos ao passado pretender voltar como farsa, com uma versão tardia de 1964 assombrando a sociedade brasileira no final de 2022.

TUDO SE SABE 

Não há mais segredos, porque tudo se sabe sobre as ditaduras do passado. Livros foram escritos aos borbotões sobre o período medieval da ditadura de 64.

Cito duas obras emblemáticas: “O General do Pijama Vermelho”, da diplomata Laurita Mourão, filha do general Olympio Mourão Filho, que deu início ao golpe e depois se arrependeu, dizendo ser “uma vaca fardada”; e “Ditadura Envergonhada”, escrita pelo jornalista Elio Gaspari, que revisitou o regime militar por inteiro.

Falta saber a verdade sobre o malogrado golpe de 2022, que perdeu apoio militar a partir do fracasso do governo Bolsonaro na tentativa de provar fraude na eleição/apuração.

SEM COMEMORAR 

Dois anos depois, o presidente Lula cometeu grave erro ao insistir em “comemorar” o 08/01.  O pronunciamento preparado para ser lido por Lula foi muito bom. Mas o discurso de improviso acabou sendo um desastre monumental.

Não citava nada de democracia e sim fatos pessoais da vida do presidente, mencionados na sua versão pessoal, além de gracinhas desnecessárias, como chamar o ministro presente na cerimonial de “Xandão”.

A grande bola fora e com tiro no pé de Lula foi dizer que ”na maioria das vezes, a amante é melhor do que as esposas”.

MUNIÇÃO DE GRAÇA 

Desse jeito, o presidente deu munição de graça para a oposição e com certeza ainda perderá o apoio de muitas mulheres casadas, se concorrer à reeleição.

Pode-se esperar que esse recorte desastroso será reverberado à exaustão na campanha eleitoral de 2026. Lula era muito bom de improviso, mas agora caiu demais.

“Por que não te calas, senhor Lula?”, podíamos perguntar, parodiando o então rei Juan Carlos, da Espanha, que sentiu o peso da idade, não quis se perpetuar no trono e abdicou em favor do príncipe Filipe.

 

¨      Liberdade de expressão é muito falada, porém pouco conhecida. Por Carlos Newton

Entrou na moda, no Brasil e no mundo, a liberdade de expressão. É impressionante como esse conceito é levantado, usado e julgado levianamente. Por causa da liberdade de expressão, as redes sociais estão em pé de guerra em todos os países que desfrutam de um mínimo de democracia, porque nas ditaduras existentes em 49 nações a maioria dos habitantes nem sabem do que se trata,

O fato é que as discussões aumentam e atingem frontalmente o governo de Donald Trump, que ainda nem tomou posse nos Estados Unidos. E a liberdade de expressão foi o prato do dia nos encontros do presidente americano nos jantares que ofereceu separadamente nas últimas semanas a três dos maiores ricaços do planeta – Elon Musk, Bill Gates e Mark Zuckerberg.

O QUE É ISSO?

A confusão é geral, até porque a grande maioria dos cidadãos não sabe definir corretamente a liberdade de expressão e acredita que equivalha à inexistência de censura.

Basta lembrar que em novembro de 2022, quando o petista Lula da Silva já estava eleito, os três comandantes militares (general Freire Gomes, almirante Almir Garnier e brigadeiro Baptista Júnior) emitiram uma nota conjunta esclarecendo que continuavam permitindo acampamentos bolsonaristas nos quarteis para garantir “o legítimo exercício de liberdade de expressão e reunião”, assim como “os direitos individuais e coletivos”.

REAL SIGNIFICADO 

Como até os comandantes militares não sabem o que significa liberdade de expressão, alguns formadores de opinião passaram a publicar definições.

O sociólogo Demétrio Magnoli explicou esta semana que “liberdade de expressão é, sempre, exclusivamente, o direito de quem diverge do governo – e isso pela simples e óbvia razão de que o livre discurso dos detentores do poder estatal jamais corre perigo”.

Perfeito. É bom também lembrar Ruy Barbosa. Para aprovar leis democráticas, que garantissem à oposição o direito de liberdade de expressão, imunidade parlamentar e alternância no poder, o genial jurista dizia que “a lei que protege meu inimigo é a lei que me protegerá”.

NADA MUDOU 

Mais de 100 depois da morte de Ruy Barbosa, nada de novo no front ocidental. A liberdade de expressão continua a ser bloqueada por governantes e ansiada por oposicionistas.

Para desespero de Ruy Barbosa, a discussão reacionária está sendo provocada justamente pelo Brasil, que passou a ser conhecido mundialmente pela criação do “tribunal secreto”, que emite ordens de bloqueio de informações sem existência de queixa judicial pela suposta vítima, e assim exerce censura sem devido processo legal, sem direito de defesa e sem haver recurso. É triste, mas é verdade.

O mais inquietante é ver que essas aberrações jurídicas contam com apoio de importantes personalidades, inclusive o presidente Lula da Silva, que se considera o político mais honesto do país.

 

¨      Trump escapou sem receber pena, mas Bolsonaro não conseguirá escapar. Por Walter Maierovitch

Donald Trump, por ter sido eleito presidente, recebeu uma colher de chá. Passaram o pano antes da dosagem (individualização), numa pena que poderia ter chegado a quatro anos. Ele foi sentenciado pelo caso dos pagamentos à atriz pornô Stormy Daniels e entra para a história como o primeiro chefe de Estado condenado a assumir o poder nos EUA.

Jair Bolsonaro, pelo risco de fuga, deverá ter indeferido, mais uma vez, pelo STF a restituição de seu passaporte, documento necessário para sair do país, após ele divulgar que foi convidado para a posse de Trump. Com isso, aparecer, como papagaio de pirata, ao lado de figurões internacionais, representantes da direita não democrática e a daquela radical, de matriz fascista.

ANISTIA DO VOTO 

Pela cabeça americana, nada mais justo aconteceu com Trump. Os cidadãos votantes, que sabiam da sua condenação por júri estadual no caso da compra do silêncio da atriz, cassaram a condenação e deram-lhe um mandato presidencial, ganho com folga contra a democrata Kamala Harris.

No sistema jurídico da common law, a decisão de reconhecer o crime e suspender incondicionalmente a execução da pena não surpreende em nada.

Na plea-bargaining pode-se apagar tudo, como se não tivesse acontecido nada. No Brasil, até quatro anos daria regime prisional aberto.

Trump, sem precisar cumprir pena por ser presidente eleito, estabelece o precedente jurisprudencial — valerá para um próximo presidente em igual situação.

NÃO HOUVE PENA 

Como nenhum presidente americano pode ter mais do que dois mandatos, simultâneos ou não, Trump não poderá, no futuro, beneficiar-se do próprio precedente. Enfim, Trump ficou com condenação, mas sem nenhuma pena. Como se diz no popular, ficou incensurável.

No Brasil, durante todo o seu mandato presidencial, Jair Bolsonaro se preocupou com um plano golpista para permanecer no poder.

Cansou de imitar Trump, sem a mesma competência. Em todo 7 de setembro, querendo se apropriar da data, tornava explícita a intenção de passar por cima da Constituição, acabar com o Estado de Direito e se perpetuar no poder.

CRIMES GRAVES 

A invasão e destruição das sedes dos Três Poderes, no 8 de janeiro, foi outra imitação. Na verdade, o 8 de janeiro foi o Capitólio de Bolsonaro.

Em breve —e não vai passar de fevereiro próximo—, Bolsonaro deverá ser processado criminalmente por crimes graves. Dentre eles, golpe de Estado e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Desde quando teve negado o primeiro pedido de devolução do passaporte, a sua situação só se agravou. Pode-se presumir, com indicativos consistentes, a fuga de Bolsonaro, para evitar ir para a cadeia em regime fechado.

Com a fuga, uma vez exilado, poderá ter um palanque golpista e desestabilizador fora do Brasil.

OUTRAS FUGAS

Bolsonaro já fugiu uma vez para Miami. Um ano depois, passou três dias na embaixada da Hungria, do autocrata e amigo Viktor Orbán, e está à véspera de ser denunciado criminalmente e processado.

Além disso, o seu homem forte do golpismo, general Braga Netto, está preso. E existe a delação do seu “pau-mandado”, o ajudante golpista tenente-coronel Mauro Cid.

Como Bolsonaro não adota o princípio ético militar de “não abandone o companheiro ferido numa batalha”, existe, entre os militares do time golpista abandonados e jogados ao mar por Bolsonaro, uma forte inclinação de colaboração com a Justiça —juridicamente, uma busca do direito premial pela delação, mas, acima de tudo, transmitir um ato de arrependimento, de contrição por amor à pátria.

SEM O PODER 

Trump não é fujão. Não entrega aliados. É poderoso economicamente e chegará ao poder real no dia 20. Goza de amplo apoio popular, esperteza, desonestidade e falta de escrúpulos.

Já Bolsonaro não tem mais o poder, o mandato presidencial. É fujão e covarde ao entregar aliados. Não é poderoso economicamente, apenas um peculatário de joias da União. Não goza de apoio popular majoritário.

No fundo, só é desonesto, golpista e populista como Trump.

 

Fonte: Metrópoles/Tribuna da Internet/UOL

 

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