quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Como a política em relação à Ucrânia mudará com a chegada do novo chanceler alemão?

De acordo com várias pesquisas, o líder da União Social Cristã (CSU) da Alemanha, Friedrich Merz, pode vencer as próximas eleições antecipadas em 23 de fevereiro. Vários especialistas disseram à Sputnik que Merz vai tentar fornecer mais armas para Kiev sem medo de cruzar as linhas vermelhas de Moscou.

Cerca de metade dos residentes alemães (49%) está confiante de que o bloco de oposição da União Democrata Cristã e da União Social Cristã da Baviera vai vencer as eleições antecipadas. Enquanto isso, 53% acreditam que Merz se tornará o novo chanceler, de acordo com vários meios de comunicação locais.

Nesse contexto, Nikolai Topornin, professor associado do Departamento de Direito Europeu do Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou, não acredita que a política alemã mudará muito sob Merz.

"[Merz] tentará aumentar a importância de Berlim na Organização do Tratado do Atlântico Norte [OTAN] e na União Europeia [UE]. Claro, as relações com Moscou se deteriorarão ainda mais. Ao mesmo tempo, ele tem um relacionamento difícil com [o presidente eleito dos EUA, Donald] Trump que não será fácil para ele de qualquer maneira", disse ele à Sputnik.

Vladislav Belov, diretor do Centro de Estudos Alemães do Instituto da Europa da Academia de Ciências da Rússia, também enfatiza a inevitabilidade de uma maior deterioração das relações de Berlim com Moscou sob Merz.

"Ainda não está claro quem formará a coalizão governante [...]. Em todo caso, Merz tentará entregar o máximo de armas possível para Kiev. Levará pelo menos um ano, mas ele terá sucesso", previu o analista.

O atual chanceler alemão Olaf Scholz está bem ciente de que as linhas vermelhas que Moscou repetidamente apontou não devem ser cruzadas, continua o especialista. Segundo ele, se Berlim fornecer mísseis de longo alcance a Kiev, haverá uma resposta dura. Mas Merz não tem medo.

"[Merz] não tem experiência gerencial significativa. Suas habilidades não são suficientes para liderar o Estado, ele não provou nada de si mesmo de forma alguma", acrescentou Belov.

Merz também não se preocupará com os problemas econômicos ou com a política externa da Alemanha, conclui o observador.

No dia 27 de dezembro, o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier anunciou que havia decidido dissolver o Bundestag e convocar eleições antecipadas para 23 de fevereiro de 2025. A moção para dissolver o parlamento foi enviada a Steinmeier por Scholz, após o Bundestag votar para revogar a confiança em seu governo em 16 de dezembro.

O voto de confiança foi resultado da crise governamental que o país europeu enfrentou no início de novembro, após a demissão do ministro das Finanças, Christian Lindner, do Partido Democrático Liberal (FDP), por iniciativa de Scholz.

O chanceler alemão citou a relutância do ministro em aprovar o aumento dos gastos para apoiar a Ucrânia ou investimentos no futuro da Alemanha como parte do planejamento do orçamento do Estado como uma das razões para sua decisão.

<><> Alemães estão cansados da OTAN e das elites do país, diz ex-assessor do Pentágono

O coronel reformado do Exército dos EUA e ex-conselheiro do Pentágono, Douglas Macgregor, afirmou que os cidadãos da Alemanha querem um novo governo, porque estão cansados da liderança atual.

Douglas Macgregor acrescentou que os moradores do país não gostam da OTAN.

"A população da Alemanha está farta da atual liderança e não gosta muito da OTAN. As pessoas querem um novo governo em Berlim", ressaltou Macgregor.

Ele também acrescentou que os alemães explicaram claramente que o novo governo da Alemanha não precisa concordar de modo obrigatório com assunção de que a adesão à OTAN é rentável para o país.

Anteriormente, a Alemanha enfrentou uma crise governamental após a demissão do ministro das Finanças, Christian Lindner, do Partido Democrata Liberal (FDP, na sigla em alemão), por iniciativa do chanceler alemão atual Olaf Scholz. O chanceler alemão citou a relutância do ministro em aprovar o aumento dos gastos para apoiar a Ucrânia ou investimentos no futuro da Alemanha como parte do planejamento do orçamento do Estado como uma das razões para sua decisão.

¨      Ex-analista da CIA adverte sobre possível expulsão de tropas norte-americanas da Alemanha

As autoridades alemãs podem pedir aos militares dos EUA que saiam da Alemanha, disse Larry Johnson, funcionário aposentado da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) e do Departamento de Estado dos EUA, no canal Dialogue Works do YouTube.

Discutindo as consequências da possível chegada ao poder do partido de direita Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão), que em particular quer recuperar o gasoduto Nord Stream que fornece gás russo à Alemanha, Johnson afirmou que, nesse caso, as relações entre Berlim e Washington poderão ser revisadas de modo significativo.

"Já se passaram 80 anos desde o fim da Segunda Guerra Mundial e os EUA ainda mantêm uma presença militar na Alemanha. [...] Em algum momento, a Alemanha dirá: "Ei, obrigado por sua ajuda, Estados Unidos, mas agora saiam. Este país é nosso, não seu. Vocês estão aqui como convidados", disse.

Na opinião de Johnson, a economia alemã é capaz de suportar uma ruptura inesperada com os EUA, mesmo nas atuais condições difíceis para ela.

A relutância de Berlim em entrar em conflito com Washington não se deve à dependência econômica da Alemanha em relação aos Estados Unidos, mas ao simples medo, enfatizou o analista.

"Acredito que, em algum momento, veremos uma onda nacionalista crescente em toda a Europa para dizer aos Estados Unidos que se retirem e isso será mais um sinal da mudança na ordem mundial."

Anteriormente, uma deputada do parlamento alemão, Sevim Dagdelen, do partido Aliança Sahra Wagenknecht – Razão e Justiça, disse que a Alemanha não poderá se dar ao luxo de manter 37.000 soldados estadunidenses em seu território.

Ela também pediu a retirada das armas nucleares dos EUA e criticou os planos de Washington de instalar armas ofensivas na Alemanha.

¨      Putin e Biden mantêm canais indiretos de comunicação desde início do conflito ucraniano, diz mídia

O jornal The New York Times afirma que o presidente russo Vladimir Putin e seu homólogo dos EUA Joe Biden têm mantido canais indiretos de comunicação desde o início da operação militar especial na Ucrânia em fevereiro de 2022, embora não tenham se comunicado diretamente desde então.

Em fevereiro de 2024, em uma entrevista com o jornalista norte-americano Tucker Carlson, Putin disse que não falava com Biden desde fevereiro de 2022.

Ao mesmo tempo, ele observou que a Rússia e os Estados Unidos tinham "certos contatos".

"O Sr. Biden e o Sr. Putin têm mantido canais indiretos de comunicação", confirma o The New York Times.

O jornal afirma que, em um momento, o conselheiro de Segurança Nacional do presidente dos EUA, Jake Sullivan, "iniciou discretamente uma série de contatos telefônicos" com o assessor presidencial russo Yuri Ushakov.

Em particular, durante um desses telefonemas, Sullivan disse a Ushakov que os Estados Unidos consideravam a Rússia responsável pelo envio de pacotes com dispositivos explosivos por serviços de correio.

Essa alegação foi negada categoricamente pelo Kremlin, acusando, por sua vez, os autores de tais alegações de fazerem insinuações.

De acordo com o jornal, o chefe da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês), William Burns, também conversou com o diretor do Serviço de Inteligência Estrangeira da Rússia (SVR, na sigla em russo), Sergei Naryshkin, e com o diretor do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB), Aleksandr Bortnikov, sobre o assunto.

Notícias de contatos entre Sullivan e Ushakov e Burns e Naryshkin já tinham surgido na imprensa ocidental anteriormente.

Em fevereiro de 2024, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, comentando essas publicações, disse que conversas telefônicas ocasionais entre autoridades russas e norte-americanas de alto escalão estavam ocorrendo, o que foi a maneira de Moscou enviar a Washington um sinal sobre o perigo de uma escalada na Ucrânia.

Ao mesmo tempo, ele enfatizou que não podia revelar os tópicos de tais contatos e reclamou que "os americanos vazam constantemente informação sobre questões que concordamos em manter em sigilo".

¨      Zelensky quis vender grande jazigo de lítio, mas Rússia assumiu controle, diz chefe da RPD

Kiev estava tentando negociar com o Ocidente os jazigos de lítio perto do povoado libertado de Shevchenko, que já estão sob controle russo, disse o chefe da República Popular de Donetsk (RPD), Denis Pushilin, para o canal de TV Rossiya 24.

O lítio é um dos elementos essenciais para toda a nossa civilização, a maior parte do qual é usado na fabricação de baterias. No entanto, também é usado em outras áreas.

Em 1982, geólogos soviéticos descobriram um depósito de lítio em Shevchenko, perto da cidade de Selidovo, em Donbass.

As reservas de lítio neste jazigo são estimadas em 13,8 milhões de toneladas.

Além disso, segundo o copresidente do Conselho de Coordenação para a Integração de Novas Regiões russas, Vladimir Rogov, o jazigo tem muitos outros recursos naturais valiosos: nióbio, berílio, tântalo etc.

O chefe da RPD relatou à mídia russa que o Exército ucraniano construiu fortificações sérias o suficiente para manter Shevchenko por um longo tempo.

"E isso provavelmente também estava ligado ao populismo que vimos do lado [do atual líder da Ucrânia, Vladimir] Zelensky: ele já estava negociando reservas, subsolo e ofereceu isso na mídia, publicamente, se houvesse um apoio mais ativo [do Ocidente para Kiev]", disse Pushilin.

Ele lembrou que o Ocidente tinha interesse no depósito de lítio perto do povoado.

"Mas, no momento, tudo isso está sob o controle da Federação da Rússia."

De acordo com Pushilin, "todo o subsolo" agora vai beneficiar o povo da RPD e da Rússia.

Ele também observou que as unidades russas continuam avançando, enquanto as tropas ucranianas têm cada vez menos possibilidades de permanecer na área de Krasnoarmeisk (Pokrovsk, na denominação ucraniana), o centro administrativo do distrito.

<><> EUA aumentam para o maior volume desde 2022 importações de componentes para aviões da Rússia

Os Estados Unidos aumentaram em novembro a importação de componentes para aeronaves da Rússia, apontam cálculos feitos pela Sputnik de acordo com os dados do Escritório de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA.

O volume de compras destes componentes com base nos dados do mês de novembro foi de US$ 7,6 milhões (R$ 46,4 milhões), o que corresponde ao maior valor mensal desde fevereiro de 2022. As importações aumentaram 1,6 vez em relação a novembro de 2023.

Os elementos mais demandados para meios aéreos nos EUA foram chassis e suas partes, US$ 6,97 milhões (R$ 42,5 milhões), e outras peças para aviões, helicópteros ou drones, US$ 586,1 mil (R$ 3,58 milhões).

Os principais fornecedores de componentes para os EUA em novembro foram o Reino Unido com US$ 281 milhões (R$ 1,7 bilhão), França com US$ 195 milhões (R$ 1,19 bilhão) e Canadá com US$ 146 milhões (R$ 891 milhões).

¨      Especialistas consideram terrorismo energético o ataque de Kiev contra gasoduto TurkStream

A tentativa da Ucrânia de atacar o gasoduto TurkStream, que fornece gás russo da Rússia à Europa através do mar Negro, é "um claro ato de terrorismo energético", causado pela situação deplorável das tropas ucranianas no campo de batalha, opinam especialistas entrevistados pela Sputnik.

O TurkStream, também conhecido como Turkish Stream (Corrente Turca), é um gasoduto composto por duas linhas paralelas, com mais de 930 quilômetros de extensão, que cruzam o mar Negro da costa russa até a Turquia.

De lá, o gás é fornecido para países do Sul e Sudeste Europeu.

Hoje (13) de manhã, o Ministério da Defesa da Rússia disse que a Ucrânia tentou, no sábado, atacar a estação de compressão do TurkStream perto de Anapa, na região de Krasnodar, a fim de cortar o fornecimento de gás para os países europeus.

Todos os nove drones ucranianos foram derrubados pela defesa antiaérea russa.

"Esse ataque de drones à estação de compressão do TurkStream é um ato claro de terrorismo energético, pois tem como alvo uma infraestrutura essencial para o fornecimento de gás à Europa", afirma dr. Marco Marsili do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa.

Ele indica que esse ataque vai contra a lei e acordos internacionais que protegem infraestrutura crítica civil.

"Não se trata apenas de um ataque à infraestrutura da Rússia, mas também de uma tentativa de chantagear as nações europeias, colocando em risco sua segurança energética."

Um analista estratégico da Bélgica, Paolo Raffone, acha que Kiev recorre a tais ações por causa das perdas contínuas no campo de batalha e no conflito em geral.

Segundo Raffone, o ataque foi um sinal para o Ocidente do atual líder ucraniano Vladimir Zelensky, que está usando "táticas de guerra não ortodoxas", compreendendo que "isso não pode reverter a situação militar no terreno".

"Zelensky acredita (ou se engana) que fortalece sua posição na inevitável mesa de negociações que está por vir. [...] Mas ele coloca em risco a disposição daqueles que garantem sua sobrevivência em uma situação de total dependência de ajuda financeira e militar externa", opinou.

<><> Ucrânia atacou estação de compressão TurkStream russa usando drones, diz Defesa da Rússia

A Ucrânia tentou atacar uma estação de compressão da TurkStream perto de Anapa, na Rússia, no território de Krasnodar, com a ajuda de nove drones para interromper o fornecimento de gás aos países europeus, disse o Ministério da Defesa russo nesta segunda-feira (13).

O TurkStream é um gasoduto de gás natural que corre ao longo do fundo do mar Negro e conecta a Rússia e a Turquia. Nesta segunda-feira, com a ajuda de nove drones ucranianos o gasoduto foi atacado.

"No dia 11 de janeiro de 2025, o regime de Kiev, para interromper o fornecimento de gás aos países europeus, tentou um ataque usando nove veículos aéreos não tripulados à infraestrutura da estação de compressão russa na vila de Gai-Kodzor (território de Krasnodar), que fornece gás pelo gasoduto TurkStream", dizia o comunicado.

Unidades de defesa aérea russas abateram todos os drones, disse o ministério, acrescentando que um drone ucraniano abatido danificou levemente o equipamento de uma estação de compressão no território de Krasnodar, não houve vítimas.

"As consequências dos fragmentos em queda foram prontamente eliminadas pelas equipes de resposta a emergências da Gazprom, e o equipamento foi restaurado [...]. A estação de compressão fornece gás para o gasoduto TurkStream em modo normal. Não houve interrupções", acrescentou a pasta.

¨      Biden admitiu provocar a Rússia em seu discurso final, ressalta Zakharova

Em seu discurso final de política externa, o presidente dos EUA, Joe Biden, admitiu uma provocação deliberada — a de que seu governo alimentou o conflito, sabendo que estava levando o mundo ao limite de uma guerra nuclear —, disse a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.

"Todos no Ocidente que caluniaram a Rússia, acusando-a de algum tipo de 'desestabilização nuclear' e assim por diante, a partir de agora devem ser chamados de mentirosos e distribuidores de falsidades. A declaração de Biden hoje é uma admissão de uma provocação deliberada. O governo Biden sabia que estava levando o mundo ao abismo e ainda alimentou o conflito", escreveu Zakharova em seu canal do Telegram.

Anteriormente, o presidente de saída disse em seu discurso final de política externa que o apoio dos EUA à Ucrânia criou o risco de um confronto nuclear com a Rússia, mas que essa ameaça foi evitada.

Segundo Biden, nem os EUA, nem seus aliados podem se dar ao luxo de cessar o apoio à Ucrânia. O atual presidente norte-americano afirmou também que "preparou o terreno" para que o próximo governo continue a ajuda militar e financeira a Kiev.

A Rússia acredita que o fornecimento de armas à Ucrânia dificulta a negociação de um acordo de paz e envolve diretamente os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no conflito. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, observou que qualquer carga contendo armas para a Ucrânia é um alvo legítimo para a Rússia.

Os países da OTAN estão diretamente envolvidos no conflito, ressaltou Lavrov, não só através do fornecimento de armas, mas também pelo treinamento de tropas no Reino Unido, na Alemanha, na Itália e em outros países.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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