quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Prestes a assinar um acordo de cessar-fogo, Hamas vê sua força aumentar aos milhares

O movimento palestino Hamas deve assinar um acordo inicial de cessar-fogo com Israel nos próximos dias, afirma o portal Walla nesta segunda-feira (13), citando fontes.

Segundo a publicação, as delegações chegaram a um consentimento inicial nos termos de cessar-fogo e libertação de reféns na Faixa de Gaza.

"Parece que chegamos a um acordo. Israel tem sido muito flexível em uma série de questões nos últimos dias, mas estamos esperando a resposta do Hamas e só então saberemos com certeza", diz uma fonte ouvida pelo Walla.

Agora o acordo depende da aprovação do líder do Hamas dentro do enclave palestino, Mohammed Sinwar, irmão mais novo de Yahya Sinwar, que foi morto anteriormente pelo Exército israelense. Inicialmente os oficiais do Hamas baseados em Doha, capital do Catar, haviam decidido por uma liderança coletiva entre si, mas os membros baseados na Faixa de Gaza não concordaram com a decisão e operam autonomamente sob a liderança do jovem Sinwar.

A resposta do Hamas é esperada para os próximos dias, nota o portal. Dessa forma, o acordo entraria em vigor antes da posse de Donald Trump na Casa Branca, que acontecerá em 20 de janeiro.

De acordo com o rascunho, a primeira fase prevê a libertação de 34 reféns israelenses em troca de um cessar-fogo de um mês na Faixa de Gaza, além da libertação de mil prisioneiros palestinos mantidos em Israel.

Já a segunda fase poderia ter início uma semana após o fim da primeira. Nela, o restante dos reféns israelenses seria trocado por um número acordado de prisioneiros palestinos e o cessar-fogo seria estendido por mais um mês e meio.

Mais cedo, o emir do Catar, sheik Tamim bin Hamad al-Thani, se encontrou separadamente com o líder da delegação do Hamas, Khalil al-Hayya, e com os representantes estadunidenses dos governos Biden e Trump, Brett McGurk e Steve Witkoff, respectivamente.

O líder catariano também conversou por telefone com o atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, informou o gabinete governamental em uma declaração oficial.

Segundo o documento, o emir reafirmou "a posição firme do Catar em apoio a uma solução justa para o problema palestino, os direitos legítimos do povo palestino irmão e a criação de um Estado palestino independente dentro das fronteiras de 1967 com sua capital em Jerusalém Oriental".

<><> Hamas vê recrutamento aumentar aos milhares

O jornal norte-americano The Wall Street Journal relatou nesta segunda-feira (13) que o número de combatentes do Hamas vem aumentando mais rápido do que as Forças de Defesa de Israel (FDI) têm conseguido abater.

Antes da guerra, escreve a publicação, Israel acreditava que o Hamas tivesse até 30 mil combatentes, organizados em 24 batalhões, uma estrutura que lembra uma força armada estatal.

Essa estrutura teria sido destruída pelas forças israelenses, que dizem ter neutralizado 17 mil militantes e detido outros milhares. No entanto, o Hamas não divulgou o número de vítimas em suas fileiras e o número de novos recrutas para o movimento também permanece incerto.

"Oficiais militares israelenses dizem que o Hamas recrutou centenas de pessoas nos últimos meses, com o recrutamento ocorrendo em toda a Faixa de Gaza, com ênfase no norte. Autoridades árabes dizem que Israel lhes disse que o número de recrutas pode estar na casa dos milhares", escreve o WSJ.

O Hamas atrai novos combatentes prometendo mais comida e assistência médica para os jovens e suas famílias. Em alguns casos, os recrutas são convocados diretamente dos funerais de seus parentes. Os novos combatentes, embora inexperientes, realizam ataques-surpresa em pequenos grupos. Eles usam armas de fogo e armas antitanque que não exigem treinamento militar especial, diz a reportagem.

"Estamos em uma situação em que a taxa de reconstrução do Hamas é mais rápida do que a taxa de sua erradicação pelo Exército israelense", disse o brigadeiro-general israelense aposentado Amir Avivi à publicação.

Em 7 de outubro de 2023, Israel sofreu um grande ataque de foguetes vindos da Faixa de Gaza. Depois disso, militantes do movimento palestino Hamas penetraram nas áreas de fronteira, abriram fogo contra militares e civis e fizeram mais de 200 reféns. De acordo com as autoridades, cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas no lado israelense.

Em resposta, as FDI lançaram a operação Espadas de Ferro, que incluiu ataques a alvos civis, e anunciaram um bloqueio completo da Faixa de Gaza — o fornecimento de água, eletricidade, combustível, alimentos e medicamentos foi interrompido. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 46 mil palestinos morreram desde o início do conflito e mais de 109 mil ficaram feridos.

<><> Medo de Trump fez o Hamas acelerar as negociações sobre reféns, diz vice-presidente eleito dos EUA

J.D. Vance diz que legado de Biden é um "desastre" e o temor a Trump é o motivo por trás do recente progresso das negociações do Hamas para a libertação dos reféns israelenses.

O vice-presidente eleito dos EUA, J.D. Vance, disse neste domingo (12), em entrevista à emissora Fox News, que o atual presidente dos EUA, Joe Biden, deixa como legado para a próxima administração "não só um desastre na fronteira, mas também na economia".

"Biden aumentou a dívida nacional em trilhões de dólares. [...] Os preços do petróleo dispararam nos últimos dois meses do governo Joe Biden, inclusive devido às decisões que tomaram", disse ele.

Vance afirmou que a população dos EUA está cansada da situação econômica deplorável, "razão pela qual Donald Trump venceu as eleições presidenciais".

Ele acrescentou que o enviado especial de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, "está fazendo um bom trabalho" e há esperança para que um acordo de paz seja firmado antes da posse do presidente eleito dos EUA.

"Se você falar com os líderes mundiais, fica muito claro que o presidente Trump ameaçando o Hamas e deixando claro que haverá um inferno a pagar é parte da razão pela qual fizemos progresso em resgatar alguns dos reféns. Estamos esperançosos de que um acordo será fechado bem no final do governo Biden – talvez no último dia ou dois. Independentemente do momento, será porque as pessoas estão aterrorizadas de que haverá consequências para o Hamas", afirmou.

Neste domingo, o conselheiro para a Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, afirmou que as partes envolvidas nas negociações sobre os reféns estão muito próximas de alcançar um acordo para a libertação antes de 20 de janeiro, data da posse de Trump. "Estamos muito, muito perto", disse Sullivan.

No entanto, ele acrescentou que a linha de chegada ainda não havia sido cruzada e que os detalhes do acordo ainda estão sendo acertados.

"Ainda estamos determinados a usar cada dia que temos no cargo para fazer isso", afirmou.

¨      A maioria dos israelenses apoia a troca de reféns por palestinos presos acusados ​​de terrorismo

Uma pesquisa do Instituto de Política Popular Judaica mostra que mais da metade dos entrevistados israelenses apoiam um acordo para a troca de reféns mantidos em Gaza por palestinos acusados ​​de crimes.

"O público israelense é profundamente sensível à situação dos reféns e, portanto, expressa o seu apoio a um acordo, mesmo ao custo de pôr fim à guerra e libertar centenas de terroristas", explicou a presidente do instituto, a professora Yedidia Stern, ao falar sobre os resultados publicados neste domingo (12).

Cerca de 64% da população está disposta a libertar terroristas "com sangue nas mãos" como parte de um acordo de reféns, e 55% dos israelitas pensam que as exigências do Hamas podem ser aceitas "porque Israel pode retomar os combates depois".

Embora a maioria do público apoie um acordo com o Hamas, cerca de 59% opõem-se a um "acordo de libertação parcial", acrescentou a pesquisa.

A sondagem também indicou que 73% da população se opõe a permitir que o Hamas permaneça no poder.

Além disso, os resultados preliminares do levantamento indicaram que "uma pequena parte se opõe à retirada completa das Forças de Defesa de Israel (FDI) de Gaza", enquanto "uma outra parte apoia a renúncia ao controle sobre a Rota da Filadélfia como parte de um acordo".

Essas opiniões estão divididas em linhas políticas: os entrevistados da direita e de centro-direita opõem-se à retirada , enquanto os da esquerda e de centro-esquerda a apoiam.

"No entanto, apesar desse apoio (à troca de prisioneiros por reféns), há uma oposição generalizada entre os judeus a permitir que o Hamas permaneça no poder ou a aceitar um acordo que liberte apenas alguns reféns", explicou Stern.

Em 7 de outubro de 2023, um ataque coordenado pelo Hamas a mais de 20 comunidades israelenses resultou em mais de 1,1 mil mortes, cerca de 5,5 mil feridos e na captura de 253 reféns, dos quais cerca de 100 foram posteriormente libertados em trocas de prisioneiros.

Em retaliação, Israel lançou uma declaração de guerra contra o Hamas e lançou uma série de bombardeios contra Gaza. No enclave, mais de 46,5 mil morreram e pelo menos 109.660 ficaram feridos.

A Rússia e outros países instam Israel e o Hamas a concordarem com um cessar-fogo e defendem uma solução de dois Estados, aprovada pela Organização das Nações Unidas em 1947, como a única forma possível de alcançar uma paz duradoura na região.

¨      Analista explica se Israel planeja remodelar o Oriente Médio por meio de conflitos em 2025

Depois de invadir a Faixa de Gaza e o Líbano no ano passado, Israel também se moveu para tomar partes da Síria após a queda de Bashar al-Assad. O que está nos planos de Tel Aviv para o Oriente Médio? O professor em ciência política, dr. Hassan Nafaa, conversou com a Sputnik sobre o tema.

Opor-se ao Irã e seu programa nuclear estará no topo da agenda de Israel neste ano, disse o dr. Hassan Nafaa, professor de ciência política na Universidade do Cairo, à Sputnik.

"O principal desafio em 2025 é impedir que o Irã produza uma bomba atômica a todo custo", afirma o dr. Nafaa.

Embora Israel tenha acusado o Irã de tentar desenvolver armas nucleares por anos, nenhuma evidência tangível para comprovar essas alegações ainda foi apresentada. Teerã nega repetidamente essas alegações, apontando que o programa nuclear iraniano é estritamente pacífico.

O próximo item na agenda de Tel Aviv neste ano será garantir a libertação dos reféns feitos pelo Hamas durante o ataque de 7 de outubro de 2023, ou recuperar seus corpos se essas pessoas já tiverem encontrado seu fim.

O dr. Nafaa também prevê que Israel continuará travando sua campanha no Líbano, ostensivamente em uma tentativa de expulsar o Hezbollah das partes do sul do país.

Finalmente, Israel provavelmente tentará "construir uma ampla coalizão com os Estados do golfo" Pérsico, como a Arábia Saudita, e criar um "novo Oriente Médio por meio e com o apoio de Trump e dos Estados Unidos", sugere o acadêmico.

Em outubro de 2023, Israel invadiu a Faixa de Gaza para punir o Hamas pelos ataques de 7 de outubro e libertar os reféns israelenses capturados durante esses ataques.

Um ano depois, em outubro de 2024, Israel invadiu o Líbano após meses de trocas transfronteiriças com o Hezbollah, que apoia a resistência de Gaza.

Em dezembro de 2024, Tel Aviv capitalizou o colapso do governo de Bashar al-Assad na Síria e procedeu à captura de territórios sírios adjacentes às Colinas de Golã, uma região da Síria ocupada ilegalmente por Israel.

¨      Biden enfatiza a Netanyahu 'a necessidade imediata de um cessar-fogo em Gaza'

O presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu discutiram em conversa telefônica as negociações em andamento em Doha sobre a possibilidade de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, informou o serviço de imprensa da Casa Branca.

Biden "enfatizou a necessidade imediata de um cessar-fogo em Gaza e do regresso dos reféns, com um aumento da ajuda humanitária possibilitado pela cessação dos combates em virtude do acordo", disse a Casa Branca no domingo (12).

A mensagem afirmava que ambos os líderes analisaram as negociações em curso em Doha para um acordo de cessar-fogo, bem como a libertação de reféns.

Além disso, foi relatado que Biden abordou a evolução das circunstâncias regionais no Líbano, a queda do ex-presidente sírio Bashar al-Assad (2000-2024), bem como "o enfraquecimento do poder do Irã na região".

Netanyahu, por sua vez, agradeceu a Biden pelo apoio de Washington à segurança e à defesa nacional de Israel.

<><> Conflito em Gaza

No dia 7 de outubro de 2023, um ataque coordenado pelo Hamas ao território israelense resultou em mais de 1,1 mil mortes, cerca de 5,5 mil pessoas feridas e na captura de 253 reféns, dos quais cerca de 100 foram posteriormente libertados em trocas de prisioneiros.

Em retaliação, Israel lançou uma declaração de guerra contra o Hamas e lançou uma série de bombardeios contra Gaza. No enclave, mais de 46,5 mil morreram e pelo menos 109.660 ficaram feridos.

A Rússia e outros países instam Israel e o Hamas a concordarem com um cessar-fogo e defendem uma solução de dois Estados, aprovada pela Organização das Nações Unidas em 1947, como a única forma possível de alcançar uma paz duradoura na região.

¨      Segurança será prioridade da parceria estratégica abrangente entre Rússia e Irã, opina analista

O presidente iraniano Massoud Pezeshkian tem encontro marcado com o presidente russo, Vladimir Putin, em moscou no próximo dia 17 de janeiro. Na agenda, a assinatura do Tratado de Parceria Estratégica Abrangente entre os dois países.

A assinatura iminente do tratado de parceria entre a Rússia e o Irã destaca o fato de que esses dois países têm muito em comum, incluindo inimigos, disse à Sputnik o professor do Departamento de Estudos Americanos da Universidade de Teerã, Foad Izadi.

<><> Por que a Rússia e o Irã precisam cooperar entre si?

"A Rússia e o Irã são vizinhos. Eles compartilham o mar Cáspio e mantêm relações há séculos. Então, é claro, um dos interesses é ter boas relações com seus vizinhos", disse Izadi.

A hostilidade que os EUA e alguns estados europeus demonstram em relação à Rússia e ao Irã também exige "mais cooperação entre os dois vizinhos", observou, acrescentando que "para garantir que vivemos em um mundo melhor, países com interesses e objetivos semelhantes devem trabalhar juntos".

Enquanto isso, o especialista militar russo Yuri Lyamin, do think tank Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias, argumentou que o tratado de cooperação anterior entre a Rússia e o Irã, assinado em 2001, já não é suficiente para acomodar a parceria entre os dois países. Ele também opinou que a cooperação em segurança entre a Rússia e o Irã ocupará um "lugar especial" no novo acordo.

Parceria de Defesa

A cooperação em defesa e segurança, que "tem sido uma parte constante das relações Irã-Rússia por muitas décadas”, também pode florescer sob os auspícios do novo tratado.

"Existem capacidades que o Irã tem nessas áreas que a Rússia usaria e gostaria de usar. E há capacidades do lado russo que o Irã está interessado. Então, como qualquer outro tipo de comércio, há uma troca mútua", observou Izadi.

Após destacar a ameaça de organizações terroristas que tanto a Rússia quanto o Irã enfrentam, Izadi lamentou que alguns desses grupos terroristas sejam apoiados por certos "países ocidentais", que deveriam perceber agora "que há uma frente unida entre os países dessa região para garantir que o terrorismo não se espalhe".

<><> Cooperação Econômica

A cooperação ajuda também Moscou e Teerã a resistir à pressão de adversários como os EUA e a lidar com as sanções impostas pelo Ocidente, tornando, assim, o fortalecimento dos laços econômicos entre a Rússia e o Irã praticamente inevitável, explicou Izadi.

"A Rússia costumava comprar muitos produtos da Europa, por exemplo, antes do conflito na Ucrânia, e alguns desses produtos estão disponíveis no Irã”, sugeriu Izadi. "Então, as empresas iranianas ficariam felizes em cobrir basicamente alguns dos produtos que não estão chegando à Rússia da Europa".

Cooperação Espacial

Izadi apontou as perspectivas de uma cooperação mais profunda entre a Rússia e o Irã no setor espacial, uma área onde a Rússia possui "tecnologia mais avançada do que o Irã".

Lyamin fez uma avaliação semelhante, observando que o Irã estaria interessado na "colossal experiência" da Rússia nessa área, assim como na assistência de Moscou no lançamento de satélites iranianos em órbita.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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