quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

EUA retiram Cuba da lista de países que patrocinam terrorismo

A Casa Branca informou ao Congresso dos Estados Unidos, nesta terça-feira (14/01), que o presidente do país, Joe Biden, decidiu remover Cuba da lista montada pelo próprio governo norte-americano, na qual relaciona os países que ele considera que patrocinam o terrorismo.

A medida é uma das últimas adotadas pelo governo de Biden, que concluirá o seu mandato na próxima segunda-feira (20/01).

A retirada Cuba da lista vem sendo defendida há meses pelos governos do Brasil, do Chile e da Colômbia. O papa Francisco, principal líder da Igreja Católica, também já fez diversos pedidos nesse sentido.

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O tema foi abordado pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva em sua última intervenção na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro passado. Na ocasião, o mandatário disse que “é injustificado manter Cuba em uma lista unilateral de Estados que supostamente promovem o terrorismo e impor medidas coercitivas unilaterais, que penalizam indevidamente as populações mais vulneráveis”.

A saída de Cuba da lista norte-americana de países que patrocinam o terrorismo poderia ser lida como uma possibilidade de se derrubarem as diversas sanções econômicas impostas por Washington contra o país socialista.

Porém, com o iminente retorno de Donald Trump ao poder, a perspectiva é de essa medida adotada por Biden seja revertida pelo próximo governo, já que o endurecimento das políticas contra Cuba e Venezuela foram parte importante do discurso que levou o líder da extrema direita estadunidense a vencer as eleições de novembro passado.

Vale lembrar que Trump anunciou que o chefe da diplomacia no próximo governo será Marco Rubio, filho de dissidentes cubanos que vivem na Flórida.

¨      Por que Biden retirou Cuba da lista americana de países que patrocinam o terrorismo

O governo Biden justificou sua decisão dizendo que Cuba "não prestou qualquer apoio ao terrorismo internacional nos últimos 6 meses" e "deu garantias de que não apoiará atos de terrorismo internacional no futuro", segundo declaração oficial.

Com a saída de Cuba, apenas três países permanecem na lista: Coreia do Norte, Irã e Síria.

Washington proíbe países que considera patrocinadores do terrorismo de exportar ou vender armas, e a assistência econômica a eles é restringida. Além disso, essas nações não podem pegar empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) ou de outras instituições globais.

Cuba esteve nesta lista de 1982 a 2015 por supostamente abrigar membros de grupos considerados terroristas pelos EUA, como o ETA na Espanha ou as Farc colombianas.

Em 2015, Cuba foi retirada da lista pelo governo de Barack Obama.

Mas Donald Trump, poucos dias antes do final da sua primeira presidência, voltou a incluir o país caribenho nela. O republicano argumentou que Cuba tinha se recusado a extraditar membros do Exército de Libertação Nacional (ELN) da Colômbia, que era aliada do regime venezuelano de Nicolás Maduro e que dava asilo a fugitivos americanos.

Biden está em seus últimos dias na Casa Branca, já que a posse de Trump para um segundo mandato está prevista para 20 de janeiro.

<><> Medida inesperada e frágil

A decisão de Biden surpreendeu, uma vez que o seu governo não só não relaxou medidas contra Cuba impostas anteriormente por Trump como impôs novas sanções a membros do regime de Díaz-Canel, devido a episódios de repressão nas manifestações de 2021.

Nas últimas semanas, o governo cubano intensificou a sua campanha para que Washington retirasse a ilha da lista — algo que ativistas e organizações de direitos humanos também vinham pedindo, já que seus efeitos afetam cidadãos comuns.

A presença na lista aprofundava as consequências do embargo econômico contra Cuba em vigor desde a década de 1960.

A ilha vive uma profunda crise econômica, com escassez de quase todos os produtos. Nos últimos três anos, isso intensificou o êxodo migratório para outros países, como os Estados Unidos e Espanha.

Após assumir a Casa Branca, Donald Trump deverá tentar reverter a decisão de Biden e reintroduzir o país caribenho na lista de patrocinadores do terrorismo.

Trump nomeou como secretário de Estado Marco Rubio, filho de emigrantes cubanos vivendo na Flórida e conhecido por defender políticas de linha dura contra o regime cubano.

¨      Biden destrói rótulo de terrorismo sobre Cuba

A administração Biden deve anunciar na terça-feira a remoção de Cuba da lista de patrocinadores estatais do terrorismo, de acordo com fontes do governo dos EUA.

Esses funcionários não estavam autorizados a comentar e insistiram em anonimato para discutir a medida, que ainda não foi anunciada publicamente. Os oficiais do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca se recusaram a comentar sobre o assunto.

A decisão do governo democrata provavelmente será revertida já na próxima semana, após a posse do presidente eleito Donald Trump, um republicano, e com a nomeação de Marco Rubio para o cargo de Secretário de Estado.

Rubio, cuja família deixou Cuba na década de 1950 antes da revolução comunista que levou Fidel Castro ao poder, sempre foi um defensor de sanções contra a ilha comunista. Ele irá comparecer à Comissão de Relações Exteriores do Senado na quarta-feira para sua audiência de confirmação, e espera-se que ele fale sobre suas raízes cubanas em seu depoimento.

Nos últimos dias da administração Trump, em 11 de janeiro de 2021, a Casa Branca restabeleceu a designação, que havia sido revertida durante o período de aproximação entre Cuba e os Estados Unidos no segundo mandato do presidente Barack Obama. A administração Trump justificou a medida citando o apoio de Cuba ao líder venezuelano Nicolás Maduro e a recusa em extraditar rebeldes colombianos, entre outros problemas, incluindo o fato de continuar abrigando americanos procurados.

A decisão de Trump de designar Cuba foi uma das várias ações de política externa tomadas no final de seu primeiro mandato.

Grupos de direitos humanos e ativistas, incluindo a Conferência dos Bispos Católicos dos EUA, pressionaram a administração Biden para revogar a designação.

Não houve comentário imediato de Rubio ou de seu escritório, mas um de seus colegas republicanos no Comitê de Relações Exteriores do Senado, o senador do Texas Ted Cruz, denunciou rapidamente a decisão da administração Biden.

“A decisão de hoje é inaceitável em seus méritos”, disse Cruz em uma declaração. “O terrorismo promovido pelo regime cubano não cessou. Vou trabalhar com o presidente Trump e meus colegas para reverter imediatamente e limitar os danos dessa decisão.”

¨      ‘Decisão correta, porém tardia’, diz Cuba, após EUA retirarem país da lista de patrocinadores do terrorismo

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, afirmou nesta terça-feira (14/01) que a decisão do seu homólogo norte-americano Joe Biden, de remover Cuba da lista montada pelo próprio governo norte-americano, na qual relaciona os países que ele considera que patrocinam o terrorismo, é uma “decisão correta, porém tardia e com alcance limitado”.

Em seu comunicado, Díaz-Canel começou agradecendo “a todos aqueles que contribuíram para a decisão anunciada hoje pelos Estados Unidos”, e enfatizou que seu país “nunca deveria ter estado (na lista)”.

A alusão se refere a países como Brasil, Chile e Colômbia, que vinham defendendo essa medida nos últimos anos.

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O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva chegou a abordar o tema em sua última intervenção na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro passado, ao dizer que “é injustificado manter Cuba em uma lista unilateral de Estados que supostamente promovem o terrorismo e impor medidas coercitivas unilaterais, que penalizam indevidamente as populações mais vulneráveis”.

Em seguida, o mandatário do país socialista criticou “outras duas medidas adoptadas, teve um custo elevado para a famílias do campo e cubanas”.

“O bloqueio e a maioria das medidas extremas que foram postas em prática desde 2017 para sufocar a economia cubana e causar escassez para nosso povo continuam em vigor”, lembrou Díaz-Canel.

O presidente cubano finalizou sua mensagem dizendo que seu país “continuará a enfrentar e denunciar a guerra econômica e as ações de interferência, desinformação e descrédito financiadas com fundos federais dos Estados Unidos”.

“Ao mesmo tempo, não desistiremos de desenvolver um relacionamento civilizado com os Estados Unidos que respeite nossa soberania”, concluiu.

¨      Brasil celebra retirada de Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo

O Brasil celebrou nesta quarta-feira (15) a decisão dos Estados Unidos de retirar Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo, considerando a medida "um ato de reparação e restabelecimento da justiça". A medida foi anunciada pelo presidente Joe Biden a poucos dias do fim do mandato.

"O governo brasileiro recebeu com satisfação a decisão do governo dos EUA de revogar sua designação unilateral de Cuba como Estado patrocinador do terrorismo, suspender a aplicação do Título III da Lei Helms-Burton e eliminar as restrições às relações entre pessoas e entidades norte-americanas com contrapartes cubanas", declarou o Itamaraty em comunicado.

governo brasileiro destacou ainda que sempre defendeu, tanto em fóruns multilaterais e regionais quanto no diálogo com Washington, que "é injusto e injustificado manter Cuba em uma lista unilateral de países promotores do terrorismo, quando é amplamente conhecido que Cuba colabora ativamente na promoção da paz, do diálogo e da integração regional".

"As medidas de alívio adotadas pelos EUA vão na direção correta e representam um ato de reparação, restabelecimento da justiça e do direito internacional", acrescentou.

Além disso, o Itamaraty afirmou esperar que essas medidas sinalizem o caminho para uma relação construtiva entre Cuba e os EUA, "baseada no diálogo, na cooperação e no respeito às normas internacionais".

Em 14 de janeiro, a poucos dias do fim de seu mandato, o governo de Joe Biden anunciou a decisão de retirar Cuba da lista de países que promovem o terrorismo. Cuba havia sido incluída na lista em janeiro de 2021, em uma das últimas ações de Donald Trump antes de concluir o primeiro mandato.

A ilha integrou a lista desde 1982, mas foi retirada em 2015, durante o período de aproximação promovido pelo então presidente Barack Obama (2009-2017).

 

¨      ‘Bloqueio dos EUA permanece’, diz declaração do Ministério das Relações Exteriores de Cuba

O governo dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira, 14 de janeiro, a decisão de retirar Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo.

Pouco depois, o Ministério das Relações Exteriores de Cuba (@CubaMINREX) divulgou uma nota sobre a medida. com o título ”Os Estados Unidos adotam medidas na direção certa, mas o bloqueio permanece”.

Com o título ”Os Estados Unidos adotam medidas na direção certa, mas o bloqueio permanece”, a nota destaca:

O ”bloqueio econômico e muitas das dezenas de medidas coercitivas postas em prática em 2017 para reforçá-lo continuam em vigor, com pleno efeito extraterritorial e em violação ao Direito internacional e aos direitos humanos de todos os cubanos”.

E cita alguns exemplos:

< ”Continua a perseguição ilegal e agressiva contra os fornecimentos de combustível que Cuba tem o direito legítimo de importar”.

< ”Continua a perseguição cruel e absurda aos legítimos acordos de cooperação médica internacional de Cuba com outros países, ameaçando privar milhões de pessoas de serviços de saúde e limitando o potencial do sistema de saúde pública cubano”.

< ”As transações financeiras internacionais de Cuba ou de qualquer cidadão relacionado a Cuba continuam proibidas e sujeitas a represálias. Navios mercantes que atracam em Cuba também continuam ameaçados”.

>>>> O chanceler cubano Bruno Rodríguez (@BrunoRguezP) escreveu no X (antigo Twitter):

”Cuba nunca deveria ter feito parte da lista arbitrária de Estados patrocinadores do terrorismo. Foi uma designação arbitrária e motivada politicamente, que teve grave impacto na população cubana, atacando a economia, causando escassez e incentivando a emigração para os EUA”.

<><> Segue a íntegra da nota do Ministério das Relações Exteriores de Cuba

* Os Estados Unidos adotam medidas na direção certa, mas o bloqueio permanece

Ministério das Relações Exteriores de Cuba

”Em 14 de janeiro de 2025, o governo dos Estados Unidos anunciou a decisão de:

1) excluir Cuba da lista do Departamento de Estado de países que supostamente patrocinam o terrorismo;

2) usar a prerrogativa presidencial para impedir ações nos tribunais dos EUA movidas sob o Título III da Lei Helms-Burton; e

3) eliminar a lista de entidades cubanas restritas que designa um grupo de instituições com as quais os cidadãos e instituições norte-americanas estão proibidos de realizar transações financeiras, o que teve efeitos em terceiros países.

Apesar da sua natureza limitada, é uma decisão na direção certa e em linha com a exigência sustentada e firme do governo e do povo de Cuba, e com o apelo amplo, enfático e reiterado de numerosos governos, especialmente os da América Latina e do Caribe, de cubanos residentes no exterior, de organizações políticas, religiosas e sociais, e inúmeras figuras políticas dos Estados Unidos e de outros países. O governo de Cuba agradece a todos pela sua contribuição e sensibilidade.

Esta decisão põe fim a medidas coercitivas específicas que, juntamente com muitas outras, causam sérios danos à economia cubana, com efeitos severos sobre a população. Este é e tem sido um tema presente nas trocas oficiais de Cuba com o governo dos Estados Unidos.

É importante destacar que o bloqueio econômico e muitas das dezenas de medidas coercitivas postas em prática desde 2017 para reforçá-lo continuam em vigor, com pleno efeito extraterritorial e em violação ao Direito internacional e aos direitos humanos de todos os cubanos.

Para citar apenas alguns exemplos, continua a perseguição ilegal e agressiva contra os fornecimentos de combustível que Cuba tem o direito legítimo de importar.

A perseguição cruel e absurda aos legítimos acordos de cooperação médica internacional de Cuba com outros países continua, ameaçando privar milhões de pessoas de serviços de saúde e limitando o potencial do sistema de saúde pública cubano.

As transações financeiras internacionais de Cuba ou de qualquer cidadão relacionado a Cuba continuam proibidas e sujeitas a represálias. Navios mercantes que atracam em Cuba também continuam ameaçados.

Por outro lado, todos os cidadãos dos EUA, empresas e entidades subsidiárias de corporações americanas estão proibidos de negociar com Cuba ou entidades cubanas, salvo exceções muito restritas e regulamentadas.

Assédio, intimidação e ameaças contra cidadãos de qualquer país que pretenda negociar ou investir em Cuba continua sendo política oficial dos EUA. Cuba continua sendo um destino que o governo dos EUA proíbe seus cidadãos de visitar.

A guerra econômica continua e persiste como um obstáculo fundamental ao desenvolvimento e recuperação da economia cubana, com alto custo humano para a população e estímulo à emigração.

A decisão hoje anunciada pelos Estados Unidos corrige, de forma muito limitada, aspectos de uma política cruel e injusta.

É uma correção que ocorre agora, às vésperas de uma mudança de governo, quando já deveria ter se concretizado anos atrás, como um ato elementar de justiça, sem exigir nada em troca e sem criar pretextos para justificar a inação, caso se quisesse agir corretamente.

Para excluir Cuba da lista arbitrária de Estados patrocinadores do terrorismo, deveriam ter sido suficientes  a total ausência de razões para tal designação e a atuação exemplar do nosso país na luta contra o terrorismo, que foi inclusive admitida por agências do governo dos Estados Unidos.

É sabido que o governo desse país poderá reverter no futuro as medidas adotadas hoje, como já aconteceu em outras ocasiões e como sinal da falta de legitimidade, ética, consistência e razão na sua conduta contra Cuba.

Para fazer isso, os políticos americanos geralmente não se limitam a encontrar uma justificativa honesta, enquanto a visão descrita em 1960 pelo então subsecretário de Estado Adjunto Lester Mallory permanecer em vigor, e o objetivo que ele descreveu de subjugar os cubanos através do cerco econômico, da miséria , fome e desespero.

Não se limitariam às justificações enquanto esse governo continuar a ser incapaz de reconhecer e aceitar o direito de Cuba à autodeterminação, e enquanto continuar disposto a assumir o custo político do isolamento internacional causado pela sua política genocida e ilegal de asfixia económica contra Cuba.

Não se deterão em justificativas enquanto esse governo continuar incapaz de reconhecer e aceitar o direito de Cuba à autodeterminação, e enquanto continuar disposto a assumir o custo político do isolamento internacional causado pela sua política genocida e ilegal de asfixia econômica contra Cuba

Cuba continuará enfrentando e denunciando esta política de guerra econômica, os programas de ingerência e as operações de desinformação e descrédito financiadas todos os anos com dezenas de milhões de dólares do orçamento federal dos Estados Unidos.

Continuará também disposta a desenvolver uma relação de respeito com esse país, baseada no diálogo e na não ingerência nos assuntos internos de cada um, apesar das diferenças.

Havana, 14 de janeiro de 2025”

 

Fonte: Opera Mundi/BBC News/O Cafezinho/Sputnik Brasil/Viomundo

 

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