Norovírus
é resistente ao álcool em gel; saiba qual é a melhor forma de eliminar o
microrganismo
O álcool em gel não é tão eficaz contra o
norovírus, microrganismo causador do surto de virose na Baixada Santista. Conforme especialistas ouvidos pelo g1, o norovírus é resistente à substância porque não possui um envelope de
gordura em sua camada externa, que é o principal alvo do álcool.
Isso significa que mesmo ao
passar álcool em gel o norovírus pode continuar ativo, o que aumenta o risco de
contaminação.
Diferente de outros patógenos, o norovírus é protegido por um
capsídeo proteico, uma camada rígida e altamente resistente que não é afetada
pela ação do álcool em concentrações típicas (60-70%). Além disso, o álcool em
gel age principalmente desidratando e rompendo membranas, mas como o norovírus
não possui essa camada lipídica, ele não é vulnerável a esse mecanismo.
— Alexandre Naime Barbosa, chefe do departamento de Infectologia
da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp)
A maneira mais eficiente de
eliminar o norovírus é lavando as mãos com água e sabão por pelo menos 20
segundos. A partir da ação mecânica da fricção (atrito
entre dois corpos), o vírus é removido fisicamente da pele.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC)
dos Estados Unidos explicam que é possível passar álcool em gel para
complementar a limpeza, mas isso não substitui a lavagem.
⚠️A infectologista Cristhieni Rodrigues, do Hospital Santa Paula, explica
que o norovírus é tão resistente que a água e o sabão não são capazes de
matá-lo – como mata o coronavírus, por exemplo. Assim, a lavagem tira o
norovírus do corpo, mas ele pode continuar ativo quando for para o esgoto.
Neste caso, se o esgoto parar em uma praia, a água pode ficar contaminada.
O norovírus é um
agente infeccioso que causa gastroenterite, uma condição que provoca
sintomas intensos no sistema digestivo, como vômito, diarreia e dor de barriga.
Esse tipo de vírus
se espalha com facilidade, especialmente em locais lotados como praias durante
o verão devido ao aumento do contato entre as pessoas e à proximidade com
ambientes propensos à contaminação, como água e alimentos compartilhados.
Os sintomas da
infecção por norovírus costumam ser mais intensos nos primeiros 2 a 3 dias, mas
geralmente duram cerca de 3 a 7 dias.
Durante as
primeiras 48 horas, é comum a pessoa ter várias evacuações líquidas, o que
pode levar à perda significativa de líquidos, além de náuseas e vômitos.
Em geral, assim
como outras diarreias virais, o quadro tende a se resolver sozinho, sendo uma
doença autolimitada.
A transmissão ocorre
principalmente pela boca, ou seja, a pessoa adquire o vírus ao consumir água ou
alimentos contaminados.
Além disso, ele
também pode ser espalhado dentro de casa, de pessoa para pessoa, por meio de
superfícies ou mãos contaminadas. Por isso, lavar as mãos com frequência é
essencial para prevenir a propagação do norovírus.
¨
Teste rápido para detectar salmonella em alimentos é
desenvolvido por pesquisadora em universidade do ES
Um teste rápido para detecção da salmonella em
alimentos foi desenvolvido por uma pesquisadora da Universidade Federal do
Espírito Santo (Ufes), em Vitória, com a promessa de apontar cerca de seis
vezes mais rápido se a contaminação existe, além de reduzir os custos
associados à testagem.
A engenheira química e doutoranda em biotecnologia,
Gabrielle Landim, de 34 anos, foi a responsável pelo desenvolvimento do kit de
diagnóstico mais rápido do mundo, após dois anos de pesquisa.
Segundo Gabrielle, o grande desafio na luta contra
a salmonelose, infecção causada pela bactéria, tem sido a falta de testes
rápidos e eficientes.
“Embora existam sensores de alta qualidade no
mercado, esses dispositivos ainda apresentam limitações significativas no que
diz respeito ao tempo de obtenção dos resultados. Testes convencionais
geralmente demoram de 18 a 48 horas para fornecer resultados confiáveis e têm
um custo elevado; já o nosso entrega o mesmo resultado dentro de 8 a 12 horas,
com um custo 50% menor”, falou.
Na prática, o produto se assemelha ao teste que
ficou conhecido para detecção da Covid-19, utilizando nanopartículas de ouro
para melhorar a coloração e, consequentemente, a leitura do resultado.
"Tem o mesmo design do teste de Covid-19, caso dê positivo
aparecem duas linhas, não reaja a bactéria, uma linha só. A diferença é que,
para salmonella, a amostra é feita em alimentos, a gente testa se o alimento in
natura está contaminado e não na pessoa. Por exemplo, frango, leite, ovo,
especiarias, frutas, alimentos secos, entre outros”, explicou.
De acordo com a engenheira química, a ideia seria
colocar esse teste rápido em indústrias, que é onde existe o maior gargalo no
mercado atualmente.
“Seria uma forma de fazer a triagem já nos lotes
que a gente distribui ou exporta, como nas carnes que são vendidas para a
China, por exemplo. Hoje em dia, os resultados finais, demoram em média de
cinco a sete dias, e enquanto não sai a mercadoria fica esperando. Então esse
teste agiliza a liberação da mercadoria, uma economia de tempo e,
consequentemente, dinheiro”, apontou.
A pesquisadora reforçou que, atualmente, a norma do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o Brasil é de
tolerância zero, ou seja, não pode haver nenhum tipo de salmonella em
alimentos.
Gabrielle Landim destacou que, embora o novo teste
sirva como um método de triagem eficaz, ele não pretende substituir o método
padrão. Após dar indícios de presença da bactéria, depois é feita uma análise
aprofundada baseada no plaqueamento em meios de cultura diferentes.
O teste imunocromatográfico de fluxo lateral e
nanopartículas de ouro, como foi oficialmente nomeado, levou à criação da
startup NanoLabs, na universidade federal, e ainda não foi implementado em
nenhuma empresa, apesar de já ter condições para isso acontecer. A ideia é que
outros testes rápidos sejam desenvolvidos e impulsionados pela startup.
<><> Bactéria da gastroenterite
A salmonella spp é uma bactéria que causa infecções
em humanos, a mais comum é a gastroenterite, provocada após entrada no sistema
digestivo através de alimentos ou água contaminados.
Essa bactéria pode ser encontrada em diversos tipos
de alimentos, como carnes mal cozidas, ovos
crus (podendo passar inclusive da casca para o conteúdo), frutas e vegetais com
limpeza inadequada, alimentos manipulados sem higiene das mãos ou utensílios, além
de consumo de água não filtrada.
Geralmente, o paciente apresenta sintomas como diarreia, vômitos, dor abdominal
e febre.
Segundo a médica gastroenterologista, Danielle
Filgueira, qualquer pessoa que tenha comprometimento de imunidade pode evoluir
de forma grave, como idosos, crianças, portadores de doenças crônicas e
gestantes.
“A principal forma de prevenção está na higiene
adequada, lavar bem as mãos, utensílios e superfícies, cozinhar alimentos a
temperaturas seguras e evitar o consumo de alimentos crus, de origem duvidosa
ou mal cozidos e refrigeração adequada dos alimentos”.
Em pessoas mais vulneráveis e com imunidade mais
baixa, como crianças e idosos, a infecção pode evoluir para formas mais graves,
com infecção generalizada, sangramento digestivo e desidratação.
A médica também alertou sobre o aumento de casos
registrados no verão.
“Duas situações interferem no aumento de casos na
estação. O calor, já que as altas temperaturas favorecem a proliferação de
bactérias, além do consumo maior de alimentos vendidos em barracas de rua,
feiras ou festas ao ar livre, situações em que é mais difícil garantir o
controle sobre a higiene na preparação, armazenamento e manuseio dos
alimentos”, pontuou.
<><> Problema global
A salmonelose é uma preocupação de saúde pública em
todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 90 milhões de casos são registrados anualmente, resultando
em cerca de 155 mil mortes.
Os sintomas geralmente aparecem entre 6 e 72 horas após o consumo de alimentos contaminados e
podem durar até uma semana.
Fonte: g1
Nenhum comentário:
Postar um comentário