quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Norovírus é resistente ao álcool em gel; saiba qual é a melhor forma de eliminar o microrganismo

O álcool em gel não é tão eficaz contra o norovírus, microrganismo causador do surto de virose na Baixada Santista. Conforme especialistas ouvidos pelo g1, o norovírus é resistente à substância porque não possui um envelope de gordura em sua camada externa, que é o principal alvo do álcool.

Isso significa que mesmo ao passar álcool em gel o norovírus pode continuar ativo, o que aumenta o risco de contaminação.

Diferente de outros patógenos, o norovírus é protegido por um capsídeo proteico, uma camada rígida e altamente resistente que não é afetada pela ação do álcool em concentrações típicas (60-70%). Além disso, o álcool em gel age principalmente desidratando e rompendo membranas, mas como o norovírus não possui essa camada lipídica, ele não é vulnerável a esse mecanismo.

— Alexandre Naime Barbosa, chefe do departamento de Infectologia da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp)

A maneira mais eficiente de eliminar o norovírus é lavando as mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos. A partir da ação mecânica da fricção (atrito entre dois corpos), o vírus é removido fisicamente da pele.

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos explicam que é possível passar álcool em gel para complementar a limpeza, mas isso não substitui a lavagem.

⚠️A infectologista Cristhieni Rodrigues, do Hospital Santa Paula, explica que o norovírus é tão resistente que a água e o sabão não são capazes de matá-lo – como mata o coronavírus, por exemplo. Assim, a lavagem tira o norovírus do corpo, mas ele pode continuar ativo quando for para o esgoto. Neste caso, se o esgoto parar em uma praia, a água pode ficar contaminada.

O norovírus é um agente infeccioso que causa gastroenterite, uma condição que provoca sintomas intensos no sistema digestivo, como vômito, diarreia e dor de barriga.

Esse tipo de vírus se espalha com facilidade, especialmente em locais lotados como praias durante o verão devido ao aumento do contato entre as pessoas e à proximidade com ambientes propensos à contaminação, como água e alimentos compartilhados.

Os sintomas da infecção por norovírus costumam ser mais intensos nos primeiros 2 a 3 dias, mas geralmente duram cerca de 3 a 7 dias.

Durante as primeiras 48 horas, é comum a pessoa ter várias evacuações líquidas, o que pode levar à perda significativa de líquidos, além de náuseas e vômitos.

Em geral, assim como outras diarreias virais, o quadro tende a se resolver sozinho, sendo uma doença autolimitada.

A transmissão ocorre principalmente pela boca, ou seja, a pessoa adquire o vírus ao consumir água ou alimentos contaminados.

Além disso, ele também pode ser espalhado dentro de casa, de pessoa para pessoa, por meio de superfícies ou mãos contaminadas. Por isso, lavar as mãos com frequência é essencial para prevenir a propagação do norovírus.

 

¨      Teste rápido para detectar salmonella em alimentos é desenvolvido por pesquisadora em universidade do ES

Um teste rápido para detecção da salmonella em alimentos foi desenvolvido por uma pesquisadora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Vitória, com a promessa de apontar cerca de seis vezes mais rápido se a contaminação existe, além de reduzir os custos associados à testagem.

A engenheira química e doutoranda em biotecnologia, Gabrielle Landim, de 34 anos, foi a responsável pelo desenvolvimento do kit de diagnóstico mais rápido do mundo, após dois anos de pesquisa.

Segundo Gabrielle, o grande desafio na luta contra a salmonelose, infecção causada pela bactéria, tem sido a falta de testes rápidos e eficientes.

“Embora existam sensores de alta qualidade no mercado, esses dispositivos ainda apresentam limitações significativas no que diz respeito ao tempo de obtenção dos resultados. Testes convencionais geralmente demoram de 18 a 48 horas para fornecer resultados confiáveis e têm um custo elevado; já o nosso entrega o mesmo resultado dentro de 8 a 12 horas, com um custo 50% menor”, falou.

Na prática, o produto se assemelha ao teste que ficou conhecido para detecção da Covid-19, utilizando nanopartículas de ouro para melhorar a coloração e, consequentemente, a leitura do resultado.

"Tem o mesmo design do teste de Covid-19, caso dê positivo aparecem duas linhas, não reaja a bactéria, uma linha só. A diferença é que, para salmonella, a amostra é feita em alimentos, a gente testa se o alimento in natura está contaminado e não na pessoa. Por exemplo, frango, leite, ovo, especiarias, frutas, alimentos secos, entre outros”, explicou.

De acordo com a engenheira química, a ideia seria colocar esse teste rápido em indústrias, que é onde existe o maior gargalo no mercado atualmente.

“Seria uma forma de fazer a triagem já nos lotes que a gente distribui ou exporta, como nas carnes que são vendidas para a China, por exemplo. Hoje em dia, os resultados finais, demoram em média de cinco a sete dias, e enquanto não sai a mercadoria fica esperando. Então esse teste agiliza a liberação da mercadoria, uma economia de tempo e, consequentemente, dinheiro”, apontou.

A pesquisadora reforçou que, atualmente, a norma do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o Brasil é de tolerância zero, ou seja, não pode haver nenhum tipo de salmonella em alimentos.

Gabrielle Landim destacou que, embora o novo teste sirva como um método de triagem eficaz, ele não pretende substituir o método padrão. Após dar indícios de presença da bactéria, depois é feita uma análise aprofundada baseada no plaqueamento em meios de cultura diferentes.

O teste imunocromatográfico de fluxo lateral e nanopartículas de ouro, como foi oficialmente nomeado, levou à criação da startup NanoLabs, na universidade federal, e ainda não foi implementado em nenhuma empresa, apesar de já ter condições para isso acontecer. A ideia é que outros testes rápidos sejam desenvolvidos e impulsionados pela startup.

<><> Bactéria da gastroenterite

A salmonella spp é uma bactéria que causa infecções em humanos, a mais comum é a gastroenterite, provocada após entrada no sistema digestivo através de alimentos ou água contaminados.

Essa bactéria pode ser encontrada em diversos tipos de alimentos, como carnes mal cozidas, ovos crus (podendo passar inclusive da casca para o conteúdo), frutas e vegetais com limpeza inadequada, alimentos manipulados sem higiene das mãos ou utensílios, além de consumo de água não filtrada.

Geralmente, o paciente apresenta sintomas como diarreia, vômitos, dor abdominal e febre.

Segundo a médica gastroenterologista, Danielle Filgueira, qualquer pessoa que tenha comprometimento de imunidade pode evoluir de forma grave, como idosos, crianças, portadores de doenças crônicas e gestantes.

“A principal forma de prevenção está na higiene adequada, lavar bem as mãos, utensílios e superfícies, cozinhar alimentos a temperaturas seguras e evitar o consumo de alimentos crus, de origem duvidosa ou mal cozidos e refrigeração adequada dos alimentos”.

Em pessoas mais vulneráveis e com imunidade mais baixa, como crianças e idosos, a infecção pode evoluir para formas mais graves, com infecção generalizada, sangramento digestivo e desidratação.

A médica também alertou sobre o aumento de casos registrados no verão.

“Duas situações interferem no aumento de casos na estação. O calor, já que as altas temperaturas favorecem a proliferação de bactérias, além do consumo maior de alimentos vendidos em barracas de rua, feiras ou festas ao ar livre, situações em que é mais difícil garantir o controle sobre a higiene na preparação, armazenamento e manuseio dos alimentos”, pontuou.

<><> Problema global

A salmonelose é uma preocupação de saúde pública em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 90 milhões de casos são registrados anualmente, resultando em cerca de 155 mil mortes.

Os sintomas geralmente aparecem entre 6 e 72 horas após o consumo de alimentos contaminados e podem durar até uma semana.

 

Fonte: g1

 

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