100 dias de Trump: ‘o que vemos é o hard
power em sua imposição da soberania dos EUA’, afirma pesquisadora
A
liderança dos Estados Unidos na ordem econômica internacional sofreu um forte
abalo desde que Donald Trump assumiu a presidência em 20 de janeiro.
Externamente, o tarifaço veio à público, ao arrepio das normas da Organização
Mundial de Comércio (OMC) e, internamente, um ambiente de caça às bruxas fez
dos imigrantes não documentados, o bode expiatório do país. Em paralelo, as
universidades estão sendo pressionadas a se curvarem à distorção ideológica do
governo, enquanto o Estado passa por uma mutilação de áreas sensíveis como a
saúde e a educação. Para nos explicar o impacto dessas transformações e como
Donald Trump vem conseguindo promovê-las, em apenas 100 dias de
governo, Opera Mundi entrevistou Neusa Maria Pereira Bojikian,
pesquisadora do Instituto Nacional de Estudos Políticos sobre os Estados
Unidos, o INCT-INEU, e pós-doutoranda pela Unicamp.
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Confira a entrevista:
- Desde que chegou
ao poder, Trump vem promovendo uma série de mudanças em meio à retórica
distópica da extrema direita. Qual a lógica por trás de suas ações?
Trump
tem uma orientação estratégica. Ele traz o Peter Navarro como conselheiro
sênior do Comércio de Manufatura; dois secretários egressos do mercado
financeiro, o Howard Lutnick no Comércio e o Scott Bessent no Tesouro, e Elon
Musk. Todos eles, incluindo o presidente, têm uma orientação econômica
neoliberal e interesses próprios no unilateralismo agressivo de Trump, sob o
pretexto de recolocar o país na liderança econômica e, agora, tecnológica.
Trump tem o perfil de extrair do outro as concessões que deseja e não dar nada
em troca por isso. Isso resulta em negociações desequilibradas, porque os
Estados Unidos entram com a força e com um poder duro. A orientação política de
Trump, em todas as áreas, é baseada no poder da força. Isso se choca com a
ordem econômica internacional, ou ordem liberal, surgida no pós-Guerra, quando
as instituições multilaterais foram estabelecidas, a princípio com o GAT, que
deu surgimento à OMC, e outras instituições como as Nações Unidas. Uma ordem
liderada, com várias controvérsias, pelos Estados Unidos; e ancorada na
liberalização dos mercados e na democracia. Em seu primeiro mandato, Trump
rompeu com isso, mas sem imprimir a sua marca, o que ele vem fazendo agora
orientado pelo unilateralismo, pelo nacionalismo e com forte apoio do
eleitorado branco e conservador.
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Política de poder
Trump
não respeita o princípio de cooperação do multilateralismo e seu governo marca
um ponto de inflexão muito nítido. O que estamos vendo é o poder da força e não
o poder das ideias, o hard power em sua imposição da soberania
norte-americana. O tarifaço não é apenas uma política comercial agressiva, ele
tem por trás uma política de poder. É um instrumento central de uma estratégia
mais ampla, orientada por três objetivos. O primeiro é a reconstrução da
autonomia econômica dos Estados Unidos a partir de uma ruptura muito planejada
com a lógica da interdependência global econômica. O segundo é a
reindustrialização forçada, tentando repatriar cadeias produtivas críticas. O
terceiro é uma prioridade absoluta dada a setores estratégicos para a segurança
nacional. A indústria de armamentos nos Estados Unidos sempre deu as cartas e
Trump não deixaria esse setor descoberto. Ele usa com muita força a questão da
segurança nacional para legitimar o unilateralismo. Há uma lógica, Trump
comunga da ideia, apoiada por seus conselheiros, de que o mercado sozinho não
corrige as vulnerabilidades. Na prática, ele está fazendo uma política
comercial sob a forma de tarifas que se transformam em instrumento de
negociação geopolítica. Elas não são usadas apenas para ‘corrigir’ o comércio,
mas para forçar concessões políticas dos rivais dos Estados Unidos. Trump exige
um realinhamento dos seus parceiros contra a China, em troca de isenções
tarifárias. Uma tática de coerção econômica, de usar o comércio como extensão
da política externa para subordinar decisões soberanas.
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Aumento dos preços
Internamente,
o tarifaço reforça a ideia de que Trump está protegendo os trabalhadores. Assim
ele mantém sua base unida contra o que chama de ‘elites econômicas
globalistas’. Trata-se de uma política capaz de alimentar a polarização
política, e de criar uma massa que unifica o projeto de Estado nação econômico
de Trump, em torno de interesses nacionais restritos. É uma estratégia, caótica
e com idas e vindas, mas que tem uma lógica. Os conselheiros de Trump tem essa
noção econômica e a função de darem a retaguarda do governo no mercado
financeiro. Eles estão lá para fazer com que os agentes dos mercados
financeiros tenham paciência.
Esses
agentes ganham na especulação e sobretudo na desregulamentação. Mesmo que Trump
saia do poder nas próximas eleições, uma vez desfeita, a regulamentação demora
muito para ser retomada. Mas é importante considerar que as empresas sofreram
perdas com o tarifaço. O resultado dessa política, porém, é um aumento
significativo dos custos internos que estão sendo repassados para o consumidor.
Já houve um aumento da energia, do custo da alimentação. Além disso, as reações
internacionais são muito negativas, a China respondeu elevando as tarifas e
enfrentando os Estados Unidos. A União Europeia iniciou consultas para
contestações na OMC, mas isso demora, tem limitações. Fora a volatilidade que
viemos no mercado financeiro.
- Há um cenário
forte, também, de perseguição contra os imigrantes não documentados com
uma série de violações aos direitos humanos no processo de deportação em
massa. Como você avalia esse contexto?
Estamos
assistindo a um dos episódios mais radicais da história recente da política
migratória nos Estados Unidos. O foco nas deportações em massa, somado ao
enfraquecimento das garantias dos direitos civis, gerou acusações sérias de
violação sistemática dos direitos humanos. Trump reacende as tensões políticas
internas e as deteriora ainda mais. As consequências são graves tanto para a
estabilidade social doméstica, quanto para a credibilidade internacional.
Certamente, todas essas práticas serão objetos de longos processos judiciais e
debates. O que vimos nesses 100 dias, foi um processo de militarização no país,
com a mobilização da Guarda Nacional e das empresas privadas de segurança para
apoiar as operações de batidas em cidades santuários, com impactos devastadores
em termos humanos e jurídicos.
Trump
ampliou o cerco. Se antes o foco eram os imigrantes com antecedentes criminais,
agora qualquer imigrante em situação irregular é alvo. Ele desmontou uma série
de programas relacionados à imigração, como o DACA, que protegia os jovens
trazidos de outros países. Isso gera uma insegurança jurídica muito forte. As
pessoas não podem mais confiar em nenhum acordo, em nenhum documento
institucionalizado emitido ao seu favor pelo governo. É um cenário de abusos e
criminalização generalizada de comunidades inteiras de latinos, africanos,
asiáticos. O clima de medo aumentou estimulado pela ideia de invasão dos
Estados Unidos pelo imigrante, o “inimigo” do trabalhador branco. Mais uma vez,
ele joga com o medo, uma alavanca psicológica muito forte que o sustenta.
- Durante as
eleições, muita gente minimizava a retórica agressiva de Trump, como ele
justifica essas medidas?
Muitos
imaginaram que haveria alguma trava e que ele seria contido pelos adultos na
sala, mas isso não aconteceu. Trump acelerou as deportações beneficiado por uma
máquina estatal alinhada ideologicamente e com menos freios institucionais. Não
há freios e ele não tem medo porque se acha o escolhido por Deus para resolver
os problemas dos Estados Unidos, há algo messiânico e de fundamentalismo nisso.
Do ponto de vista retórico, ele afirma que está combatendo os vínculos entre a
imigração e a criminalidade, protegendo os empregos e o direito dos Estados
Unidos de controlar integralmente as suas fronteiras. Ele, mais uma vez, coloca
a imigração como uma questão de segurança nacional e apresenta um país não só
vulnerável na economia, mas também nas fronteiras. Em meio a isso, existe toda
uma movimentação de ONGs de direitos humanos e de ações contra o governo, com
base nas violações constitucionais e dos tratados internacionais de proteção a
refugiados.
- Nós estamos
vendo uma guerra entre Trump e as universidades do país. Como você avalia
esse movimento?
Um dos
pontos de inflexão mais graves do governo Trump é o ataque à autonomia e à
vitalidade das instituições educacionais. Ele não só cortou financiamentos e
programas, como promoveu uma ofensiva para enfraquecer a liberdade acadêmica,
reduzir a capacidade científica e o aumento da polarização cultural. Ele não
quer somente criar um “nós” contra “eles”, o “americano real” contra “as elites
intelectuais arrogantes”, a ideia é estabelecer um ambiente onde só uma cabeça
pensa. Os impactos disso ameaçam o futuro da democracia nos Estados Unidos. Há
um projeto de remodelação ideológica do sistema educacional. As universidades e
os centros de pesquisa foram transformados deliberadamente em alvos políticos.
Desde a primeira campanha, Trump identificava o meio acadêmico como um bastião
do que chamava ‘esquerdismo radical’, que daria prioridade às ‘minorias’ em
detrimento do americano conservador. Nesse segundo mandato, isso evoluiu para
uma ação política mais estruturada.
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Silenciamento
As
motivações são claras: eliminar os focos de oposição cultural intelectual,
refazer a formação das elites políticas e técnicas com base em valores
nacionalistas e conservadores, reduzindo a capacidade crítica e a mobilização
da sociedade civil e atacando diretamente a liberdade acadêmica. Estamos vendo
cortes de financiamentos e redução nas verbas federais para as universidades
públicas e centros de pesquisa, cancelamento das bolsas de pós-graduação,
criminalização de autoridades universitárias. A retórica é de que as
universidades são ‘elites arrogantes’ envolvidas em políticas de inclusão, de
igualdade, para dar ‘vantagens’ às ‘minorias’. Há perseguição contra as grades
curriculares que contemplam mudanças climáticas, direitos humanos, questões
raciais, estudos do gênero. Nada disso pode para não haver lideranças no futuro
que perpetuariam essas abordagens. Um ataque usado como instrumento de
silenciamento de linhas de pesquisa consideradas inconvenientes.
- Joe Biden, em
sua primeira manifestação sobre Trump, criticou as demissões em massa
levadas a cabo por Elon Musk no DOGE. Quais as consequências desse
processo?
Há uma
tentativa agressiva de consolidação do poder a partir de uma estratégia de
choque, com mudanças rápidas e uso de ordens executivas em número absurdo. Com
as demissões em massa, o que temos é um desmonte não só da estrutura, mas de
reversão de políticas anteriores. Trump quer imprimir a sua marca, extrapolando
a competência do Executivo e passando por cima da Suprema Corte e das cortes
regionais. Juristas vêm alertando que não se trata apenas de governar por
decreto, mas de governar por exceção, normalizando um estado de crise
permanente para justificar a concentração de poder. Cerca de 30 mil
funcionários foram demitidos ou estão com exoneração prevista. Ele justifica
isso como uma medida de downsize, que é uma redução muito brutal no
mundo corporativo de funcionários para diminuir custos e otimizar o fluxo de
trabalho. Os especialistas em administração pública afirmam que, na prática, o
resultado imediato é uma perda da capacidade técnica do Estado em áreas
sensíveis. Você desmonta o Estado e retira toda uma infraestrutura construída
ao longo do tempo. Trump tem como alvo os setores da saúde, meio ambiente,
educação previdência. Apesar de toda a retórica de eficiência e corte de
gastos, os resultados concretos ainda são muito nebulosos e não podem ser
comprovados. Os fiscais não estão encontrando nenhuma consistência nos números
de vários órgãos federais. Surgem relatos de desorganização, lentidão e queda
da qualidade dos serviços públicos.
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Desmonte do Estado
Os
analistas também observam um aumento dos contratos terceirizados, que já vimos
em muitos governos aqui no Brasil, que provocam um aumento dos custos em várias
áreas. Do ponto de vista jurídico, as principais críticas são em termos da
violação do princípio da separação de poderes porque além de governar que quase
exclusivamente por ordens executivas, Trump coloca em risco o equilíbrio
constitucional entre o Executivo e o Legislativo. O que ele chama de
desregulamentação tem sido na prática um desmonte do Estado administrativo.
Agências essenciais teriam perdido técnicos muito qualificados e os que
restaram estão vulneráveis à politização do funcionalismo. Vemos um
aparelhamento da burocracia estatal, na qual as nomeações e exonerações
passaram a obedecer a critérios de lealdade política. É interessante observar
isso acontecer porque deixa muito claro que o Estado nos Estados Unidos é muito
forte, e agora vemos os próprios defensores do neoliberalismo, que são os
democratas, criticando esse Estado ser esvaziado.
- Em relação à
América Latina, qual o impacto desses 100 dias?
A
política internacional dos Estados Unidos vem sendo orientada pelo nacionalismo
isolacionista mais exacerbado e pela ruptura das relações multilaterais. O
que era de múltiplas partes passa a ser uma dinâmica bilateral e aí nem é o
‘toma lá dá cá’, é ‘toma lá e toma lá’ mesmo. Essas diretrizes atuam de modo
muito agudo na América Latina. Historicamente vista como uma esfera de
influência dos Estados Unidos, a região vem se tornando um campo de disputa.
Não há nenhum projeto construtivo de integração e cooperação, nunca teve, na
verdade, mas ainda havia alguns projetos ou mesmo acordos que preservava a
ideia de cooperação. O que temos é reforço das sanções dos regimes considerados
inimigos. Vamos ver a implacabilidade de Trump contra a Venezuela, Cuba e
Nicarágua. No caso da Venezuela, além das sanções financeiras que são muito
prejudiciais, Trump continua jogando duro. Vemos também a imposição de
condicionantes a parceiros históricos como o México. Na questão da política
migratória, há uma tentativa de ligar a questão da migração com a questão
econômica. O México vai ter de servir como zona de tampão do fluxo migratório
para beneficiar os Estados Unidos. Outro aspecto é a crescente militarização
dos Estados Unidos na região, com a designação dos carteis de drogas como
organizações terroristas, e ameaças militares em torno do Caribe e do Canal do
Panamá, que é estratégico e parte do cinturão na rota da China. O resultado é
um crescimento da desconfiança dos países da região em relação aos Estados
Unidos. A China tem ocupado espaços estratégicos na América Latina, oferecendo
financiamento para infraestrutura, com empréstimos dos bancos públicos chineses
e uma cooperação tecnológica. Os países podem tirar proveito disso, mas ninguém
deseja se tornar independente de um para se tornar dependente de outro. No
curto prazo, os países precisam ser muito cuidadosos. Para o Brasil, o ideal
seria manter uma política de equidistância na disputa entre esses dois
gigantes. Nós não temos recursos para bancar uma pressão agressiva dos Estados
Unidos. No curto prazo, podemos ter ganhos, mas no médio e longo prazo, temos
que pensar estrategicamente. O governo brasileiro está sendo muito cauteloso em
relação a isso.
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Trump diz que segundo mandato é 'mais poderoso' ao
completar 100 dias de governo
Aos 100 dias de governo, a popularidade de
Donald Trump está em queda, seu índice de aprovação, em sondagem divulgada pela CNN no último
domingo (27/04), é de apenas 41%, o pior índice desde o presidente Eisenhower,
em 1953. Apesar disso, o líder da extrema-direita, hoje no comando da maior
potência militar e econômica do mundo, continua forjando a realidade ao seu
favor. É o que evidencia sua entrevista aos jornalistas Ashley
Parker, Michael Scherer e Jeffrey Goldberg do The Atlantic, publicada nesta
terça-feira (29/04). Uma entrevista, no mínimo inusitada, na medida em que
Goldberg, incluído em uma reunião do alto
escalão do
governo Trump, por engano em março, recebeu críticas ferozes do republicano,
após a imperdoável falha de segurança do seu governo. Assim que foi marcado o
encontro, Trump postou no X: “”Mais tarde hoje, me encontrarei, entre outras
pessoas, com Jeffrey Goldberg, o editor da The Atlantic, e a pessoa
responsável por muitas histórias fictícias sobre mim”. O episódio assustou o Pentágono e escandalizou
o democratas, afinal, o jornalista recebeu documentos confidenciais do
bombardeiro norte-americano contra os houthis no Iêmen, horas antes do ataque.
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Apoio dos super-ricos
Sobre
os 100 dias de governo, Trump afirmou que “está muito mais tranquilo do que da
última vez”, referindo-se ao seu primeiro mandato, que terminou com apenas 34%
de aprovação. “Se você olhar para a posse, na primeira vez, não tinha nenhuma
das pessoas que você viu na segunda ou na terceira fileira [da posse]”,
afirmou, ao se referir aos super-ricos que compareceram em massa na sua posse
em 20 de janeiro.Sobre eles, Scherer questionou se havia alguma reclamação
quanto à queda dos mercados de ações em resposta ao tarifaço, anunciado em 4 de
abril. “Não, ninguém ligou. A maioria das pessoas me diz ‘você está fazendo a
coisa certa. Não era sustentável o que estava acontecendo com o nosso país.
Estávamos deixando outros países nos destruírem’, frisou. Entretanto, não é o
que dizem as pesquisas de opinião. Segundo outra sondagem, da Pew Research Center, publicada na semana
passada (23/04), 59% desaprovam o tarifaço ante 39% que o aprovam. Mas Trump
sustenta que está “prestando um grande serviço ao país”.
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Forma de governar
Em
relação aos cortes de funcionários nos departamentos e agências federais, a Pew
Research revela uma desaprovação de 55%. O uso indiscriminado de ordens
executivas também é alvo de críticas: 51% dos adultos americanos dizem que ele
está definindo políticas demais por meio desses decretos. E apenas 27% afirmam
que a quantidade está certa (27%). Para Trump, porém, seu poder é inconteste.
‘Esta é uma presidência muito mais poderosa do que a que tive na primeira vez,
mas conquistei muito na primeira vez’. ‘Na primeira vez, eu estava lutando pela
sobrevivência e para governar o país. Desta vez, estou lutando para ajudar o
mundo e o país. Sabe, é uma presidência muito diferente’, afirmou aos
jornalistas no Salão Oval. Segundo a CNN, menos da metade dos norte-americanos,
43%, acredita que a reestruturação do Estado é necessária, a maioria, 57%,
afirma que Trump está colocando o país em risco.
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Festival de abobrinhas
Durante
a entrevista, Trump voltou a afirmar absurdos como a defesa da anexação do
Canadá, que nesta sexta-feira, elegeu Mark Carney como
primeiro-ministro.
“Não precisamos de nada que eles tenham. Eu digo que daria um ótimo 51º
estado”, disse.
Ele
também sustentou ter vencido as eleições de 2020. ‘Eu sei que a eleição foi
fraudada. Biden não obteve 80 milhões de votos’, afirmou. E manifestou simpatia
em concorrer eleitoralmente em 2028, o que é proibido pela legislação. ‘As
pessoas gritam o tempo todo, não importa aonde eu vá, 2028! Elas estão felizes.
As pessoas estão muito felizes com esta presidência. Eu tive ótimas pesquisas,
além da Fox’, disse. Mas frente à ilegalidade da medida, ele recuou: ‘não é
algo que eu esteja procurando fazer e acho que seria muito difícil. Mas já me
gritam: não, não, você tem que concorrer’. A sondagem da CNN, no entanto,
revela outra realidade. Somente 22% dos americanos afirmam “apoiar fortemente”
a condução de Trump na presidência dos Estados Unidos, enquanto 45%, mais que o
dobro, “desaprovam fortemente”.
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Economia
A
sondagem da CNN revela que, em relação à economia, a confiança que batia 65% em
dezembro caiu para 52%. Ao ser questionado sobre as ameaças de recessão em
relação às tarifas e a possibilidade de mudar de rota, Trump minimizou. ‘Já
tenho tarifas sobre carros, como vocês sabem, de 25%; tarifas sobre aço de 25%;
tarifas sobre alumínio de 25%. Tenho uma tarifa base de 10% para todos, para
todos os países, e isso será alterado’, destacou. ‘Tenho muitas negociações em
andamento, mas não preciso. Faço isso porque quero ver como eles estão se
sentindo. Sou como alguém que tem uma loja muito valiosa e todos querem comprar
nela. Eu tenho que proteger essa loja. E eu defino os preços’, salientou.
Questionado sobre as deportações em massa, Trump reiterou que ‘essas pessoas
estão ilegalmente no país, todas elas’. ‘São pessoas rudes, duronas’, afirmou,
citando casos assustadores como o de imigrantes que empurram pessoas no metrô
antes do trem chegar, entre outros.
Em
relação aos estadunidenses criminosos, disse que ‘se for legal’, ele não teria
problema ‘em transferi-los para fora do país e para uma prisão estrangeira, o
que custaria muito menos dinheiro’.
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Anistia Internacional
A
entrevista de Trump aconteceu na véspera da divulgação pela Anistia
Internacional de um relatório afirmando que
seu segundo mandato é marcado por “uma onda de ataques frontais a obrigação do
país de prestar contas em matéria de direitos internacionais, contra o direito
internacional e contra a ONU”. ‘O novo governo americano congelou a ajuda internacional
do país, reduziu o financiamento de organizações da ONU e realizou expulsões
criticadas de presos para países da América Latina’, acusa o documento. A
organização também denunciou que “ofensivas irresponsáveis e punitivas”
aconteçam há anos, ressaltando que o retorno de Trump “só acelera” esse
processo.
Fonte: Por Tatiana Carlotti, em Opera Mundi

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