sexta-feira, 30 de maio de 2025

Argentina não tem cálculo de inflação coerente, diz economista

O economista Fidel Lerner, consultor financeiro argentino residente no Brasil, analisou alguns aspectos dos primeiros meses do governo do ultradireitista Javier Milei. A Opera Mundi, o especialista disse que na Argentina não é um cálculo de inflação “coerente”, que a base do que utilizado vem de uma fórmula de 2004, ainda governo de Néstor Kirchner, “quando muitos serviços básicos (gás, luz e água) eram subsidiados”.

Entre os temas mais importantes abordados na conversa está o sucesso midiático do mandatário argentino e a estabilidade da sua imagem segundo as pesquisas, apesar dos muitos protestos contra o seu governo nas últimas semanas. De acordo com Lerner, “do ponto de vista comunicacional, Milei é muito eficiente”.

“O Milei é uma figura que ganhou notoriedade como comentarista de economia em programas de celebridades, ele não falava de economia seriamente. Falava bobagens em programas de debate que não exigiam conhecimento mais aprofundado, e para um público que também não era muito exigente”, recorda o economista.

A capacidade do presidente argentino de lidar com os meios explicaria como ele consegue vender a imagem de alguém que conseguiu domar a inflação no país, apesar de que, na prática, Lerner considera que essa versão “é uma falácia”.

Leia a entrevista:

·        muitos meios de imprensa do Brasil afirmam que o governo de Milei na Argentina é um grande sucesso, que estaria recuperando economicamente o país e conseguindo resultados, especialmente no combate à inflação. O que tem de mito e de verdade nessa narrativa?

Fidel Lerner: o Milei mudou muita coisa na Argentina, e o relato que nós vemos na imprensa daqui se agarra nesse preceito, de que o Milei mudou muita coisa, levou a doutrina neoliberal à sua máxima expressão. Mas ele não mudou o essencial. Continua sendo uma economia capitalista, extremamente dependente da exportação de commodities.

A questão da inflação na Argentina é uma falácia, porque não há um cálculo de inflação que seja coerente. Ela é medida através de uma cesta básica cujo padrão é o mesmo desde 2004.

Por exemplo, o cálculo da inflação segundo essa cesta padrão de 2004 considera que o peso de serviços básicos como luz, água e gás correspondem a 5% do gasto familiar dos argentinos. Esse cálculo foi estabelecido em um tempo onde esses serviços eram subsidiados pelo governo, estamos falando do período em que do Néstor (Kirchner, presidente da Argentina entre 2002 e 2007).

Porém, é preciso lembrar que o governo do (Mauricio) Macri (2015 e 2019), acabou com esses subsídios. A eletricidade teve um aumento acima de 700% nesse período. A água e o saneamento básico subiram mais de 500%, e o gás, mais 400%.

No governo do (Alberto) Fernández (2019 e 2023), se recuperou parte daqueles subsídios, mas não tudo. Só que com o Milei, os subsídios voltaram a cair e os serviços voltaram a ter aumentos enormes.

Com tudo isso significa o gasto familiar com esses serviços passou a ser de mais de 30% da renda familiar, mas o peso disso no cálculo da inflação é de apenas 5%. Ou seja, o cálculo da inflação durante o governo Milei não está considerando corretamente os aumentos que mais tiveram peso na vida dos argentinos durante o seu governo.

Ainda assim, houve uma certa contenção em outros preços. O problema é o preço que se pagou por essa contenção dos preços.

·        Qual foi o preço que se pagou?

Uma das consequências foi o aumento brutal do desemprego no país, que teve aumento de mais de 10% durante o primeiro ano de governo, especialmente após a aprovação da Lei de Bases. As aposentadorias, que representam uma parte importante da renda de muitas famílias na Argentina, perderam mais de 20% dos seus rendimentos. Por isso as grandes marchas que têm sacudido o país este ano começaram com protestos dos aposentados, que depois passaram a ser apoiados por outros setores.

Atualmente, mais de 70% dos aposentados da Argentina recebem o valor mínimo, que não cobre o gasto mensal, ainda mais considerando que o governo também cortou subsídios para medicamentos de uso contínuo, o que é muito importante para essas pessoas que, em muitos casos, dependem desses remédios.

Existem outros índices indicando um aumento da pobreza, mas esse é um tema controverso, porque o governo sabe como manipular alguns índices que medem a pobreza, não todos, mas só com o aumento do desemprego e da situação dos aposentados, além do aumento das contas em serviços básicos de água, luz e gás, nós já podemos ver um panorama ruim para o cidadão comum.

·        Como explicar então os índices de popularidade do seu governo?

Do ponto de vista comunicacional, o Milei é muito eficiente. Ele nasceu nesse meio. Milei é uma figura que ganhou notoriedade como comentarista de economia em programas de celebridades, ele não falava de economia seriamente. Falava bobagens em programas de debate que não exigiam conhecimento mais aprofundado, e para um público que também não era muito exigente.

Mesmo agora como presidente ele mostra que sabe usar essa estratégia. No começo do governo, a inflação ainda estava muito alta, mas para dizer que isso não era culpa das suas políticas, ele disse que suas medidas teriam, supostamente, impedido o país de cair em uma inflação de mais de 10.000%.

O cálculo dele foi absurdo, uma conta de estúpido. Normalmente, o parâmetro para você projetar uma possível evolução da inflação é pegar um índice mensal, multiplicar por 12 e projetar a inflação do ano a partir disso.

Mas ele justificou a suposta inflação de 10.000% dizendo que teria calculado a inflação de um dia e multiplicado por 365. Não existe inflação de um dia, nenhum economista sério aceita um cálculo desses. Mas do ponto de vista comunicacional, isso funciona.

Esse é só um exemplo. Há outros casos em que ele dá declarações terríveis, até vergonhosas para alguém que se diz especialista em economia, mas ele se agarra na imagem que construiu na televisão. Muita gente que via seus programas acredita mesmo que ele é um gênio da economia, e essas pessoas não têm capacidade de questionar esses absurdos que ele diz, como o da inflação de 10.000%.

·        Milei prometeu, em seus primeiros meses de mantado, que se seu projeto tiver continuidade para além do seu período presidencial, até 2039 a Argentina será uma das maiores economias do mundo. Como você vê o projeto dele a longo prazo?

O projeto econômico do Milei tem como objetivo transformar a Argentina num país exportador de minerais sem valor agregado, exportador de petróleo e gás, e de alimentos, mas também esses de uma forma limitada. E nada mais que isso.

É um projeto que não foi pensado por ele, foi encomendado pelos países do hemisfério norte e pensado para que a Argentina se pareça cada vez mais ao que podemos chamar de uma colônia moderna, não como eram as colônias do passado, ou como a própria Argentina nos tempos de colônia, porque agora estamos em um sistema econômico capitalista, mas é pensado com o mesmo sentido, de que as riquezas são retiradas do país a um preço muito baixo, e o país não recebe nada em troca, ou recebe muito pouco. A médio ou longo prazo, o efeito disso pode ser terrível.

·        O governo argentino está fechando um novo acordo de empréstimo com o FMI, ainda sem ter quitado aquele que foi adquirido pelo governo do Macri, em 2018. Como isso muda a situação do país e do governo?

Esse caso se tornou um escândalo, em primeiro lugar, pela forma como esse empréstimo foi adquirido, através de um decreto presidencial. A Argentina tem uma longa história de empréstimos com o FMI, longa e triste história, cada um dos episódios fez o país ficar mais pobre do que quando começou, nenhum deu certo, e não é surpresa, esses empréstimos não são feitos para que os países se recuperem, e sim para que eles se tornem mais dependentes economicamente.

Mas neste caso atual existe um problema: depois do último empréstimo adquirido pelo Macri, que você mencionou na sua pergunta, o governo Fernández aprovou uma lei para reforçar os mecanismos que obrigam o presidente a ter a aprovação do Congresso no caso de pedir um novo empréstimo em organismos financeiros. As leis já existiam mas foram reforçadas para casos de empréstimos internacionais, para dificultar casos como o do empréstimo pedido pelo Macri.

Esse reforço consistia em estabelecer que, além de necessitar da aprovação do Congresso, os novos acordos precisavam cumprir ao menos uma de três condições: diminuir o valor, melhorar os prazos de pagamento ou reduzir os juros sobre o empréstimo. O acordo que ele fez em março com o FMI não cumpre nenhum desses requisitos.

Ou seja, ficou mais difícil para o Milei usar essa mesma opção. Então, ele apresentou um decreto de urgência para estabelecer que as leis impulsionadas pelo Fernández não valem especificamente para este novo caso. Como foi um decreto de urgência, precisou da aprovação de uma das casas legislativas, e conseguiu o quórum necessário na Câmara dos Deputados.

Estamos falando em mais de US$ 10 bilhões (R$ 57 bilhões), para um país que já tinha mais de US$ 40 bilhões (R$ 226 bilhões) adquiridos do empréstimo pedido pelo Macri no passado.

·        Durante o governo do Alberto Fernández, a Argentina obteve um crédito de US$ 15 bilhões (R$ 85 bilhões) da China, e o governo anterior pretendia, a longo prazo, trocar uma dívida com a China por uma com o Banco do BRICS. Como ficou essa situação depois que o governo do Milei decidiu se afastar do BRICS e da China?

Os Estados Unidos enviaram recentemente o seu secretário do Tesouro (Scott Bessent) à Argentina, para se reunir com a equipe econômica do Milei. O governo comemorou o fato de ele dizer que pretende voltar no ano que vem, mas, na realidade, o secretário deixou um recado muito claro e preocupante para a Argentina: ele disse que, quando voltar, o país deve ter se livrado definitivamente dessa dívida com a China. E isso não é possível, porque tanto o governo anterior (de Alberto Fernández) quanto o atual gastaram recursos daquele crédito.

Também há muitos investimentos da China na Argentina, incluindo duas represas na Patagônia e um projeto nuclear que vinha sendo desenvolvido em cooperação com os chineses. Os avanços em todos esses projetos estão em dúvida com essa situação.

·        Como você avalia esse distanciamento entre os governos do Brasil e da Argentina, devido às diferenças entre Lula e Milei? E como isso afeta a Argentina?

O Brasil é o maior parceiro comercial da Argentina. O segundo é a China. Os Estados Unidos ocupam o quarto ou o quinto lugar, não lembro ao certo, mas certamente é um fluxo de comércio bem abaixo do que temos com os brasileiros e com os chineses.

Então, essa prioridade extrema que o governo do Milei dá aos Estados Unidos é prejudicial, porque as economias dos dois países não são complementares, são concorrentes. No caso do Brasil, também somos concorrentes em alguns casos, mas existe uma relação histórica que é benéfica para ambos os países e que precisa ser preservada.

A Argentina precisa do Brasil, mas também precisa se livrar dessa política do Milei de prioridade máxima aos Estados Unidos, que não é boa para a economia do país, é uma relação na qual o país perde muito mais do que ganha.

¨      ARGENTINA, UM ANO E MEIO DEPOIS DE MILEI. Por Luismi Uharte

Já se passou menos de um ano e meio desde que Javier Milei venceu as eleições presidenciais na Argentina, no final de 2023, supostamente contra todas as previsões, derrotando o candidato peronista, Sergio Massa, e após ter eliminado na primeira rodada a candidata da direita tradicional, Patricia Bullrich. É tempo suficiente para avaliar o que aconteceu até agora: identificar as chaves de sua vitória, as principais medidas do governo, o apoio substancial que possui e as perspectivas a médio prazo. Neste primeiro artigo, vamos abordar dois temas: as chaves de sua vitória e um balanço de seu projeto de governo.

<><> Chaves da vitória

Para entender a vitória de Milei, é preciso destacar que um conjunto de fatores, alguns conjunturais e outros de caráter mais estrutural, configuraram uma espécie de tempestade perfeita que possibilitou o triunfo de um candidato praticamente desconhecido, que liderava um partido novo, alheio ao sistema dos partidos tradicionais, e que trazia consigo um programa ultra, que a princípio parecia marginal na centralidade política do país.

Entre os fatores conjunturais destacam-se especialmente dois: a alta inflação e os efeitos da pandemia. Ambos configuraram uma bomba-relógio em um contexto de grande mal-estar social após os dois últimos governos: o de Macri (direita convencional) e o de Alberto Fernández (progressista-peronista). A profunda decepção que o mandato de Fernández provocou no campo progressista, como indicam diversas pessoas entrevistadas, abriu a porta para a chegada do partido de Milei, La Libertad Avanza.

alta e crescente inflação que a população vinha sofrendo há mais de uma década — nos dois últimos anos de Cristina F. Kirchner, e nos mandatos de Macri e Fernández — foi um fator fundamental. Os impactos no cotidiano, especialmente das classes populares, foram devastadores e múltiplos, pois não só implicaram o deterioramento das condições materiais de vida, mas também provocaram impactos de ordem sociológica — ruptura da sociabilidade — e emocional — incerteza, angústia, raiva. A lembrança do pesadelo da hiperinflação dos anos 80 também pairava na memória histórica. Por isso, para freá-la, “as pessoas estão dispostas a qualquer coisa”, como destaca o cientista político Sergio Morresi. A “astúcia” do peronismo em apresentar como candidato presidencial aquele que havia sido o último ministro da Economia, Sergio Massa, considerado por amplos setores sociais como o “símbolo” do fracasso na luta contra a inflação, foi a cereja do bolo.

A pandemia foi outro fator de grande impacto, já que a longa quarentena impediu que um alto percentual da classe trabalhadora informal saísse para “trabalhar” — e que não recebeu salário, ao contrário da parcela dos trabalhadores formais. Embora tenham recebido um auxílio, este foi considerado muito precário. De fato, como aponta Gonzalo Armúa, dirigente do Frente Patria Grande, “pediam às pessoas que não saíssem de casa, mas isso era irreal, porque precisavam sair para conseguir o básico. Isso gerou muita revolta.”

<><> Fatores estruturais

A crise da classe política é um fator estrutural de grande relevância, que não era novo, pois tinha suas origens no Argentinazo de 2001, com aquele lema inesquecível “¡Que se vayan Todos!”. Um slogan que na época foi capitalizado pela esquerda, mas que hoje se volta contra ela, abrindo a porta para a extrema direita. Com uma hábil estratégia discursiva, Milei — professor, economista, comentarista — prometia combater a “casta”, em um contexto em que a sociedade percebia a classe política como corrupta, privilegiada e incapaz. Milei soube se projetar como o símbolo da mudança diante de uma ordem cada vez mais deslegitimada.

Outro fator estrutural é o avanço silencioso da direita nos últimos anos. Diversas pesquisas, segundo Morresi, apontam para mudanças sociológicas, sobretudo entre os jovens nas zonas rurais do interior do país. Os resultados dessas pesquisas mostram reivindicações de forte caráter conservador: contra o público, anti-feministas, linha dura, etc. Se a isso somarmos um contexto internacional de ascensão das extremas direitas, a síntese era que havia terreno fértil para que uma candidatura como a de Milei vencesse.

nova direita argentina, motosserra em punho, em pouco mais de um ano implementou um programa de governo que deve ser analisado em vários níveis: o quê?, como?, para onde?

<><> O que fez?

As medidas aplicadas por Milei desde o início de seu governo foram numerosas e contundentes. O ponto de partida foi o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), aprovado apenas dez dias após assumir seu mandato, em 20 de dezembro de 2023, que concedia ao presidente poderes especiais para legislar acima do Congresso por dois anos. Esse decreto, com seus 336 artigos, propunha uma mudança radical no modelo econômico e no papel do Estado.

A medida “bem-sucedida” por excelência foi a redução da inflação, às custas de uma brutal redução salarial. Os principais afetados foram aqueles que dependem de um salário, sobretudo os funcionários públicos, um setor social que, em grande parte, segundo Daniel Feierstein, sociólogo da Universidade de Buenos Aires, não constituía a base de Milei, além de ser um componente da classe trabalhadora em retração percentual devido ao aumento constante do trabalho informal.

A selvagem redução dos gastos públicos é um dos eixos centrais do programa governamental. Reivindicando o velho dogma ultraliberal da austeridade fiscal, o corte massivo de programas sociais foi acompanhado pela desinvestimento estatal em obras públicas, ciência, etc. Por sua vez, as demissões em massa de funcionários públicos foram draconianas. Até o momento, cerca de 35.000 pessoas perderam seus empregos. Paralelamente, a criação do Ministério da “Desregulação do Estado” trouxe a semi-demolição da estrutura ministerial, eliminando mais da metade dos ministérios (11 dos 20). Isso foi acompanhado por uma política anti-sindical, como denunciam delegados do sindicato estatal ATE entrevistados. A perseguição a representantes sindicais está sendo combinada com ameaças de demissão para quem tente se filiar, ressaltam do ATE.

No plano econômico, o recente acordo com o FMI é a decisão mais importante por duas razões. Em primeiro lugar, porque implicará novamente um grande endividamento acompanhado de cortes drásticos. Em segundo lugar, porque ativa o tradicional mecanismo de acumulação de capital que a oligarquia argentina usa para receber dólares, apropriá-los e depois praticar a fuga de capitais.

O ataque às políticas de memória e reparação da ditadura é outro frente aberto por Milei. Rompendo o consenso de quatro décadas, ele não apenas questionou o genocídio, mas também está tentando sufocar os centros de memória, reduzindo ao mínimo seu pessoal, como lembra a historiadora Paula Klachko. Em nossa visita ao icônico Museu da Memória ESMA, situado na sinistra Escola de Mecânica da Armada, foi exatamente isso que o pessoal nos transmitiu.

Os impactos de tudo isso já são evidentes nas condições de vida de alguns setores sociais: perda do poder de compra da massa assalariada, sendo especialmente doloroso entre os aposentados e aposentadas; aumento exponencial de pessoas dormindo na rua… Há outros impactos que ainda não se percebem, mas que serão sentidos a médio prazo e serão devastadores, segundo Feierstein, como a deterioração da malha viária ou do sistema científico do país.

<><> Como ele está fazendo isso?

As inúmeras medidas aplicadas por Milei desde o início de seu governo operam sob a lógica da “doutrina do choque” (Naomi Klein), pela sua profundidade e rapidez, buscando nocautear o campo popular e progressista. Isso é combinado com um aumento da repressão sob o guarda-chuva do ‘Protocolo Bullrich’, instrumento legal para reprimir com contundência os protestos sociais. A violência desproporcional empregada semanalmente contra as mobilizações de aposentados e aposentadas é o exemplo mais paradigmático.

Neofascismo? O mais novo e preocupante no modo de agir de Milei e seu governo é o salto qualitativo na forma de se relacionar com o adversário político, o que abriu o debate sobre seu possível caráter neofascista. Para o filósofo ítalo-argentino Rocco Carbone, Milei se diferencia da direita tradicional (do ‘macrismo’) porque não reconhece o antagonista político. Ele suprime seus direitos, representando uma experiência política não democrática, como ele expõe em seu livro Fascismo psicotizante. Isso explica o discurso de ódio contra o diferente que caracteriza a política comunicativa presidencial e a política da “crueldade” como dispositivo de gestão governamental. Como diz Gervasio Ramos, “não apenas se demite as pessoas de seus empregos, deixando uma família sem renda, como também se zombam publicamente delas”.

 

Fonte: Opera Mundi/El Salto

 

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