Brasil
registra quinto maior crescimento do PIB entre principais economias do mundo
O
Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 3,5% no acumulado de 12 meses encerrado
em março de 2025, colocando o país na quinta posição entre as 20 maiores
economias globais com maior expansão econômica no período. Os dados foram
divulgados nesta sexta-feira, 30, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
Segundo
levantamento do Valor Investe, com base em projeções de crescimento das
principais economias, o Brasil ficou atrás apenas de Índia (7,4%), China
(5,4%), Indonésia (4,9%) e Cingapura (3,9%). No primeiro trimestre de 2025, o
crescimento do PIB brasileiro foi de 1,4% em relação aos três meses anteriores.
Com
esse resultado, o desempenho brasileiro superou o de diversas economias
avançadas, como Estados Unidos (2,1%), Japão (1,7%), Reino Unido (1,3%) e
França (0,6%). A Alemanha registrou variação nula no PIB no mesmo intervalo.
Entre
os países que tiveram crescimento abaixo do Brasil no acumulado de 12 meses
estão Canadá (2,4%), Espanha (2,8%), Arábia Saudita (2,7%) e Argentina (2,1%).
A lista ainda inclui Turquia (2,0%), Holanda (2,0%), Rússia (1,4%), Austrália
(1,3%) e Suíça (1,2%).
Na zona
do euro, o crescimento foi de 1,2%. A África do Sul teve alta de 0,9%. México e
Itália registraram crescimento de 0,8% e 0,7%, respectivamente. A França teve
aumento de 0,6% no PIB, e a Alemanha não apresentou variação. A Coreia do Sul
registrou retração de 0,1%.
A
seguir, a lista completa de crescimento do PIB acumulado em 12 meses, com base
em dados e projeções das 20 maiores economias globais:
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Ranking de crescimento do PIB acumulado em 12 meses (2025)
- Índia – 7,4%
- China – 5,4%
- Indonésia – 4,9%
- Cingapura – 3,9%
- Brasil – 3,5%
- Espanha – 2,8%
- Arábia Saudita –
2,7%
- Canadá – 2,4%
- Estados Unidos –
2,1%
- Argentina – 2,1%
- Turquia – 2,0%
- Holanda – 2,0%
- Japão – 1,7%
- Rússia – 1,4%
- Reino Unido –
1,3%
- Austrália – 1,3%
- Suíça – 1,2%
- Zona do euro –
1,2%
- África do Sul –
0,9%
- México – 0,8%
- Itália – 0,7%
- França – 0,6%
- Alemanha – 0,0%
- Coreia do Sul –
-0,1%
De
acordo com o IBGE, o resultado do primeiro trimestre de 2025 indica manutenção
da trajetória de crescimento observada nos trimestres anteriores. O instituto
apontou ainda que o desempenho econômico tem sido impulsionado por setores como
agropecuária, indústria de transformação e serviços, sem detalhar os impactos
específicos por atividade.
O
crescimento acumulado do Brasil ocorre em um contexto de recuperação de
mercados emergentes e de desaceleração de economias desenvolvidas. Enquanto
Índia e China lideram com amplos percentuais, países europeus demonstraram
crescimento mais contido. A Alemanha, maior economia da Europa, não apresentou
variação no período, e a França registrou aumento inferior a 1%.
Os
dados apresentados integram um panorama global de expansão desigual, refletindo
diferentes políticas econômicas, níveis de consumo interno, dinâmica comercial
e cenário internacional. A posição do Brasil no ranking sinaliza, segundo
analistas consultados pelo Valor Investe, uma recuperação relativa da economia
nacional, especialmente quando comparada a países com maior grau de
industrialização.
O IBGE
divulgará ao longo do ano os desdobramentos dos dados trimestrais com
detalhamento setorial. Não houve, até o momento, projeção revisada para o
desempenho total do PIB brasileiro em 2025 por parte do governo federal.
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IBGE: Consumo das famílias e investimentos crescem no
primeiro trimestre de 2025
O
consumo das famílias brasileiras registrou crescimento de 1% no primeiro
trimestre de 2025 em comparação com os três meses anteriores, conforme dados do
Produto Interno Bruto (PIB) divulgados nesta sexta-feira, 30, pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).
Embora
inferior ao desempenho verificado no mesmo período de 2024, o resultado mostra
recuperação em relação ao último trimestre do ano passado.
Na
comparação anual, o avanço foi de 2,6%. Segundo o IBGE, esse resultado foi
impulsionado pelo aumento da massa salarial real e pela ampliação da oferta de
crédito, mesmo com a manutenção de juros elevados. A despesa das famílias
responde por cerca de 60% do PIB na ótica da demanda, sendo considerada uma
variável central para o desempenho da economia.
O
relatório do instituto também indica que os investimentos produtivos, medidos
pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), tiveram elevação de 3,1% na
comparação com o trimestre anterior e de 9,1% em relação ao mesmo período do
ano passado.
Entre
os fatores que contribuíram para esse crescimento estão o desempenho da
construção civil, a produção interna e a importação de bens de capital, com
destaque para as plataformas de petróleo, além do aumento nos investimentos em
desenvolvimento de softwares.
A
expansão dos investimentos e do consumo foi acompanhada por um cenário de
mercado de trabalho mais favorável. O IBGE aponta crescimento do emprego formal
e da renda como elementos que sustentaram o desempenho da economia no início do
ano.
O
instituto também destacou a contribuição da agropecuária, setor que caminha
para uma safra recorde de grãos, segundo projeções oficiais.
O
comportamento da demanda interna no primeiro trimestre, de acordo com analistas
econômicos consultados por instituições de pesquisa, sugere uma manutenção do
ritmo de crescimento da economia, ainda que moderado, diante de restrições
impostas pelas atuais condições monetárias.
Apesar
da taxa básica de juros permanecer em patamar elevado, a ampliação da renda
real e o crescimento do crédito ajudaram a preservar o dinamismo do consumo.
A
Formação Bruta de Capital Fixo, indicador que mede o volume de investimentos em
máquinas, equipamentos e construção, representa um componente essencial da
atividade econômica por seu impacto na capacidade produtiva do país.
O
aumento registrado no primeiro trimestre é atribuído em parte ao desembarque de
plataformas de petróleo e à continuidade de obras de infraestrutura.
A
contribuição do setor agropecuário, por sua vez, reflete o desempenho positivo
de culturas de grãos como soja e milho, que apresentaram ganhos de
produtividade e expansão de área plantada.
Segundo
o levantamento mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a
safra total do ano pode ultrapassar o volume recorde registrado em 2023, com
impacto direto sobre o PIB do setor.
De
acordo com o IBGE, os resultados observados nas contas nacionais trimestrais
indicam que a economia brasileira iniciou 2025 em trajetória de crescimento
sustentado por fatores internos, especialmente o consumo das famílias e os
investimentos privados.
O
instituto, no entanto, ressalta que a evolução futura depende de variáveis como
o comportamento da taxa de juros, o nível de endividamento das famílias e o
desempenho do mercado internacional.
A
expectativa entre economistas do setor privado é de que o crescimento do PIB no
segundo trimestre continue sendo influenciado por políticas de estímulo à renda
e pela estabilidade do mercado de trabalho. No entanto, projeções para o ano
indicam que o ritmo poderá desacelerar caso não haja avanço na redução dos
juros ou expansão adicional do crédito.
O IBGE
divulgará nas próximas semanas dados mais detalhados sobre o desempenho dos
setores da economia, incluindo indústria, serviços e agropecuária. Essas
informações serão utilizadas por instituições públicas e privadas para
atualizar previsões e revisar estratégias econômicas para o restante do ano.
A
evolução dos principais componentes da demanda no primeiro trimestre será
acompanhada por indicadores de consumo das famílias, concessão de crédito,
produção industrial e dados de mercado de trabalho. Esses fatores serão
determinantes para a trajetória do PIB nos próximos trimestres e para a
definição de políticas públicas voltadas ao crescimento econômico.
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O preço do churrasco e as oportunidades da carne
brasileira no mercado global
Domingo,
15h30. Na laje de uma casa simples no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de
Janeiro, a família Silva se reúne para o tradicional churrasco quinzenal.
Carlos, 42 anos, funcionário da construção civil, calcula mentalmente os gastos
do dia: R$ 89,90 pelo quilo da picanha (comprou apenas meio quilo), R$ 18,99
pelo quilo da asa de frango (dois quilos) e R$ 22,90 pelo pacote de linguiça
(um quilo). Total: R$ 106,34.
“Pelo
menos os preços deram uma trégua nos últimos meses”, comenta Carlos, enquanto
vira habilmente os cortes na grelha.
A
realidade da família Silva, embora fictícia, reflete dados reais do mercado
brasileiro de carnes.
O pico
do preço da carne bovina ocorreu durante o governo Bolsonaro, em dezembro de
2021. Naquele mês, a inflação acumulada do grupo de carnes chegou a 32,4% em 12
meses, segundo o IPCA medido pelo IBGE.
No auge
da crise, em dezembro de 2021, o quilo da picanha chegou a custar R$ 102,50 em
grandes redes de supermercados. A asa de frango era vendida a R$ 25,90 o quilo,
enquanto o pacote de linguiça custava em média R$ 28,50.
Se
Carlos comprasse exatamente o mesmo pacote de churrasco em dezembro de 2021,
gastaria R$ 140,55 — valor 32,2% maior que os R$ 106,34 gastos em maio de 2025.
O
consumo de carne bovina pelos brasileiros atingiu seu ponto mais baixo em
dezembro de 2022, último mês do governo Bolsonaro, quando chegou a apenas 24,2
kg por habitante, o menor nível desde setembro de 2004. Em abril de 2025, esse
número já subiu para 31,9 kg por habitante, um aumento de 31,8%.
Essa
recuperação no consumo está diretamente ligada à melhoria dos indicadores
econômicos e sociais. A taxa de desemprego, que chegou a 14,7% durante o
governo Bolsonaro (em abril de 2021), caiu para 6,6% em dezembro de 2024, menor
patamar da série histórica iniciada em 2012.
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Brasil: potência global em exportação de carnes
O setor
de carnes se consolida como um dos mais importantes da economia nacional. A
cadeia produtiva emprega diretamente 1,8 milhão de pessoas no Brasil e,
indiretamente, gera outros 5,2 milhões de postos de trabalho. Ao todo, são 7
milhões de empregos em maio de 2025, o equivalente a 6,7% da força de trabalho
formal do país.
Nos
últimos dez anos, entre maio de 2015 e abril de 2025, as exportações
brasileiras de carne cresceram impressionantes 358% em valor, saindo de US$ 7,5
bilhões para US$ 27,05 bilhões no acumulado de 12 meses.
O
Brasil é hoje o maior exportador mundial de carne bovina, posição conquistada
em março de 2021 e mantida desde então. No segmento de frango, o país ocupa a
liderança global desde janeiro de 2012, com 35% do mercado internacional. Na
carne suína, o Brasil é o quarto maior exportador mundial em maio de 2025.
“O
Brasil tem vantagens competitivas únicas no setor de carnes”, afirma Ricardo
Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em
entrevista ao Valor Econômico em março de 2025. “Temos o menor custo de
produção entre os grandes produtores mundiais, disponibilidade de grãos para
ração animal, tecnologia avançada e um sistema sanitário reconhecido
internacionalmente.”
Um
estudo da consultoria holandesa Rabobank divulgado em janeiro de 2025 mostra
que o custo de produção de carne bovina no Brasil é 23% menor que nos Estados
Unidos e 35% menor que na Austrália. Na produção de frango, o custo brasileiro
é 18% inferior ao americano e 27% menor que o europeu.
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Indústria de transformação: o valor agregado da carne
A carne
não é classificada como produto primário nas estatísticas oficiais, mas como
produto da indústria de transformação. Entre o abate do animal e a chegada ao
consumidor, há um complexo processo industrial que agrega valor significativo
ao produto.
“A
carne é um produto industrializado por definição”, explica Fernando Sampaio,
diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de
Carnes (ABIEC), em artigo publicado na Folha de S.Paulo em fevereiro de 2025.
“O processo envolve abate, desossa, corte, embalagem, refrigeração e, muitas
vezes, processamento adicional.”
Esse
processo de transformação industrial agrega, em média, 65% de valor sobre o
preço do animal vivo. No caso de cortes especiais como picanha e filé mignon, o
valor agregado pode chegar a 120%.
A
logística de exportação também é complexa e custosa. Um contêiner refrigerado
para transporte de carnes custa, em média, três vezes mais que um contêiner
convencional. Em abril de 2025, o frete marítimo de um contêiner refrigerado do
Porto de Santos para Xangai estava em US$ 5.800, contra US$ 1.950 de um
contêiner seco.
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China: o gigante que devora a carne brasileira
A China
é o principal destino das exportações brasileiras de carne. Em abril de 2025, o
país asiático absorveu 30,19% de toda a carne exportada pelo Brasil, somando
US$ 8,17 bilhões no acumulado de 12 meses.
A
dependência chinesa da carne brasileira aumentou significativamente após as
tensões comerciais com os Estados Unidos. Em março de 2025, o governo chinês
anunciou novas tarifas sobre produtos agrícolas americanos, incluindo um
aumento de 25% para 35% nas tarifas de importação de carne bovina.
“A
guerra comercial entre China e Estados Unidos criou uma janela de oportunidade
para o Brasil”, analisa Lygia Pimentel, CEO da consultoria Agrifatto, em
entrevista ao Canal Rural em abril de 2025. “Enquanto as exportações americanas
de carne bovina para a China caíram 42% nos últimos 12 meses, as brasileiras
cresceram 18% no mesmo período.”
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BRICS: novo mercado em expansão
Outro
destaque nas exportações brasileiras de carne é o crescimento das vendas para
os países do BRICS. O bloco expandiu-se em janeiro de 2024 com a entrada de
Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
No
acumulado de 12 meses até abril de 2025, as exportações brasileiras de carne
para os países do BRICS ampliado somaram US$ 12,8 bilhões, representando 47,3%
do total exportado pelo Brasil. Em abril de 2022, essa participação era de
apenas 38,1%.
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Gigantes do setor: concentração e expansão global
O setor
de carnes no Brasil é dominado por grandes conglomerados. A JBS, maior empresa
de proteína animal do mundo, faturou R$ 387,8 bilhões em 2024, seguida pela
Marfrig (R$ 112,3 bilhões) e BRF (R$ 68,5 bilhões).
Juntas,
as três maiores empresas do setor respondem por 65% das exportações brasileiras
de carne e empregam diretamente 389 mil pessoas no país.
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Distribuição regional: o mapa da carne no Brasil
A
produção de carne no Brasil tem uma distribuição geográfica bem definida. Em
abril de 2025, Mato Grosso lidera a produção de carne bovina, com 17,2% do
total nacional, seguido por Goiás (11,3%) e Mato Grosso do Sul (10,8%).
Na
produção de frango, Paraná é o líder absoluto, com 33,5% do total nacional em
março de 2025, seguido por Santa Catarina (14,8%) e Rio Grande do Sul (13,6%).
Já na
carne suína, Santa Catarina domina com 28,3% da produção nacional em abril de
2025, seguido por Paraná (21,5%) e Rio Grande do Sul (18,7%).
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Renda e consumo: a equação fundamental
Para a
família Silva, no Complexo do Alemão, o pacote de churrasco que custou R$
106,34 em maio de 2025 representa 7,0% do salário mínimo atual de R$ 1.518,00.
Em dezembro de 2021, no auge da crise durante o governo Bolsonaro, o mesmo
pacote custava R$ 140,55, o equivalente a 12,8% do salário mínimo da época, que
era de R$ 1.100,00.
Quando
consideramos a renda média do brasileiro, a melhora é ainda mais evidente. Em
maio de 2025, o pacote de churrasco representa 3,5% da renda média mensal de R$
3.057,00, segundo o IBGE. Em dezembro de 2021, o mesmo pacote consumia 5,6% da
renda média da época, estimada em R$ 2.500,00.
Mais
importante que olhar apenas para o preço da carne, que varia de acordo com
fatores sazonais, climáticos e de mercado internacional, é analisar o poder
aquisitivo do brasileiro em relação a esse item essencial da cesta de consumo.
Se a renda continuar crescendo mais que o preço da carne, o consumo tende a se
manter ou aumentar, mesmo com oscilações de preço.
Por
outro lado, uma eventual perda de renda poderia comprometer o acesso das
famílias brasileiras à proteína animal, com impactos diretos na nutrição,
especialmente de crianças em fase de desenvolvimento. Esse cenário teria não
apenas consequências sociais, mas também políticas, podendo afetar as
perspectivas de reeleição do presidente Lula e a estabilidade do atual governo.
Para a
família Silva e milhões de brasileiros, o churrasco de domingo não é apenas uma
refeição, mas um momento de celebração e convívio social. Garantir que esse
ritual permaneça acessível é mais que uma questão econômica – é uma questão de
qualidade de vida e bem-estar social.
Fonte:
O Cafezinho

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