sábado, 31 de maio de 2025

Brasil registra quinto maior crescimento do PIB entre principais economias do mundo

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 3,5% no acumulado de 12 meses encerrado em março de 2025, colocando o país na quinta posição entre as 20 maiores economias globais com maior expansão econômica no período. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 30, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo levantamento do Valor Investe, com base em projeções de crescimento das principais economias, o Brasil ficou atrás apenas de Índia (7,4%), China (5,4%), Indonésia (4,9%) e Cingapura (3,9%). No primeiro trimestre de 2025, o crescimento do PIB brasileiro foi de 1,4% em relação aos três meses anteriores.

Com esse resultado, o desempenho brasileiro superou o de diversas economias avançadas, como Estados Unidos (2,1%), Japão (1,7%), Reino Unido (1,3%) e França (0,6%). A Alemanha registrou variação nula no PIB no mesmo intervalo.

Entre os países que tiveram crescimento abaixo do Brasil no acumulado de 12 meses estão Canadá (2,4%), Espanha (2,8%), Arábia Saudita (2,7%) e Argentina (2,1%). A lista ainda inclui Turquia (2,0%), Holanda (2,0%), Rússia (1,4%), Austrália (1,3%) e Suíça (1,2%).

Na zona do euro, o crescimento foi de 1,2%. A África do Sul teve alta de 0,9%. México e Itália registraram crescimento de 0,8% e 0,7%, respectivamente. A França teve aumento de 0,6% no PIB, e a Alemanha não apresentou variação. A Coreia do Sul registrou retração de 0,1%.

A seguir, a lista completa de crescimento do PIB acumulado em 12 meses, com base em dados e projeções das 20 maiores economias globais:

<<<<< Ranking de crescimento do PIB acumulado em 12 meses (2025)

  1. Índia – 7,4%
  2. China – 5,4%
  3. Indonésia – 4,9%
  4. Cingapura – 3,9%
  5. Brasil – 3,5%
  6. Espanha – 2,8%
  7. Arábia Saudita – 2,7%
  8. Canadá – 2,4%
  9. Estados Unidos – 2,1%
  10. Argentina – 2,1%
  11. Turquia – 2,0%
  12. Holanda – 2,0%
  13. Japão – 1,7%
  14. Rússia – 1,4%
  15. Reino Unido – 1,3%
  16. Austrália – 1,3%
  17. Suíça – 1,2%
  18. Zona do euro – 1,2%
  19. África do Sul – 0,9%
  20. México – 0,8%
  21. Itália – 0,7%
  22. França – 0,6%
  23. Alemanha – 0,0%
  24. Coreia do Sul – -0,1%

De acordo com o IBGE, o resultado do primeiro trimestre de 2025 indica manutenção da trajetória de crescimento observada nos trimestres anteriores. O instituto apontou ainda que o desempenho econômico tem sido impulsionado por setores como agropecuária, indústria de transformação e serviços, sem detalhar os impactos específicos por atividade.

O crescimento acumulado do Brasil ocorre em um contexto de recuperação de mercados emergentes e de desaceleração de economias desenvolvidas. Enquanto Índia e China lideram com amplos percentuais, países europeus demonstraram crescimento mais contido. A Alemanha, maior economia da Europa, não apresentou variação no período, e a França registrou aumento inferior a 1%.

Os dados apresentados integram um panorama global de expansão desigual, refletindo diferentes políticas econômicas, níveis de consumo interno, dinâmica comercial e cenário internacional. A posição do Brasil no ranking sinaliza, segundo analistas consultados pelo Valor Investe, uma recuperação relativa da economia nacional, especialmente quando comparada a países com maior grau de industrialização.

O IBGE divulgará ao longo do ano os desdobramentos dos dados trimestrais com detalhamento setorial. Não houve, até o momento, projeção revisada para o desempenho total do PIB brasileiro em 2025 por parte do governo federal.

¨      IBGE: Consumo das famílias e investimentos crescem no primeiro trimestre de 2025

O consumo das famílias brasileiras registrou crescimento de 1% no primeiro trimestre de 2025 em comparação com os três meses anteriores, conforme dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados nesta sexta-feira, 30, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Embora inferior ao desempenho verificado no mesmo período de 2024, o resultado mostra recuperação em relação ao último trimestre do ano passado.

Na comparação anual, o avanço foi de 2,6%. Segundo o IBGE, esse resultado foi impulsionado pelo aumento da massa salarial real e pela ampliação da oferta de crédito, mesmo com a manutenção de juros elevados. A despesa das famílias responde por cerca de 60% do PIB na ótica da demanda, sendo considerada uma variável central para o desempenho da economia.

O relatório do instituto também indica que os investimentos produtivos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), tiveram elevação de 3,1% na comparação com o trimestre anterior e de 9,1% em relação ao mesmo período do ano passado.

Entre os fatores que contribuíram para esse crescimento estão o desempenho da construção civil, a produção interna e a importação de bens de capital, com destaque para as plataformas de petróleo, além do aumento nos investimentos em desenvolvimento de softwares.

A expansão dos investimentos e do consumo foi acompanhada por um cenário de mercado de trabalho mais favorável. O IBGE aponta crescimento do emprego formal e da renda como elementos que sustentaram o desempenho da economia no início do ano.

O instituto também destacou a contribuição da agropecuária, setor que caminha para uma safra recorde de grãos, segundo projeções oficiais.

O comportamento da demanda interna no primeiro trimestre, de acordo com analistas econômicos consultados por instituições de pesquisa, sugere uma manutenção do ritmo de crescimento da economia, ainda que moderado, diante de restrições impostas pelas atuais condições monetárias.

Apesar da taxa básica de juros permanecer em patamar elevado, a ampliação da renda real e o crescimento do crédito ajudaram a preservar o dinamismo do consumo.

A Formação Bruta de Capital Fixo, indicador que mede o volume de investimentos em máquinas, equipamentos e construção, representa um componente essencial da atividade econômica por seu impacto na capacidade produtiva do país.

O aumento registrado no primeiro trimestre é atribuído em parte ao desembarque de plataformas de petróleo e à continuidade de obras de infraestrutura.

A contribuição do setor agropecuário, por sua vez, reflete o desempenho positivo de culturas de grãos como soja e milho, que apresentaram ganhos de produtividade e expansão de área plantada.

Segundo o levantamento mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra total do ano pode ultrapassar o volume recorde registrado em 2023, com impacto direto sobre o PIB do setor.

De acordo com o IBGE, os resultados observados nas contas nacionais trimestrais indicam que a economia brasileira iniciou 2025 em trajetória de crescimento sustentado por fatores internos, especialmente o consumo das famílias e os investimentos privados.

O instituto, no entanto, ressalta que a evolução futura depende de variáveis como o comportamento da taxa de juros, o nível de endividamento das famílias e o desempenho do mercado internacional.

A expectativa entre economistas do setor privado é de que o crescimento do PIB no segundo trimestre continue sendo influenciado por políticas de estímulo à renda e pela estabilidade do mercado de trabalho. No entanto, projeções para o ano indicam que o ritmo poderá desacelerar caso não haja avanço na redução dos juros ou expansão adicional do crédito.

O IBGE divulgará nas próximas semanas dados mais detalhados sobre o desempenho dos setores da economia, incluindo indústria, serviços e agropecuária. Essas informações serão utilizadas por instituições públicas e privadas para atualizar previsões e revisar estratégias econômicas para o restante do ano.

A evolução dos principais componentes da demanda no primeiro trimestre será acompanhada por indicadores de consumo das famílias, concessão de crédito, produção industrial e dados de mercado de trabalho. Esses fatores serão determinantes para a trajetória do PIB nos próximos trimestres e para a definição de políticas públicas voltadas ao crescimento econômico.

¨      O preço do churrasco e as oportunidades da carne brasileira no mercado global

Domingo, 15h30. Na laje de uma casa simples no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro, a família Silva se reúne para o tradicional churrasco quinzenal. Carlos, 42 anos, funcionário da construção civil, calcula mentalmente os gastos do dia: R$ 89,90 pelo quilo da picanha (comprou apenas meio quilo), R$ 18,99 pelo quilo da asa de frango (dois quilos) e R$ 22,90 pelo pacote de linguiça (um quilo). Total: R$ 106,34.

“Pelo menos os preços deram uma trégua nos últimos meses”, comenta Carlos, enquanto vira habilmente os cortes na grelha.

A realidade da família Silva, embora fictícia, reflete dados reais do mercado brasileiro de carnes.

O pico do preço da carne bovina ocorreu durante o governo Bolsonaro, em dezembro de 2021. Naquele mês, a inflação acumulada do grupo de carnes chegou a 32,4% em 12 meses, segundo o IPCA medido pelo IBGE.

No auge da crise, em dezembro de 2021, o quilo da picanha chegou a custar R$ 102,50 em grandes redes de supermercados. A asa de frango era vendida a R$ 25,90 o quilo, enquanto o pacote de linguiça custava em média R$ 28,50.

Se Carlos comprasse exatamente o mesmo pacote de churrasco em dezembro de 2021, gastaria R$ 140,55 — valor 32,2% maior que os R$ 106,34 gastos em maio de 2025.

O consumo de carne bovina pelos brasileiros atingiu seu ponto mais baixo em dezembro de 2022, último mês do governo Bolsonaro, quando chegou a apenas 24,2 kg por habitante, o menor nível desde setembro de 2004. Em abril de 2025, esse número já subiu para 31,9 kg por habitante, um aumento de 31,8%.

Essa recuperação no consumo está diretamente ligada à melhoria dos indicadores econômicos e sociais. A taxa de desemprego, que chegou a 14,7% durante o governo Bolsonaro (em abril de 2021), caiu para 6,6% em dezembro de 2024, menor patamar da série histórica iniciada em 2012.

<><> Brasil: potência global em exportação de carnes

O setor de carnes se consolida como um dos mais importantes da economia nacional. A cadeia produtiva emprega diretamente 1,8 milhão de pessoas no Brasil e, indiretamente, gera outros 5,2 milhões de postos de trabalho. Ao todo, são 7 milhões de empregos em maio de 2025, o equivalente a 6,7% da força de trabalho formal do país.

Nos últimos dez anos, entre maio de 2015 e abril de 2025, as exportações brasileiras de carne cresceram impressionantes 358% em valor, saindo de US$ 7,5 bilhões para US$ 27,05 bilhões no acumulado de 12 meses.

O Brasil é hoje o maior exportador mundial de carne bovina, posição conquistada em março de 2021 e mantida desde então. No segmento de frango, o país ocupa a liderança global desde janeiro de 2012, com 35% do mercado internacional. Na carne suína, o Brasil é o quarto maior exportador mundial em maio de 2025.

“O Brasil tem vantagens competitivas únicas no setor de carnes”, afirma Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em entrevista ao Valor Econômico em março de 2025. “Temos o menor custo de produção entre os grandes produtores mundiais, disponibilidade de grãos para ração animal, tecnologia avançada e um sistema sanitário reconhecido internacionalmente.”

Um estudo da consultoria holandesa Rabobank divulgado em janeiro de 2025 mostra que o custo de produção de carne bovina no Brasil é 23% menor que nos Estados Unidos e 35% menor que na Austrália. Na produção de frango, o custo brasileiro é 18% inferior ao americano e 27% menor que o europeu.

<><> Indústria de transformação: o valor agregado da carne

A carne não é classificada como produto primário nas estatísticas oficiais, mas como produto da indústria de transformação. Entre o abate do animal e a chegada ao consumidor, há um complexo processo industrial que agrega valor significativo ao produto.

“A carne é um produto industrializado por definição”, explica Fernando Sampaio, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), em artigo publicado na Folha de S.Paulo em fevereiro de 2025. “O processo envolve abate, desossa, corte, embalagem, refrigeração e, muitas vezes, processamento adicional.”

Esse processo de transformação industrial agrega, em média, 65% de valor sobre o preço do animal vivo. No caso de cortes especiais como picanha e filé mignon, o valor agregado pode chegar a 120%.

A logística de exportação também é complexa e custosa. Um contêiner refrigerado para transporte de carnes custa, em média, três vezes mais que um contêiner convencional. Em abril de 2025, o frete marítimo de um contêiner refrigerado do Porto de Santos para Xangai estava em US$ 5.800, contra US$ 1.950 de um contêiner seco.

<><> China: o gigante que devora a carne brasileira

A China é o principal destino das exportações brasileiras de carne. Em abril de 2025, o país asiático absorveu 30,19% de toda a carne exportada pelo Brasil, somando US$ 8,17 bilhões no acumulado de 12 meses.

A dependência chinesa da carne brasileira aumentou significativamente após as tensões comerciais com os Estados Unidos. Em março de 2025, o governo chinês anunciou novas tarifas sobre produtos agrícolas americanos, incluindo um aumento de 25% para 35% nas tarifas de importação de carne bovina.

“A guerra comercial entre China e Estados Unidos criou uma janela de oportunidade para o Brasil”, analisa Lygia Pimentel, CEO da consultoria Agrifatto, em entrevista ao Canal Rural em abril de 2025. “Enquanto as exportações americanas de carne bovina para a China caíram 42% nos últimos 12 meses, as brasileiras cresceram 18% no mesmo período.”

<><> BRICS: novo mercado em expansão

Outro destaque nas exportações brasileiras de carne é o crescimento das vendas para os países do BRICS. O bloco expandiu-se em janeiro de 2024 com a entrada de Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

No acumulado de 12 meses até abril de 2025, as exportações brasileiras de carne para os países do BRICS ampliado somaram US$ 12,8 bilhões, representando 47,3% do total exportado pelo Brasil. Em abril de 2022, essa participação era de apenas 38,1%.

<><> Gigantes do setor: concentração e expansão global

O setor de carnes no Brasil é dominado por grandes conglomerados. A JBS, maior empresa de proteína animal do mundo, faturou R$ 387,8 bilhões em 2024, seguida pela Marfrig (R$ 112,3 bilhões) e BRF (R$ 68,5 bilhões).

Juntas, as três maiores empresas do setor respondem por 65% das exportações brasileiras de carne e empregam diretamente 389 mil pessoas no país.

<><> Distribuição regional: o mapa da carne no Brasil

A produção de carne no Brasil tem uma distribuição geográfica bem definida. Em abril de 2025, Mato Grosso lidera a produção de carne bovina, com 17,2% do total nacional, seguido por Goiás (11,3%) e Mato Grosso do Sul (10,8%).

Na produção de frango, Paraná é o líder absoluto, com 33,5% do total nacional em março de 2025, seguido por Santa Catarina (14,8%) e Rio Grande do Sul (13,6%).

Já na carne suína, Santa Catarina domina com 28,3% da produção nacional em abril de 2025, seguido por Paraná (21,5%) e Rio Grande do Sul (18,7%).

<><> Renda e consumo: a equação fundamental

Para a família Silva, no Complexo do Alemão, o pacote de churrasco que custou R$ 106,34 em maio de 2025 representa 7,0% do salário mínimo atual de R$ 1.518,00. Em dezembro de 2021, no auge da crise durante o governo Bolsonaro, o mesmo pacote custava R$ 140,55, o equivalente a 12,8% do salário mínimo da época, que era de R$ 1.100,00.

Quando consideramos a renda média do brasileiro, a melhora é ainda mais evidente. Em maio de 2025, o pacote de churrasco representa 3,5% da renda média mensal de R$ 3.057,00, segundo o IBGE. Em dezembro de 2021, o mesmo pacote consumia 5,6% da renda média da época, estimada em R$ 2.500,00.

Mais importante que olhar apenas para o preço da carne, que varia de acordo com fatores sazonais, climáticos e de mercado internacional, é analisar o poder aquisitivo do brasileiro em relação a esse item essencial da cesta de consumo. Se a renda continuar crescendo mais que o preço da carne, o consumo tende a se manter ou aumentar, mesmo com oscilações de preço.

Por outro lado, uma eventual perda de renda poderia comprometer o acesso das famílias brasileiras à proteína animal, com impactos diretos na nutrição, especialmente de crianças em fase de desenvolvimento. Esse cenário teria não apenas consequências sociais, mas também políticas, podendo afetar as perspectivas de reeleição do presidente Lula e a estabilidade do atual governo.

Para a família Silva e milhões de brasileiros, o churrasco de domingo não é apenas uma refeição, mas um momento de celebração e convívio social. Garantir que esse ritual permaneça acessível é mais que uma questão econômica – é uma questão de qualidade de vida e bem-estar social.

 

Fonte: O Cafezinho

 

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