Ligação
a Mourão antes de depoimento pode complicar Bolsonaro no STF
A
ligação de Jair Bolsonaro ao senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) antes do
depoimento do general ao STF no âmbito do inquérito do golpe pode complicar o
ex-presidente da República no caso.
Na
avaliação de juristas, ministros de tribunais superiores e magistrados federais
ouvidos pela coluna, a ligação de Bolsonaro a Mourão compromete a lisura do
depoimento do senador gaúcho.
O ato
do ex-presidente de ligar para uma de suas testemunhas de defesa, para tentar
influenciar no depoimento dela, pode ser visto como tentativa de obstrução de
Justiça, na avaliação de alguns juristas.
Ainda
na visão desses especialistas, Bolsonaro pode até ser preso, caso fique
comprovado que houve efetivamente orientação, manipulação ou coação da
testemunha pelo ex-presidente.
A
própria testemunha orientada também pode se complicar, se ficar demonstrado que
ela mentiu para o STF. Nesse caso, ela seria acusada de perjúrio, crime também
chamado de falso testemunho.
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A ligação de Bolsonaro para Mourão
O
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem atuado pessoalmente para acertar os
detalhes dos depoimentos de algumas testemunhas de defesa indicadas por ele no
âmbito do inquérito do golpe no STF.
Na
semana passada, Bolsonaro ligou para o senador e ex-vice-presidente Hamilton
Mourão (Republicanos-RS) antes de o general da reserva ser ouvido em sessão
conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes.
Mourão
contou que Bolsonaro o procurou para pedir que o senador reforçasse, no
depoimento, alguns pontos que o ex-presidente da República considera
importantes para sua defesa.
Segundo
Mourão, Bolsonaro pediu, por exemplo, que o senador reforçasse na oitiva, que
ocorreu na sexta-feira (23/5), nunca ter ouvido qualquer menção do
ex-presidente sobre algum tipo de ruptura institucional.
Após a
publicação da matéria, Mourão procurou a coluna de Igor Gadelha, na manhã de
quarta-feira (28/5), para ressaltar que a conversa entre ele e Bolsonaro
durante o telefonema foi “genérica”.
Além de
Bolsonaro, Mourão foi indicado como testemunha de defesa pelos generais Augusto
Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Souza Braga Netto, todos também réus no
inquérito do golpe.
Procurado,
Bolsonaro não respondeu até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto
para eventuais manifestações do ex-chefe do Palácio do Planalto sobre o
assunto.
• PGR e ministros do STF reagem à ligação
de Bolsonaro a Mourão
A
notícia de que o ex-presidente Jair Bolsonaro ligou para o senador Hamilton
Mourão (Republicanos-RS) antes do depoimento do general ao STF no inquérito do
golpe repertiu mal entre ministros da Corte e integrantes da Procuradoria-Geral
da República (PGR).
Na
avaliação de ministros do Supremo, o caso pode configurar obstrução de Justiça,
se ficar comprovado que Bolsonaro manipulou ou coagiu Mourão. Nesse caso,
lembram os magistrados, o ex-presidente poderia até mesmo ter a prisão
preventiva decretrada pela Corte.
Ministros
do STF afirmam, nos bastidores, que a bola agora está com a PGR. Ou seja, cabe
ao Ministério Público pedir ao Supremo a adoção de alguma medida ou cobrar
esclarecimentos de Mourão e Bolsonaro sobre a conversa dos dois antes do
depoimento do ex-vice-presidente.
• PGR pretende pedir prisão de Bolsonaro
por telefonema a Mourão
Jair
Bolsonaro (PL) pode estar curtindo seus últimos dias de liberdade. A petulância
criminosa de telefonar para seu ex-vice-presidente, o hoje senador Hamilton
Mourão (Republicanos-RS), momentos antes do depoimento do general da reserva,
que compôs chapa com ele na eleição vitoriosa de 2018, no âmbito da ação penal
pela tentativa de golpe de Estado, deixou o procurador-geral da República,
Paulo Gonet, furioso. A Fórum apurou que a hipótese de um pedido de prisão
preventiva do ex-presidente por parte da PGR à Primeira Turma do Supremo está
em análise neste momento em Brasília.
Após
cometer uma série de condutas ilícitas no transcorrer do processo desde que se
tornou réu, Bolsonaro teria cruzado a linha vermelha ao ligar para Mourão para
“orientá-lo sobre o que deveria ser enfatizado no depoimento” à Primeira Turma
do STF. Fazer isso, obviamente, é ilegal: constitui o crime de obstrução de
Justiça, e para alguns até de o de coação no curso do processo. Ou seja, uma
tentativa explícita de direcionar uma testemunha dizendo a ela o que deve ser
contado ou não no tribunal.
O
próprio general Mourão, atualmente senador, confirmou ao portal Metrópoles que
Bolsonaro queria que ele “reforçasse nunca ter ouvido qualquer menção do
ex-presidente sobre ruptura institucional”. É inacreditável, mas o réu passou a
dizer à testemunha como ela deveria depor e o teor do que deveria falar.
A
apuração da Fórum também aponta para um clima não de incerteza no Supremo, mas
de análise criteriosa do caso. Gonet só fará o pedido de souber de antemão que
Moraes vai acatá-lo e determinar a prisão do líder extremista. Se o famoso
“Xandão” titubear, o PGR nem mesmo apresenta o pedido e então partirá para
outras sanções possíveis ao réu. No entanto, não é o que ele quer. No
entendimento de Gonet, Bolsonaro desta vez passou de todos os limites do
absurdo e deve ser preso preventivamente para que não volte a interferir no
processo.
A
situação e o possível pedido de prisão preventiva à Primeira Turma do STF
seguem em aberto, mas uma decisão deve ser tomada nas próximas horas, ou no
máximo até esta quinta-feira (29).
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O palco de Eduardo Bolsonaro. Por André Barroso
“Eu não
vou parar, e, para fazer justiça, eu renuncio ao meu mandato e fico nos EUA”,
disse Eduardo Bolsonaro, que primeiramente pediu para se licenciar do cargo
para morar nos Estados Unidos. Perto de seu pai ser preso no segundo semestre,
e com a eleição para presidente se aproximando também, o número três é o
preferido do pai na disputa. Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Michelle
Bolsonaro são os preferidos e indicados pelos caciques da extrema direita. São
nomes que levantam a base bolsonarista; porém, a atitude de Eduardo está sendo
vista como o melhor palco para ser a melhor aposta.
O que
antes se mostrava um esforço para palco, pago com dinheiro do povo, agora está
sendo financiado pelo próprio pai, com diversos meios, entre eles a vaquinha
que conseguiu, dada pelos apoiadores bolsonaristas, e parte de seu patrimônio
de 51 apartamentos comprados com dinheiro vivo. O beneficiado por essa confusão
está financiando tudo. O que começou pedindo uma intervenção dos americanos no
Brasil, o que já justificaria que a Polícia Federal indicasse Bananinha com
base na Lei nº 7.170, de 14 de dezembro de 1983, que define os crimes contra a
segurança nacional, a ordem política e social, agora foca sua artilharia contra
o juiz que está à frente das investigações contra seu pai. E, em vez de esperar
a justiça acontecer, começa a trabalhar para agir e ameaçar Alexandre de
Moraes.
A
coação que Eduardo Bolsonaro está fazendo com políticos americanos ligados a
Trump tenta impor alguma sanção contra Alexandre de Moraes. Ele quer que os
Estados Unidos punam, de lá, um juiz brasileiro da Suprema Corte, para que ele
não condene seu pai, apesar de quilos e quilos de crimes cometidos. Crime em
cima de crime para tentar livrar a cara do pai e, ao mesmo tempo, ganhar palco
como o herói que salvou o mito. Os crimes claros são, no mínimo, coação no
curso do processo, obstrução de investigação e tentativa de abolição do Estado
Democrático de Direito. Algo no formato de máfia italiana. Por muito menos, o
general Braga Netto foi preso preventivamente.
Agora,
com as palavras de possibilidades ditas por Marco Rubio, deixou o palco aberto
para o número três de Bolsonaro disputar como candidato à presidência. Ainda
pode, não conseguindo avançar com a ideia de sanção, se vitimizar e conseguir
votos através disso. Temos que lembrar dos interesses de Rubio em tornar as
ideias de Trump uma realidade. Rubio é um dos parlamentares da linha dura de
Trump, contra a China e afirmando as arbitrariedades em relação aos imigrantes
e ao pensamento crítico. Temos que lembrar também da queda de braço entre
Alexandre de Moraes e Elon Musk, que tentou impor o que queria a favor de sua
rede social X. Agora, Musk está à frente e influente no governo americano.
A
primeira coisa que vai acontecer, após o começo das investigações por
lesa-pátria e crime contra a soberania nacional, será a perda de seu mandato
por abandonar o Congresso Nacional. Será considerado foragido, mas vai
continuar se expressando, criando uma narrativa para todos os bolsonaristas, e
ganhará força entre a extrema direita nacional para estar à frente da
candidatura à presidência. A diplomacia vai intervir para entender o porquê de
os Estados Unidos estarem pensando numa intervenção em sua soberania.
Mostrando-se irreal, os americanos não vão se meter nessa questão, e abre-se a
possibilidade de extradição, se for preciso.
Então,
já já aparece um atestado médico dizendo que só pode ficar em prisão domiciliar
nos Estados Unidos.
• Atuação de Eduardo nos EUA pode agilizar
a prisão de Jair Bolsonaro
O
ex-presidente Jair Bolsonaro pode ter os bens bloqueados por sustentar as ações
contra o país anunciadas pelo filho Eduardo, radicado nos Estados Unidos.
Na
última semana, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado deu início a uma
campanha de arrecadação para o Pix de Jair Bolsonaro, uma vez que não é barato
morar nos EUA e, por isso, o pai estaria sustentando Eduardo e sua família.
Da
vaquinha anterior, quando o clã arrecadoi R$ 17 milhões, Bolsonaro já teria
gastado R$ 8 milhões. Parte do dinheiro foi enviada para Eduardo, para que o
deputado federal licenciado articule sanções ao ministro Alexandre de Moraes,
do Supremo Tribunal Federal, pelo governo de Donald Trump.
Para o
historiador e cientista político Carlito Neto, o que Eduardo está fazendo é
agilizar a prisão do próprio pai, tendo em vista que tal atuação configura
novos crimes.
A Jair
Bolsonaro, membros do Centrão já tinham adiantado que até o final de julho o
ex-presidente da República estaria preso.
“O que
o Eduardo Bolsonaro esqueceu é que ao fazer o que ele está fazendo, ele está
complicando a situação do próprio pai. Porque há muito tempo Bolsonaro já
preenchia os critérios técnicos presentes no artigo 312 do Código de Processo
Penal para ter a prisão preventiva decretada contra ele”, explica o
historiador.
Ainda
que Jair já tenha elementos suficientes para ser preso, o cientista político
afirma que, por conta do preciosismo do STF e da Procuradoria Geral da
República (PGR), o ex-presidente segue em liberdade.
Mas
quando Eduardo faz um vídeo para dizer que não voltará ao Brasil porque sua
principal função agora é atuar nos EUA para punir os “algozes” do pai,
investigado por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes, ele
complica ainda mais a situação do patriarca do próprio clã.
“O que
o Ministério Público entendeu: ‘peraí, ele tá lá procurando punição contra nós,
para impedir que o devido processo seja cumprido e que aquele que cometeu o
crime seja julgado, quando ele [Jair] está admitindo que está bancando essa
ação?’ Pode ter a prisão de Jair Bolsonaro a qualquer momento”, continua
Carlito Neto.
O
entrevistado do programa TVGGN 20H da última terça-feira (27) acredita que Jair
não passará o Dia dos Namorados com a esposa, Michelle.
“A
denúncia é robusta, porque estaria sendo cometido, em tese, o crime do Eduardo
Bolsonaro de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito,
previsto no artigo 359L”, observa Neto.
As
declarações de Eduardo podem configurar ainda a tese de obstrução de Justiça,
uma vez que ele admitiu publicamente querer atrapalhar, embaraçar e impedir que
Jair seja responsabilizado.
“Se ele
continuar fazendo o que ele está
fazendo, o pai dele vai ser preso, provavelmente vai morrer na cadeia e ele não
vai nem poder vir ao Brasil para o enterro do pai. É o que vai acabar
acontecendo”, conclui o historiador.
• Eduardo Bolsonaro "não tem
defesa" e será preso, diz criminalista
O
inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado
licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por articular junto ao governo dos
Estados Unidos sanções contra ministros da Corte, será "gravíssimo" e
deve resultar na condenação e prisão do parlamentar – que evita retornar ao
Brasil justamente por temer a cadeia.
A
avaliação é do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, tido como um
dos maiores criminalistas do país. Em vídeo enviado à Fórum, Kakay afirma que
Eduardo Bolsonaro "reconheceu o crime" e que o deputado "não tem
muita defesa".
"É
algo inadmissível. Ele reconheceu e o pai dele, Jair Bolsonaro, ainda elogiou o
que ele estava fazendo. É lamentável como é que um deputado federal pode se
insurgir contra os interesses do país. Claro, eu até entendo, um filho
desesperado, sabe que o pai vai ser preso em pouquíssimo tempo, talvez em
outubro, dezembro, estará preso, mas nada justifica um ataque contra a
soberania nacional, contra o Supremo Tribunal Federal", afirma o advogado.
"[Eduardo
Bolsonaro] não tem muita defesa. Eu sou advogado criminal. Ele reconheceu o
crime. Eu penso que será extremamente delicada essa questão. O filho do
ex-presidente da república, que será condenado provavelmente em setembro, vai
ter um processo gravíssimo e poderá ser também condenado", prossegue
Kakay.
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"Prisão familiar"
Além de
prever que Bolsonaro esteja preso até o fim deste ano, Kakay aposta também na
prisão de Eduardo Bolsonaro.
"Falam
muito em prisão domiciliar para Bolsonaro. Eu acho que, infelizmente, será o
caso de uma prisão familiar", emenda o advogado.
• Moraes levanta sigilo de inquérito
contra Eduardo Bolsonaro
O
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, retirou o sigilo do
inquérito que apura a tentativa de coação praticada por Eduardo Bolsonaro
(PL-SP) contra ele e integrantes da Primeira Turma do STF. A medida visa
assegurar o princípio da publicidade previsto na Constituição de 1988 e
garantir que todos os atos da investigação ocorram sob escrutínio público.
Segundo
Moraes, não há justificativa legal para manter o caso em segredo de Justiça. A
decisão foi comunicada à Procuradoria-Geral da República (PGR), responsável por
solicitar a instauração do inquérito.
A
iniciativa de levantar o sigilo ocorre em um momento sensível, diante da
atuação reiterada de grupos extremistas que tentam distorcer fatos e
deslegitimar instituições. Ao tornar públicas as apurações, o Supremo reforça
seu compromisso com a transparência e blinda o processo contra narrativas
manipuladoras que possam ser utilizadas politicamente pelos aliados do
parlamentar.
• Pedido da PGR
O
pedido de abertura de inquérito partiu do procurador-geral da República, Paulo
Gonet, após análise de falas públicas de Eduardo Bolsonaro. Em seus discursos,
o deputado licenciado deixou claro que buscaria influenciar autoridades
norte-americanas a impor sanções contra ministros do STF, em especial Alexandre
de Moraes, caso o julgamento do caso do 8 de janeiro de 2023 avançasse.
De
acordo com o relatório enviado por Gonet, Eduardo afirmou publicamente que, à
medida que a Primeira Turma se aproximasse da responsabilização de seu pai, o
ex-presidente Jair Bolsonaro, pela articulação de um golpe de Estado, ele
atuaria junto a parlamentares e entidades dos EUA para retaliar membros da
Corte. Em síntese, Eduardo está ameaçando juízes da mais alta instância
judicial do Brasil ao dizer que, se fizerem o seu trabalho segundo a lei e
condenarem o réu, serão alvo de retaliações.
A
conduta do deputado foi interpretada por ministros do STF como uma tentativa de
coação e intimidação institucional. Mesmo magistrados indicados pelo
ex-presidente Jair Bolsonaro demonstraram solidariedade a Moraes diante da
gravidade dos ataques.
A
avaliação entre integrantes da Corte é que eventuais sanções internacionais,
motivadas por articulações políticas do filho do ex-presidente, representariam
não apenas uma ameaça ao ministro relator do caso, mas um alerta velado a toda
a composição do Supremo: qualquer decisão contrária aos interesses autoritários
de Eduardo Bolsonaro, de seu pai ou do grupo político deles poderia resultar em
retaliações externas.
Fonte:
Metrópoles/Brasil 247/Jornal GGN/Fórum

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