sexta-feira, 30 de maio de 2025

Caça-comunistas: PF descobriu elo de grupo de extermínio com tentativa de golpe de Bolsonaro

A execução do Roberto Zampieri, de 57 anos, dentro do próprio carro com 10 tiros em uma emboscada armada em frente ao escritório em Cuiabá (MT) no dia 5 de dezembro de 2023 foi apenas a ponta do iceberg, agora investigado pela Polícia Federal, de um grande esquema de vendas de sentenças no Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJ-MT) e no Superior Tribunal de Justiça.

No entanto, além desse grande esquema de vendas de sentenças, a operação Sisamnes - referência ao juiz que aceitava subornos para proferir sentenças injustas na mitologia persa - em sua 7ª etapa, desencadeada nesta quarta-feira (28), descobriu o elo entre um grupo de extermínio que se autodenominava "Comando C4", sigla para "Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos", que tem ligação estreita com o bolsonarismo  a tentativa de golpe conduzida por Jair Bolsonaro (PL), que culminou no 8 de Janeiro de 2023.

O grupo, cujo nome faz referência à organização paramilitar de extrema direita que atuava como braço direito da Ditadura, foi contratado, segundo a PF, pelo ruralista Aníbal Manoel Laurindo, um bolsonarista radical, para assassinar Roberto Zampieri que advogava para um adversário e venceu uma disputa judicial por duas  fazendas em Paranatinga, a 411 km de Cuiabá, avaliadas em cerca de R$ 100 milhões.

O bolsonarista acreditava que o advogado fazia parte do esquema de sentenças. Na verdade, o esquema era comandado pelo empresário Andreson Gonçalves, o "lobista dos tribunais", que foi preso na primeira fase da operação.

Na investigação sobre o assassinato, a polícia descobriu que Laurindo encomendou o crime ao coronel da reserva Etevaldo Luiz Caçadini, que segundo as investigações é o financiador e principal articulador do grupo de extermínio C4, formado por civis e militares que atuava como uma milícia paralela.

O fazendeiro chegou a ser preso em março de 2024, foi solto e voltou para a cadeia nesta quarta. Segundo a Polícia Civil mato-grossense, os dois teriam se conhecido por meio da “Frente Ampla Patriota”, grupo que acampava em frente a quartéis do Exército após a vitória de Lula em 2022, exigindo um golpe militar para manter Jair Bolsonaro no poder.

“O coronel representa a frente ampla patriota. Pelo que a investigação demonstra, acabou criando uma proximidade entre o coronel e o Aníbal. Eles iam pra frente de quartéis pedindo uma ação mais enérgica do Exército em prol do conservadorismo”, explicou em 2024 o delegado Nilson Farias, responsável pelas investigações da Polícia Civil do Mato Grosso.

<><> Ligações fisiológicas com Bolsonaro

Financiador e articulador do grupo Caça-Comunistas, o coronel da reserva do Exército Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas é colega de Jair Bolsonaro (PL) na turma 1977 da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e assinou, em 2020, uma carta de apoio ao ex-presidente junto a outros ex-alunos da escola militar.

Caçadini entrou para a reserva em novembro de 2019, mas antes disso atuou no então "super" Ministério da Justiça, sob o comando do ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União-PR).

Preso em janeiro de 2024 pelo assassinato de Zampieri, o coronel recorreu Superior Tribunal Militar (STM) em uma outra ação, em que é acusado de ligação com os atos golpistas de 8 de janeiro por incitar a "animosidade entre as Forças Armadas e os Poderes Constitucionais".

No entanto, a Justiça Militar negou o pedido e o coronel foi colocado no inquérito do 8 de Janeiro, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e tem como relator Alexandre de Moraes.

Na ação, ele foi formalmente acusado pela Procuradoria Militar de "incitar a desobediência e a indisciplina militar, ao propalar fatos capazes de ofender a dignidade das Forças Armadas e ao imputar ao comandante do Exército fato ofensivo à sua reputação".

Ao denunciar Caçadini, a Procuradoria Militar narrou que o coronel, "descontente com a atuação das Forças Armadas, particularmente do Exército Brasileiro, que teria "passado pano" para o que aconteceu no final de 2022, com a eleição do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou a sugerir que os manuais militares foram feitos para serem rasgados e que a hierarquia e a disciplina podem ser quebradas em determinadas situações, incitando, dessa forma, a desobediência e a indisciplina militar".

Em uma publicação, o militar escreveu: "Os Traidores da Pátria!!! Nós brasileiros e patriotas não podemos esquecer jamais de duas datas a partir de 2023: a virada do ano com a traição das FFAA e o Dia 8 Janeiro. Mas vamos voltar às ruas e dizer quem manda neste País: O POVO!!!?".

O caso foi remetido ao STF porque os crimes "teriam sido praticados no contexto dos fatos ocorridos no dia '8 de janeiro de 2023', após o pleito eleitoral de 2022, indicando conotação político-ideológica".

A defesa de Caçadini ainda recorre da decisão e tenta levar o caso de volta para a justiça militar. No entanto, as novas informações devem anular qualquer tentativa de retirar o caso de Moraes.

<><> Viagens e elo entre Zema e Bolsonaro

Segundo dados do Portal Transparência, do governo federal, o coronel realizou quatro viagens entre março e setembro de 2019 a serviço do Ministério da Justiça.

Na última delas, Caçadini votou de Belo Horizonte, onde estava lotado, para Vitória, no Espírito Santo, para treinar outros militares que atuariam na operação de segurança do Mundial Sub 17 da Fifa.

Nessa época, ele chegou a atuar como Subsecretário de Integração de Segurança Pública da Secretaria de Estado de Segurança Pública de Minas Gerais (SESP), fazendo a ponte entre os governos estadual, de Romeu Zema (Novo), e federal, de Bolsonaro.

Caçadini foi um dos alvos da operação desencadeada pela Polícia Federal, autorizada pelo ministro Cristiano Zanin que, nesta semana, deu mais 60 dias para a Polícia Federal continuar as investigações.

O prazo coincide com o julgamento do núcleo crucial do golpe pela primeira turma da corte presidida também por Zanin e complica ainda mais a situação de Bolsonaro, que está cada dia mais perto da cadeia.

<><> Coronel é colega de Bolsonaro, atuou no ministério de Moro e tem elo com 8/1

Acusado pela polícia de ser o financiador do grupo criminoso intitulado Comando C4 – ou Comando de Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos -, investigado pelo assassinato do advogado Roberto Zampieri em Cuiabá (MT), em 2023, o coronel da reserva do Exército Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas é colega de Jair Bolsonaro (PL) na turma 1977 da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e assinou, em 2020, uma carta de apoio ao ex-presidente junto a outros ex-alunos da escola militar.

Caçadini entrou para a reserva em novembro de 2019, mas antes disso atuou no então "super" Ministério da Justiça, sob o comando do ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União-PR).

O militar também é acusado de ligação com os atos golpistas do 8 de Janeiro. Classificado como "lobista dos tribunais", Caçadini tentou se livrar do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), de relatoria de Alexandre de Moraes, pedindo para ser julgado pelo Supremo Tribunal Militar (STM), alegando "animosidade entre as Forças Armadas e os Poderes Constitucionais".

Na ação, o coronel é acusado de "incitar a desobediência e a indisciplina militar, ao propalar fatos capazes de ofender a dignidade das Forças Armadas e ao imputar ao comandante do Exército fato ofensivo à sua reputação".

O caso chegou a tramitar na Justiça Militar, mas foi devolvido ao STF porque os crimes "teriam sido praticadas no contexto" dos atos golpistas do 8 de Janeiro.

A decisão de subir o caso ao Supremo atendeu um pedido do Ministério Público Militar, que argumentou que as condutas do coronel reformado "teriam sido praticadas no contexto dos fatos ocorridos no dia '8 de janeiro de 2023', após o pleito eleitoral de 2022, indicando conotação político-ideológica".

<><> Viagens e elo entre Zema e Bolsonaro

Segundo dados do Portal Transparência, do governo federal, o coronel realizou quatro viagens entre março e setembro de 2019 a serviço do Ministério da Justiça.

Na última delas, Caçadini votou de Belo Horizonte, onde estava lotado, para Vitória, no Espírito Santo, para treinar outros militares que atuariam na operação de segurança do Mundial Sub 17 da Fifa.

Nessa época, ele chegou a atuar como Subsecretário de Integração de Segurança Pública da Secretaria de Estado de Segurança Pública de Minas Gerais (SESP), fazendo a ponte entre os governos estadual, de Romeu Zema (Novo), e federal, de Bolsonaro.

Caçadini foi um dos alvos da operação desencadeada pela Polícia Federal, autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, que desmantelou o grupo criminoso que assassinou Roberto Zampieri com 10 tiros em frente a seu escritório de advocacia em dezembro de 2023.

Ele já havia sido preso um mês depois, em janeiro de 2024, suspeito de ser o financiador do Comando de Caça aos Comunistas - homônimo do grupo que atuava clandestinamente na Ditadura Militar - que reúne outros militares da reserva.

•        Fazendeiro que contratou grupo "caça-comunistas" para matar advogado é bolsonarista radical

Um dos alvos da operação deflagrada nesta quarta-feira (28) pela Polícia Federal (PF), que desmontou uma quadrilha especializada em assassinatos por encomenda, é o fazendeiro Aníbal Manoel Laurindo – um bolsonarista radical, preso em março de 2024 e solto na sequência, apontado como mandante do assassinato do advogado Roberto Zampieri, executado com dez tiros em Cuiabá (MT), em dezembro de 2023.

Aníbal foi agora preso novamente pela PF no âmbito da 7ª fase da Operação Sisamnes, que revelou a existência do “Comando C4” — sigla para Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos – uma espécie de agência clandestina de extermínio com participação de civis e militares, inclusive da ativa. O grupo cobrava até R$ 250 mil por execução, segundo documentos obtidos pelos investigadores, e tinha tabela de preços para executar até mesmo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

<><> Ligação com atos golpistas bolsonaristas

Embora a PF não tenha apontado motivações políticas nos mandados desta quarta-feira, Aníbal é conhecido por seu engajamento extremista em grupos bolsonaristas. Segundo a investigação da Polícia Civil de Mato Grosso, ele integrava a “Frente Ampla Patriota”, grupo que acampava em frente a quartéis do Exército após a vitória de Lula em 2022, exigindo um golpe militar para manter Jair Bolsonaro no poder.

Foi nesse ambiente que Aníbal conheceu o coronel da reserva Etevaldo Luiz Caçadini, também alvo da operação da PF desta quarta e apontado como o financiador do assassinato de Zampieri. Aníbal teria contratado o grupo de extermínio “Comando C4” para matar o advogado, enquanto Caçadini teria financiado o crime.

“O coronel representa a frente ampla partidária. Pelo que a investigação demonstra, acabou criando uma proximidade entre o coronel e o Aníbal. Eles iam pra frente de quartéis pedindo uma ação mais enérgica do Exército em prol do conservadorismo”, explicou em 2024 o delegado Nilson Farias, responsável pelas investigações da Polícia Civil do Mato Grosso.

Plano envolvia espionagem, armas e disfarces

De acordo com a PF, o assassinato do advogado revelou a estrutura de um esquema maior, que incluía espionagem, armas pesadas, disfarces e possível venda de sentenças judiciais. “Estamos diante de uma estrutura altamente profissionalizada de eliminação de desafetos, com motivação política, econômica e ideológica. O caso é gravíssimo”, afirmou um agente da PF sob condição de anonimato.

<><> Grupo "caça-comunistas"; entenda

A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (28) a 7ª fase da Operação Sisamnes e desmontou uma organização criminosa formada por civis e militares — da ativa e da reserva — especializada em espionagem e assassinatos sob encomenda. O grupo, que operava como uma verdadeira agência de extermínio, chegou a estipular valores fixos para a eliminação de autoridades, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), senadores e deputados.

Apelidada pelos próprios integrantes de “Comando C4” — sigla para Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos — a quadrilha cobrava até R$ 250 mil por uma execução. Conforme documentos apreendidos pela PF, a tabela de preços incluía: R$ 250 mil para matar ministros do STF, R$ 150 mil para senadores, R$ 100 mil para deputados e R$ 50 mil para “figuras normais”. Além disso, o planejamento incluía aluguel de imóveis, uso de disfarces como perucas e bigodes falsos, além de iscas sexuais e drones para vigilância.

A investigação teve início após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, executado com dez tiros em dezembro de 2023, em Cuiabá (MT), na porta de seu escritório. A PF descobriu que o crime estava ligado a uma disputa judicial envolvendo terras avaliadas em mais de R$ 100 milhões, da qual Zampieri era peça-chave. O homicídio revelou conexões com um esquema mais amplo, incluindo indícios de venda de sentenças judiciais no Tribunal de Justiça de Mato Grosso e no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A ação policial foi autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do STF. Foram cumpridos cinco mandados de prisão preventiva e seis de busca e apreensão em Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo. Quatro suspeitos também foram submetidos a monitoramento eletrônico, além de medidas cautelares como recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato entre investigados e entrega de passaportes.

<><> Entre os presos estão:

•        Aníbal Manoel Laurindo, produtor rural e apontado como mandante do assassinato de Zampieri;

•        Coronel Luiz Cacadini, suposto financiador da operação criminosa;

•        Antônio Gomes da Silva, identificado como o atirador;

•        Hedilerson Barbosa, considerado auxiliar do atirador e dono da arma usada no crime;

•        Gilberto Louzada da Silva, também envolvido na trama.

O arsenal planejado pelo grupo incluía cinco fuzis com silenciador, 15 pistolas com silenciador, lança-rojão de ombro, minas magnéticas, explosivos com detonação remota, placas frias e até veículos para fuga, como Doblòs e carros médios. Parte dessas armas foi apreendida pela PF em Minas Gerais.

Segundo a corporação, o avanço das investigações pode revelar novos alvos de espionagem e possíveis mandantes de crimes semelhantes. Ainda não se sabe se figuras públicas efetivamente chegaram a ser monitoradas, mas os detalhes do plano indicam um nível de sofisticação e organização incomuns, com estrutura similar à de grupos paramilitares.

“Estamos diante de uma estrutura altamente profissionalizada de eliminação de desafetos, com motivação política, econômica e ideológica. O caso é gravíssimo”, afirmou um agente da PF sob condição de anonimato.

<><> Assassinato sob medida

O caso Zampieri escancarou o funcionamento da quadrilha: o advogado foi surpreendido por um atirador de boné, que disparou dez vezes por uma das janelas do carro. A vítima, que já usava veículo blindado havia anos, foi atingida na saída do escritório, e o assassino fugiu imediatamente.

A Polícia Civil de Mato Grosso já havia indiciado os envolvidos, e a PF agora corrobora as conclusões, ampliando a investigação para outros estados e esferas do poder. As autoridades não descartam novos desdobramentos e mais prisões nos próximos dias.

 

Fonte: Fórum

 

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