sexta-feira, 30 de maio de 2025

Berros de Malafaia expõe crise no campo da direita

A explosiva declaração do pastor Silas Malafaia, acusando “urubus” de se articularem para aproveitar uma eventual prisão de Jair Bolsonaro, não é apenas um ataque a Tarcísio de Freitas e ao Centrão. É o sintoma de uma crise profunda que corrói a direita brasileira: a falta de um projeto político unificado além do bolsonarismo e a dependência tóxica de uma figura que, mesmo inelegível até 2030, segue como eixo de um movimento em decomposição .

<><> A ilusão do bolsonarismo sem Bolsonaro

Malafaia, em seu desespero, tenta vender a narrativa de que a prisão do ex-presidente o transformaria em “mais forte do que nunca”. A realidade, porém, é outra: o bolsonarismo já enfrenta uma erosão acelerada, com figuras como Pablo Marçal e até mesmo Tarcísio disputando seu eleitorado — enquanto o PL se apequena na defensiva judicial .

A ameaça de prisão não consolida poder; escancara a fragilidade de um movimento que nunca soube se organizar além do culto à personalidade.

O recado do pastor é claro: sem Bolsonaro, não há direita vitoriosa. Mas eis o paradoxo: o próprio ex-presidente, com sua ambivalência em campanhas como a de Ricardo Nunes em São Paulo, já demonstrou que seu capital político é volátil.

Malafaia, que em outubro de 2024 chamou Bolsonaro de “covarde” e “omisso”, agora tenta ressuscitar uma liderança em frangalhos .

<><> O Centrão e a “direita prostituta”: o jogo do poder sem ideologia

A crítica velada de Malafaia a Kassab, Ciro Nogueira e Rueda revela outro nível da crise: a direita brasileira não tem rumo. O Centrão, definido pelo próprio pastor como “direita prostituta”, é pragmaticamente fiel a quem está no poder — seja Lula ou Bolsonaro .

Enquanto isso, figuras como Tarcísio tentam equilibrar-se entre o bolsonarismo raiz e a tecnocracia de mercado, sem oferecer nada além de um vago anti-petismo.

Não por acaso, Malafaia recorre a Michelle Bolsonaro como trunfo eleitoral: a aposta no sobrenome é a admissão de que o projeto bolsonarista esgotou-se como ideologia e sobrevive apenas como marca.

É a mesma lógica que levou a extrema-direita global a depender de figuras como Trump ou Milei — líderes que vendem ódio, mas não conseguem construir alternativas reais ao neoliberalismo que dizem combater .

<><> A esquerda não pode subestimar a ameaça

Apesar da fragmentação, há riscos. A direita ainda mobiliza seu eleitorado através do medo: do “comunismo”, da “ditadura gay”, do “terrorismo ambientalista”.

Enquanto a esquerda se perde em debates sectários, a extrema-direita avança na guerra cultural, usando redes sociais e igrejas para viralizar mentiras .

O alerta de Malafaia, portanto, deve servir também como lição: é preciso combater não apenas Bolsonaro, mas o terreno que o produziu — o obscurantismo, o negacionismo e a desesperança que transformam crises em votos.

A prisão do ex-presidente, se ocorrer, não será o fim da direita, mas o início de uma batalha ainda mais complexa.

Cabe à esquerda oferecer não apenas denúncias, mas um projeto que enfrente a desigualdade e restaure a fé na política.

Como bem lembra Malafaia, até os “urubus” sabem: sem Bolsonaro, o campo está aberto. Resta saber quem o ocupará.

¨      Malafaia cobra lealdade a Bolsonaro e mira o Centrão

O pastor Silas Malafaia, um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), enviou um recado direto ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e a líderes do Centrão, como Gilberto Kassab (PSD), Ciro Nogueira (PP) e Antônio Rueda (União Brasil). Em suas redes sociais, Malafaia afirmou que “urubus estão se articulando” diante da possibilidade de uma eventual prisão de Bolsonaro.

<><> “Bolsonaro será mais forte se preso”, diz Malafaia

Em uma publicação, o líder evangélico disparou: “Estão pensando que se prenderem Bolsonaro na covardia, ele vai estar fora do jogo eleitoral de 2026. Vai estar mais forte do que nunca! Façam reuniões, combinem, nenhum de vocês será nada sem Bolsonaro. Não esqueçam de Michelle Bolsonaro, a melhor avaliada depois do próprio Bolsonaro. Os urubus vão ficar com fome. Não vai ter carniça para eles!” .

A mensagem foi interpretada por aliados como um alerta para que políticos da direita não abandonem Bolsonaro, mesmo com sua atual inelegibilidade até 2030, decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ex-presidente, no entanto, insiste que reverterá sua situação e será o candidato da direita em 2026 .

<><> Disputa na direita por espaço em 2026

Enquanto Bolsonaro trava batalhas judiciais, outros nomes da direita já se movimentam para a disputa presidencial. Governadores como Ratinho Júnior (PSD-PR), Eduardo Leite (PSD-RS) e Ronaldo Caiado (União-GO) já declararam interesse em concorrer. Tarcísio de Freitas, embora não tenha confirmado candidatura, é visto como uma ponte entre o bolsonarismo e setores mais moderados .

A postura de Malafaia reflete a tensão no campo bolsonarista, que teme uma fragmentação caso o ex-presidente seja impedido de concorrer. Enquanto isso, partidos do Centrão avaliam se mantêm alianças com o governo Lula (PT) ou se unem à oposição .

O pastor, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, segue como um dos principais articuladores em defesa de Bolsonaro, resistindo a aproximações de outros pré-candidatos. A mensagem reforça que, para o bolsonarismo mais radical, não há sucessão sem o ex-presidente .

¨      A prova de fidelidade de Tarcísio como testemunha de defesa de Bolsonaro

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), prestará depoimento nesta sexta-feira (30/5) ao Supremo Tribunal Federal (STF) como testemunha de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no processo criminal sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado para mantê-lo no poder.

Ex-ministro de Bolsonaro, ele visitou o então presidente duas vezes no Palácio do Alvorada, no final de 2022, período em que planos golpistas teriam sido discutidos com autoridades do governo e comandantes das Forças Armadas, segundo a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR).

A expectativa é que o governador negue no depoimento qualquer conhecimento sobre tentativas de manter Bolsonaro no poder após sua derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. Ele já deu declarações públicas repudiando as acusações contra Bolsonaro.

Para cientistas políticos ouvidos pela BBC News Brasil, Tarcísio ser testemunha de defesa de Bolsonaro representa uma prova de lealdade a seu padrinho político, em meio à indefinição sobre quem será o candidato presidencial do campo bolsonarista em 2026.

Tarcísio é um dos principais cotados, mas ele próprio afirma publicamente que seu plano é disputar a reeleição em São Paulo, enquanto Bolsonaro insiste que será candidato em 2026, embora esteja inelegível devido a duas condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"Tarcísio me parece não ter segurança se vai ou não para a campanha presidencial, mas parece identificar o papel de Bolsonaro como chave para o sucesso desse projeto [caso o governador concorra]", nota Rafael Cortez, cientista político da Tendências Consultoria.

"Bolsonaro ainda é um nome relevante, a despeito de não ter direitos políticos. É pouco provável que uma campanha de direita competitiva exista sem, em alguma medida, um acordo com ele."

Para o cientista político Antonio Lavareda, do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), o depoimento de Tarcísio ao STF vai fortalecê-lo junto a apoiadores de Bolsonaro.

"Naturalmente, vai aumentar o cacife do atual governo Tarcísio junto ao eleitorado bolsonarista. Haverá muita visibilidade de um momento que dá uma ligação especial de solidariedade do governador ao ex-presidente", destaca.

"Do ponto de vista eleitoral, é extremamente proveitoso para o governador. Ao mesmo tempo, ele se torna, de alguma forma, credor, aumenta os créditos dele junto ao coração do Bolsonaro e de sua família", ressalta.

Com o depoimento do governador de São Paulo, a defesa de Bolsonaro tenta produzir provas contra as acusações de que teria liderado uma tentativa de golpe de Estado.

A expectativa é que o governador de São Paulo negue em seu depoimento ter tido qualquer conhecimento sobre conversas de teor golpista envolvendo Bolsonaro, ministros do seu governo e o comando das Forças Armadas.

Em novembro passado, quando a PF indiciou Bolsonaro, Tarcísio se manifestou em sua defesa na rede social X.

"Há uma narrativa disseminada contra o presidente Jair Bolsonaro e que carece de provas. É preciso ser muito responsável sobre acusações graves como essa", disse na ocasião.

"O presidente respeitou o resultado da eleição e a posse aconteceu em plena normalidade e respeito à democracia. Que a investigação em andamento seja realizada de modo a trazer à tona a verdade dos fatos."

No final de 2022, Tarcísio já não integrava a administração Bolsonaro, porque renunciou ao cargo de ministro da Infraestrutura em março daquele ano para disputar o governo paulista com o apoio do ex-presidente.

Apesar disso, ele esteve duas vezes com Bolsonaro no Palácio Alvorada após as eleições de 2022, período em que a ideia de golpe de Estado teria sido discutida entre Bolsonaro e outras autoridades, segundo a PGR.

Os registros de entrada e saída do Alvoradas, levantados na investigação da PF, mostram que um dos encontros ocorreu em 19 de novembro, mesmo dia em que o Bolsonaro teria se reunido com Filipe Martins, seu então assessor de Assuntos Internacionais, para conversar sobre o golpe.

"A contextualização das informações prestadas pelo colaborador Mauro Cid com os dados obtidos pela investigação comprovou que o dia 19 de novembro de 2022 foi uma das datas em que ocorreu os encontros entre Filipe Martins e o então presidente Jair Bolsonaro para tratarem da minuto do golpe de Estado", diz trecho do relatório da PF, com as conclusões do inquérito.

A outra visita de Tarcísio a Bolsonaro ocorreu em 11 de dezembro.

<><> Expectativa de depoimento 'dos mais sóbrios'

Os cientistas políticos ouvidos pela BBC News Brasil acreditam que o governador adotará uma postura discreta no depoimento ao STF, reafirmando seu desconhecimento sobre qualquer plano golpista.

Para Rafael Cortez, o governador não precisa fazer uma "defesa enfática" para reforçar sua ligação com Bolsonaro.

"Obviamente, quando ele aceitou o custo de ser testemunha de defesa, já está havendo uma ligação política entre ambos. O benefício eventual da fidelidade já está dado. Ou seja, ele não precisa adicionar uma defesa enfática, sob pena de comprar briga com o Supremo Tribunal Federal", diz Cortez.

"Então, eu imagino um depoimento dos mais sóbrios", reforça.

Antonio Lavareda também espera um depoimento tranquilo, "diferente, por exemplo, da linha adotada pelo ministro Aldo Rebelo".

Ex-ministro da Defesa, Aldo Rebelo prestou depoimento na semana anterior. Ele se recusou, inicialmente, a responder objetivamente às perguntas e acabou ameaçado de prisão por desacato, pelo ministro do STF Alexandre de Moares, relator do processo contra Bolsonaro e outros sete réus.

Rebelo depôs como testemunha de defesa do almirante Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, que também é réu no processo. Ele é acusado pela PGR de ter colocado suas tropas à disposição de uma tentativa de golpe liderada por Bolsonaro.

<><> Obstáculos na disputa pelo Palácio do Planalto

Os analistas entrevistados consideram que a direita será competitiva na disputa de 2026, se o atual cenário de baixa aprovação do governo Lula se mantiver.

Apesar de o nome de Tarcísio ser fortemente cotado como concorrente ao Palácio do Planalto, eles veem alguns desafios para sua candidatura se concretizar.

O principal deles é a insistência de Bolsonaro em se colocar como candidato, mesmo estando inelegível. Lançar uma pré-candidatura presidencial nesse cenário é assumir o risco de perder o apoio do ex-presidente mais à frente, nota Cortez.

A questão é mais complexa no caso do governador de São Paulo, porque ele teria que renunciar ao governo paulista seis meses antes da eleição para poder concorrer.

Para Cortez, sua decisão teria que ser tomada ainda antes disso, pois, caso opte por disputar à Presidência, vai precisar planejar e articular politicamente quem seria candidato ao Palácio dos Bandeirantes no seu lugar.

Outro ponto é que o cenário atual indica uma reeleição fácil de Tarcísio para um segundo mandato em São Paulo, aumentando o custo de renunciar para enfrentar uma disputa mais incerta pelo comando do governo federal.

Para Antônio Lavareda, Tarcísio só poderá se viabilizar como candidato se sua candidatura ao Planalto for definida até dezembro. "Será que Bolsonaro vai dar esse presente de Natal para ele?", questiona.

Na sua leitura, isso não deve ocorrer, porque Bolsonaro vai tentar repetir o que Lula fez em 2018, quando estava inelegível e preso.

Naquela eleição, o petista se manteve como candidato até o limite possível para registrar outro em seu lugar. Somente em setembro, a poucas semanas do primeiro turno, Fernando Haddad, atual ministro a Fazenda, assumiu a candidatura presidencial pelo PT, terminando derrotado no segundo turno.

"A maior preocupação dele [Bolsonaro] não é com a estratégia para a direita ter o melhor desempenho no ano que vem. Não, a preocupação dele é como manter ao máximo e durante o máximo de tempo possível a força política eleitoral associada a Jair Bolsonaro", nota Lavareda.

"O problema do Tarcísio é de calendário. Para se desincompatibilizar em abril, ele precisa antes ter composto com sua base de apoio a sua sucessão ao governo de São Paulo", reforça.

Se Bolsonaro for condenado por tentativa de golpe de Estado com pena de mais de 8 anos de prisão, ele será detido em regime fechado.

Lavareda, porém, acredita que, nesse cenário, o ex-presidente ficaria em prisão domiciliar, devido a seu estado de saúde, como ocorreu recentemente com o ex-presidente Fernando Collor.

Mesmo que esteja eventualmente preso na próxima campanha presidencial, os analistas acreditam que Bolsonaro continuará tendo papel central na disputa.

A expectativa, ressalta Cortez, é que Lula, ou outro possível candidato apoiado por ele, também vai trazer o bolsonarismo para a campanha, buscando transferir a rejeição de parte do eleitorado ao ex-presidente a outros candidatos do seu campo político.

¨      Tarcísio segue campanha e ignora "prisão" de Bolsonaro, que aciona Malafaia: "urubus se articulando"

Enquanto o clã Bolsonaro se articula para tentar evitar a prisão preventiva do patriarca, Jair Bolsonaro (PL), o governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos-SP) segue sua saga para ampliar a influência e se colocar definitivamente como o candidato anti-Lula da terceira via - e do movimento "direita sem Bolsonaro", de Michel Temer (MDB) - nas eleições presidenciais em 2026.

Ex-ministro, Tarcísio vem ignorando os movimentos e as pautas do clã do ex-presidente junto à horda bolsonarista, como o levante conspiracionista de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos EUA, que resultou na abertura de investigação pela Procuradoria-Geral da República (PGR), e até mesmo a possibilidade de prisão preventiva de Bolsonaro por obstrução de justiça, após o general Hamilton Mourão (Republicanos-RS) confirmar que recebeu ordens antes de prestar depoimento sobre a tentativa do golpe no Supremo Tribunal Federal (STF).

O silêncio de Tarcísio, que tem usado dinheiro da comunicação do governo paulista para reformular suas redes sociais, dando um tom mais "descolado" à sua imagem, irritou Bolsonaro, que escalou o guru e garoto de recados, Silas Malafaia, para enviar nova mensagem cifrada ao governador.

O pastor midiático, que já alertara Bolsonaro sobre a traição, desta vez foi impiedoso, classificando Tarcísio e articuladores do movimento no Centrão - como  Gilberto Kassab (PSD), o senador Ciro Nogueira (PP) e Antônio Rueda (União Brasil) - de "urubus", que estariam rondando antes mesmo de decretada a morte política do ex-presidente.

"OS URUBUS JÁ ESTÃO SE ARTICULANDO! Estão pensando que se prenderem Bolsonaro na covardia, ele vai estar fora do jogo eleitoral de 2026. VAI ESTAR MAIS FORTE DO QUE NUNCA! Façam reuniões, combinem, nenhum de vocês será nada sem Bolsonaro. Não esqueçam de Michelle Bolsonaro, a melhor avaliada depois do próprio Bolsonaro. OS URUBUS VÃO FICAR COM FOME. Não vai ter carniça para eles", disparou Malafaia, que aposta todas as fichas em Michelle Bolsonaro (PL) para suceder o marido, sendo sondado inclusive para ser candidato a vice na chapa.

<><> "Urubus se articulando"

Tarcísio, no entanto, também ignorou o recado publicado na última terça-feira (27) por Malafaia e segue com a articulação com vistas a 2026.

Nesta quarta-feira (29), o governador paulista receberá no Palácio dos Bandeirantes os governadores do Acre, Gladson Cameli (PP), de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), e do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil).

O encontro tem como álibi o 8º Congresso Ambiental Brasileiro (Cambi) e os 40 anos da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema).

Na prática, no entanto, o encontro será usado para que Tarcísio expanda seus tentáculos em estados governados por partidos que fazem parte do movimento "direita sem Bolsonaro", além de tentar tragar para o movimento o governador capixada, do PSB, de Geraldo Alckmin.

Ronaldo Caiado (União-GO) também estará em São Paulo, mas não teria sido convidado para o petit comité de Tarcísio, visto que é adversário do colega paulista dentro do movimento levado adiante por Temer, que sugeriu que todos os postulantes mantenham suas pré-candidaturas até o final do ano, quando as pesquisas vão dizer quem terá mais chances de enfrentar Lula na disputa.

Tarcísio também tem ampliado sua articulação com a mídia liberal - que forma, juntamente com o Centrão e a Faria Lima, o leque da terceira via. 

Na edição de domingo (25) do jornal O Globo um sorridente Tarcísio aparece em foto dentro de um trator levando no colo a esposa Cristiane Freitas, classificada pela família Marinho como "rosto de ação social do governo".

"A popularidade de Cristiane, apostam aliados, pode ajudar Tarcísio nas eleições de 2026", diz a reportagem sobre a primeira-dama paulista, que também usa a estrutura da comunicação do Palácio dos Bandeirantes para tornar suas redes sociais mais afáveis e, quiçá, se lançar ao Senado em 2026, avançando sobre o cada vez mais abandonado eleitorado de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que não deve retornar dos EUA.

Nas redes sociais, entre vídeos com piadinhas descontraídas e ações com a população mais pobre, o governador divulgou nesta terça-feira (27) o espaço que a Folha de S.Paulo, da família Frias, deu a ele no jornal para divulgar o programa SuperAção SP, uma cópia do Bolsa Família, criado por Lula em 2003.

O projeto, amplamente divulgado pelo jornal e outros veículos da mídia liberal - que escondem o morticínio da PM paulista -, será a grande vitrine de Tarcísio em 2026 e é vendido como "diferente" do programa federal, que tem mais de 20 anos e é execrado pela ultradireita neofascista fora das campanhas eleitorais.

"A grande inovação do SuperAção SP está em ir além nas discussões e na estruturação de políticas públicas de assistência social. Para superar esse desafio, é preciso sair da superficialidade da discussão sobre "dar o peixe ou ensinar a pescar". A necessidade das pessoas é bem mais complexa que isso. É preciso, sim, dar o peixe a quem precisa, às pessoas que têm fome, porque é urgente. E a gente precisa, sim, em seguida, ensiná-las a pescar, a ter autonomia, a buscar o próprio pão, a superar e prospera", diz o governador sobre o programa, que será comandado pela primeira-dama e não tem diferença alguma do Bolsa Família.

No texto, Tarcísio ainda lança o slogan de sua campanha, que tem o mote marqueteiro para se afastar do radicalismo de Bolsonaro. 

"A máxima 'superar para prosperar' é, mais que nunca, prioridade inegociável para nossa gestão. Ao assumir o governo do Estado, nos comprometemos a fazer diferente para fazer a diferença. A buscar novos caminhos para obter resultados nunca vistos", anuncia, logo no início.

Cunhada nas fileiras do Exército e ceivada na ultradireita neofascista, a criatura está sendo maquiada pela terceira via anti-Lula, se afastando cada vez mais de seu real criador, que fica cada dia mais perto da prisão, onde deixará de "atrapalhar" os planos do conluio histórico que une a fisiologia do centrão à defesa dos interesses dos endinheirados da Faria Lima pela mídia neoliberal.

 

Fonte: Metrópoles/BBC News Brasil/Fórum

 

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