sábado, 31 de maio de 2025

Apenas três noites de sono ruim podem prejudicar seu coração

Há muito tempo sabemos que a falta de sono é ruim para o coração, mas agora os cientistas estão começando a entender exatamente como ela causa danos.

Em um novo estudo da Universidade de Uppsala, na Suécia, os pesquisadores descobriram que apenas três noites de sono restrito - cerca de quatro horas por noite - desencadeiam alterações no sangue que são associadas a um maior risco de doença cardíaca.

Os pesquisadores analisaram as proteínas inflamatórias no sangue. Essas são moléculas que o corpo produz quando está sob estresse ou lutando contra doenças. Quando essas proteínas permanecem elevadas por um longo período, podem danificar os vasos sanguíneos e aumentar o risco de problemas como insuficiência cardíaca, doença coronariana e fibrilação atrial (batimentos cardíacos irregulares).

O estudo envolveu 16 homens jovens e saudáveis que passaram vários dias em um laboratório, onde tudo, desde as refeições até os níveis de atividade e a exposição à luz, foi cuidadosamente controlado.

Os participantes seguiram duas rotinas: três noites de sono normal (8,5 horas) e três noites de restrição de sono (4,25 horas). Após cada fase do sono, os homens realizaram um treino curto de ciclismo de alta intensidade, e seu sangue foi analisado antes e depois.

Os pesquisadores mediram quase 90 proteínas diferentes nas amostras de sangue. Eles descobriram que a privação de sono causou um aumento evidente nos marcadores inflamatórios ligados a doenças cardíacas. E, embora os exercícios normalmente aumentem as proteínas saudáveis, como a interleucina-6 e o BDNF (que ajudam na saúde do cérebro e do coração), essas respostas foram mais fracas depois de um sono ruim.

<><> Situação foi observada mesmo em adultos jovens

Surpreendentemente, as alterações ocorreram mesmo em adultos jovens e saudáveis, e após apenas algumas noites de sono ruim. Isso é preocupante, pois é comum que os adultos tenham sono ruim de vez em quando — e cerca de uma em cada quatro pessoas trabalham em turnos que perturbam os padrões de sono.

Os pesquisadores também descobriram que a hora do dia em que o sangue foi coletado era importante: os níveis de proteína variavam entre a manhã e a noite, e ainda mais quando o sono era restrito. Isso sugere que o sono afeta não apenas o que está no sangue, mas também quando essas alterações são mais visíveis.

Embora a vida moderna nos encoraje a trocar o sono por produtividade no trabalho, vida social ou tempo de tela, estudos como este nos lembram que o corpo tem suas exigências — silenciosas, químicas e intransigentes.

•        O que é o sono e por que dormimos?

Dormir é uma necessidade fisiológica que impacta diretamente no organismo. Um artigo da Universidade de Medicina John Hopkins diz que o sono é o responsável por um quarto a um terço da vida humana e é um momento essencial para a saúde do cérebro e do restante do corpo. Mas o que se passa, exatamente, quando se dorme?

<><> Quais são os tipos de sono?

O sono é um período durante o qual o cérebro está envolvido em uma série de atividades necessárias à vida e que estão intimamente ligadas ao bem-estar. Ao longo do tempo dormindo, segundo os especialistas da John Hopkins, o cérebro passa repetidamente por dois tipos de sono: o sono REM (movimento rápido dos olhos) e sono não-REM.

A primeira parte do ciclo é o sono não-REM (sigla em inglês para movimento rápido dos olhos), que vai desde o estágio de adormecer, o sono leve e o sono profundo. Nesse momento a frequência cardíaca e a respiração se regulam, a temperatura corporal cai.

(Veja mais: Mudanças climáticas comprometem um recurso precioso: o sono)

Depois, a pessoa entra no sono REM. Durante esse ciclo, os olhos se movem rapidamente por trás das pálpebras fechadas e as ondas cerebrais são semelhantes às observadas quando acordados. O sono REM também é a parte do sono em que o corpo fica temporariamente paralisado e quando ocorrem os sonhos.

Em uma noite típica, uma pessoa percorre um ciclo entre esses dois estágios quatro ou cinco vezes.

<><> Por que é importante dormir?

Os especialistas da Johns Hopkins afirmam que uma quantidade saudável de sono é vital para a “plasticidade cerebral”, ou a capacidade do cérebro de se adaptar a um novo aprendizado. “Se dormimos muito pouco, nos tornamos incapazes de processar o que aprendemos durante o dia e temos mais problemas para lembrar no futuro”, relata o artigo.

Os pesquisadores também acreditam que dormir pode promover a limpeza do cérebro pela remoção de resíduos das células cerebrais. Além disso, uma rotina saudável de sono é importante para a manutenção do sistema imunológico e pressão sanguínea.

•        Paralisia do sono: como ela ocorre e qual o tratamento adequado

Distúrbios do sono são alterações na qualidade do sono que podem afetar negativamente a saúde. A paralisia do sono é um desses transtornos que, segundo a Enciclopédia Britanicca, pode ser perturbador e causar medo em quem sofre desta condição.

<><> Como a paralisia do sono acontece

Segundo um texto informativo intitulado Paralisia do Sono (Sleep Paralysis, no título original, em inglês), disponível na Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, a paralisia do sono é um fenômeno em que a pessoa retoma a consciência enquanto o corpo ainda está paralisado (em atonia muscular) pela fase REM do sono – último estágio do ciclo do sono quando há movimento rápido dos olhos e maior propensão a sonhos vívidos.

Em outras palavras, o distúrbio é caracterizado por um momento em que a pessoa está acordada, mas não consegue mexer nenhuma parte do corpo, o que, segundo a biblioteca média, pode causar um medo intenso e apreensão.

Um episódio pode durar alguns segundos ou alguns minutos, e pode vir acompanhado de alucinações. Em alguns casos, indivíduos podem relatar ter visto, ouvido ou sentido outro ser ou objeto próximo. Isso, segundo o artigo, recebe o nome de fenômeno Incubus ou “alucinações de intruso” e também podem causar a sensação de pressão no tórax, de sufocamento e crises de ansiedade.

<><> O que causa a paralisia do sono

Segundo o artigo da biblioteca médica, não existe uma causa direta estabelecida para o desencadear da paralisia do sono. Entretanto, pesquisas na área indicam alguns fatores que têm algum grau de associação com o distúrbio.

Transtornos de ansiedade, consumo excessivo de álcool, exposição a eventos traumáticos e história familiar de paralisia do sono são algumas das causas aparentes, segundo a publicação.

Além disso, a Fundação Instituto Neurológico da Colômbia, instituição sem fins lucrativos dedicada à prestação de serviços de saúde integrais em neurologia, também relaciona o transtorno com o estresse e má qualidade do sono.

<><> Como tratar a paralisia do sono

De acordo com a instituição colombiana, até o momento não há um meio comprovado de tratar diretamente um episódio de paralisia do sono. Mas há formas de tentar evitá-lo.

Como há uma forte correlação entre o distúrbio e a qualidade do sono, o artigo da Biblioteca de Medicina informa que praticar a higiene do sono pode ajudar a prevenir os episódios. Entre os hábitos para melhorar o sono estão:

•        Horário de sono fixo (ao ir para a cama e ao acordar), incluindo fins de semana;

•        Colchão e travesseiro confortáveis;

•        Quarto com intrusão limitada de luz ou ruído;

•        Manter uma rotina definida antes de dormir;

•        Evitar assistir TV no quarto;

•        Diminuir o consumo de cafeína e álcool, principalmente à noite;

•        Interromper o uso de dispositivos eletrônicos, como celulares, por pelo menos meia hora antes de dormir.

 

Fonte: Por The Conversation Brasil/National Geographic Brasil

 

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