sábado, 31 de maio de 2025

Por apologia ao crime cantor funk MC Poze do Rodo foi detido no RJ

A suspeita de ligação com facção criminosa e a presença de traficantes em evento são alguns dos motivos que levaram o cantor de funk MC Poze do Rodo a ser preso temporariamente nesta quinta-feira, 29. Ele nega as acusações.

O artista foi detido na casa dele em um condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

<><> Shows em áreas do Comando Vermelho

Os investigadores indicaram que MC Poze do Rodo faz shows exclusivamente em áreas dominadas pelo Comando Vermelho (CV), com a presença ostensiva de traficantes armados com armas de grosso calibre, como fuzis, a fim de garantir a "segurança" do artista e do evento.

"Além disso, a investigação identificou que o repertório das músicas entoadas por ele faz clara apologia ao tráfico de drogas, ao uso ilegal de armas de fogo e incita confrontos armados entre facções rivais, o que frequentemente resulta em vítimas inocentes", informou a Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ).

Esses shows, ainda conforme a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), são usados pela facção para aumentar os lucros com a venda de entorpecentes e para reverter recursos para a compra de mais drogas, armas e outros equipamentos para a prática de crime.

<><> Traficantes em evento no dia 19 de maio

A Polícia Civil apontou que um dos shows do artista com a presença de vários traficantes armados aconteceu no último dia 19 de maio, na comunidade da Cidade de Deus.

Conforme as investigações, o cantor entoou diversas músicas enaltecendo a facção criminosa, que financia o evento. O show também ocorreu horas antes da morte do policial civil José Antônio Lourenço, integrante da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), em uma operação policial na comunidade.

<><> Por quais crimes o cantor é investigado?

Segundo a Polícia Civil, o artista é investigado por apologia ao crime e por envolvimento com a facção criminosa Comando Vermelho.

<><> MC Poze do Rodo nega acusações e classifica prisão como 'perseguição'

Um comunicado foi divulgado nas redes sociais do MC Poze do Rodo na tarde desta quinta-feira, 29, negando as acusações e classificando a prisão do cantor de funk como uma "perseguição".

"MC não é bandido. Hoje, o Poze foi surpreendido com um mandado de prisão temporária e uma busca e apreensão na sua casa. A acusação de associação ao tráfico e apologia ao crime não fazem o menor sentido. Poze é um artista que venceu na vida através de sua música. Muitos músicos, atores e diretores têm peças artísticas que fazem relatos de situações que seriam crimes, mas nunca são processados, porque se tratam justamente de obras de ficção", iniciou a nota.

"A prisão do Poze, ou mesmo, a prisão de qualquer MC nesse contexto é, na realidade, criminalização da arte periférica, uma perseguição, mais um episódio de racismo e preconceito institucional. A forma absurda que o Poze foi conduzido é a maior prova disso", acrescentou.

•        Investigação contra MC Poze começou após imagens virais de baile funk com a presença de homens armados

Com mais de 15 milhões de seguidores nas redes sociais, MC Poze foi preso na madrugada desta quinta-feira, 29, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. A Polícia Civil destacou que a detenção do artista se deu em função de envolvimento com a facção criminosa Comando Vermelho e apologia ao crime.

Ainda segundo a corporação, o cantor faz shows exclusivamente em áreas dominadas pela facção, com a presença de traficantes armados com fuzis para garantir a 'segurança do artista e do evento'. Assim, de acordo com a Polícia Civil, o Comando Vermelho utiliza os shows de Poze para aumentar a venda de drogas e a compra de armamentos pesados. A investigação aponta que o músico, desta forma, faz "clara apologia ao tráfico de drogas".

As investigações tiveram início após um baile funk feito no dia 17 de maio, na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio. Em vídeos que circulam nas redes sociais é possível identificar homens fortemente armados circulando entre os presentes no evento. Os agentes, assim, desejam saber quem são os homens que aparecem exibindo os armamentos e quem financiou o evento intitulado como o 'maior baile do Rio'.

As imagens viralizaram um dia depois da morte de José Antônio Lourenço, de 39 anos. Ele era inspetor da Core, tropa de elite da Polícia Civil, e foi morto durante um tiroteio na Cidade de Deus enquanto participava de uma operação da Delegacia do Consumidor para fiscalizar a qualidade do gelo vendido nas praias da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes.

•        Favela de MC Poze do Rodo teve nome mudado em disputa entre milícia e tráfico

A ascensão de MC Poze do Rodo estabeleceu de uma vez por todas o novo nome da comunidade onde o funkeiro cresceu, rebatizada num processo recente e complexo que envolve o tráfico, milícias, citações em letras de funk e o incômodo de alguns moradores.

Por décadas, a comunidade foi chamada de favela do Rola, e mais comumente, do Rollas, com “l” dobrado. Começou a ser formada durante a Ditadura, na então rural zona oeste do Rio de Janeiro, na região de Santa Cruz. Aglomerou gente desalojada de enchentes em outros locais.

A favela do Rollas é tão antiga quanto as comunidades do Aço e Antares. E vinha sendo chamada pelo nome original até o rebatismo forçado. Não há uma data precisa da mudança do nome.

Mas em 2018, por exemplo, a imprensa noticiava que traficantes obrigavam moradores a chamar a favela de Rodo. A Prefeitura do Rio de Janeiro continua usando “Rollas”, como no Data Rio, base de dados municipal.

O último Censo do IBGE inclui os dois nomes, Rodo e Rollas, respectivamente com 391 e 274 habitantes. Mas é muito maior. Seriam 30 mil moradores divididos em dois grandes blocos, Rollas 1 e Rollas 2, com favelas menores dentro, como Marcola. A questão dos nomes vai longe.

Começa com o próprio MC Poze, cujo nome de batismo é Marlon Brando, em homenagem ao famoso artista de cinema. O funkeiro levou o Rodo para o mundo, mas tem tido problemas. Na manhã de hoje (29), foi preso temporariamente no Rio de Janeiro, investigado por apologia ao crime e associação com o Comando Vermelho.

A Polícia Civil o acusa de realizar show com traficantes em Cidade de Deus, que nunca mudou de nome, mas que a arte também tornou conhecida, com ícones como MV Bill, o romance de Paulo Lins e o cinema brasileiro.

•        Quem é MC Poze do Rodo

Preso na madrugada desta quinta-feira, 29, no Rio de Janeiro, o cantor MC Poze do Rodo, de 26 anos, sempre teve o sonho de seguir carreira na música.

Com o tempo, passou a investir em composições que retratavam sua realidade e os desafios sociais que enfrentava.

Criado na comunidade do Rodo, MC Poze do Rodo, nome artístico de Marlon Brandon Coelho Couto, nasceu em 1999, no bairro de Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro.

>>>> Quem é MC Poze do Rodo?

<><> Carreira polêmica

Em 2019, iniciou sua trajetória musical com a música “Tô Voando Alto”, que se tornou seu primeiro grande sucesso. A repercussão o levou a colaborações com nomes importantes da música brasileira, como Filipe Ret, Chefin, João Gomes e Orochi. O destaque nas parcerias impulsionou sua visibilidade nas redes sociais — hoje, MC Poze do Rodo tem mais de 15 milhões de seguidores apenas no Instagram.

Ainda em 2019, ele foi acusado de envolvimento com o tráfico de drogas. Na época, chegou a ser detido durante um show em Sorriso (MT), também sob acusação de corrupção de menores. Pouco tempo depois, foi liberado pelas autoridades e pôde retornar para casa e retomou sua agenda de shows.

<><> O sucesso, carro de luxo e joias

MC Poze do Rodo consolidou sua carreira em 2022 com o lançamento do álbum O Sábio. No projeto, como já fazia em suas músicas, ele compartilha experiências pessoais e histórias vividas na comunidade.

O sucesso do disco o levou a realizar shows por diversas regiões do Brasil e turnês internacionais, passando por Portugal, Inglaterra, Espanha, Bélgica e Estados Unidos.

Conhecido por seu estilo ostentação, Poze gosta de exibir nas redes sociais carros de luxo, mansões, joias e até cavalos de raça. Em um post de fevereiro de 2025, ele chegou a compartilhar uma foto de um cavalo puro-sangue que comprou. Na imagem, ele aparece montado no animal enquanto usa uma joia.

<><> Vida pessoal: pai de cinco filhos e amigo de Neymar

MC Poze do Rodo também se destaca por sua vida pessoal movimentada. Ele é pai de cinco filhos: Júlia (nascida em 18 de maio de 2019), Miguel (2 de dezembro de 2020), Laura (11 de dezembro de 2022), Jade (6 de setembro de 2023) e Manuela (7 de novembro de 2023). Desde outubro de 2024, é casado com Vivianne Noronha.

Figura frequente em festas e eventos, mantém amizade com nomes de destaque do esporte, como Gabigol, Vinícius Jr. e Neymar Jr.

Em vídeos que circulam nas redes sociais, MC Poze do Rodo é visto curtindo festas privadas com os jogadores. Em um deles, Neymar aparece tocando cavaquinho.

•        O que dizem as letras de MC Poze do Rodo

O cantor de funk MC Poze do Rodo foi preso nesta quinta-feira, 29, no bairro do Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio de Janeiro, acusado de associação ao tráfico de drogas e apologia ao crime. A ação foi conduzida pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), com apoio da Polícia Civil do Estado.

Segundo as investigações, o funkeiro tem usado sua produção musical como plataforma para enaltecer a atuação do Comando Vermelho (CV), facção criminosa com forte presença nas comunidades do Rio. "Esse suposto MC que foi preso transformou a música num instrumento de dominação, de divulgação e de disseminação da ideologia e da narcocultura do Comando Vermelho", afirmou o secretário estadual de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, em coletiva.

A apologia ao crime é considerada crime pelo artigo 287 do Código Penal Brasileiro, que define como infração penal a defesa, o elogio ou o incentivo público a práticas criminosas ou a criminosos. A pena prevista vai de três a seis meses de prisão, ou multa.

>>> O que dizem as letras de Poze do Rodo

# Fala Que a Tropa É Comando Vermelho

Oi, na VK os menor te acerta

Só soldado bom de guerra

Que te mira e não te erra

Só AKzão na favela

Com vários pentão reserva

Aonde entrar, cês leva

...

# Respeita o CV

Que só tem bandido brabo, só menor de guerra

Que bota pra f****

Nós é terror dos Terceiro, ADA e dos meleca

Fala que a tropa é Comando Vermelho

Se piar aqui na VK, vocês vai ver

Só soldado preparado, os menor descontrolado

Se os cana brotar, a bala vai comer

Além de citar o Comando Vermelho diretamente, o MC fala sobre a Vila Kennedy (VK), comunidade de Bangu dominada pela facção. "AKzão" faz referência ao modelo de arma, enquanto Poze também cita rivalidade com outras facções e grupos, como o Terceiro Comando, Amigos dos Amigos (ADA) e milicianos (meleca).

...

# Tropa do General

Os TCPu** tá peidando pro bloco dos cria

Nós odeia ADA e TCP

Desde menor sou Comando, nós é relíquia

Trem bala dos manos

Com os fuzil tudo na pista, ah, ah, ah

Tropa do General com vários ParaFAL

Tá 2, tá 2

Tropa do General com vários ParaFAL

Tá 2, tá 2

O termo "TCPu**" é um apelido pejorativo para se referir à facção TCP. A música também cita a rivalidade com a facção ADA , afirma que o eu lírico integra o Comando e fala sobre ParaFAL, modelo de fuzil. "Tá 2", por sua vez," é gíria para se referir ao CV, sigla composta por duas letras.

..;

# Na CDD só tem bandido faixa preta

Nós tem Glock, tem AK, 62 com mira laser

Terror dos alemão, é os moleque da 13

Nós vamo voltar pra casa e botar a bala pra comer

Retomar o que é nosso e gritar: É o C.V!

Na CDD só tem bandido faixa preta

Tentaram vir pegar o homem e a bala voou

Nós é Comando Vermelhão de natureza

A meta é voltar pro Rodo e voltar pro Batô

(Aí, Guarde, a volta vai ser triste!)

Glock, AK, e 62 são referências às armas de fogo. "Vamo voltar pra casa" diz respeito a voltar a comandar os territórios perdidos para facções inimigas, como o Rodo (onde o MC foi criado) e o Batô (Bateau Mouche em Jacarepaguá). "A volta vai ser triste" aponta que o confronto seria violento.

<><> Polícia acusa Poze de apologia e envolvimento com o CV

Ainda de acordo com a Polícia Civil, o conteúdo das músicas de Poze ultrapassa o limite da liberdade de expressão artística, ao promover ações criminosas e exaltar uma organização responsável por tráfico de drogas, disputas armadas e uso de armas de guerra. "As músicas desse falso artista têm um alcance incalculável e muitas das vezes são muito mais lesivas do que um tiro de fuzil disparado por um traficante", disse Curi.

A polícia afirma que Poze realiza shows apenas em áreas dominadas pela facção, sempre com a presença ostensiva de traficantes fortemente armados, o que garantiria a segurança dos eventos e do próprio artista. A DRE aponta ainda que esses eventos funcionam como fontes de financiamento para as atividades da facção, revertendo lucros obtidos na venda de drogas em armas e equipamentos para a prática de crimes.

<><> "Perseguição", diz funkeiro

Em declaração a um repórter, Poze negou qualquer envolvimento com o tráfico: "Você sabe que não [tenho envolvimento] e fica fazendo essas perguntas bobas. Quem [eles] têm que pegar tá lá no morro, não sou eu". O cantor também criticou a atuação das autoridades. "Essa implicância comigo já é de muito tempo. [...] Isso é perseguição, é cara de pau. Não tem prova de nada".

A equipe do artista divulgou um comunicado nas redes sociais, classificando a prisão como injusta. "MC não é bandido. Hoje, o Poze foi surpreendido com um mandado de prisão temporária e uma busca e apreensão na sua casa. A acusação de associação ao tráfico e apologia ao crime não fazem o menor sentido. Poze é um artista que venceu na vida através de sua música. Muitos músicos, atores e diretores têm peças artísticas que fazem relatos de situações que seriam crimes, mas nunca são processados, porque se tratam justamente de obras de ficção".

 

Fonte: Terra

 

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