Canja,
chás e vitamina C: o que realmente funciona para combater resfriado?
A
temporada de frio está chegando e, com ela, o maior risco de infecções
respiratórias, como resfriado, gripe e Covid-19. É nesse período que receitas e
remédios caseiros se popularizam e passam a ser mais frequentes nas casas das
pessoas, como a canja, chás, sucos com própolis ou alho, entre outras
"iguarias". Mas será que elas realmente funcionam?
De
acordo com o otorrinolaringologista Bruno Borges de Carvalho Barros, bebidas
quentes, como chás e leite, podem ajudar a trazer uma sensação de conforto e
alívio aos sintomas do resfriado. No entanto, não apresentam efeitos diretos ao
processo infeccioso.
"Não
há evidências de que qualquer tipo de chá tenha alguma propriedade diretamente
sobre os sintomas. O efeito principal é promovido pela hidratação e pelo alívio
da congestão pelo vapor", explica Barros. "No entanto, o chá de
camomila é associado ao relaxamento, o de hortelã à sensação de frescor nas
narinas, e o de gengibre ao alívio da dor local", acrescenta.
Outros
chás, como o verde, também podem ajudar na hidratação e a fortalecer a
imunidade, de acordo com o nutrólogo Mateus Drumond.
"O
chá-verde é rico em catequinas, com propriedades antioxidantes e potencial
imunomodulador. Ou seja, pode ajudar a fortalecer a imunidade e fornecer
hidratação", afirma à CNN.
O
especialista ressalta que é importante evitar adicionar açúcar, que pode
promover inflamação, no preparo dos chás. "Mel, em pequenas quantidades,
pode ser usado por suas propriedades antimicrobianas, mas deve ser evitado em
dietas Fodmap [que restringe o consumo de alguns tipos de carboidratos]",
afirma.
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Sopas e canjas ajudam?
Assim
como as bebidas quentes, alimentos como sopas e canjas podem ajudar a promover
o conforto e o alívio temporário dos sintomas da gripe e do resfriado, mas não
possuem propriedades diretas contra a infecção.
"O
alívio ocorre por mecanismos de suporte, como hidratação, conforto térmico e
propriedades anti-inflamatórias de alguns ingredientes", afirma Drumond.
O
nutrólogo explica que a canja de galinha pode promover efeitos
anti-inflamatórios leves devido a compostos liberados durante o cozimento --
como a cisteína, presente no frango. "Já o calor da sopa ajuda a aliviar a
congestão nasal, melhora a hidratação e fornece eletrólitos (como o sódio do
sal), importantes durante a infecção", afirma.
No
entanto, o especialista reforça: essas receitas podem ajudar a aliviar
sintomas, mas não eliminam o vírus. "A hidratação e o repouso são os
principais benefícios", reitera.
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O alho realmente ajuda a combater a infecção?
Outro
ingrediente muito presente em receitas caseiras contra gripe e resfriado é o
alho. No entanto, também faltam evidências científicas robustas que suportem os
efeitos do alimento no combate à inflamação.
"Há
poucos estudos e estes são baseados no alho em forma de suplemento. O cozimento
dele pode reduzir sua eficácia", afirma Barros.
Nesses
poucos estudos, o benefício do alho pode estar relacionado a um composto
chamado alicina, que possui propriedades antimicrobianas e imunomoduladoras.
Porém, mais estudos são necessários para demonstrar a eficácia do ingrediente
na prevenção e combate a infecções.
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Suplementação de vitamina C funciona? Quando é necessária?
Suplementos
de vitamina C também costumam se popularizar nessa época do ano. No entanto, a
necessidade de suplementar esse nutriente pode variar de uma pessoa para outra.
"A
suplementação de vitamina C tem efeito preventivo limitado na população geral,
mas pode ser eficaz em pessoas sob estresse físico intenso, como, por exemplo,
atletas", explica Drumond. Mesmo nesses casos, o nutrólogo afirma que é
importante priorizar fontes alimentares da vitamina, como acerola, caju,
laranja, kiwi, tomate, brócolis e espinafre, por exemplo.
Vale
ressaltar, porém, que a suplementação de vitamina C tem pouco efeito para
combater uma infecção respiratória já ativa, segundo Barros.
Além da
vitamina C, outros nutrientes podem ser interessantes no combate às infecções
respiratórias, como a vitamina D, que regula a resposta imune adaptativa, de
acordo com Drumond, e a vitamina A, essencial para a integridade das mucosas na
barreira contra os vírus.
A
vitamina E também exerce um papel importante na proteção das células
imunológicas. No caso dos minerais, temos o ferro, selênio e magnésio como
participantes da resposta imune.
"No
entanto, é importante ressaltar que somente em casos de baixa ingesta ou
absorção a reposição se torna necessária", afirma Barros. "O
importante é ter uma dieta equilibrada que já vai nos suprir com as vitaminas e
minerais necessários", finaliza.
• Influenza A é a principal causa de
mortes por SRAG em idosos no Brasil
O
boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado na quinta-feira
(15) faz uma alerta sobre o vírus da influenza A, causador da gripe, que se
tornou a principal causa de mortalidade por Síndrome Respiratória Aguda Grave
(SRAG) em idosos e uma das três principais causas de óbitos entre as crianças.
Foi
registrado também um aumento nas hospitalizações por influenza A em diversas
partes do país, com níveis moderados a altos de incidência em estados do
Centro-Sul e nas regiões do Norte e Nordeste.
Em
alguns estados das regiões Centro-Oeste e Sudeste, o número de casos de SRAG em
crianças pequenas, associado ao Vírus Sincicial Respiratório (VSR) vem
apresentando sinais de desaceleração ou até de reversão.
“Apesar
disso, ainda não é o momento de relaxar os cuidados nessas regiões, já que a
incidência de casos continua alta ou moderada”, avalia a pesquisadora do
InfoGripe Tatiana Portella.
A
especialista chama a atenção que a mortalidade por SRAG nas crianças pequenas
se aproxima da observada nos idosos. A principal causa de mortalidade por SRAG
nos idosos é o vírus da influenza A, seguida pela Covid-19. Já nas crianças, o
VSR permanece como a principal causa de mortalidade por SRAG, seguido pelo
rinovírus e pela influenza A.
Tatiana
Portella orienta que as pessoas dos grupos mais vulneráveis se vacinem contra o
vírus da influenza o quanto antes. Os pesquisadores do InfoGripe reforçam que a
vacina é a ação mais eficaz para prevenir hospitalizações e mortes causadas
pela doença.
“Além
disso, reforçamos a importância do uso de máscaras em unidades de saúde, locais
com maior aglomeração de pessoas e, principalmente, em caso de aparecimento de
sintomas de gripe ou resfriado”, alertou a pesquisadora.
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Casos de SRAG
O
boletim mostra sinal de aumento de casos de SRAG em diversos estados, tanto nas
tendências de longo prazo (últimas 6 semanas) quanto nas de curto prazo
(últimas 3 semanas). Esse cenário se deve ao crescimento de SRAG nas crianças
pequenas, associado principalmente ao VSR, e na população de jovens, adultos e
idosos, associado ao vírus da influenza A.
O VSR
mantém uma incidência expressiva tanto de incidência quanto de mortalidade por
SRAG em crianças pequenas. Outros vírus de destaque nessa faixa etária são o
rinovírus e a influenza A. A influenza A, além de ser a principal causa de
mortalidade por SRAG entre os idosos, é uma das três principais razões de
óbitos por SRAG em crianças pequenas.
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Estados
Ao
todo, 15 das 27 unidades da federação apresentam incidência de SRAG em nível de
alerta, risco ou alto risco, com sinal de crescimento na tendência de longo
prazo: Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas
Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa
Catarina, São Paulo e Tocantins.
Outros
oito estados também apresentam incidência de SRAG em níveis de alerta, risco ou
alto risco, porém sem sinal de crescimento de longo prazo: Amapá, Distrito
Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Pará, Sergipe e Rio Grande do Norte.
Fonte:
CNN Brasil

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