Plinio Teodoro:
Governo Lula - o racha entre Rui Costa e Haddad e a carta de Kakay
A tensão que paira
sobre a ultradireita com a iminência da denúncia de Jair Bolsonaro (PL) por
tentativa de golpe de Estado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) poderia
ser um fator que daria tempo para o governo se alinhar para uma ferrenha
disputa eleitoral, em um cenário internacional adverso, em 2026.
Poderia.
No entanto, Lula
tem se dedicado a combater fogo-amigo, expresso na carta do advogado Antonio
Carlos de Almeida Castro, o Kakay, e um racha que se instalou no centro do
governo, que opõe o grupo liderado pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa,
contra outro, comandado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Fontes palacianas
afirmam que Lula classificou como "forte" o conteúdo da carta de
Kakay e teria se irritado com o que considera críticas infundadas do advogado.
No entanto, o
principal ponto que irritou Lula foi a revelação por Kakay de uma conversa
particular ocorrida na casa do advogado, em 12 de dezembro, em que Lula teria
dito que um político presente almejava um ministério.
"Ao sair da
roda o Lula me falou baixinho, rindo: 'este jamais será meu Ministro, e acha
que vai ser'. Dia 1º de janeiro ele assumiu como Ministro", revelou Kakay.
Lula viu a
divulgação do ocorrido como quebra de confiança por parte do advogado por expor
a conversa e deixar no ar um clima de "quem seria?" no Ministério.
O presidente, no
entanto, não pretende conversar com Kakay, a quem considera - considerava? - um
amigo.
·
Racha
A carta de Kakay
ainda alimentou o racha no governo por se antecipar ao próprio Lula na escolha
de seu sucessor.
"Nós temos o
Haddad, o mais fenomenal político desta geração em termos de preparo. Um gênio.
Preparado e pronto para assumir seu papel", escreveu o advogado.
A declaração foi
vista com desconfiança pelo grupo liderado por Rui Costa, que tem ao lado o
ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira.
<><>
ENTENDA:
Silveira assumiu o
ministério na cota de Gilberto Kassab, presidente do PSD, que recentemente
criticou Lula e classificou Haddad como um ministro "fraco".
Nos bastidores, o
grupo de Haddad vê Silveira como uma espécie de "cavalo de Troia" de
Kassab, que busca sabotar medidas econômicas da Fazenda.
A desconfiança
aumentou após as críticas de Kassab - que recuou em relação a Lula, mas não em
relação a Haddad.
Presidente do PSD,
Kassab é assessor especial do governador Tarcísio Gomes de Freitas
(Republicanos), que vem flertando com a terceira via, que funde a mídia liberal
ao sistema financeiro.
Kassab seria o
responsável por aglutinar as forças do Centrão à terceira via em uma cada dia
mais provável candidatura Tarcísio em 2026.
No entanto, ele já
estaria mirando uma possível disputa em 2030 entre Tarcísio e Haddad, a quem
nutre mágoa desde 2012, quando o ministro venceu José Serra na disputa à
prefeitura de São Paulo e desmontou todo o aparato de corrupção criado nas
administrações tucanas que eram comandados e irrigavam as negociatas políticas
de Kassab.
Em 2022, Haddad
também articulou para levar Geraldo Alckmin ao PSB para ser o candidato a vice
de Lula - acabando com o sonho do presidente do PSD de ser alçado ao posto.
·
Disputa
no centro do governo
O racha no centro
do governo Lula teria se aprofundado após o presidente ficar ao lado do grupo
de Rui Costa e anunciar, ao mesmo tempo, o ajuste fiscal e a isenção do imposto
de renda para aqueles que ganham até R$ 5 mil.
Haddad, juntamente
com o presidente do Banco Central Gabriel Galípolo, teria alertado que a
comunicação dos dois fatos ao mesmo tempo iria cair como uma bomba no mercado
financeiro, elevando a cotação do dólar acima dos R$ 6 - o que, de fato,
aconteceu.
Lula, no entanto,
teria se posicionado ao lado do grupo de Rui Costa, que defendeu a divulgação
simultânea das duas medidas.
O mal-estar
continuou e no domingo (16), o grupo de Rui Costa se reuniu com Lula, indicando
que a queda na popularidade do presidente estaria atrelada ao desgaste a
medidas do Ministério da Fazenda.
Haddad, que está em
viagem ao Oriente Médio, não participou da reunião.
No encontro, Lula
foi informado que a queda na aprovação do governo teria se dado por causa da
taxação das blusinhas da Shein, em 2023, e mais recentemente, pelo recuo diante
das mudanças propostas pela Fazenda sobre o Pix, que foi alvo de uma série de
fake news da oposição.
Fontes do Palácio
avaliam que há uma tentativa de Costa em partir para cima de Haddad. Silveira,
do PSD de Kassab, estaria aproveitando o cenário para cumprir a função de
"cavalo de Troia" para atacar o adversário do presidente do PSD.
Aos 79 anos, em seu
terceiro mandato após passar 580 dias preso por uma decisão injusta e parcial,
Lula se colocou a serviço do Brasil para frear o avanço do neofascismo da
ultradireita bolsonarista e colocar o país de volta nos trilhos para o futuro.
No entanto, para
isso, o presidente precisa conviver com um antigo estigma que acompanha o PT:
de que o partido é o principal adversário do próprio partido.
¨ "Quem distorce é porque vive de mentira", diz
Kakay após texto sobre Lula
O advogado
Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, um dos nomes do
Direito mais próximos a Lula, reafirmou em
conversa com a Fórum seu apoio ao presidente após um texto no qual
expressa preocupação com o atual governo viralizar nas redes sociais, inclusive
entre bolsonaristas.
Enviado em grupos
de WhatsApp com ministros e aliados do governo, o texto em questão
compara, em tom crítico, os dois primeiros mandatos do presidente com o
terceiro, iniciado em janeiro de 2023.
“O Lula do 3º
mandato , por circunstâncias diversas, políticas e principalmente pessoais, é outro.
Não faz política. Está isolado. Capturado. Não tem ao seu lado pessoas com
capacidade de falar o que ele teria que ouvir. Não recebe mais os velhos amigos
políticos e perdeu o que tinha de melhor: sua inigualável capacidade de
seduzir, de ouvir, de olhar a cena política", diz um trecho da mensagem
assinada por Kakay.
A íntegra do texto
foi veiculada pela imprensa nesta segunda-feira (17) e,
prontamente, perfis bolsonaristas passaram a repercutir as críticas
de Kakay e afirmar que o advogado "pulou do barco" do governo.
À Fórum, Kakay
criticou as distorções que vêm sendo feitas ao seu texto, que segundo ele
tratou-se apenas de uma "reflexão" sobre o momento político,
e reafirmou seu apoio a Lula.
"Não quero
polemizar com bolsonarista. Não acompanho rede social. Continuo com o mesmo
desprezo aos fascistas. Recebi, diretamente, dezenas de manifestações de
ministros, todos solidários. Não quero politizar meu texto. Nem era um alerta
para ninguém. Nada mais do que uma reflexão. Quem distorce meu texto é porque
vive de mentira e de análises truncadas", disse o advogado.
"Fiz breve
reflexão por apoiar o Lula e acreditar na sua enorme capacidade de liderança.
Este é o ponto, quem apoia tem o direito, até obrigação, de levantar com
lealdade certas questões", prosseguiu Kakay.
<><> RELEMBRE
>>>>>>Íntegra
da reflexão de Kakay enviada a ministros e aliados do governo:
Lula, a esperança
da democracia.
“Até cortar os
próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que
sustenta nosso edifício inteiro", Clarice Lispector.
Lula ganhou 3 vezes
e elegeu Dilma como sua sucessora. À época elegeria o qualquer de seus
Ministros pois era imbatível.
Certa vez
conversando com um Senador-do PT- ele me disse que tinha um ano tentava uma
audiência com a Presidenta Dilma. Ela não fazia política. Sofreu impeachment.
Um dia no Governo
Lula um Senador da oposição me liga as 11 hs da manhã e reclama que tinha
assumido há 15 dias- era suplente- e que não havia sido recebido pelo Zé
Dirceu, chefe da Casa Civil. Liguei para o Zé . As 12.30 a gente estava
almoçando no Palácio do Planalto. O Zé - de longe o mais preparado dos
Ministros- deu um show discorrendo sobre o Estado de origem do Senador, que
saiu de lá com o número do celular do Zé e completamente encantado.
Neste atual governo
Lula fez o que de melhor podia ao enfrentar Bolsonaro e ganhar do fascismo
impedindo que tivéssemos mais 4 anos de Bolsonaro. Seria o fim da democracia.
Seriam destruídas de maneira irrecuperável tudo que foi construído nos governos
democráticos, não só do PT. O fascismo acaba com tudo. Este o maior legado do
Lula. Para tanto foi necessário, senão não teríamos ganhado, fazer uma aliança
ampla demais. Só o Lula conseguiria unir e fazer este amplo arco para derrotar
Bolsonaro. Aqui em casa , no dia da diplomação , 12 de dezembro,determinado
político se aproximou em um momento em que Lula e eu conversávamos, colocou
amistosamente a mão no meu ombro e fez uma brincadeira. Ao sair da roda o Lula
me falou baixinho, rindo :” este jamais será meu Ministro, e acha que vai ser.”
Dia 1º de janeiro ele assumiu como Ministro. Este o brilhantismo do Lula neste
momento difícil. Não fosse sua maturidade não teríamos tido chance de vencer o
fascismo. Por isto cometo aqui certa indelicadeza de comentar este fato: para
ressaltar a maturidade do Presidente Lula.
Mas o Lula do 3º
mandato , por circunstâncias diversas, políticas e principalmente pessoais, é
outro. Não faz política. Está isolado. Capturado. Não tem ao seu lado pessoas
com capacidade de falar o que ele teria que ouvir. Não recebe mais os velhos
amigos políticos e perdeu o que tinha de melhor: sua inigualável capacidade de
seduzir, de ouvir, de olhar a cena política.
Outro dia alguns
políticos me confidenciaram que não conseguem falar com o Presidente. É outro
Lula que está governando.
Com a extrema
direita crescendo no mundo e, evidentemente aqui no Brasil, o quadro é muito
preocupante. Sem termos o Lula que conhecíamos como Presidente e sem ele ter um
grupo que ele tinha ao seu redor, corremos o risco do que parecia impossível:
perdermos as eleições em 2026. Bolsonaro só perdeu porque era um inepto.
Tivesse ouvido o Ciro Nogueira e vacinado, ou ficado calado sem ofender as
pessoas, teria ganho com a quantidade de dinheiro que gastou. Perder uma reeleição
é muito difícil, mas o Lula está se esforçando muito para perder. E não duvidem
dele, ele vai conseguir.
Claro que as
circunstâncias estão favoráveis ao projeto de perder as eleições. Não dou tanto
importância para estas pesquisas feitas o tempo todo. Mas prestei atenção nesta
que indica que 62% não querem que Lula seja candidato a reeleição. A pergunta é
: quem é seu sucessor natural? Não foi feito um grupo ao redor do Presidente,
que se identifique com ele e de onde sairia o sucessor político natural, o “
grupo” do Lula a gente sabe quem é. E certamente não vai tirá-lo do isolamento.
Ele hoje é um político preso à memória do seu passado. E isolado. Quero
acreditar na capacidade de se reencontrar. Quem se refez depois de 580 dias
preso injustamente, pode quase tudo . E nós temos o Haddad, o mais fenomenal
político desta geração em termos de preparo. Um gênio. Preparado e pronto para
assumir seu papel.
Já fico olhando o
quadro e torcendo para o crescimento de uma direita civilizada. Com a
condenação do Bolsonaro e a prisão, que pode se dar até setembro, nos resta
torcer para uma direita centrista, que afaste o fascismo.
Que Deus se apiede
de nós!
É necessário
lembrar o mestre Torquato Neto no Poema do Aviso Final:
“É preciso que haja
algum respeito , ao menos um esboço ou a dignidade humana se afirmará a
machadada.”
¨ Kakay errou, diz Marco Aurélio Carvalho, do grupo
Prerrogativas. Por Blog do Rovai
Em mensagem ao blog
na manhã desta terça-feira (18), o coordenador do Grupo Prerrogativas, Marco
Aurélio Carvalho, criticou a carta em que o advogado Antonio Carlos de
Almeida Castro, o Kakay, afirma
que Lula "não faz política" e "está isolado".
"O Lula do 3º
mandato , por circunstâncias diversas, políticas e principalmente pessoais, é
outro. Não faz política. Está isolado. Capturado. Não tem ao seu lado pessoas
com capacidade de falar o que ele teria que ouvir. Não recebe mais os velhos
amigos políticos e perdeu o que tinha de melhor: sua inigualável capacidade de
seduzir, de ouvir, de olhar a cena política", diz trecho da carta de
Kakay, enviado em grupo de WhatsApp com ministros e aliados do governo.
Para o coordenador
do Prerrô, Kakay errou ao fazer uma análise parcial que não condiz com a
realidade sobre Lula e seu governo.
"Kakay
errou", disse Carvalho, sinalizando que o equívoco foi "tático"
e "estratégico".
"A questão é
tática e estratégica. E nem por uma questão tática e nem estratégica ele
acertou", disse ao blog.
O advogado ainda
ressaltou que tem respeito profundo por Kakay, mas que isso não o impede de
divergir do posicionamento do colega.
"E não estou
discutindo o mérito. Porque no mérito ele pode ter razão em algumas coisas.
Porque você ouve algumas coisas, que confirmam que ele falou, e eu ouço outras
que também confirmam. Agora dizer que ele foi capturado, que não está fazendo
política. Não reconhecer o número enorme de atividades que o presidente, de 80
anos, teve só na semana passada. Ele esteve em quatro Estados. E parece que o
Kakay não acompanha. Se quer criticar, estuda direito para fazer uma crítica
correta", afirmou.
Carvalho ainda
listou a agenda de Lula da última semana para exemplificar o que considera
contrariedade no texto do colega.
"Lula esteve
no Amapá, na Bahia, no Rio de Janeiro, no Pará. Recebeu o presidente da Câmara,
o ex e o atual, do Senado. Recebeu as principais lideranças políticas, do
Judiciário, se reuniu com a bancada do PT. Então, como ele não está fazendo
política?", indagou.
Segundo o
coordenador do Prerrô, Kakay, em seu texto, "cria a ideia de um cara
frágil" sobre Lula e acena à ultradireita ao mencionar Ciro Nogueira,
presidente do PP e ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro (PL).
Segundo Kakay, se
Bolsonaro tivesse ouvido o cacique do Centrão "e vacinado, ou ficado
calado sem ofender as pessoas, teria ganho [as eleições presidenciais] com a
quantidade de dinheiro que gastou".
"Ele fala no
texto em 'direita civilizada', faz um aceno para aquele Ciro Nogueira. Olha o
Kakay é um amigo irmão, amo ele de paixão, mas cometeu um grande erro",
concluiu o coordenador do Prerrô.
¨ Berzoini avalia que há um problema de coordenação do
governo Lula
O ex-ministro e
ex-secretário de Relações Institucionais do governo federal, Ricardo Berzoini, foi entrevistado
no programa Fórum Onze e Meia, desta terça-feira
(18), e avaliou questões relacionadas às críticas recebidas pelo
executivo, até mesmo por setores ligados ao campo progressista.
Indagado sobre o
tema, Berzoini revelou que observa um problema de coordenação do
governo.
“É óbvio que não
podemos cobrar do Lula a solução para
tudo, mas ele é o presidente. Há muita reclamação em relação ao
funcionamento da chamada coordenação política. Não é uma crítica direta, mas é
importante ver como às vezes as coisas podem ser melhor planejadas”, afirmou.
O ex-ministro citou
um exemplo: “O governo chamou uma reunião para discutir o preço dos
alimentos. Parece que havia cinco ministros. A expectativa que se criou é
que dessa reunião sairia o anúncio de medidas concretas pra enfrentar uma
questão que o governo não tem tanto poder assim, porque depende dos mercados
local e internacional”, destacou.
Porém, argumentou
Berzoini, o governo gasta muito dinheiro com o Plano Safra. “Portanto, em
tese, tem um poder de interlocução grande com o setor, tem o ministro da
Agricultura que é do setor, além de ter o ministro do Desenvolvimento
Agrário que é bem relacionado com a agricultura familiar”.
Berzoini ressaltou
que, diante deste cenário, a expectativa que se criou é que, durante a reunião,
seriam anunciadas medidas concretas. “Mas, na coletiva depois da reunião, em
minha opinião, não foi preparado o que cada um ia dizer e só tinham,
digamos, possibilidades de, talvez, quem sabe...”.
Na avaliação do
ex-ministro, eventos como esse “desgastam o governo, tanto quanto o PIX.
Isso pode estar ocorrendo por falta de coordenação política, planejamento do
que vai ser dito. O governo não pode ser pautado, tem que pautar. Quando
você tem um assunto como este, delicado, o preço dos alimentos, você tem que
pensar o seguinte: ou eu tenho algo muito importante para dizer, ou vou tratar
de outro assunto, vou criar outra pauta”.
Berzoini considera
que o assunto não é de fácil solução. “O governo tem que agir no crédito, na
questão fundiária, nos estoques. Isso revela uma falta de coordenação, que já
apareceu na questão do PIX e já apareceu em outros assuntos que nós estamos
torcendo para que o pessoal se acerte, para que não haja mais esse tipo de
desgaste”, acrescentou.
“O que o PT cresceu
na constituição, reduziu o trabalho de base”
Berzoini também
analisou o avanço das igrejas neopentecostais nas periferias e como
isso afeta, diretamente, a atuação e a aprovação do governo.
Ele destacou em, em
pouco mais de duas décadas, mudou muito o cenário da periferia no Brasil.
“A presença dos
evangélicos neopentecostais na periferia era muito menor do que hoje. O fato é
que cresceu muito. A principal característica dessa atuação é que não é só
religiosa. Aliás, não é nem majoritariamente religiosa, é comunitária. Há
uma relação comunitária, de solidariedade, de busca de atendimento psicológico,
de apoio a casais, apoio no desemprego”, disse.
“Eu creio que a
esquerda fez menos isso do que no passado. A esquerda brasileira retrocedeu em
capilaridade. O que o PT cresceu na constituição, reduziu o trabalho de
base. Tenho insistido nisso desde a época do golpe. Há tempo de mudar essa
percepção”, apontou Berzoini.
Fonte: Fórum
Nenhum comentário:
Postar um comentário