quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Moisés Mendes: Milei e Bolsonaro sabem que danos morais e falta de ética não abalam a extrema direita

O plano de Javier Milei com os vigaristas da criptomoeda só não deu certo porque alguns comparsas foram gananciosos. O fascista combinou com a quadrilha que a $Libra seria lançada pouco antes das 19h de sexta-feira.

Três minutos depois da criação da moeda, largou o tuíte anunciando a novidade que iria fortalecer as microempresas argentinas. Tuitou exatamente às 19h01min. Aos 38 minutos de sábado, apagou a postagem. Toda essa sequência está provada. 

Mas é óbvio que Milei e seus cúmplices não achavam que ficariam ricos em cinco horas. É evidente que não foi isso o planejado. Milei já era um farsante, mas ainda não era um idiota. 

O que eles planejaram é que a moeda seria lançada, amigos avisados ganhariam muito dinheiro, mas a vida seguiria em frente, com ganhadores e perdedores. Seria mais uma memecoin.

Mas aconteceu o imprevisto. Um grupo logrou o resto da gangue, apoderou-se de tudo na arrancada, desfrutou da inflação de ganhos com a propaganda de Milei, se desfez do que tinha depois de arrecadar milhões e saltou fora. 

Os compradores que levaram Milei a sério ficaram com os tomates podres. A moeda, mesmo que programada nesses casos para ter vida curta, foi pulverizada muito antes do tempo. 

Milei e seus parceiros foram traídos por parte da facção. O que acaba por revelar que o economista genial, que iria tirar a Argentina da crise, tem agora alvará de imbecil.

Um gênio que conversa com cachorros mortos foi logrado pela própria quadrilha que ajudou a criar e com a qual ele e a irmã-secretária Karina conversavam desde outubro. 

Os gananciosos podem levar Milei para a forca. Mas será que levarão mesmo? Será que a Argentina será capaz de se livrar de Milei, não por incompetência como presidente, mas por ser um vigarista desastrado?

A explicação que ele deu para o tuíte em que fez propaganda da criptomoeda é dirigido a idiotas: “não promovi, só difundi”. Disse que joga quem quer. E alegou que tuitou a propaganda da $Libra como economista, não como presidente.

Passamos agora à etapa dos danos, e uma pergunta não tem resposta simples. Essa é a pergunta: depois disso tudo, é possível que Milei sobreviva à tentativa de cerco de uma oposição sem força e de parte uma população ainda anestesiada? 

A Argentina dependerá de um Judiciário inconfiável para levar o escândalo adiante, como acontece no Brasil com o bolsonarismo golpista, mesmo que aos trancos e barrancos?

Se a resposta depender do peso dos valores éticos e morais, Milei pode sobreviver. Como Bolsonaro sobreviveu no Brasil no período de maior crise moral já vivida pelo país desde a ditadura. 

Cada um pode fazer a sua versão da manjada frase de James Carville, o marqueteiro de Clinton. Essa pode ser uma versão atual: o povo não quer mais saber de questões morais, estúpido.

Se Milei conseguir o milagre de seguir em frente, acenando com a perspectiva de que está destruindo tudo para refazer a Argentina, é possível que sobreviva, mesmo que como gângster, até o final do mandato. 

Porque dirão que logrou ‘apenas’ 40 mil pessoas e que a maioria é de não argentinos. E porque percepções do certo e do errado sob o ponto de vista dos valores não têm mais o sentido que já tiveram em tempos distantes. Vale para argentinos, americanos, italianos, brasileiros e ucranianos. Trump é a prova mais recente.

Bolsonaro, o coveiro da pandemia, que negou vacina e contribuiu para a morte de milhares de brasileiros, está vivo até hoje, solto, impune e fazendo ativismo político contra o Supremo. 

Milei, o quadrilheiro da criptomoeda, pode se safar, se a percepção de dano que prevalecer, para a maioria da população, for apenas a pretensamente ‘moral’.

 

¨      A extrema direita e o crime. Por Oliveiros Marques

Peço calma aos mais afoitos. Não vou tratar de nenhuma possível relação desses extremistas com facções criminosas que atuam dentro e fora dos presídios brasileiros. Não é sobre esses crimes — ainda. Quero apenas destacar a tara que essa extrema direita parece ter em criar, organizar e atuar como organizações criminosas, as famosas “orcrims”.

Como deve ficar claro no parecer do procurador-geral da República, Paulo Gonet, o ex-presidente Bolsonaro foi um dos mentores e líderes, além de principal beneficiário, da organização criminosa que atuou em 8 de janeiro com o objetivo de derrubar o Estado Democrático de Direito.

Mas não é sobre a extrema direita mimetista brasileira que quero falar hoje. É sobre outra, igualmente copiadora e capacho trumpista. Falo de Javier Milei, que entrou na onda dos extremistas de direita de monetizar sua atuação política e usou suas redes para patrocinar uma pirâmide financeira com criptomoedas — as suas criptomoedas.

Segundo analistas argentinos, ao utilizar suas redes sociais para incentivar a compra dessas criptomoedas, Milei incorreu em pelo menos dez crimes: descumprimento da Lei de Ética Pública, fraude, violação do Código Penal ao realizar negociações incompatíveis com a administração pública, fraude informática, abuso de autoridade, tráfico de influência, lavagem de dinheiro, fraude contra a administração pública e, claro, associação criminosa.

Por esses e outros possíveis delitos, Javier Milei deverá responder à Justiça e enfrentar um pedido de impeachment. Sim, impeachment. Porque lá há materialidade para o pedido, diferente dos factoides golpistas recorrentemente orquestrados por aqui.

A extrema direita no mundo parece não conseguir sobreviver sem cometer crimes. Onde eles estão, a prática criminosa está presente em sua atuação política. E só há um jeito de impedir o seu avanço: apertar o torniquete. São necessárias punições exemplares, inclusive para a tiazinha do zap, mas principalmente para os mentores e financiadores dos crimes.

E anistia é o carajo!

 

¨      Empresário diz que grupo de Milei cobrou propina de US$ 5 milhões para promover o golpe das criptomoedas

O jornalista e economista argentino Alejandro Bercovich revelou, em seu programa La ley de la selva, transmitido pela emissora C5N, que uma pessoa próxima ao presidente Javier Milei teria recebido um pagamento de US$ 5 milhões para que o chefe de Estado promovesse a criptomoeda $Libra. A acusação tem como base informações do empresário Diógenes Casares, especialista em finanças descentralizadas e filho do empresário Wenceslao Casares, que afirma ter tido acesso a detalhes do esquema.

"Um importante empresário do setor, pioneiro, está assegurando que alguém do entorno de Milei cobrou 5 milhões de dólares para que o presidente fizesse essa promoção", afirmou Bercovich durante seu editorial. A denúncia surge em meio a um crescente escândalo financeiro que teria prejudicado milhares de investidores, enquanto a criptomoeda perdeu valor rapidamente após a divulgação oficial.

<><> Bastidores da fraude e o suposto pagamento milionário

Diógenes Casares relatou que, antes de Milei promover publicamente a criptomoeda, já circulavam informações sobre o lançamento de um token vinculado ao presidente argentino. "Mais de uma semana antes, comecei a receber mensagens de amigos sobre um rumor de que estava sendo criada uma moeda meme centrada em Milei. No início, consultei algumas pessoas associadas ao governo, que me garantiram que não havia nada disso acontecendo. Tranquilo, disse a meus amigos que a história não era real", contou Casares.

No entanto, conforme aprofundou suas investigações, Casares descobriu que integrantes do governo confirmaram a proposta de lançamento de um token chamado $Afuera, que supostamente teria sido idealizado para arrecadar fundos destinados a financiar "a batalha cultural" de Milei. O projeto, porém, não teria ido adiante.

A grande reviravolta veio quando Casares soube que alguém do círculo próximo do presidente teria recebido um suborno de US$ 5 milhões para impulsionar a promoção da criptomoeda $Libra. "Me disseram que alguém próximo a Milei recebeu um suborno milionário para colocar o token diante do presidente. Para ser claro, isso não significa que Milei recebeu dinheiro diretamente, mas sim que alguém muito próximo a ele teria aceitado esse pagamento para garantir que o presidente promovesse a criptomoeda. A importância dessa pessoa e a confiabilidade da fonte (embora eu não possa verificar tudo completamente) me preocupou muito e me fez pressionar mais", explicou Casares.

<><> Milei tenta minimizar o caso, mas denúncias se multiplicam

A denúncia surge poucos dias depois de Milei tentar minimizar o escândalo, afirmando que menos de 5 mil pessoas teriam sido prejudicadas pela fraude envolvendo a $Libra. O jornalista Alejandro Bercovich, no entanto, contestou essa versão, classificando o episódio como "um escândalo que sacode a Argentina e parte do mundo".

"O dia dos namorados foi marcado por um presidente promovendo um golpe com criptomoedas, que gerou US$ 110 milhões em ganhos para alguém do entorno de Milei", denunciou Bercovich, ressaltando a gravidade da situação.

O escândalo amplia a crise de confiança no governo de Milei, que já enfrenta dificuldades políticas e econômicas. O envolvimento direto ou indireto do presidente argentino com um golpe financeiro que afetou milhares de investidores pode aprofundar a instabilidade de sua gestão, enquanto novas investigações e denúncias continuam surgindo.

¨      Governo argentino diz que especulações de propina são "insultantes" após Milei promover criptomoeda

O porta-voz da Presidência da Argentina, Manuel Adorni, disse nesta terça-feira que era "insultante" especular que propinas estariam envolvidas no caso do presidente libertário Javier Milei, que promoveu uma criptomoeda que caiu rapidamente.

Milei recomendou a criptomoeda pouco conhecida $LIBRA na sexta-feira em uma publicação no X, mas depois excluiu a publicação e negou ter qualquer vínculo com a criptomoeda.

"Entendemos que não houve nenhuma atitude que contrariasse a ética pública", disse Adorni em uma coletiva de imprensa, afirmando que não havia planos de demitir nenhum funcionário por irregularidades.

Um juiz federal está investigando o envolvimento de Milei no que a câmara de finanças disse que pode ter sido um golpe de "rug pull" (puxada de tapete).

Um "rug pull" é um golpe no qual os patrocinadores de uma moeda atraem vários investidores, fazendo com que o valor da criptomoeda aumente, e depois retiram rapidamente seus fundos, deixando os investidores com tokens sem valor.

O escândalo atingiu o setor financeiro da Argentina, fazendo com que o índice de risco, acompanhado de perto, caísse 27 unidades, para 701 pontos-base, e fazendo com que o principal índice acionário S&P Merval caísse na segunda-feira, embora tenha se recuperado nesta terça-feira, sendo negociado com alta de mais de 6%.

Enquanto isso, a dívida soberana no mercado de balcão enfraqueceu cerca de 0,5% em média.

"O escândalo da $LIBRA abalou o mundo e criou muito burburinho", disse o analista financeiro Miguel Boggiano.

Na segunda-feira, o ministro da Economia, Luis Caputo, disse à mídia local que não houve "nenhuma fraude, nenhum crime, nenhuma corrupção" e descartou que o escândalo afetasse as negociações com o FMI, que, segundo ele, estavam "no caminho certo".

Milei deve viajar para Washington na quarta-feira e se reunir com a diretora do FMI, Kristalina Georgieva, na quinta-feira.

¨      Cristina Kirchner diz que Milei é golpista com criptomoedas e com entrevistas

O escândalo político e financeiro envolvendo o presidente de extrema direita da Argentina, Javier Milei, por promover a criptomoeda $LIBRA em suas redes sociais, ganhou novos desdobramentos. A ex-presidente Cristina Kirchner fez duras críticas ao mandatário, acusando-o de estelionato tanto no mercado de criptomoedas quanto em entrevistas midiáticas.

Na sexta-feira (16), Milei publicou no X, antigo Twitter, que a moeda digital ajudaria a financiar pequenas empresas e startups, incentivando seus seguidores a comprá-la. A divulgação fez com que o preço do ativo disparasse. No entanto, poucas horas depois, o presidente apagou a postagem, o que provocou uma queda brusca no valor da criptomoeda, levando a prejuízos significativos para investidores.

A oposição reagiu rapidamente ao episódio. Cristina Kirchner chamou Milei de "golpista de criptomoedas" em uma postagem que viralizou, alcançando mais de 6,4 milhões de visualizações. No texto, a ex-presidente ironizou o chefe do Executivo e criticou sua tentativa de manipulação da opinião pública. "Ai, Milei! 'Economista especialista em crescimento com ou sem dinheiro'... Você está desmoronando", escreveu Cristina, questionando sua relação com o criptoempresário Hyden Davis e acusando Milei de transformar sua gestão em um "cassino".

Além disso, Cristina denunciou que a entrevista de Milei à emissora TN foi manipulada para proteger sua imagem. "Montaram uma entrevista para limpar sua imagem, trouxeram um 'jornalista' amigo, prepararam as perguntas e ainda editaram a entrevista porque o que você disse 'poderia te causar um problema judicial'. Isso nunca foi visto antes!", escreveu. A ex-presidente ainda insinuou que o presidente teme que Davis revele mais detalhes do escândalo, comprometendo tanto ele quanto sua irmã, Karina Milei.

A principal coalizão opositora classificou o caso como um "escândalo sem precedentes" e prometeu protocolar um pedido formal de impeachment. Esteban Paulón, do Partido Socialista, também declarou que solicitará a abertura do processo contra o presidente.

<><> Milei pode responder por fraude

Além das repercussões políticas, juristas entraram com ações judiciais contra Milei, acusando-o de fraude. Jonatan Baldiviezo, um dos autores da ação, afirmou à Associated Press que "o crime de fraude foi cometido, no qual as ações do presidente foram essenciais".

Nas redes sociais, Milei também foi acusado de praticar um "rug pull", um golpe comum no mercado de criptomoedas, no qual os criadores promovem um ativo para atrair investidores e depois abandonam o projeto, deixando os compradores com perdas. Os internautas apontaram que o link compartilhado pelo presidente fazia referência a uma frase que ele costuma usar em seus discursos.

O gabinete presidencial reagiu às críticas no sábado (17), justificando que a remoção da postagem foi uma medida para evitar "especulações" diante da repercussão negativa. O governo afirmou ainda que Milei não esteve envolvido na criação da criptomoeda e que o Escritório Anticorrupção irá apurar se houve irregularidades, incluindo a conduta do próprio presidente.

<><> Entrevista interrompida gera polêmica

No sábado (17), Milei concedeu uma entrevista à emissora TN tentando minimizar o escândalo envolvendo a fraude com a criptomoeda $Libra. O presidente alegou que seu objetivo era apenas ajudar um empreendimento privado e que "saiu mal". Durante a entrevista, responsabilizou os investidores pela decisão de participar da iniciativa e admitiu que não tem conhecimento sobre o setor. "Isso foi um tapa na cara", reconheceu.

No entanto, um trecho vazado da entrevista chamou atenção. Em determinado momento, Milei foi interrompido por um de seus assessores, que solicitou que a entrevista fosse pausada imediatamente. O vídeo mostra ainda o jornalista Jony Viale visivelmente perdido, sem saber como guiar o roteiro após a brusca interrupção.

Cristina Kirchner e outros líderes da oposição acusam Milei de manipular a mídia para esconder sua responsabilidade no caso. "Milei, você não é só um estelionatário das criptomoedas. Você também é um estelionatário nas entrevistas", disparou a ex-presidente.

O escândalo aumenta a pressão sobre o governo Milei, que enfrenta um momento de instabilidade política e econômica.

 

Fonte: Brasil 247

 

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