Moisés
Mendes: Milei e Bolsonaro sabem que danos morais e falta de ética não abalam a
extrema direita
O
plano de Javier Milei com os vigaristas da criptomoeda só não deu certo porque
alguns comparsas foram gananciosos. O fascista combinou com a quadrilha que a
$Libra seria lançada pouco antes das 19h de sexta-feira.
Três
minutos depois da criação da moeda, largou o tuíte anunciando a novidade que
iria fortalecer as microempresas argentinas. Tuitou exatamente às 19h01min. Aos
38 minutos de sábado, apagou a postagem. Toda essa sequência está
provada.
Mas é
óbvio que Milei e seus cúmplices não achavam que ficariam ricos em cinco horas.
É evidente que não foi isso o planejado. Milei já era um farsante, mas ainda
não era um idiota.
O que
eles planejaram é que a moeda seria lançada, amigos avisados ganhariam muito
dinheiro, mas a vida seguiria em frente, com ganhadores e perdedores. Seria
mais uma memecoin.
Mas
aconteceu o imprevisto. Um grupo logrou o resto da gangue, apoderou-se de tudo
na arrancada, desfrutou da inflação de ganhos com a propaganda de Milei, se
desfez do que tinha depois de arrecadar milhões e saltou fora.
Os
compradores que levaram Milei a sério ficaram com os tomates podres. A moeda,
mesmo que programada nesses casos para ter vida curta, foi pulverizada muito
antes do tempo.
Milei
e seus parceiros foram traídos por parte da facção. O que acaba por revelar que
o economista genial, que iria tirar a Argentina da crise, tem agora alvará de
imbecil.
Um
gênio que conversa com cachorros mortos foi logrado pela própria quadrilha que
ajudou a criar e com a qual ele e a irmã-secretária Karina conversavam desde
outubro.
Os
gananciosos podem levar Milei para a forca. Mas será que levarão mesmo? Será
que a Argentina será capaz de se livrar de Milei, não por incompetência como
presidente, mas por ser um vigarista desastrado?
A
explicação que ele deu para o tuíte em que fez propaganda da criptomoeda é
dirigido a idiotas: “não promovi, só difundi”. Disse que joga quem quer. E
alegou que tuitou a propaganda da $Libra como economista, não como presidente.
Passamos
agora à etapa dos danos, e uma pergunta não tem resposta simples. Essa é a
pergunta: depois disso tudo, é possível que Milei sobreviva à tentativa de
cerco de uma oposição sem força e de parte uma população ainda
anestesiada?
A
Argentina dependerá de um Judiciário inconfiável para levar o escândalo
adiante, como acontece no Brasil com o bolsonarismo golpista, mesmo que aos
trancos e barrancos?
Se a
resposta depender do peso dos valores éticos e morais, Milei pode sobreviver.
Como Bolsonaro sobreviveu no Brasil no período de maior crise moral já vivida
pelo país desde a ditadura.
Cada
um pode fazer a sua versão da manjada frase de James Carville, o marqueteiro de
Clinton. Essa pode ser uma versão atual: o povo não quer mais saber de questões
morais, estúpido.
Se
Milei conseguir o milagre de seguir em frente, acenando com a perspectiva de
que está destruindo tudo para refazer a Argentina, é possível que sobreviva,
mesmo que como gângster, até o final do mandato.
Porque
dirão que logrou ‘apenas’ 40 mil pessoas e que a maioria é de não argentinos. E
porque percepções do certo e do errado sob o ponto de vista dos valores não têm
mais o sentido que já tiveram em tempos distantes. Vale para argentinos,
americanos, italianos, brasileiros e ucranianos. Trump é a prova mais recente.
Bolsonaro,
o coveiro da pandemia, que negou vacina e contribuiu para a morte de milhares
de brasileiros, está vivo até hoje, solto, impune e fazendo ativismo político
contra o Supremo.
Milei,
o quadrilheiro da criptomoeda, pode se safar, se a percepção de dano que
prevalecer, para a maioria da população, for apenas a pretensamente ‘moral’.
¨ A extrema
direita e o crime. Por Oliveiros Marques
Peço
calma aos mais afoitos. Não vou tratar de nenhuma possível relação desses
extremistas com facções criminosas que atuam dentro e fora dos presídios
brasileiros. Não é sobre esses crimes — ainda. Quero apenas destacar a tara que
essa extrema direita parece ter em criar, organizar e atuar como organizações
criminosas, as famosas “orcrims”.
Como
deve ficar claro no parecer do procurador-geral da República, Paulo Gonet, o
ex-presidente Bolsonaro foi um dos mentores e líderes, além de principal
beneficiário, da organização criminosa que atuou em 8 de janeiro com o objetivo
de derrubar o Estado Democrático de Direito.
Mas
não é sobre a extrema direita mimetista brasileira que quero falar hoje. É
sobre outra, igualmente copiadora e capacho trumpista. Falo de Javier Milei,
que entrou na onda dos extremistas de direita de monetizar sua atuação política
e usou suas redes para patrocinar uma pirâmide financeira com criptomoedas — as
suas criptomoedas.
Segundo
analistas argentinos, ao utilizar suas redes sociais para incentivar a compra
dessas criptomoedas, Milei incorreu em pelo menos dez crimes: descumprimento da
Lei de Ética Pública, fraude, violação do Código Penal ao realizar negociações
incompatíveis com a administração pública, fraude informática, abuso de
autoridade, tráfico de influência, lavagem de dinheiro, fraude contra a
administração pública e, claro, associação criminosa.
Por
esses e outros possíveis delitos, Javier Milei deverá responder à Justiça e
enfrentar um pedido de impeachment. Sim, impeachment. Porque lá há
materialidade para o pedido, diferente dos factoides golpistas recorrentemente
orquestrados por aqui.
A
extrema direita no mundo parece não conseguir sobreviver sem cometer crimes.
Onde eles estão, a prática criminosa está presente em sua atuação política. E
só há um jeito de impedir o seu avanço: apertar o torniquete. São necessárias
punições exemplares, inclusive para a tiazinha do zap, mas principalmente para
os mentores e financiadores dos crimes.
E
anistia é o carajo!
¨ Empresário
diz que grupo de Milei cobrou propina de US$ 5 milhões para promover o golpe
das criptomoedas
O jornalista e economista
argentino Alejandro Bercovich revelou, em seu programa La ley de la
selva, transmitido pela emissora C5N, que uma pessoa próxima ao presidente
Javier Milei teria recebido um pagamento de US$ 5 milhões para que o chefe de
Estado promovesse a criptomoeda $Libra. A acusação tem como base informações do
empresário Diógenes Casares, especialista em finanças descentralizadas e filho
do empresário Wenceslao Casares, que afirma ter tido acesso a detalhes do
esquema.
"Um importante
empresário do setor, pioneiro, está assegurando que alguém do entorno de Milei
cobrou 5 milhões de dólares para que o presidente fizesse essa promoção",
afirmou Bercovich durante seu editorial. A denúncia surge em meio a um
crescente escândalo financeiro que teria prejudicado milhares de investidores,
enquanto a criptomoeda perdeu valor rapidamente após a divulgação oficial.
<><> Bastidores da fraude e o suposto
pagamento milionário
Diógenes Casares relatou
que, antes de Milei promover publicamente a criptomoeda, já circulavam
informações sobre o lançamento de um token vinculado ao presidente argentino.
"Mais de uma semana antes, comecei a receber mensagens de amigos sobre um
rumor de que estava sendo criada uma moeda meme centrada em Milei. No início,
consultei algumas pessoas associadas ao governo, que me garantiram que não
havia nada disso acontecendo. Tranquilo, disse a meus amigos que a história não
era real", contou Casares.
No entanto, conforme
aprofundou suas investigações, Casares descobriu que integrantes do governo
confirmaram a proposta de lançamento de um token chamado $Afuera, que
supostamente teria sido idealizado para arrecadar fundos destinados a financiar
"a batalha cultural" de Milei. O projeto, porém, não teria ido
adiante.
A grande reviravolta veio
quando Casares soube que alguém do círculo próximo do presidente teria recebido
um suborno de US$ 5 milhões para impulsionar a promoção da criptomoeda $Libra.
"Me disseram que alguém próximo a Milei recebeu um suborno milionário para
colocar o token diante do presidente. Para ser claro, isso não significa que
Milei recebeu dinheiro diretamente, mas sim que alguém muito próximo a ele
teria aceitado esse pagamento para garantir que o presidente promovesse a
criptomoeda. A importância dessa pessoa e a confiabilidade da fonte (embora eu
não possa verificar tudo completamente) me preocupou muito e me fez pressionar
mais", explicou Casares.
<><> Milei tenta minimizar o caso, mas
denúncias se multiplicam
A denúncia surge poucos dias
depois de Milei tentar minimizar o escândalo, afirmando que menos de 5 mil
pessoas teriam sido prejudicadas pela fraude envolvendo a $Libra. O jornalista
Alejandro Bercovich, no entanto, contestou essa versão, classificando o
episódio como "um escândalo que sacode a Argentina e parte do mundo".
"O dia dos namorados
foi marcado por um presidente promovendo um golpe com criptomoedas, que gerou
US$ 110 milhões em ganhos para alguém do entorno de Milei", denunciou
Bercovich, ressaltando a gravidade da situação.
O escândalo amplia a crise
de confiança no governo de Milei, que já enfrenta dificuldades políticas e
econômicas. O envolvimento direto ou indireto do presidente argentino com um
golpe financeiro que afetou milhares de investidores pode aprofundar a
instabilidade de sua gestão, enquanto novas investigações e denúncias continuam
surgindo.
¨ Governo
argentino diz que especulações de propina são "insultantes" após
Milei promover criptomoeda
O
porta-voz da Presidência da Argentina, Manuel Adorni, disse nesta terça-feira
que era "insultante" especular que propinas estariam envolvidas no
caso do presidente libertário Javier Milei, que promoveu uma criptomoeda que
caiu rapidamente.
Milei
recomendou a criptomoeda pouco conhecida $LIBRA na sexta-feira em uma
publicação no X, mas depois excluiu a publicação e negou ter qualquer vínculo
com a criptomoeda.
"Entendemos
que não houve nenhuma atitude que contrariasse a ética pública", disse
Adorni em uma coletiva de imprensa, afirmando que não havia planos de demitir
nenhum funcionário por irregularidades.
Um
juiz federal está investigando o envolvimento de Milei no que a câmara de
finanças disse que pode ter sido um golpe de "rug pull" (puxada de
tapete).
Um
"rug pull" é um golpe no qual os patrocinadores de uma moeda atraem
vários investidores, fazendo com que o valor da criptomoeda aumente, e depois
retiram rapidamente seus fundos, deixando os investidores com tokens sem valor.
O
escândalo atingiu o setor financeiro da Argentina, fazendo com que o índice de
risco, acompanhado de perto, caísse 27 unidades, para 701 pontos-base, e
fazendo com que o principal índice acionário S&P Merval caísse na
segunda-feira, embora tenha se recuperado nesta terça-feira, sendo negociado
com alta de mais de 6%.
Enquanto
isso, a dívida soberana no mercado de balcão enfraqueceu cerca de 0,5% em
média.
"O
escândalo da $LIBRA abalou o mundo e criou muito burburinho", disse o
analista financeiro Miguel Boggiano.
Na
segunda-feira, o ministro da Economia, Luis Caputo, disse à mídia local que não
houve "nenhuma fraude, nenhum crime, nenhuma corrupção" e descartou
que o escândalo afetasse as negociações com o FMI, que, segundo ele, estavam
"no caminho certo".
Milei
deve viajar para Washington na quarta-feira e se reunir com a diretora do FMI,
Kristalina Georgieva, na quinta-feira.
¨ Cristina
Kirchner diz que Milei é golpista com criptomoedas e com entrevistas
O
escândalo político e financeiro envolvendo o presidente de extrema direita da
Argentina, Javier Milei, por promover a criptomoeda $LIBRA em suas redes
sociais, ganhou novos desdobramentos. A ex-presidente Cristina Kirchner fez duras
críticas ao mandatário, acusando-o de estelionato tanto no mercado de
criptomoedas quanto em entrevistas midiáticas.
Na
sexta-feira (16), Milei publicou no X, antigo Twitter, que a moeda digital
ajudaria a financiar pequenas empresas e startups, incentivando seus seguidores
a comprá-la. A divulgação fez com que o preço do ativo disparasse. No entanto,
poucas horas depois, o presidente apagou a postagem, o que provocou uma queda
brusca no valor da criptomoeda, levando a prejuízos significativos para investidores.
A
oposição reagiu rapidamente ao episódio. Cristina Kirchner chamou Milei de
"golpista de criptomoedas" em uma postagem que viralizou, alcançando
mais de 6,4 milhões de visualizações. No texto, a ex-presidente ironizou o
chefe do Executivo e criticou sua tentativa de manipulação da opinião pública.
"Ai, Milei! 'Economista especialista em crescimento com ou sem
dinheiro'... Você está desmoronando", escreveu Cristina, questionando sua
relação com o criptoempresário Hyden Davis e acusando Milei de transformar sua
gestão em um "cassino".
Além
disso, Cristina denunciou que a entrevista de Milei à emissora TN foi
manipulada para proteger sua imagem. "Montaram uma entrevista para limpar
sua imagem, trouxeram um 'jornalista' amigo, prepararam as perguntas e ainda
editaram a entrevista porque o que você disse 'poderia te causar um problema
judicial'. Isso nunca foi visto antes!", escreveu. A ex-presidente ainda
insinuou que o presidente teme que Davis revele mais detalhes do escândalo,
comprometendo tanto ele quanto sua irmã, Karina Milei.
A
principal coalizão opositora classificou o caso como um "escândalo sem
precedentes" e prometeu protocolar um pedido formal de impeachment.
Esteban Paulón, do Partido Socialista, também declarou que solicitará a
abertura do processo contra o presidente.
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Milei pode responder por fraude
Além
das repercussões políticas, juristas entraram com ações judiciais contra Milei,
acusando-o de fraude. Jonatan Baldiviezo, um dos autores da ação, afirmou à
Associated Press que "o crime de fraude foi cometido, no qual as ações do
presidente foram essenciais".
Nas
redes sociais, Milei também foi acusado de praticar um "rug pull", um
golpe comum no mercado de criptomoedas, no qual os criadores promovem um ativo
para atrair investidores e depois abandonam o projeto, deixando os compradores
com perdas. Os internautas apontaram que o link compartilhado pelo presidente
fazia referência a uma frase que ele costuma usar em seus discursos.
O
gabinete presidencial reagiu às críticas no sábado (17), justificando que a
remoção da postagem foi uma medida para evitar "especulações" diante
da repercussão negativa. O governo afirmou ainda que Milei não esteve envolvido
na criação da criptomoeda e que o Escritório Anticorrupção irá apurar se houve
irregularidades, incluindo a conduta do próprio presidente.
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Entrevista interrompida gera polêmica
No
sábado (17), Milei concedeu uma entrevista à emissora TN tentando minimizar o
escândalo envolvendo a fraude com a criptomoeda $Libra. O presidente alegou que
seu objetivo era apenas ajudar um empreendimento privado e que "saiu
mal". Durante a entrevista, responsabilizou os investidores pela decisão
de participar da iniciativa e admitiu que não tem conhecimento sobre o setor.
"Isso foi um tapa na cara", reconheceu.
No
entanto, um trecho vazado da entrevista chamou atenção. Em determinado momento,
Milei foi interrompido por um de seus assessores, que solicitou que a
entrevista fosse pausada imediatamente. O vídeo mostra ainda o jornalista Jony
Viale visivelmente perdido, sem saber como guiar o roteiro após a brusca
interrupção.
Cristina
Kirchner e outros líderes da oposição acusam Milei de manipular a mídia para
esconder sua responsabilidade no caso. "Milei, você não é só um
estelionatário das criptomoedas. Você também é um estelionatário nas
entrevistas", disparou a ex-presidente.
O
escândalo aumenta a pressão sobre o governo Milei, que enfrenta um momento de
instabilidade política e econômica.
Fonte: Brasil 247
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