quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

3 chaves para entender o escândalo de criptomoeda envolvendo Javier Milei

Às 19h01 da última sexta-feira (14/2), o presidente da Argentina, Javier Milei, fez uma publicação em sua conta pessoal no X promovendo o lançamento de uma nova criptomoeda chamada $LIBRA. "A Argentina liberal está crescendo!!! Este projeto privado será dedicado a incentivar o crescimento da economia argentina, financiando pequenos negócios e empreendimentos argentinos. O mundo quer investir na Argentina. $LIBRA", publicou o economista libertário, que sempre foi um entusiasta da "tokenização" da economia.

A postagem de Milei incluía um link para o empreendimento, denominado "projeto Viva la Libertad", uma clara referência ao slogan do presidente, que encerra todos os seus discursos dizendo: "Viva La Libertad Carajo", ou "VLLC". Após esse endosso, a capitalização de mercado da nova criptomoeda subiu para mais de US$ 4 bilhões, impulsionada por cerca de 40 mil compradores, segundo especialistas. No entanto, em poucas horas o valor da $LIBRA despencou. Isso aconteceu depois que um pequeno grupo de carteiras digitais retirou quase US$ 90 milhões.

Depois da meia-noite na Argentina, Milei deletou sua postagem e postou uma nova mensagem no X, que dizia: "Há algumas horas publiquei um tweet, como tantas outras inúmeras vezes, apoiando um suposto empreendimento privado com o qual obviamente não tenho ligação. Não conhecia os detalhes do projeto e após me inteirar decidi não continuar divulgando (por isso apaguei o tweet)". No entanto, a sua explicação não impediu que eclodisse um enorme escândalo político, cujas dimensões só foram conhecidas nesta segunda-feira, após a retomada das atividades do mercado.

<<<< As três principais chaves por trás do que alguns chamam de "criptogate".

<><> 1. Os envolvidos (e sua relação com o presidente)

Um dos principais impulsionadores do lançamento da $LIBRA é o empresário americano Hayden Mark Davis, da Kelsen Ventures. No domingo (16/2), Davis postou em suas redes sociais um comunicado e um vídeo no qual afirma ser assessor do presidente e que está "trabalhando com ele e sua equipe" em projetos de tokenização de ativos na Argentina. No dia 30 de janeiro, o especialista americano se reuniu com Milei com o objetivo de "acelerar o desenvolvimento tecnológico argentino e fazer da Argentina uma potência tecnológica global", segundo o próprio presidente publicou no X após o encontro.

Davis garantiu que o "principal patrocinador" da $LIBRA é Julian Peh, um empresário de tecnologia de Singapura, fundador da KIP Network, que também se encontrou com Milei em outubro, e que culpou a Kelsen Ventures pelo fracasso da nova criptografia. Em relação à $LIBRA, Davis observou que "o lançamento definitivamente não saiu como planejado". Mas negou uma das principais acusações que surgiram sobre o token: que se tratava simplesmente de uma fraude por meio de uma manobra conhecida em inglês como rug pull, algo como "puxada de tapete".

Na indústria da criptomoeda, é uma manobra que acontece quando os desenvolvedores de um projeto fogem com os fundos dos investidores, levando a uma queda brusca no valor de mercado da criptomoeda em questão. Davis garantiu que dará "liquidez" novamente à $LIBRA, reinvestindo cerca de 100 milhões de dólares em fundos, incluindo o dinheiro obtido através das taxas cobradas, e apelou a todas as plataformas criptográficas que ofereceram o token para fazerem o mesmo. Sobre o colapso repentino do criptoativo, ele culpou o presidente por ter retirado seu apoio ao projeto, anulando sua credibilidade. "Seus associados conseguiram o apoio público no lançamento e me garantiram que seu apoio contínuo estava garantido", disse ele. Esses "associados" que mencionou seriam Mauricio Novelli e Manuel Terrones Godoy, dois comerciantes com quem Milei trabalhou no passado, antes de ingressar na política.

<><> 2. O impacto político e jurídico

Assim que o escândalo explodiu, setores da oposição entraram com ações judiciais contra o presidente e pedidos de impeachment por sua suposta participação em uma "mega fraude". Segundo a denúncia criminal, que nesta segunda-feira coube à juíza federal María Romilda Servini, Milei teria formado uma "associação ilícita" que fraudou "mais de 40 mil pessoas com prejuízos superiores a 4 bilhões de dólares".

Servini, de 88 anos, lidera aquele que muitos consideram o tribunal mais poderoso dos Tribunais, já que além de matéria penal é também o único com competência em matéria eleitoral. A juíza vai consolidar a ação original juto com outras movidas no fim de semana contra o presidente pelos supostos crimes de fraude, negociação incompatível com cargo público e violação da lei de Ética Pública. Enquanto isso, a coalizão Peronista-Kirchernista União pela Pátria e pelo Socialismo anunciou que avançará com um pedido de impeachment no Congresso. A medida, que primeiro deve ser analisada em comissão, exigirá a aprovação de dois terços dos votos da Câmara dos Deputados para avançar.

Outro setor da oposição informou que solicitará a criação de uma comissão especial de investigação, para a qual é necessária maioria simples. "O presidente foi um participante necessário numa fraude de um milhão de dólares", declarou Itai Hagman, deputado do União pela Pátria, à rádio AM750. "É necessária uma investigação minuciosa para saber o que foi feito com esse dinheiro, quem se beneficiou, se esse dinheiro tem a ver com a campanha eleitoral de A Liberdade Avança", disse ele, se referindo ao partido de Milei.

Por sua vez, o governo, que negou oficialmente qualquer ligação com a $LIBRA, tomou duas medidas em resposta ao escândalo. Por um lado, deu "intervenção imediata ao Gabinete Anticorrupção (OA) para determinar se houve conduta imprópria por parte de algum membro do Governo Nacional, incluindo o próprio presidente", conforme comunicado do relato do Gabinete do Presidente em X. Já Milei anunciou a criação do que eles chamam de Unidade Tarefa de Investigação (UTI), que funcionará sob a órbita da Presidência da Nação (liderada por Karina Milei, irmã e braço direito do presidente) e terá a função de analisar o caso. A investigação será formada por representantes de organizações ligadas a criptoativos, atividades financeiras e lavagem de dinheiro.

<><> 3. Links criptográficos com Milei

Como já mencionado, Javier Milei apoia há muito tempo as novas moedas digitais.

Mas ele não é o único presidente a apoiar esse universo. Em 2021, El Salvador tornou-se o primeiro país do mundo a aceitar o bitcoin – a criptomoeda original – como moeda legal, seguindo uma lei promovida pelo presidente Nayib Bukele, que muitos consideram semelhante ao líder da direita argentina. Porém, o criptoativo deixou de ser moeda oficial em janeiro deste ano, em meio às negociações entre o país e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que estabeleceu como uma das condições para a concessão de um empréstimo à nação centro-americana "mitigando os riscos do bitcoin".

Donald Trump, outro presidente próximo de Milei, também é um defensor dos criptoativos, a ponto de lançar sua própria moeda meme, $TRUMP, em 17 de janeiro, três dias antes de assumir a presidência dos Estados Unidos pela segunda vez. O lançamento gerou um escândalo, já que – como acontece agora com a $LIBRA – o token subiu de preço por um tempo e depois entrou em colapso, segundo o The New York Times.

Esta não é a primeira vez que Milei promove um ativo criptográfico, e não é a primeira vez que esse token acaba envolvido em um escândalo.

Em fevereiro de 2022, o então deputado nacional elogiou em suas redes o ativo digital da empresa de videogames Vulcano, outro empreendimento de Mauricio Novelli (hoje associado à $LIBRA). "O projeto de jogos NFT do jogo Vulcano é muito interessante. Um diagrama econômico sustentável ao longo do tempo, ao contrário da grande maioria", expressou Milei. Semanas depois de sua mensagem, $VULC perdeu todo o valor. Nesse mesmo ano, o economista libertário reconheceu em entrevista à Radio Con Vos que havia sido pago para promover a CoinX, plataforma de investimentos que acabaria sendo denunciada como um possível golpe de pirâmide. "Tive o prazer de visitar os escritórios da CoinX World e sua equipe. Eles estão revolucionando a forma de investimento para ajudar os argentinos a escapar da inflação. A partir de agora você pode simular seu investimento em pesos, dólares ou criptomoedas e obter lucro. Escreva para a CoinX World em meu nome para receber conselhos sobre o que há de melhor", escreveu o então legislador em uma postagem no Instagram. Questionado sobre sua responsabilidade com as pessoas que se sentiram enganadas, Milei disse que não se tratava de uma farsa e que era apenas "uma opinião". "O negócio estava bem montado", garantiu ao jornalista Ernesto Tenembaum, afirmando que neste tipo de negócio o lucro nunca é garantido.

¨      A resposta de Milei a escândalo de criptomoedas: 'Se você vai ao cassino e perde dinheiro, qual a reclamação?'

O presidente da Argentina, Javier Milei, disse na segunda-feira (17/2) que não tem responsabilidade por um suposto golpe envolvendo uma criptomoeda que ele promoveu. O presidente promoveu na rede social X na sexta-feira (14/2) um novo criptoativo chamado $LIBRA, que ele descreveu como uma ferramenta para financiar pequenas empresas argentinas. O valor disparou, mas horas depois alguns dos que detinham a grande maioria dessas moedas embolsaram o dinheiro — cerca de US$ 90 milhões — e seu valor despencou. O presidente então apagou o tuíte inicial e postou um novo no qual afirmava que "não estava ciente dos detalhes do projeto".

Milei disse na segunda-feira que aqueles que investem nesse tipo de investimento "são traders de volatilidade". "Se você vai ao cassino e perde dinheiro, qual é a reclamação se você sabe que o cassino tem essas características?", disse ele em entrevista ao canal local TN. "Aqueles que participaram o fizeram voluntariamente. É um problema entre particulares, porque o Estado não tem nenhum papel aqui", disse presidente argentino. Ele também se distanciou dizendo: "Eu não promovi, eu espalhei. Não é a mesma coisa. Achei que era uma ferramenta interessante para ajudar pessoas que, de outra forma, não teriam acesso" ao crédito, disse ele.

O presidente, que já havia reconhecido ter recebido dinheiro por recomendar um negócio de criptomoedas no passado, negou ter recebido qualquer dinheiro pela publicação da postagem na sua conta de X. "Por tentar dar uma mão para esses argentinos, tomei um tapa", ele continuou.

O valor de mercado da $LIBRA disparou para mais de US$ 4 bilhões nos minutos seguintes ao tuíte inicial do presidente, impulsionado por cerca de 44 mil compradores, de acordo com especialistas. Mas Milei negou esses números. Segundo ele, "havia muitos bots" e "há no máximo 5 mil pessoas" — a maioria americanos e chineses. "O Estado perdeu dinheiro? Nada. Os argentinos perderam dinheiro? Tenho sérias dúvidas, não acredito que sejam mais de cinco argentinos", disse Milei.

<><> Milei e a $LIBRA

Questionado se havia cometido algum erro, Milei disse "ex ante não", ou seja, antes de acontecer, não, mas que mudará sua forma de agir no cargo. "Tenho que levantar os filtros, não deveria ser tão fácil chegar até mim", disse ele.

Segundo o presidente argentino, ele conheceu o empresário americano Hayden Mark Davis — um dos principais impulsionadores do lançamento da $LIBRA — em outubro do ano passado, no evento Tech Forum, realizado em Buenos Aires. O simpósio é organizado por Mauricio Novelli, empresário argentino e dono da academia de negociação de ações N&W Professional Traders, que Milei disse conhecer há muito tempo porque fora contratado por eles para dar um curso. Ele se encontrou com Davis na Casa Rosada em 30 de janeiro com o objetivo de "acelerar o desenvolvimento tecnológico argentino e fazer da Argentina uma potência tecnológica global", segundo o próprio presidente em uma postagem publicada após a reunião.

Davis afirmou que o "principal patrocinador" do $LIBRA é Julian Peh, um empreendedor de tecnologia de Singapura e fundador do KIP Protocol, que também se encontrou com Milei em outubro. Davis culpou Milei por retirar seu apoio ao projeto, minando assim sua credibilidade. "Seus parceiros obtiveram seu apoio público no lançamento e me garantiram que seu apoio contínuo estava garantido", disse ele. Esses "parceiros" que ele mencionou são Novelli e Manuel Terrones Godoy, cocriador do Tech Forum.

Questionado na entrevista sobre o motivo de ter postado seu tuíte apenas três minutos após o lançamento da criptomoeda, Milei argumentou que foi por causa de seu "fanatismo pela questão tecnológica". "Sou um tecno-otimista e, conhecendo os limites que o mercado de crédito tem para as pessoas que estão no setor informal, para as pessoas que lavam [dinheiro ilegal] o mínimo necessário, que não conseguem construir uma carteira de crédito e, dadas as restrições da Argentina por não ter um mercado de capitais, alguém que venha até mim e proponha criar um instrumento para financiar projetos argentinos, me parece interessante", disse ele. "Não sou especialista, o próprio Davis diz que não entendo nada de criptomoedas", disse Milei.

O presidente argentino disse que ordenou a criação de uma "Força-Tarefa Investigativa na órbita da Presidência da Nação" que investigará os fatos e os envolvidos, incluindo ele mesmo. Ele também se referiu às acusações de fraude feitas nas últimas horas por vários políticos da oposição. "Se há fraude, que a Justiça prove", disse ele.

¨      Criador da criptomoeda usada em esquema, diz que ‘esperou instruções’ de Milei

O empresário norte-americano Hayden Davis, criador da criptomoeda $LIBRA e dono da empresa Kelsen Ventures – à qual a divisa virtual está vinculada –, afirmou em uma entrevista neste domingo (16/02) que conversou com o presidente da Argentina, Javier Milei e com assessores do seu governo, e que foi orientado a “esperar instruções” quando ocorreu o suposto caso de estelionato que teria afetado mais de 40 mil pessoas, no qual ambos poderiam estar envolvidos.

A declaração de Davis aconteceu em transmissão ao vivo do canal de YouTube Coffeezilla, do influencer Stephen Findeisen. Na conversa, o empresário disse que Milei “entrou em pânico” quando percebeu que o caso passou a receber repercussão negativa nas redes sociais, e que desde então diz estar sofrendo com medo de ser assassinado. “Temo pela minha vida”, afirmou, sem dizer abertamente quem ele crê que poderia matá-lo, mas dando a entender que seriam pessoas ligadas ao presidente argentino.

<><> Cripto estelionato

O caso em questão ocorreu na última sexta-feira (14/02), quando o mandatário de extrema direita publicou uma mensagem em seus perfis do Instagram e X para promover um suposto projeto privado de financiamento de startups argentinas por meio da compra da recém-criada criptomoeda $LIBRA. Milei fixou suas postagens em ambas as plataformas, onde tem mais de 6 milhões de seguidores. O texto incluía a hashtag #VivaLaLibertadProyect, baseada em seu famoso slogan “Viva la libertad, carajo”.

Segundo o jornal argentino Página/12, as mensagens foram rapidamente amplificadas por militantes do partido governista A Liberdade Avança e por seus assessores. Essa disseminação da mensagem gerou uma alta vertiginosa no valor da $LIBRA, porém, minutos depois, a criptomoeda despencou para quase zero. Especialistas no mercado de moedas virtuais relataram que o fenômeno foi resultado de um movimento de algumas carteiras virtuais que já possuíam uma grande quantidade de moedas #LIBRA, adquiridas anteriormente a um preço irrisório, e que aproveitaram para vender todas as suas moedas quando o valor disparou. Segundo estimativas, o golpe afetou mais de 44 mil pessoas, não só na Argentina, mas também em outros países. As carteiras virtuais que movimentaram o esquema teriam obtido um lucro entre 70 e 100 milhões de dólares em poucas horas.

<><> Processos e impeachment

Desde então, os tribunais da Argentinos já registraram quatro processos movidos por diferentes grupos de pessoas que afirmam ter sido enganadas pelo esquema. Todas essas ações judiciais apontam as empresas Kip Network e Kelsen Ventures (de Hayden Davis) como as principais operadoras do esquema de estelionato, mas indicam que o presidente deve ser investigado como possível cúmplice, mas e também com o empresário norte-americano Hayden Davis, dono da Kelsen Ventures, companhia responsável pela criptomoeda $LIBRA.

Nesta segunda-feira (17/02), a Justiça Federal argentina sorteou a magistrada María Servini como responsável por comandar as investigações do caso. A juíza tem 86 anos e é conhecida no país por diversos causas judiciais históricas, entre elas o das denúncias contra o Estado argentino durante o escândalo do corralito, em 2001 – caso que envolveu o ex-presidente Fernando de la Rúa (1999-2001), último mandatário do país que não conseguiu terminar seu mandato. No domingo (16/02), Milei também foi alvo de um pedido de impeachment apresentado pela coalizão peronista União Pela Pátria, principal força opositora ao seu governo.

¨      A fraude das criptomoedas que abala o governo Milei

O presidente da Argentina, Javier Milei, publicou na última sexta-feira (14) um post no X (antigo Twitter) com o projeto “Viva La Libertad Project” para financiar pequenas empresas, baseado na criptomoeda $LIBRA. Desde então, uma crise de instalou no país, que pode resultar no impeachment do presidente de extrema-direita.  Neste domingo (16), integrantes da oposição ameaçaram pedir a destituição de Milei do cargo. Isso porque o anúncio fez o valor da moeda digital disparar, mas horas depois ele voltou atrás, diante do colapso da criptomoeda. Logo após o anúncio, o valor da moeda chegou a US$ 4.978 (cerca de R$ 28.512), mas despencou logo em seguida.  No entanto, valor da criptomoeda caiu em pouco menos de uma hora, quando um grupo de investidores originais retirou cerca de US$ 87 milhões, de acordo com os registros que aparecem no blockchain. “Eu não estava ciente dos detalhes do projeto e, depois que tomei conhecimento, decidi não continuar difundindo-o”, justificou o presidente argentino. 

Ainda assim, ele deve ser investigado pelos parlamentares, tendo em vista que economistas e especialistas em criptomoedas indicaram que o ativo digital poderia ser fraudulento. Segundo a revista de mercados de capitais “The Kobeissi Letter”, 80% do ativo da $LIBRA se concentra em três executivos. “O Presidente da Nação acaba de lançar publicamente uma fraude global (grosseira e óbvia). E nada vai acontecer”, afirmou Javier Smaldone, especialista em informática e influenciador digital que denuncia esquemas de pirâmides.

<><> Reincidente

Esta é a segunda vez que Milei promove uma fraude. Em 2021, quando ainda era deputado, ele divulgou a CoinX, que prometia ganhos de 5% ao mês em dólares. Atualmente, a plataforma é investigada por fraude. 

Enquanto o senador líder da oposição Martín Lousteau chamou a atenção para a reincidência de Milei, o deputado Maximiliano Ferraro descreveu o episódio como “foi uma manobra especulativa que poderia ser alavancada no poder político do Presidente e no uso de informações privilegiadas”. Ele então sugeriu a criação de uma comissão para investigar os fatos e determinar responsabilidades.  Para tentar se livrar de punições, que podem evoluir para um impeachment, o governo argentino passou a denunciar a empresa, acusando-a de estafa, e exigir que ela encontre uma forma de reparar danos causados pela rápida perda de valor. 

Isso porque, sem o apoio de Javier Milei, uma nova criptomoeda não teria chances de potencializar seu valor em pouco tempo, valorização tão rápida quanto a queda de valor. Assim, enquanto os ganhos foram exorbitantes para quem está por trás da moeda, a maioria dos investidores acumulou perdas. 

<><> Envolvimento de Milei

Após a divulgação, veio à tona que Milei recebeu empresários que o convenceram de promover a $LIBRA em setembro ou outubro de 2024. No entanto, o presidente argentino teria sido traído por Mauricio Novelli, suposto trader profissional e influenciador digital que promete ganhos rápidos.  Longo conhecido dos irmãos de Milei, o trader patrocinou campanhas do extremista nas redes sociais entre 2021 e 2023 e realizou eventos para catapultar a popularidade e credibilidade do líder argentino. 

De acordo com especialistas em moedas digitais, é quase impossível identificar as pessoas que perderam com a manobra financeira da Protocolo Kip, empresa acusada pelo governo de ser a responsável pelo escândalo, a fim de ressarci-las. Em sua defesa, a Protocolo Kip informa que projetou o servidor para a operação da $LIBRA, mas nega as acusações sobre a responsabilidade de ter criado uma estafa que resultou na valorização e desvalorização da moeda digital.

<<> Quem são os envolvidos

Além de Milei e Novelli, devem responder pela crise Julian Peh, CEO da KIP Network INC, que participou de um encontro para indicar como a tecnologia da Inteligência Artificial descentralizada da empresa poderia respaldar a Argentina e monitorar empresários que contam com crédito além do sistema bancário. Milei recebeu ainda, em janeiro, Hayden Mark Davis na Casa Rosada, para falar sobre as aplicações do blockchain e inteligência artificial no país. “Seguimos trabalhando para acelerar o desenvolvimento tecnológico argentino e fazer da Argentina uma potência tecnológica mundial”, afirmou o presidente na época.

 

Fonte: BBC News Mundo/Opera Mundi/Jornal GGN

 

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