quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Aquiles Veras: Bolsonaro acordou mais perto da prisão

A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa representa um marco histórico na defesa da democracia brasileira. Repleta de provas, a acusação detalha uma complexa organização criminosa que, entre 2021 e 2023, atuou para deslegitimar o sistema eleitoral, disseminar desinformação e preparar o terreno para um golpe de Estado, visando manter Bolsonaro no poder ou facilitar seu retorno pela força, em flagrante afronta à vontade popular expressa nas urnas.

Os detalhes da denúncia são estarrecedores. O documento de 272 páginas revela um plano coordenado para desacreditar o sistema de votação eletrônica, atacar ministros do STF e do TSE, e pressionar as Forças Armadas a apoiarem uma ruptura institucional. O documento espões como a organização criminosa utilizou narrativas falsas sobre fraudes eleitorais, alimentando a insatisfação popular e promovendo um clima de instabilidade política que culminou nos atos violentos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos três Poderes foram atacadas em Brasília.

O que torna essa denúncia especialmente contundente é a abundância de provas apresentadas. São manuscritos, mensagens digitais, vídeos e testemunhos que não apenas confirmam a existência da trama golpista, mas também detalham sua execução meticulosa. A descoberta de minutas de decretos para prender ministros do STF, bem como a articulação para descumprir decisões judiciais, reforçam a gravidade das acusações. O PGR Paulo Gonet destaca que Bolsonaro tinha até discurso pós-golpe pronto, encontrado na sede do Partido Liberal, na sala do próprio ex-presidente e também no celular de Mauro Cid, ex-braço-direito de Bolsonaro. Não menos grave, a denúncia detalha o plano denominado “Punhal Verde”, que sugere que a organização estava disposta a usar a força para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, inclusive cogitando eliminar fisicamente lideranças opositoras.

A denúncia da Procuradoria-Geral da República aponta que 24 militares de alta patente participaram da organização criminosa. Entre os principais nomes citados estão Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, Almir Garnier Santos, Augusto Heleno Ribeiro Pereira e Walter Souza Braga Netto. A acusação menciona reuniões no Ministério da Defesa para discutir a implementação de um decreto golpista, com pressão sobre as Forças Armadas para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Ou seja, a cúpula militar novamente envolvida em tentativa de abolição da democracia.

O processamento e a eventual punição desses militares são essenciais para reafirmar o princípio de que as Forças Armadas devem respeitar a ordem democrática e o Estado de Direito. No Brasil, é fundamental que a Justiça civil seja firme na responsabilização de militares envolvidos em tentativas de ruptura institucional, evitando precedentes perigosos de impunidade. Ao julgar essas lideranças, o país não apenas preserva sua democracia, mas também envia uma mensagem clara de que nenhuma patente militar está acima da Constituição.

Diante da robustez das provas e da gravidade dos crimes imputados — que incluem atentados contra o Estado Democrático de Direito, incitação à violência e conspiração para um golpe de Estado —, as chances de absolvição de Bolsonaro parecem extremamente reduzidas. Diferente de outros processos em que as acusações podem ser interpretadas de forma mais branda, neste caso, a linha narrativa é clara e devastadora: trata-se de uma tentativa deliberada de subverter a ordem democrática.

A gravidade dos atos denunciados também exige uma resposta firme das instituições brasileiras. Caso o STF decida pela condenação, Bolsonaro não só enfrentará a perda de direitos políticos como também poderá ser preso, uma vez que os crimes mencionados envolvem o uso de violência e grave ameaça ao funcionamento dos Poderes da República. É um cenário sem precedentes na história recente do Brasil e que coloca à prova a capacidade do país de aplicar a lei de forma imparcial, independentemente de posições políticas.

A denúncia da PGR não apenas expõe uma trama golpista de proporções alarmantes, mas também representa um teste decisivo para a democracia brasileira. Ao julgar este caso, o STF não estará apenas decidindo o futuro político de Bolsonaro, mas também reafirmando o compromisso do Brasil com o Estado de Direito e a democracia.

¨      Denúncia da PGR contra Bolsonaro é destaque na imprensa internacional

A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas, incluindo o general Braga Netto e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, por tentativa de golpe de Estado em 2022, tem ampla repercussão na imprensa internacional nesta quarta-feira (19).

O ex-presidente de extrema direita é acusado de cinco crimes: organização criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Logo abaixo das manchetes da manhã sobre as últimas medidas e declarações do presidente americano, Donald Trump, o site do jornal The New York Times exibe uma foto de Bolsonaro de perfil, com ar preocupado, acompanhada do título: "Brasil acusa Bolsonaro de tentativa de golpe". O ex-presidente comandou um vasto esquema para se manter no poder depois de perder a eleição de 2022, ressalta o NYT.

A denúncia está agora nas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF), que deve decidir se o ex-presidente brasileiro e os demais suspeitos se tornam réus.

Na Europa, o jornal britânico The Guardian diz que a notícia da denúncia apresentada pelo procurador-geral Paulo Gonet "foi bem recebida por políticos da oposição e brasileiros progressistas que desprezam o ex-presidente por sua gestão anticientífica da pandemia de Covid, sua hostilidade às minorias, comunidades indígenas e ao meio ambiente, e seus ataques implacáveis ao sistema democrático do Brasil".

<><> Resultado de dois anos de investigações

O diário francês Le Monde explica que as acusações foram baseadas no relatório do inquérito da Polícia Federal, que mostrou que Bolsonaro "planejou (...) e participou diretamente" do projeto de golpe. O plano só não foi para a frente, ressalta a matéria, por falta de apoio da alta cúpula do Exército brasileiro, segundo o relatório de mais de 800 páginas apresentando evidências coletadas durante dois anos de investigações.

Na Espanha, o jornal El País diz que apesar de negar as acusações e se considerar "vítima de perseguição política", Bolsonaro pode pegar até 43 anos de prisão, se vier a ser condenado. "Em novembro passado, a polícia solicitou que o ex-presidente de extrema direita fosse denunciado. O procurador-geral da República agora alega que Bolsonaro liderou 'uma organização criminosa baseada em um projeto autoritário de poder'”.

Em Portugal, o jornal Público diz que as acusações representam um novo golpe para Bolsonaro e complicam ainda mais as suas já escassas esperanças de um possível regresso à presidência do Brasil. A matéria salienta que o ex-presidente se declarou "indignado e estarrecido" com a decisão da PGR e seus advogados alegaram nas redes sociais que ele "jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam".

¨      "Importante para distinguir condutas individuais", diz Defesa sobre denúncia contra Bolsonaro e militares por tentativa de golpe

A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, ex-ministros e 23 militares por tentativa de golpe de Estado foi classificada pelo Ministério da Defesa como "importante para distinguir as condutas individuais e a das Forças Armadas".

"A avaliação do ministro José Múcio Monteiro é de que a apresentação da denúncia é mais um passo para se buscar a responsabilização correta, livrando as instituições militares de suspeições equivocadas", declarou a pasta em nota divulgada à imprensa nesta quarta-feira (19), de acordo com O Globo.

Na terça-feira (18), a PGR denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) Bolsonaro, o ex-ministro Braga Netto e mais 32 pessoas por participação em uma trama golpista para mantê-lo no poder após sua derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. A acusação foi apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, e será analisada pela Primeira Turma da Corte após liberação do relator, ministro Alexandre de Moraes.

O ministro da Defesa, José Múcio, foi o responsável por avisar Lula sobre a denúncia da PGR contra Bolsonaro. A informação, de acordo com a reportagem, foi repassada durante um jantar no Itamaraty, oferecido ao presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.

Segundo a denúncia, Bolsonaro teria cometido os crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição do estado democrático de direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. A PGR afirma que o ex-mandatário "liderou" a organização criminosa que tentou executar o golpe.

¨      STF planeja julgar Bolsonaro em 2025 para evitar impacto nas eleições de 2026

O Supremo Tribunal Federal (STF) pretende julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados no primeiro semestre de 2025, buscando evitar que os processos interfiram nas eleições presidenciais de 2026. A informação foi divulgada pela Folha de S.Paulo.

Fontes internas do STF, que preferiram não se identificar, destacam a importância de concluir os julgamentos em 2025 para impedir que as discussões se estendam até o período eleitoral seguinte. A intenção é fornecer uma resposta definitiva antes do pleito de 2026 e garantir que eventuais penas sejam aplicadas antes do início do processo eleitoral.

A Polícia Federal encerrou recentemente as investigações sobre os planos golpistas supostamente elaborados por Bolsonaro e seus aliados para reverter o resultado das eleições presidenciais de 2022. O relatório final foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF. Caberá agora ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, decidir, dentro de um prazo de 15 dias, se apresentará denúncia formal contra os envolvidos.

Caso a denúncia seja aceita, o julgamento deverá ocorrer na Primeira Turma do STF, composta por cinco ministros. Analistas apontam que, com exceção de Luiz Fux, cuja posição é considerada incerta, os demais integrantes do colegiado tendem a votar pela condenação de Bolsonaro. A defesa do ex-presidente, por sua vez, deve solicitar que o caso seja levado ao plenário completo da Corte, mas essa decisão caberá ao ministro Alexandre de Moraes.

A conclusão célere desse processo é vista como essencial para evitar que as discussões sobre as investigações se prolonguem e interfiram no cenário político e eleitoral do país. Além disso, busca-se assegurar que qualquer sanção aplicada seja efetivada antes do início das campanhas eleitorais de 2026, garantindo a lisura e a estabilidade do processo democrático brasileiro.

¨      Ministros do STF divergem de Moraes e querem levar julgamento de Bolsonaro ao plenário da Corte

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) estão inconformados com a decisão do ministro Alexandre de Moraes de encaminhar o julgamento de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado à Primeira Turma da Corte. Para eles, o caso tem grande relevância e deveria ser analisado pelo plenário, com participação de todos os 11 ministros.“Não dá para julgar um ex-presidente desta forma”, afirmou um dos magistrados à coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo

A principal argumentação contrária à decisão de Moraes é que os réus do 8 de janeiro foram julgados pelo colegiado completo, e o mesmo critério deveria ser aplicado a Bolsonaro. A Primeira Turma é composta por cinco ministros: além de Moraes, fazem parte Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux. A previsão é de que todos votem pela condenação do ex-mandatário, garantindo uma decisão unânime.

Entre magistrados que não integram a Turma, a leitura é de que Moraes busca justamente evitar debates e divergências no plenário. Se o caso fosse julgado por todos os ministros, a condenação de Bolsonaro dificilmente seria evitada, mas não haveria unanimidade, expondo Moraes a possíveis contestações públicas.

Dois dos 11 ministros foram indicados por Bolsonaro: André Mendonça e Kassio Nunes Marques, ambos conhecidos por divergirem das posições do relator em casos semelhantes.

A diferença entre julgamento no plenário e na Primeira Turma ficou evidente no caso do primeiro réu do 8 de janeiro julgado, Aécio Lúcio Costa Pereira, condenado a 17 anos de prisão. Moraes propôs a pena máxima, enquanto Nunes Marques votou por uma pena de apenas 2 anos e seis meses, e Mendonça defendeu 7 anos e um mês. Houve ainda divergências de ministros como Luís Roberto Barroso, que fixou a pena em 11 anos e seis meses.

A sessão foi marcada por debates acalorados, incluindo um bate-boca entre Moraes e Mendonça sobre a tipificação dos crimes.

Ainda segundo a reoirtagem, a assessoria do STF informou que o regimento da Corte foi alterado no fim de 2023, determinando que processos penais sejam julgados pelas Turmas do Supremo, exceto em casos envolvendo presidentes da República, da Câmara ou do Senado no exercício do cargo. Por essa razão, os réus do 8 de janeiro foram julgados antes pelo plenário, e Bolsonaro será avaliado pela Turma.

Contudo, a regra não torna obrigatório que o caso do ex-presidente siga esse caminho. Moraes tem autonomia para decidir, e os ministros da Primeira Turma ainda podem levar o caso ao plenário caso considerem necessário. Os advogados de Bolsonaro já preparam recurso para questionar a decisão e exigir que o julgamento ocorra com todos os ministros do STF.

¨      Conheça as etapas do processo que poerá levar Bolsonaro e seus cúmplices à prisão

A denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, aponta um conjunto de evidências que consolidam a tese de que Bolsonaro tentou articular um golpe de Estado para se manter no poder. Com o avanço do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), especialistas em direito e política avaliam que sua prisão e de seus principais cúmplices é  apenas uma questão de tempo.

Após a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, o processo seguirá as seguintes etapas: análise pelo Supremo Tribunal Federal (STF); a denúncia será encaminhada ao STF, que decidirá se a aceita ou não. Caso seja aceita, Bolsonaro se tornará réu e o processo criminal terá início.

Prazo para a defesa: uma vez instaurado o processo, a defesa de Bolsonaro terá um prazo para apresentar suas alegações e provas.

Instrução processual: nesta fase, serão coletadas provas, realizadas audiências e ouvidas testemunhas tanto da acusação quanto da defesa.

Julgamento: concluída a instrução, o STF marcará a data do julgamento, onde os ministros decidirão pela condenação ou absolvição de Bolsonaro.

A denúncia, que agora será comprovada pelo ministro Alexandre de Moraes, inclui elementos que demonstram a participação direta de Bolsonaro na formulação de um plano para desacreditar o sistema eleitoral, incentivar ações golpistas e mobilizar setores das Forças Armadas em uma tentativa de ruptura institucional. A trama, segundo a acusação, envolve não apenas declarações públicas, mas reuniões sigilosas e articulações com aliados dentro e fora do vão

O avanço do caso já comprovado na prisão de figuras próximas ao ex-presidente, como ex-ministros e militares envolvidos na tentativa de golpe. A detenção de pessoas como o ex-assessor especial Filipe Martins e o general Augusto Heleno demonstram que o STF está seguindo uma linha rigorosa. Essa tendência faz com que a prisão do próprio Bolsonaro seja vista como inevitável. 

“A linha aplicada pelo STF até agora foi de aplicar penas severas aos envolvidos em atos contra a democracia. Se isso já ocorreu com aliados, não há razão para que Bolsonaro tenha um tratamento diferente”, explica um jurista ouvido pelo Valor Econômico.

A situação do ex-presidente se complica ainda mais diante das evidências documentais, como mensagens interceptadas, registros de reuniões e depoimentos.

Mesmo dentro da base bolsonarista, há uma preocupação crescente com o andamento do caso. Fontes próximas ao ex-presidente indicam que ele já estaria considerando estratégias para evitar uma eventual prisão, como buscar refúgio em países onde pudesse encontrar proteção política. No entanto, a sua situação jurídica se agrava a cada nova evolução, tornando cada vez mais difícil escapar das consequências.

A situação de Bolsonaro se torna ainda mais delicada diante da série de provas reunidas pela Procuradoria-Geral da República. As investigações apontam que ele e seu círculo mais próximo participaram de reuniões e discutiram medidas para deslegitimar o processo eleitoral e especificar uma intervenção militar.

Além disso, a delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid pode ser crucial para a acusação, pois ele teria conversas detalhadas internas que envolveram diretamente Bolsonaro. O avanço do caso indica que a Justiça não hesitará em decretar sua prisão.

 

Fonte: Brasil 247

 

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