quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Esclerose Múltipla: novo tratamento se mostra como uma luz de esperança no fim do túnel

Imagine acordar um dia e perceber que seus movimentos estão mais lentos, que suas pernas não respondem como antes, ou que sua visão começa a falhar. Para mais de 2,8 milhões de pessoas no mundo que vivem com esclerose múltipla (EM), essa é uma realidade diária.

Entre elas, estão aqueles que enfrentam a forma mais agressiva da doença: a esclerose múltipla primária progressiva (EMPP).

Sem períodos de remissão e com tratamentos limitados, a EMPP avança silenciosamente, roubando a independência e a qualidade de vida em questão de anos – ou até meses.

Mas e se houvesse uma maneira de frear essa progressão antes que os sintomas se tornem irreversíveis? E se pudéssemos entender exatamente como a doença ataca o sistema nervoso, mesmo em seus estágios mais iniciais?

Um estudo da Universidade de Michigan traz uma resposta promissora: um implante semelhante a uma esponja e nanopartículas inteligentes que, juntos, podem mudar o jogo no tratamento da EMPP.

Em camundongos, essa abordagem não apenas preveniu sintomas debilitantes como a paralisia, mas também reduziu a gravidade da doença pela metade quando administrada após o início dos sintomas.

Para pacientes e familiares que convivem com a incerteza da EMPP, essa descoberta não é apenas uma notícia científica – é um sopro de esperança.

<><> O Desafio da Esclerose Múltipla Primária Progressiva

A EMPP é uma das formas mais debilitantes da esclerose múltipla, causando incapacidade severa em média em 13 anos, mas podendo avançar rapidamente em apenas 2 anos.

Diferente das formas recorrentes da doença, a EMPP não tem períodos de remissão, e os tratamentos atuais são limitados. O único medicamento aprovado pela FDA para EMPP, o ocrelizumabe, apenas retarda a progressão da doença, mas não oferece cura ou remissão completa.

Além disso, por suprimir o sistema imunológico, ele expõe os pacientes a riscos de infecções.

O grande desafio para os pesquisadores tem sido entender como a doença ataca o sistema nervoso central (SNC) em seus estágios iniciais. Como o cérebro e a medula espinhal são de difícil acesso, não é possível realizar biópsias em pacientes vivos.

Sem acesso ao tecido doente, é como tentar consertar um carro sem abrir o capô“, explica Aaron Morris, coautor do estudo e professor assistente da Universidade de Michigan.

<>< A Inovação: Um Implante que “Engana” o Sistema Imunológico

Para superar essa barreira, a equipe de pesquisa utilizou um implante biodegradável em forma de esponja, feito de poliéster e cheio de poros minúsculos. Esse dispositivo, com apenas 13 milímetros de diâmetro e 2 milímetros de altura, foi implantado sob a pele de camundongos, próximo às omoplatas.

O implante atrai células imunológicas, criando um “tecido substituto” que pode ser facilmente biopsiado e analisado.

Ao induzir uma condição semelhante à EMPP nos camundongos, os pesquisadores observaram como as células imunológicas se comportavam nos poros da esponja.

Usando sequenciamento de RNA de célula única, eles identificaram que um grupo de proteínas chamadas quimiocinas CC estava hiperativo no tecido doente.

Essas proteínas, que normalmente ajudam a combater infecções, estavam “chamando” células imunológicas de forma descontrolada, levando ao ataque à bainha de mielina – a camada protetora dos nervos.

<><> Nanopartículas: A Chave para Interromper a Doença

Com essa descoberta, a equipe desenvolveu nanopartículas injetáveis de 400 nanômetros de diâmetro, projetadas para bloquear as quimiocinas CC e interromper a inflamação desregulada.

Quando administradas precocemente, as nanopartículas impediram completamente o desenvolvimento de sintomas como paralisia. Já em camundongos que já apresentavam sintomas, o tratamento reduziu a gravidade dos sintomas pela metade.

O implante nos dá uma janela sem precedentes para entender a dinâmica da doença, especialmente nos estágios iniciais. Terapias que visam esses mecanismos podem interromper a progressão antes que ocorram danos irreversíveis“, afirma Lonnie Shea, professor de Engenharia Biomédica e coautor do estudo.

<><> O Que Isso Significa para os Pacientes?

Embora os resultados sejam promissores, é importante ressaltar que o estudo foi realizado em camundongos, e são necessários mais testes antes que a abordagem possa ser aplicada em humanos. No entanto, essa descoberta representa um avanço significativo por duas razões principais:

  • Entendimento da Doença: O implante permite estudar a EMPP em seus estágios iniciais, algo que antes era impossível.
  • Tratamento Direcionado: As nanopartículas oferecem uma terapia mais precisa, sem suprimir o sistema imunológico como um todo.

<><> Próximos Passos

A equipe planeja expandir os estudos para modelos animais mais complexos e, eventualmente, iniciar ensaios clínicos em humanos. Se bem-sucedida, essa abordagem pode não apenas beneficiar pacientes com EMPP, mas também abrir portas para o tratamento de outras doenças autoimunes.

Enquanto aguardamos os próximos capítulos dessa pesquisa, uma coisa é clara: a ciência está cada vez mais próxima de desvendar os mistérios da esclerose múltipla e oferecer tratamentos mais eficazes. Para os milhões de pacientes ao redor do mundo, essa é uma luz no fim do túnel.

¨      Como sons podem afetar o equilíbrio de algumas pessoas: Estudo revela surpreendente descoberta

O equilíbrio do corpo é fundamental para as atividades do dia a dia, e o sistema vestibular, que fica localizado nos ouvidos internos, é responsável por manter essa estabilidade. Ao detectar os movimentos e a posição da cabeça, ele trabalha em conjunto com a visão e as articulações para nos manter firmes e seguros.

Porém, um novo estudo mostrou que, além de estímulos visuais, sons também podem ter um impacto significativo no equilíbrio, especialmente em pessoas com problemas nesse sistema, como a hipofunção vestibular.

Este distúrbio afeta a capacidade de manter o equilíbrio e pode causar desconfortos em locais com muitos estímulos, como ruas movimentadas ou estações de trem.

estudo, publicado na revista PLOS ONE, destacou como sons, como o ruído branco ou sons ambientes, podem agravar ainda mais a instabilidade de pessoas com esse problema. Vamos entender melhor o que foi descoberto e como isso pode mudar os tratamentos de reabilitação.

<><> Como Funciona o Sistema Vestibular e a Influência dos Sons

O sistema vestibular é composto por órgãos localizados no ouvido interno que desempenham o papel crucial de detectar o movimento da cabeça e a posição do corpo.

Esse sistema envia informações ao cérebro para ajudar a manter o equilíbrio. Além disso, ele está em constante interação com a visão e as articulações, colaborando para que o corpo saiba como reagir a diferentes estímulos.

Os estímulos visuais, como luzes piscando ou imagens em movimento rápido, são bem conhecidos por afetarem o equilíbrio. Isso ocorre porque eles confundem o cérebro e podem desestabilizar quem já tem dificuldades vestibulares.

No entanto, o estudo realizado recentemente foi além e revelou que sons também têm o potencial de interferir no equilíbrio, especialmente em indivíduos com hipofunção vestibular, um distúrbio que reduz a capacidade do sistema vestibular de funcionar corretamente.

A pesquisa constatou que, em ambientes com sons intensos ou perturbadores, como em uma estação de metrô, o equilíbrio de pessoas com esse problema fica ainda mais comprometido.

Em um ambiente normal, esses sons podem passar despercebidos por pessoas saudáveis, mas para quem sofre de hipofunção vestibular, eles podem causar uma sensação de vertigem, perda de estabilidade e até mesmo aumentar a ansiedade.

<><> O Estudo: Como a Pesquisa Foi Realizada

A pesquisa envolveu 69 participantes, divididos em dois grupos: um composto por pessoas saudáveis e outro com indivíduos diagnosticados com hipofunção vestibular unilateral, ou seja, afetando apenas um ouvido.

Para avaliar os impactos dos sons no equilíbrio, os participantes usaram um headset de realidade virtual que simulava a experiência de estar em uma estação de metrô de Nova York. Enquanto estavam imersos nesse ambiente virtual, os participantes ficavam em uma plataforma que mediria seus movimentos corporais.

Além disso, o movimento da cabeça também era registrado.

Durante a simulação, os participantes foram expostos a diferentes cenários, incluindo imagens em movimento ou estáticas, acompanhadas de sons, como ruído branco ou sons típicos de uma estação de metrô, ou ainda silêncio. O objetivo era observar como o equilíbrio se comportava diante desses estímulos visuais e sonoros combinados.

<><> Resultados: Como o Som Impacta o Equilíbrio em Pessoas com Hipofunção Vestibular

Os resultados do estudo foram reveladores.

Para o grupo com hipofunção vestibular, a combinação de imagens em movimento e sons (como o ruído branco ou os sons do metrô) causou os maiores desajustes no equilíbrio, ou seja, os participantes apresentaram movimentos do corpo para frente e para trás, além de movimentos laterais da cabeça e até mesmo inclinação da cabeça para cima e para baixo.

Esses resultados foram indicativos de uma maior dificuldade em manter a estabilidade quando expostos a esses tipos de sons.

Em contraste, as pessoas do grupo saudável não demonstraram qualquer efeito significativo no equilíbrio quando expostas aos mesmos estímulos sonoros.

Esse dado destaca a importância de considerar o impacto dos sons no tratamento e na avaliação do equilíbrio, especialmente para aqueles com problemas vestibulares.

O som, muitas vezes negligenciado nas terapias físicas convencionais, mostrou ser um fator crítico para a recuperação e estabilização do equilíbrio de pacientes com disfunções vestibulares.

<>< O Papel dos Sons nos Tratamentos de Equilíbrio

A descoberta de que os sons podem afetar o equilíbrio de pessoas com hipofunção vestibular abre portas para novas abordagens nos tratamentos de reabilitação. Os pesquisadores sugerem que, além de avaliar o impacto visual, os profissionais de  saúde também devem considerar o papel dos sons no tratamento dessas condições.

A ideia é incluir sons reais que imitem o ambiente cotidiano dos pacientes, como o barulho de uma estação de metrô ou o ruído da rua, em programas de terapia para o equilíbrio.

Esses estímulos sonoros, quando combinados com estímulos visuais desafiadores, podem ajudar a criar um treinamento mais eficaz e personalizado para os pacientes. O uso de tecnologias como headsets de realidade virtual pode ser uma ferramenta promissora para tanto avaliar quanto tratar problemas relacionados ao equilíbrio.

O estudo mostrou que a integração de sons no processo terapêutico pode ser fundamental para o sucesso da reabilitação, promovendo uma recuperação mais completa e eficaz.

Esse estudo traz uma perspectiva nova e essencial sobre como tratar pessoas com distúrbios do equilíbrio, especialmente aqueles com hipofunção vestibular. O impacto dos sons, muitas vezes ignorado, se mostrou tão relevante quanto o dos estímulos visuais, oferecendo uma nova abordagem para as terapias de equilíbrio.

Com a ajuda da realidade virtual e a incorporação de sons reais, é possível criar tratamentos mais eficazes e adaptados às necessidades dos pacientes.

Para aqueles que enfrentam desafios no equilíbrio devido a problemas vestibulares, esse estudo oferece uma esperança de soluções mais completas e personalizadas, contribuindo para melhorar sua qualidade de vida.

 

Fonte: SaúdeLab

 

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