quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Em caso de condenação, pena de Bolsonaro pode ultrapassar 30 anos de prisão, diz especialista

As penas que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode pegar em caso de condenação após a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) podem superar os 30 anos de prisão, segundo o especialista em direito constitucional Gustavo Sampaio. Bolsonaro e mais 33 foram acusados nesta terça-feira (18) por tentativa de golpe de Estado em 2022.

"Diferentemente dos lotes de acusação dos invasores da praça dos Três Poderes, que os levaram a penas de 17 anos de reclusão, no caso da denúncia de hoje, calculo que a pena pode superar os 30 anos de prisão. Pelo menos 28 anos de reclusão na dosimetria final da pena", disse. " Sobretudo pelo domínio do fato, porque eles estando na cúpula do governo, eles teriam condições de controle sobre toda aquela estruturação da empreitada criminosa."

Bolsonaro foi denunciado pelos seguintes crimes:

·        liderança de organização criminosa armada;

·        tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;

·        golpe de Estado;

·        dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da união;

·        deterioração de patrimônio tombado.

Segundo o código penal, as penas máximas, caso Bolsonaro seja condenado, podem chegar a 39 anos e quatro meses de reclusão:

·        Liderar organização criminosa armada: 3 anos (mínima) a 8 anos (máxima) – com 13 anos e 4 meses, com os agravantes;

·        Tentativa de abolição violenta do Estado de Direito: 4 anos (mínimo) a 8 anos (máximo);

·        Golpe de Estado: 4 anos (mínima) a 12 anos (máxima);

·        Dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima: seis meses (mínima) a 3 anos (máxima);

·        Deterioração de patrimônio tombado: um ano (mínima) a 3 anos (máxima).

¨      Bolsonaro sabia e concordou com o plano para matar Lula, diz Gonet

O procurador-geral da República, Paulo Gonet , afirmou nesta terça-feira (18), em denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o então presidente Jair Bolsonaro sabia e concordou com o plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Corte Alexandre de Moraes.

Se a denúncia for aceita pelo STF, Bolsonaro se tornará réu e passará a responder a um processo penal no tribunal.

No documento enviado à Corte, a PGR lista os atos que embasaram as acusações em cada um dos delitos. De acordo com a denúncia assinada por Gonet, Bolsonaro adotou tom de ruptura com a democracia desde 2021.

"Os membros da organização criminosa estruturaram, no âmbito do Palácio do Planalto, plano de ataque às instituições, com vistas à derrocada do sistema de funcionamento dos Poderes e da ordem democrática, que recebeu o sinistro nome de “Punhal Verde Amarelo”, diz a denúncia.

A peça acusatória destaca que o "plano foi arquitetado e levado ao conhecimento do Presidente da República, que a ele anuiu, ao tempo em que era divulgado relatório em que o Ministério da Defesa se via na contingência de reconhecer a inexistência de detecção de fraude nas eleições".

Ainda conforme a denúncia, o plano "se desdobrava em minuciosas atividades", tinha o Supremo como alvo a ser “neutralizado” e envolvia o assassinato de Moraes e o envenenamento de Lula.

Áudio expõe Bolsonaro

Conforme a denúncia, é possível afirmar que Bolsonaro sabia do plano, porque o tema foi um dos assuntos discutidos pelo ex-presidente com o então Secretário-Executivo da Secretaria Geral da Presidência da República, Mauro Fernandes, em dezembro de 2022.

Em áudio enviado ao então ajudante de ordens do presidente, Mauro Cid, Fernandes fala sobre uma conversa que teve com Bolsonaro na qual o ex-presidente que o grupo poderia agir até 31 de dezembro.

"O áudio não deixa dúvidas de que a ação violenta era conhecida e autorizada por Jair Messias Bolsonaro, que esperava a sua execução ainda no mês de dezembro. O grupo planejava agir com a maior brevidade possível, a fim de impedir a assunção do Poder pelo novo governo eleito", afirmou Gonet.

Segundo a PGR, Fernandes foi o responsável por imprimir três cópias do plano.

Além disso, mensagens trocadas por um grupo de WhatsApp, chamado "Acompanhamento" confirmam que o encontro realizado com Bolsonaro no Palácio do Planalto tinha como objetivo concretizar ações violentas previstas pelo plano “Punhal Verde Amarelo”.

Outros planos

A denúncia também listou outros planos da organização criminosa, liderada por Bolsonaro, e que tinha por objetivo o "controle total sobre os três Poderes", como a criação de um gabinete central dedicado a organizar "a nova ordem que pretendiam implantar".

"Os planos culminaram no que a organização criminosa denominou de Operação Copa 2022, dotada ela mesma de várias etapas. A expectativa era a de que a Operação criasse comoção social capaz de arrastar o Alto Comando do Exército à aventura do golpe", diz a peça.

¨      PGR destaca que Bolsonaro tinha até discurso pós-golpe pronto

denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas traz todas as provas recolhidas em quase dois anos de investigação.

E o material, segundo a PGR, comprova, em várias frentes, que Bolsonaro era o líder da organização criminosa e estava ciente de todos os passos do plano.

 

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