Aliados
de Lula defendem refundação do governo e reforma ministerial o quanto antes
Ainda sob impacto da última
pesquisa Datafolha, aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) defendem que haja, neste momento, uma espécie de refundação do governo
para corrigir erros cometidos até agora e se preparar para a disputa em 2026.
Ministros do PT e dos partidos de centro avaliam que Lula precisa definir o quanto antes as
trocas nos ministérios para reorganizar o
time para a segunda metade do mandato.
O diagnóstico praticamente consensual entre aliados
de Lula é que falta estratégia e coordenação ao governo e que essa desconexão
chegou até a ponta, ou seja, já é fortemente reconhecida pela população,
incluindo a base social que elegeu o presidente em 2022. O episódio em torno da
instrução normativa para fiscalizar o Pix é citado como exemplo para ilustrar a
insegurança que o governo hoje passa à sociedade.
Na avaliação desses auxiliares, Lula precisa
conseguir constituir um núcleo decisório em torno dele que seja mais unido e
empoderado. Para que isso aconteça, apontam a necessidade de articular mais as
ações dos ministérios e superar a eterna briga entre os ministros da Casa
Civil, Rui Costa, e da Fazenda, Fernando Haddad.
"Rui cuida de coisa demais, tem muitas
atribuições, mas não cuida do importante. Qual é a estratégia do governo? Precisa
definir agora. Tem que sinalizar para o mercado no curto prazo o que vai ser
feito", afirmou um ministro próximo do presidente.
Outro aliado próximo afirma que o cenário externo
mais instável, com a vitória de Donald Trump, associado à descoordenação do
governo, demoliu as pretensões do governo para o início de 2025.
“Durante dois anos tivemos um cenário estável na
avaliação do governo. As pesquisas pouco mudaram. Nossa linha era ampliar o
apoio dos eleitores de centro, que não estão com Lula, nem com Bolsonaro.
Acreditávamos que isso ocorreria em 2025, com os resultados de tudo o que foi
lançado. Os erros que cometemos desestruturaram todo nosso planejamento”,
afirma.
<><> Reforma ministerial emperrada
Até agora, Lula não chamou os partidos de centro para
discutir as trocas nos ministérios. Interlocutores dizem que o tema já foi
tratado em conversas com os presidentes da Câmara, Hugo Motta
(Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), mas os líderes
partidários esperam desde dezembro um chamado de Lula para tratar do tema.
Lula já sinalizou que iniciará a reforma com
substituições nas pastas chefiadas pelo PT, mas ainda não chamou os petistas
para conversar.
No alvo das mudanças estão a Secretaria-Geral da
Presidência, chefiada por Marcio Macedo, e o Ministério do Desenvolvimento
Agrário, comandado por Paulo Teixeira. A presidente nacional do PT, Gleisi
Hoffmann, é dada como certa para assumir a Secretaria-Geral. Já o ex-ministro
da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, é cotado para
substituir Teixeira.
Outro diagnóstico consensual nos partidos de
centro, com eco até mesmo em setores do PT, é que Lula precisa abrir espaço
para outros partidos dentro do Palácio do Planalto. Fragilizado hoje no
governo, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre
Padilha, tem o cargo cobiçado. O lider do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões, é um
dos mais cotados, assim como o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa
Filho (Republicanos-PB).
Isnaldo tem muita proximidade com Motta e com a
cúpula da Câmara em geral. Além disso, tem boas relações com várias figuras
dentro do PT. O que pesa contra ele, segundo aliados de Lula, é que o
presidente o conhece pouco e poderia achar arriscado dar um cargo de confiança,
na cozinha do Planalto, para alguém com quem conversou poucas vezes.
Ainda assim, interlocutores do MDB afirmam que o
presidente mencionou a possibilidade de escolha do deputado durante a viagem
que fez ao Pará na última semana.
O partido, que faz parte da base do governo, diz
não estar pleiteando mais cargos diante de uma esperada reforma ministerial. E
reforça que, se Isnaldo for nomeado por Lula, "o mérito é exclusivamente
dele, e não uma articulação do MDB". A ressalva, no entanto, faz parte de
uma estratégia do partido para que não seja visto apenas como aliado do PT às
vésperas das eleições de 2026.
O desejo de Lula era vincular as trocas nos
ministérios com um compromisso dos partidos de centro que irão apoiá-lo em
2026. Ainda em 2024, quando o tema da reforma ministerial entrou no radar,
caciques de siglas como PSD e MDB já diziam que conseguir esse compromisso hoje
era uma missão quase impossível. Com a piora na popularidade de Lula, a
situação ficou ainda mais difícil para o governo.
"Não vai ser possível resolver 2026 nesse
momento, mas se você mandar flores agora, tem mais chance de se aproximar. Lula
precisa fazer mais gestos, precisa fazer mais política", afirmou um aliado
do presidente, que defende mais espaço para os partidos de centro.
Uma crítica recorrente e generalizada a Lula neste
terceiro mandato é a dificuldade de acesso a ele. A blindagem costuma ser
atribuída à primeira-dama, Janja da Silva, e também a Rui Costa. Aliados
defendem que, para salvar o mandato, Lula terá que estar mais disponível a receber
deputados e senadores.
Interlocutores de Lula entendem que os últimos
encontros do presidente com Motta e Alcolumbre são um sinal de uma
mudança de postura.
¨ Revés nas
pesquisas pressiona governo, mas Lula tem margem para recuperação
A recente pesquisa do instituto Datafolha, divulgada na sexta-feira (14)
acendeu um sinal de alerta no Palácio do Planalto. O resultado reforçou a
pressão para uma reforma ministerial mais ampla e rápida, principalmente por
parte do Centrão.
Lideranças do bloco argumentam que a queda na popularidade deve servir
como estímulo para ajustes imediatos na equipe ministerial. A expectativa é que
Lula acelere as mudanças, buscando reequilibrar a base aliada e fortalecer o
governo para enfrentar os desafios do ano, aponta reportagem do jornal Valor
Econômico.
O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha,
minimizou a repercussão negativa da pesquisa e afirmou que o presidente tem
plena condição de reagir e promover ajustes necessários. "Lula tem força
para reagir e mexer no que for preciso", declarou Padilha, reforçando que
o governo está atento às demandas do Congresso e da sociedade.
Além da pressão do Centrão, partidos como PSB e PDT também cobram maior
participação no governo. Ambos argumentam que têm sido mais fiéis ao Planalto
em votações cruciais e, por isso, merecem um espaço ampliado no ministério.
Esse fator pode tornar a reforma ministerial ainda mais complexa, exigindo
habilidade de articulação por parte de Lula para evitar descontentamentos
dentro da base.
Apesar do atual revés, analistas apontam que o governo ainda tem margem
para recuperar popularidade. O programa de investimentos do Novo PAC, a
retomada de políticas sociais e um possível reaquecimento da economia podem
reverter a tendência negativa. A estratégia do governo deve passar por uma
comunicação mais eficaz sobre suas realizações e uma reaproximação com setores
que demonstraram insatisfação.
A a queda na aprovação reflete, em parte, o desgaste natural de um
governo diante de expectativas elevadas. No entanto, Lula possui um histórico
de recuperação política e sua capacidade de negociação segue como um trunfo.
Com uma base de apoio ainda relativamente ampla e o reconhecimento
internacional de sua liderança, o presidente pode usar esse momento como um
ponto de inflexão para consolidar sua gestão.
A próxima fase do governo será decisiva. Se conseguir implementar
ajustes eficazes e garantir uma agenda positiva, Lula pode reverter a curva
descendente e reforçar seu protagonismo político. O jogo ainda está longe de
ser definido, e a margem para reação permanece aberta.
¨ Governo
Lula descarta ‘pânico’ e vai investir em reação e comunicação para recuperar
popularidade
Em reunião convocada por
Lula (PT) no último domingo (16), ministros próximos do presidente avaliaram
que o governo não pode “entrar em depressão” com pesquisas ruins e deve
investir em comunicação, informa o g1. O encontro foi marcado após a divulgação de uma
pesquisa Datafolha que mostrou queda nas avaliações positivas do governo
federal.
O resultado do levantamento
preocupou o Planalto, principalmente porque apontou uma piora no desempenho do
presidente no eleitorado tradicional de Lula, eleitores do Nordeste, de baixa
renda e mulheres. No entanto, segundo um ministro, a pesquisa não gera pânico
porque ainda há tempo para reagir e fazer ajustes na comunicação das medidas do
governo.
Na reunião, foi destacado
que pesquisas qualitativas encomendadas pelo governo mostram que grande parte
da população não tem conhecimento de várias medidas adotadas no terceiro
mandato de Lula. “A população, quando é perguntada, ainda não sabe o que o
governo Lula fez”, disse um dos participantes da reunião. Nesse contexto, o
governo investirá na comunicação.
No entanto, aliados de Lula
reconhecem que esse não é o principal problema no momento. Para eles, a alta
dos alimentos é o principal motivo pela queda na popularidade da presidente. A
avaliação é de que os preços subiram por fatores externos e internos, mas a
equipe econômica acredita que a população já vai sentir no bolso uma queda nos
preços a partir de março.
“Um governante não pode nem
entrar em euforia com pesquisa boa, nem entrar em depressão quando é uma ruim.
O que ele precisa é fazer ajustes e se comunicar melhor, é o que vamos fazer”,
completa o participante da reunião.
Por fim, interlocutores de
Lula reforçam que ainda faltam entregas neste mandato. “Nós não estamos fazendo
entregas, o que temos até agora é pouco. São poucas unidades do Minha Casa,
Minha Vida, o Pé de Meia, que é importante, vai começar a funcionar de fato a
partir de agora, ainda estamos devendo à população”, analisa um aliado.
Estavam presentes na
reunião, além de Lula, os ministros Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha
(Relações Institucionais) e Sidônio Palmeira (Comunicação Social), além do
líder do governo no Senado, Jaques Wagner.
¨ Governo
Lula e a alquimia de transformar crescimento econômico em aprovação. Por
Aquiles Lins
A
recente pesquisa Datafolha, divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo, trouxe
números preocupantes para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A
aprovação de 24% e a reprovação de 41% representam o pior desempenho em seus
três mandatos. A queda foi registrada até mesmo no Nordeste, tradicional reduto
petista, onde apenas 33% consideram seu governo "ótimo" ou "bom",
contra 49% em dezembro de 2024. Esses dados, no entanto, não devem ser vistos
como uma sentença definitiva, mas como um desafio que exige ajustes e uma
estratégia clara para transformar os avanços econômicos em apoio popular.
O
principal fator que pesa contra Lula hoje é a inflação dos alimentos. O grupo
Alimentação e Bebidas foi responsável por mais de um terço da alta do IPCA em
2024, que fechou o ano com avanço de 4,83%. Itens essenciais como carne
(20,84%), café (39,60%) e leite longa vida (18,83%) tiveram aumentos expressivos,
corroendo o poder de compra das famílias e gerando insatisfação. Esse cenário
impacta diretamente a percepção sobre o governo, já que o custo de vida é uma
das principais preocupações do cidadão comum.
No
entanto, a análise não pode se limitar aos preços altos. A economia brasileira
apresenta sinais sólidos de recuperação que não podem ser ignorados. Em dois
anos, o país cresceu quase 7%, e a taxa de desemprego caiu para 6,6%, o menor
patamar em anos, com geração de empregos formais e aumento do rendimento médio
para R$ 3.225. Além disso, o comércio varejista registrou um crescimento de
4,7% em 2024, o melhor desempenho desde 2012, e o setor de serviços cresceu
3,1% no acumulado do ano, sustentando a atividade econômica.
Outro
fator que pode aliviar a pressão inflacionária nos próximos meses é a safra
recorde de 2025. Com estimativa de 325,3 milhões de toneladas, a produção de
cereais, leguminosas e oleaginosas deve crescer 11,1% em relação a 2024. Esse
aumento na oferta tende a segurar os preços de alimentos essenciais e reduzir a
pressão sobre o orçamento das famílias, criando um ambiente mais favorável para
a recuperação da popularidade do governo.
Apesar
da queda momentânea, o governo Lula tem plenas condições de reverter o quadro
rumo a 2026. A combinação de uma economia em recuperação, com desemprego em
queda e setores-chave em expansão, oferece uma base sólida para que o
presidente reconquiste o apoio da população. No entanto, isso exigirá uma
comunicação mais eficaz e políticas que ataquem diretamente os pontos de maior
insatisfação, como o custo de vida.
A
história política de Lula mostra que ele tem capacidade de se reinventar e
responder aos desafios. Se o governo conseguir traduzir os avanços econômicos
em melhorias tangíveis para a vida das pessoas, há boas chances de que a
fotografia negativa de hoje dê lugar a um cenário mais favorável nos próximos
anos.
A
queda na popularidade é um alerta importante, mas está longe de ser
irreversível. A economia segue gerando empregos, o consumo das famílias se
mantém aquecido e há perspectivas concretas de melhoria no cenário
inflacionário. Resta ao governo reforçar sua comunicação, demonstrar os avanços
conquistados e garantir que a retomada econômica se traduza em maior bem-estar
para a população. A alquimia de transformar crescimento em aprovação é
complexa, mas o governo Lula ainda tem tempo para recuperar terreno e defender
um legado positivo rumo a 2026.
¨ Zeca
Dirceu: aprovação vai reagir e Lula vai vencer as eleições de 2026
O deputado Zeca Dirceu disse
(PT) afirmou que o governo do presidente Lula (PT) tem todas as ferramentas e
condições para fazer frente aos números de aprovação da pesquisa divulgada na
sexta-feira (14) pelo instituto DataFolha.
"Lula e o governo têm
todas as ferramentas nas mãos para reagir, melhorar, cuidar melhor das pessoas,
controlar a inflação, reduzir a taxa de juros, disponibilizar mais crédito e
principalmente manter o que está dando certo", disse neste domingo (16).
De acordo com o parlamentar,
em todas as pesquisas de intenção de votos, o presidente Lula continua
imbatível em cenários listados em primeiro e segundo turnos.
"O Brasil continua
crescendo, gerando empregos, reajustando o salário mínimo acima da inflação,
retomando e ampliando os programas sociais e os programas de crescimento da
economia de apoio à agricultura e de apoio à indústria".
Na semana passada, a
pesquisa Datafolha mostrou que a aprovação do presidente Lula fechou em 24%. A
reprovação chegou a 41%.
<><> Aporte de
recursos
Em 2024, esses dois setores
(agro e indústria), segundo o deputado, tiveram os maiores aportes de recursos
do governo federal na história. "O Plano Safra recebeu R$ 508,59 bilhões
para o desenvolvimento do agro nacional.O BNDES já aprovou R$ 190 bilhões em
mais de 140 mil operações de crédito para a Nova Indústria Brasil. Isso
significa que, em dois anos, o BNDES já aprovou 73% dos R$ 259 bilhões
previstos nos quatro anos de governo", disse.
"Na balança comercial,
as exportações totalizaram US$ 337 bilhões e as importações somaram US$ 262,5
bilhões. Com isso, o saldo foi um superávit de US$ 74,6 bilhões, o segundo
maior da série histórica, atrás apenas do registrado em 2023, diga-se no
governo Lula, que foi de US$ 98,9 bilhões", completou.
<><> Um ano
antes
O deputado afirmou que
independente de pesquisas, os partidos também não decidem um ano antes da
eleição como será a participação e o campo de alianças para 2026. "Lula
pode estar com 80% de aprovação ou com 10% de aprovação e nenhum partido vai
decidir agora como vai participar da disputa eleitoral".
"No ano que vem aí sim,
claro, quando chegar em junho ou julho, as pesquisas vão influenciar a montagem
dos palanques nos estados e as composições uma nova disputa presidencial. Eu
tenho muita confiança no presidente Lula, tenho muita confiança no que o
governo está fazendo, e sou crítico e defendo algumas mudanças necessárias para
responder a essa insatisfação que a população de forma justa coloca nesse
momento", avaliou.
<><> Reeleição
Zeca Dirceu lembrou que o
desgaste do terceiro ano alcançou outros governos tanto no plano federal quanto
nos estados e nos municípios. "Eu fui prefeito duas vezes em Cruzeiro do
Oeste e terminei um ano do meu mandato com quase 80% de rejeição e virei o
jogo, e conquistei a reeleição com 70% dos votos. Isto é muito comum na
política", disse.
"Tem outro detalhe
muito importante, apesar das dificuldades neste momento nas pesquisas de
avaliação. Nas pesquisas de intenção de voto, o presidente Lula lidera e ganha
no segundo turno em todos os cenários e de todos os adversários.Isso tem uma
importância muito grande também, apesar das dificuldades que são reais e dos
problemas que precisam ser corrigidos", completou.
Na pesquisa do Datafolha
divulgada no último domingo, 10, mais uma vez, como em todos os levantamentos
anteriores, o presidente Lula vence disparado tanto nas simulações de primeiro
quanto de segundo turno, em qualquer cenário que se monte. A própria Folha de
S. Paulo, que divulgou a pesquisa, classifica Lula como “imbatível”.
Fonte: g1/Brasil
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