quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Cid diz ter repassado US$ 86 mil em espécie a Bolsonaro por venda ilegal de joias e relógios de luxo

O tenente-coronel Mauro Cid revelou, em delação premiada à Polícia Federal (PF), que repassou US$ 86 mil em espécie a Jair Bolsonaro (PL), valor obtido com a venda ilegal de joias e relógios de luxo que haviam sido entregues ao então chefe de Estado como presentes oficiais. A informação foi divulgada inicialmente pelo jornal O Globo e reforça a tese de que Bolsonaro se apropriou indevidamente de bens públicos, o que levou seu indiciamento pelo crime de peculato.

Segundo o depoimento de Cid, os recursos vieram da negociação de relógios das marcas Rolex e Patek Philippe, vendidos à loja Precision Watches, na Filadélfia (EUA), por US$ 68 mil, além da comercialização de um kit de joias da marca Chopard, vendido em Miami por US$ 18 mil.

De acordo com a delação, os valores foram inicialmente depositados na conta do pai de Cid, o general Mauro Cesar de Lourena Cid, que morava nos Estados Unidos. Posteriormente, a quantia foi entregue a Bolsonaro de maneira fracionada e sempre em espécie, com o objetivo de evitar o rastreamento bancário.

"QUE o pagamento foi realizado em espécie sem emissão de nota: QUE não há registro da venda dos referidos bens: QUE em seguida retornou ao Brasil com os valores em espécie; QUE ao retomar ao Brasil entregou os U$ 18 mil ao ex-Presidente JAIR BOLSONARO; QUE apenas retirou os custos que teve com passagem aérea e aluguel do veículo; QUE o COLABORADOR ajustou com seu pai, General MAURO CESAR LOURENA CID, que o saque dos U$ 68 mil ocorreria de forma fracionada e entregue à medida que alguém conhecido viajasse dos Estados Unidos ao Brasil", declarou Cid.

Os repasses foram realizados em diversas ocasiões, incluindo um pagamento de US$ 18 mil a Bolsonaro em Miami, onde o ex-presidente esteve em visita, e um segundo valor de US$ 30 mil, entregue durante sua participação na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

"QUE na cidade de Nova York, LOURENA CID entregou cerca de U$ 30 mil (trinta mil dólares) em espécie, a JAIR BOLSONARO, por meio do COLABORADOR; QUE no final do ano de 2022, LOURENA CID, veio ao Brasil para um evento da APEX, na cidade de Brasília; QUE nesse momento ele trouxe cerca de U$ 10 mil (dez mil dólares), em espécie, e entregou a JAIR BOLSONARO", afirmou o delator.

Os repasses finais ocorreram entre fevereiro e março de 2023. Em fevereiro, Bolsonaro teria recebido US$ 20 mil do general Lourena Cid, enquanto o restante da quantia foi entregue no mês seguinte, com intermediação de Osmar Crivelati, ex-assessor direto do ex-presidente. Segundo Cid, "os valores foram repassados em sua totalidade ao ex-Presidente".

¨      Bolsonaro ordenou falsificação do cartão de vacina, disse Mauro Cid em delação

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, afirmou em sua delação que o ex-presidente ordenou que ele colocasse dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. Os cartões de vacina alterados foram os do próprio Bolsonaro e da filha, Laura Firmo Bolsonaro. As informações são da CNN Brasil.

Cid ainda confirmou que os certificados foram impressos e entregues em mãos ao ex-presidente da República. 

Nesta quarta-feira (19), o ministro Alexandre de Moraes derrubou o sigilo sobre a delação de Mauro Cid após a Procuradoria-Geral da República denunciar os envolvidos em uma tentativa de golpe de Estado em 2022.

¨      Jair Bolsonaro era quem alimentava o ‘Gabinete do Ódio’, disse Cid em delação

Em seu acordo de delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou que o ex-presidente "encaminhava diretamente" ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de mensagens. A revelação foi divulgada nesta quarta-feira (19), após o ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizar a quebra do sigilo do depoimento.

“Indagado sobre ataques a ministros do STF, identificados na investigação, conduzida por meio do telefone do ex-presidente Jair Bolsonaro, responde: que era o ex-presidente que encaminhava diretamente”, diz trecho da transcrição do depoimento de Cid. A declaração reforça a tese de que Bolsonaro teria coordenado pessoalmente ofensivas contra integrantes da Corte, utilizando seu próprio celular para essa finalidade.

Segundo Cid, o grupo era formado por "três garotos que era assessores" de Bolsonaro, tinham "relação direta" com o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho 02 do ex-mandatário, e funcionavam dentro do Palácio do Planalto.

A delação de Mauro Cid é parte das investigações que apuram supostas ações antidemocráticas e ataques às instituições durante o governo Bolsonaro. O ex-ajudante de ordens, que foi preso em maio de 2023 no âmbito da Operação Venire, da Polícia Federal, colabora com as autoridades desde então, fornecendo detalhes sobre condutas atribuídas ao ex-presidente e seu círculo próximo.

As declarações de Cid devem ampliar o escopo das investigações e pressionar ainda mais o ex-presidente, que nega as acusações e afirma ser vítima de perseguição política. Enquanto isso, o STF segue analisando os depoimentos e documentos apresentados, em um caso que pode definir novos rumos para a responsabilização de autoridades por supostos ataques às instituições democráticas.

¨      Bolsonaro partiu para o golpe depois de não encontrar fraude nas urnas

A delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), revela que o ex-mandatário insuflou seus apoiadores a criarem um "caos", visando estimular uma intervenção das Forças Armadas para justificar um golpe de Estado, após não encontrar evidências de que as eleições de 2022 teriam sido fraudadas. O sigilo da delação premiada de Mauro Cid foi derrubado nesta quarta-feira (19) por uma decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Segundo a GloboNews, em sua delação à Polícia Federal, Cid destacou que "Bolsonaro não queria que o pessoal saísse das ruas por ter certeza que encontraria uma fraude nas urnas eletrônicas e, por isso, precisava de um clamor popular para reverter a narrativa".

Ainda segundo Mauro Cid, o ex-mandatário "estava trabalhando com duas hipóteses: a primeira seria encontrar uma fraude nas eleições, e a outra, por meio do grupo radical, encontrar uma forma de convencer as Forças Armadas a aderirem ao golpe de Estado".

Portanto, de acordo com o relato de Cid, Bolsonaro queria, primeiro, encontrar uma suposta fraude, por isso se reuniu com Walter Delgatti, o 'hacker', e, depois, convenceu o PL a entrar com uma ação na Justiça pedindo a anulação de votos de algumas urnas. Não dando certo a busca por fraude, Bolsonaro queria que um grupo radical criasse uma situação de caos no país para encontrar uma forma de convencer as Forças Armadas a aderirem a um golpe.

¨      Bolsonaro pediu monitoramento de Moraes após desconfiar de reunião com Mourão

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu a militares o monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após suspeitar de uma reunião entre ele e o então vice-presidente, Hamilton Mourão (Republicanos). A revelação foi feita pelo tenente-coronel Mauro Cid em sua delação, tornada pública nesta quarta-feira (19). As informações são da CNN Brasil.

“Indagado sobre o motivo da determinação feita pelo então presidente Jair Bolsonaro, para que fosse realizado o acompanhamento do ministro Alexandre de Moraes, [Mauro Cid] respondeu que um dos motivos foi o fato de que o então presidente havia recebido uma informação de que o general Mourão estaria se encontrando com o ministro Alexandre de Moraes em São Paulo (SP), e que foi uma maneira de verificar se essa informação era verdadeira ou não”, diz a delação.

Segundo as investigações da Polícia Federal, Moraes passou a ser monitorado por militares bolsonaristas em novembro de 2022, após uma reunião na casa do general Walter Braga Netto. Esse monitoramento ocorreu no contexto do Plano Punhal Verde e Amarelo, que previa os assassinatos do ministro, do presidente Lula (PT) e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

Cid também revelou em depoimento que o monitoramento de Moraes foi feito pelo coronel do Exército, Marcelo Câmara. No entanto, Cid não soube informar como Câmara teve acesso aos dados restritos sobre a localização do ministro Alexandre de Moraes.

¨      Comandante do Exército ficou “irritadíssimo” após apresentação da minuta do golpe

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) disse em sua delação que o então comandante do Exército, general Freire Gomes, ficou “irritadíssimo” durante a reunião em que uma minuta do golpe foi apresentada aos chefes das Forças Armadas. A colaboração premiada de Cid foi tornada pública nesta quarta-feira (19) após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). As informações são do jornal O Globo.

Segundo Cid, Bolsonaro “esmiuçou” a minuta e apresentou uma "série de considerandos sobre possíveis interferências do STF e do TSE" no governo do ex-presidente. Após a apresentação, o comandante da Marinha, almirante Garnier, teria dito que a força estava “pronta”. No entanto, Freire Gomes ficou irritado com o chefe da Marinha.

 “E aí o Freire Gomes ficou irritadíssimo, ele falou: ‘Você não tem efetivo, você quer botar na minha conta’”, relatou Cid.

¨      Bolsonaro fala em 'acusações vagas' e diz que 'mundo está atento' ao que ocorre no Brasil após ser denunciado pela PGR

O ex-presidente Jair Bolsonaro utilizou uma rede social nesta quarta-feira (19) para comentar a denúncia apresentada contra ele e outras 33 pessoas pela Procuradoria-Geral da República, na qual o político do PL é apontado como líder de uma organização criminosa golpista.

Na postagem, Bolsonaro fala em "acusações vagas" e diz que as denúncias que pesam contra ele são "fabricadas". O ex-presidente também afirma que o "mundo está atento ao que se passa no Brasil".

"O truque de acusar líderes da oposição democrática de tramar golpes não é algo novo: todo regime autoritário, em sua ânsia pelo poder, precisa fabricar inimigos internos para justificar perseguições, censuras e prisões arbitrárias", afirma o ex-presidente.

"A cartilha é conhecida: fabricam acusações vagas, se dizem preocupados com a democracia ou com a soberania, e perseguem opositores, silenciam vozes dissidentes e concentram poder", completa o ex-presidente, citando países com regimes autoritários, como Venezuela, Cuba e Nicarágua.

Nesta terça-feira (18), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, acusou formalmente Bolsonaro por cinco crimes:

1.    liderar organização criminosa armada

2.    tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito

3.    golpe de Estado

4.    dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima

5.    deterioração de patrimônio tombado

Somadas, as penas máximas previstas para esses crimes podem chegar a quase 40 anos, caso Bolsonaro seja condenado.

Para a Procuradoria-Geral da República, a organização criminosa liderada por Bolsonaro tinha um projeto autoritário de poder. O grupo era composto por diversos militares e aliados políticos do seu governo.

Nesta terça, a defesa de Bolsonaro já havia comentado a denúncia da PGR. Os advogados manifestaram "indignação" e "estarrecimento" com as acusações formais da PGR sobre a tentativa de golpe.

Além de ter sido denunciado pela PGR, Bolsonaro já foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral e não poderá disputar eleições até 2030.

¨      Lula reage à denúncia da PGR contra Bolsonaro: 'se for culpado, terá que pagar'

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou comentar diretamente a denúncia contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe, destacando que o ex-capitão tem direito à ampla defesa, mas que, caso comprovada a trama golpista, terá que pagar pelos crimes dos quais foi acusado. 

O presidente citou nesta quarta-feira (19) o suposto plano de Bolsonaro para matá-lo, conforme consta da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). 

"A decisão de ontem é da PGR. Ele indiciou as pessoas e não vou comentar um processo na justiça. A única coisa que vou dizer, no tempo em que governo, é que todos têm direito à presunção de inocência. Se provarem que não tentaram dar golpe, matar o presidente, o vice e o presidente do TSE, ficarão livres e serão cidadãos que poderão transitar pelo Brasil inteiro. Se forem culpados terão que pagar pelos erros que cometeram. É apenas o indiciamento. O processo vai para o STF e eles terão o direito de se defender", disse Lula em declarações à imprensa após reunião bilateral com o primeiro-ministro da República Portuguesa, Luís Montenegro.

A PGR denunciou nesta terça-feira (18) Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado e outros crimes relacionados à sua tentativa de permanecer no poder após a derrota na eleição presidencial de outubro de 2022, colocando-o como líder de organização criminosa que agiu para tanto.

 

Fonte: g1

 

 

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