sábado, 22 de fevereiro de 2025

Moraes rejeita pedido de Bolsonaro por mais tempo para defesa no inquérito do plano golpista

Relator do inquérito do plano golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes negou o pedido feito pela defesa de Jair Bolsonaro (PL) para apresentar resposta à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) em 83 dias. A PGR denunciou o ex-mandatário e mais 33 pessoas no inquérito do plano golpista. O magistrado deu um prazo de 15 dias para que os advogados dos denunciados apresentem defesa prévia.

Em caso de questionamentos à denúncia, o relator abre vista à PGR, que tem cinco dias para apresentar respostas. Depois, a denúncia volta ao STF, onde o relator avalia a acusação e os argumentos da defesa. Não existe prazo para essa análise.

Antes de a denúncia chegar à PGR, a Polícia Federal havia indiciado Bolsonaro e mais de 30 pessoas na investigação da trama golpista. De acordo com a PF, o plano também envolvia os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes.

Um total de 11 pessoas foi indiciado pela PF, mas não chegou a ser denunciado pela PGR, entre elas o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.

<>< Delação de Mauro Cid

Denunciado no inquérito, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que Fabio Wajngarten, advogado e assessor de Bolsonaro, tentou descobrir o conteúdo de seu acordo de delação premiada.

Pelo conteúdo identificado por investigadores na colaboração premiada, Bolsonaro apresentou uma minuta de golpe ao comandante de Operações Terrestres do Exército, general Estevam Teophilo, durante uma reunião em Brasília. Conforme o ex-ajudante de Bolsonaro, aliados do governo dele distorceram a interpretação do artigo 142 da Constituição Federal para justificar uma tentativa de golpe de Estado.

O artigo 142 prevê que "as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem".

O tenente disse que Bolsonaro nunca desmobilizou os manifestantes que estavam nas ruas e nas portas dos quartéis do Exército após as eleições de 2022. De acordo com a delação, o ex-mandatário também "encaminhava diretamente" ao gabinete do ódio alguns ataques a ministros do STF. O militar afirmou que Bolsonaro ordenou que ele colocasse dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. A delação também implicou Michelle Bolsonaro, que teria tentado convencer Bolsonaro a dar um golpe de Estado.

¨      Democracia sai fortalecida após denúncia da PGR, diz Alckmin

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou nesta quinta-feira (20) que a democracia brasileira sai "fortalecida" após a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro (PL) por suposta tentativa de golpe de Estado.

“São valores, democracia, o povo é o protagonista. Regimes que têm estabilidade, regras definidas, o povo que decide. Saudar a democracia que sai desse episódio fortalecida", afirmou o vice-presidente durante agenda na cidade de Campinas (SP).

Alckmin ainda enfatizou que os governos podem mudar, mas a estabilidade das instituições deve permanecer pelo bem do país.

"Fui constituinte em 1988. Está na Constituição, isso é cláusula pétrea. Atentar contra a Constituição é crime", afirmou. “As pessoas passam, o que o Brasil precisa são boas e sólidas instituições”.

Bolsonaro é acusado pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Ele também é investigado por dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, além da deterioração de patrimônio tombado.

¨      Bolsonaro faz ataque desesperado ao presidente Lula após denúncia da PGR

Jair Bolsonaro (PL) reagiu nesta quinta-feira (20) às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-mandatário e outras 33 pessoas por suposta tentativa de golpe de Estado.

Em entrevista à rádio Tupi, do Rio de Janeiro, Lula afirmou que Bolsonaro e aliados "estão se condenando sozinhos ao pedir anistia antes mesmo de serem julgados".

 “O cidadão deveria estar dizendo: ‘Sou inocente’. Mas ele está dizendo: ‘Gente, sou culpado. Tentei bolar um plano para matar o Lula, o Alckmin, o Alexandre de Moraes, mas não deu certo'”, disse o presidente.

Em resposta, Bolsonaro atacou Lula, acusando-o de tentar desviar o foco dos problemas do governo federal.

“Todas as vezes que Lula está nas cordas (sem picanha, sem cervejinha, sem chicória, sem café, sem ovos, monitoramento do Pix, escândalos com ministros, gastos estratosféricos sem responsabilidade e o povo pagando aumentos exorbitantes de impostos sem o mínimo retorno), coincidentemente, muitas coisas acontecem, sempre mirando outro lado!”, escreveu o ex-mandatário nas redes sociais.

A PGR apresentou a denúncia na noite de terça-feira (18). Caso o Supremo Tribunal Federal (STF) aceite a denúncia, Bolsonaro e os demais envolvidos se tornarão réus.

¨      1ª Turma do STF começa a julgar denúncia contra Léo Índio por participação no 8 de janeiro

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começa a analisar, nesta sexta-feira (21), se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio, primo dos três filhos mais velhos do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Léo Índio é acusado pela PGR de participar dos atos antidemocráticos que levaram à invasão das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, em Brasília.

A PGR apontou os seguintes crimes:

·        associação criminosa armada;

·        tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;

·        golpe de Estado;

·        dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo para a vítima;

·        deterioração de patrimônio tombado;

Denúncia

A denúncia da PGR, apresentada em 15 de janeiro, aponta que "há provas suficientes" de que Léo Índio participou da execução dos atos do 8 de janeiro.

Durante os ataques, ele publicou imagens em uma rede social em cima do Congresso Nacional e próximo ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em uma das postagens, Léo Índio aparecia com os olhos vermelhos, segundo ele devido ao gás lacrimogêneo usado pela Polícia Militar para conter a multidão.

"Leonardo Rodrigues de Jesus participou ativamente dos atos que culminaram na invasão e na depredação dos edifícios-sedes dos Poderes da Republica, em Brasília, na data de 8/1/2023, com graves repercussões patrimoniais", afirmou a PGR.

"As informações revelam, além disso, que o denunciado também esteve envolvido em outras atividades de cunho antidemocrático, dentre elas as manifestações ocorridas em acampamentos erguidos após as eleições presidenciais de 2022, em frente a unidades militares", completou.

Defesa

Em defesa prévia apresentada ao Supremo, advogados de Léo Índio afirmaram que:

·        a análise do caso não cabe ao Supremo Tribunal Federal, já que não se trata de autoridade com foro privilegiado;

·        a denúncia não especifica a suposta contribuição de Léo Índio para os crimes;

·        a denúncia não atende aos requisitos previstos em lei para ser admitida.

"Não existem efetivas provas, nos autos, quanto à participação dele no cometimento dos referidos crimes citados nela, Denúncia", pontuaram.

"Não há testemunhas, não há provas/imagens de que ele tenha ingressado na sede do Congresso Nacional, de que ele, acusado, tenha estado no interior do Palácio do Planalto, tenha acessado as dependências do STF, ou que tenha provocado quaisquer danos ao patrimônio da União e/ou causado deterioração do patrimônio tombado", completaram.

Julgamento

O recebimento de denúncia será julgado em ambiente virtual pela Primeira Turma a partir desta sexta-feira (21).

O plenário virtual é uma modalidade de deliberação em que os ministros apresentam seus votos em uma página da Corte, sem a necessidade de julgamento presencial.

O julgamento está previsto para terminar no dia 28 de fevereiro, se não houver pedido de vista ou de destaques.

O colegiado vai analisar se recebe a acusação, ou seja, se será aberto um processo penal no qual Léo Índio se tornará réu.

Se rejeitar o pedido, o caso será arquivado. Se a Primeira Turma receber a denúncia, a ação penal será iniciada no STF. Na etapa seguinte, será feita a instrução processual. Um eventual julgamento sobre a conduta de Léo Índio só ocorrerá em um segundo momento, ao fim da ação penal.

 

Fonte: Brasil 247/g1

 

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