sábado, 22 de fevereiro de 2025

Com avanço da extrema direita, brasileiros são alvo de xenofobia na Alemanha

Constrangimentos, xingamentos e recusas de atendimento no serviço público: brasileiros que vivem na Alemanha relatam que convivem com diferentes formas de xenofobia no país.

Um dos fatores por trás dos casos, segundo especialistas, é o discurso anti-imigração adotado por políticos, sobretudo pelo partido de ultradireita Alternativa para Alemanha (AfD), segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto (21%) para as eleições deste domingo (23).

"Tem situações que fico na dúvida se foi racismo, ou xenofobia, mas essa foi bem evidente", conta Isabel, estudante brasileira em Düsseldorf. Em 2019, quando chegou ao país, ela precisou abrir uma conta em banco. Na ocasião, o atendente perguntou se ela preferia ler o contrato em inglês em vez de alemão, e ela respondeu que sim. "Ele disse que nesse caso aquele banco não era para mim, eu deveria virar as costas e ir embora. São experiências assim, nas entrelinhas."

Os problemas não param por aí. Outros brasileiros têm dificuldade de acessar o serviço de saúde por conta do preconceito. Ao procurar um endocrinologista para tratar um nódulo na tireoide, Alessandra obteve como resposta que não seria atendida, por não falar alemão.

"Me mandou voltar na semana seguinte com uma tradutora. Depois desse dia, tenho a sensação que preciso colocar uma armadura diária porque não sei quem vai vir com pedras na mão para me atacar pelo fato de eu ser uma imigrante", afirmou Alessandra.

Na avaliação da presidente da ONG Janaínas, que presta consultoria a brasileiras em casos de xenofobia, Evelyne Leandro, a vida dos imigrantes brasileiros pode ficar mais difícil no país com o aumento da participação política da AfD no Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão). "O receio vai fazer parte das nossas vidas, as microagressões vão aumentar, talvez haja uma ausência de políticas públicas que nos protejam", afirma.

·        Xenofobia em alta

Não há dados oficiais que indiquem o número de casos de xenofobia contra brasileiros na Alemanha. A Embaixada do Brasil em Berlim foi procurada, mas não informou se recebeu denúncias de situações desse tipo.

No entanto, um levantamento do Ministério do Interior alemão acompanha os registros de crimes de ódio no país. Entre eles, os de racismo e xenofobia. Os dados apontam para um crescimento de 813% dessas queixas entre 2019 e 2023. Elas passaram de 1,6 mil para 15 mil denúncias.

"Quando os políticos dão um sinal para população, a população se sente autorizada a tratar mal estrangeiros. Isso não é um fenômeno da Alemanha, isso acontece em qualquer outro país europeu onde a direita ganhou uma expressão", explica o sociólogo da Universidade Livre de Berlim, Sergio Costa.

Costa lembrou a tentativa do candidato a chanceler federal alemão Friedrich Merz, da União Democrata Cristã (CDU), de aprovar um projeto que pedia restrições à reunificação familiar e a rejeição de imigrantes nas fronteiras. Para aprovar a moção, ele contou com apoio da AfD. "Mesmo entre eleitores mais moderados, como aqueles que votam na democracia cristã, esse discurso xenófobo é alimentado por lideranças do partido, que apostam nesse discurso como uma maneira de não perder votos para a AfD."

Dados compilados pela Statista revelam que, em 2024, 13,3% da população acreditava que o país estava em risco por causa dos estrangeiros. Ao todo, 15,6 milhões de imigrantes vivem na Alemanha e representam 19% da população. Ainda de acordo com a pesquisa, 15,3% dos alemães consideram que os estrangeiros só estão no país para se aproveitar de benefícios sociais, e 11% alegam que, em caso de desemprego, os estrangeiros devem ser deportados.

"Esse é o mal causado pela AfD. Ela conseguiu traduzir frustrações diversas e oferecer um discurso que explica as insatisfações e ressentimentos através da presença de estrangeiros", pondera Costa. "São discursos muito vagos que acabam se valendo da desinformação para dar corpo a insatisfações que têm outras razões."

·        No trabalho, na escola e em casa

Brasileiros que vivem em diversas cidades da Alemanha relatam casos de xenofobia que ocorrem nos habitantes mais variados. Cleuza foi alvo de preconceito por parte dos colegas na empresa em trabalhava. A tradutora mora na Saxônia, um dos estados de maior capilaridade da AfD, onde o partido conquistou 30,6% dos votos na última eleição estadual.

"Faziam de conta que não me entendiam, diziam que eu não falava alemão direito. Eu só queria ganhar meu pão e ir para casa. Foi bem difícil e no fim das contas, não quis mais trabalhar lá e pedi para sair, porque o ambiente era pesadíssimo. Sei que não foi pessoal porque outros também foram vítimas", relata Cleuza.

Já Solange conta que recorreu ao atendimento de psicologia escolar após o filho de 6 anos ser discriminado pela professora. "Ela começou a detoná-lo, dizer que ele não conseguia acompanhar a turma e que nunca iria para o ginásio. Conversando com outros pais, descobri que ela tinha a mesma atitude com outras duas famílias estrangeiras. Então foi sim racismo", relata. "Tirei ele da escola e procurei ajuda do estado. Fiquei muito mal, porque temos o direito de ficar aqui e temos que passar por isso."

Em Dresden, outro reduto da AfD, Daniela recebeu pelo correio o panfleto da sigla que imitava uma passagem de avião para deportação de imigrantes.

"Foi violento porque sou estrangeira, meu marido viu que foi um homem idoso, de cabelo branco, que colocou na caixa de correio, que tem nosso sobrenome. Foi um choque de realidade ver esse comportamento. Já teve outras situações de gente cuspindo do meu lado ou de não me cumprimentarem de volta. (...) O fato de ser lida como branca no Brasil não me protegeu na Alemanha", diz Daniela.

AfD e o avanço da xenofobia

Os casos de xenofobia na Alemanha não começaram com o surgimento da AfD, fundada em 2013. Segundo Sergio Costa, a discriminação aumentou no país após a reunificação da Alemanha em 1990. Ele explica que com a integração, os estados da antiga Alemanha Oriental e as cidades industriais perderam relevância econômica no país.

Além disso, naquele período, agendas de diversidade social ganharam força no país. "Essa transformação não é aceita por todos os grupos. As pessoas veem na possibilidade de hostilizar estrangeiros uma forma ilusória de se rebelar contra uma influência perdida, a exemplo de homens que perderam parte da influência com o crescimento da igualdade de gênero", afirma o pesquisador.

Por fim, nesse processo, estrangeiros, seus descendentes e alemães naturalizados passaram a ocupar espaços na sociedade alemã. "O discurso xenófobo é uma maneira fácil de traduzir essas insatisfações que tem outros motivos, como a globalização e a perda de importância econômica."

Um dos que tentaram arregimentar esse discurso durante a reunificação foi o Partido Nacional-Democrático da Alemanha (NPD), que nunca obteve votos para chegar ao Bundestag. No caso da AfD, o partido não nasceu ultradireitista. No entanto, essa ala ganhou espaço na legenda, expulsou os fundadores moderados e eurocéticos e se promoveu sob uma plataforma de discriminação com estrangeiros.

<><> Preconceito multifacetado

Evelyne Leandro ressalta que os 160 mil brasileiros na Alemanha são um grupo heterogêneo, por isso, a xenofobia tem várias camadas. "Quando você soma a raça à questão econômica, há mais microagressões", afirma.

Rosa, moradora da Turíngia, onde o brasileiro Torben Braga se reelegeu deputado estadual pela AfD em 2024 e estado da maior proporção de votos para a sigla (32,8%), também já foi vítima de xenofobia.

"Eu estava andando na rua com algumas amigas e alemães passaram de carro, gritando: 'Fora! Alemanha para alemães", conta Rosa.

Outra situação ocorreu em uma confraternização com amigos do marido, que é alemão. "Um homem perguntou para meu marido se meus pelos pubianos eram iguais ao meu cabelo. Por que ele se achou confortável para dizer isso? Levantei e fui embora." Para ela, pesou o fato de ser uma mulher negra. "Se talvez eu fosse uma estrangeira de pele clara ele não faria esse tipo de pergunta. Naquele momento de impotência, foi traumático."

Já Mayara, ao tentar entrar numa festa, foi barrada pelo segurança, que liberou a entrada das duas amigas que a acompanhavam, uma alemã e outra polonesa. "Pediu meus documentos, coisa que não fez com as outras duas. Perguntou minha idade, eu já tinha 30 anos, e depois de onde eu vinha e disse que eu não iria entrar. O caso foi parar na Justiça."

Na Alemanha, vítimas de xenofobia podem procurar à Agência Alemã de Antidiscriminação. O órgão oferece aconselhamento aos imigrantes em casos de discriminação e indica quais as medidas judiciais podem ser tomadas. Ela foi criada em 2006, junto com uma lei antidiscriminação, que prevê o pagamento de indenização quando o autor é responsabilizado.

¨      Os clichês que brasileiros ainda escutam na Europa

"Olá, meu nome é Marco. Eu vivo no Rio de Janeiro. Eu não vou à escola. Pela manhã, procuro restos de comida na lata de lixo. Meu sonho é ser jogador de futebol profissional". É inacreditável, mas esse perfil está num livro didático da Alemanha dirigido a crianças do quarto ano do ensino fundamental.

O caso é muito sério, ainda mais pelo fato de esse exemplo estar num livro usado por escolas públicas, que deveriam estar educando as crianças, e não repetindo e corroborando clichês.

O fato foi denunciado por pais brasileiros que moram em Berlim e causou uma justa revolta. Como resultado, a Embaixada do Brasil na Alemanha também reclamou e a editora da obra, a Mildenberger, disse que suspendeu as vendas dos livros e que iria fazer uma "versão atualizada que seria discutida com a comunidade brasileira". A versão online da obra já foi alterada. Agora, Marco adora esportes e continua sonhando em ser jogador de futebol. Ou seja, melhorou, mas continua sendo um clichê.

"Ah, mas todo menino brasileiro ama esportes e sonha em ser jogador de futebol", dirão alguns. Não, não são todos. O que existe é um estereótipo antigo de que o Brasil é o país do "futebol, do samba e da bunda", quando, na verdade, o Brasil é enorme e diverso.

É fato também que, infelizmente, existem no Brasil crianças que não vão à escola e catam comida no lixo. Mas usar esse exemplo para retratar as crianças do país é um estereótipo preconceituoso, dirigido a países em desenvolvimento como o Brasil.

Por exemplo, você acha que um menino nascido nos Estados Unidos seria retratado como alguém que não vai à escola e se alimenta do lixo? Não, apesar de isso também acontecer lá. E, claro, na Alemanha também existem crianças que vivem em situações de vulnerabilidade.

<><> Rotina de estereótipos

O caso do livro escolar é revoltante, mas, infelizmente, não é isolado. Brasileiros que moram na Alemanha, e também em outros países mundo afora, continuam lidando com clichês rotineiramente. É absurdo, mas em 2025 ainda existe muito europeu que acha que o Brasil se resume a miséria, samba, bunda, futebol e selva. 

Sabe aquela ideia antiga de que toda mulher brasileira é sexy e sabe sambar e que os homens sabem todos jogar futebol? Ela ainda existe.

Nada contra sambistas, jogadores de futebol e ser quente na cama (muito pelo contrário). Tudo contra o fato de o Brasil, para muitos, ainda se resumir a clichês que datam dos anos 60. "Quando entro num táxi, nem falo mais que sou brasileira", diz uma amiga que mora há muitos anos aqui e simplesmente se cansou de ouvir piadinhas e cantadas pelo simples fato de ser brasileira.

"Tem homem alemão que acha que pode passar a mão na gente quando falamos que somos brasileiras", me conta uma moça de 20 e poucos anos.

No caso das mulheres, é ainda mais difícil, porque temos essa imagem da hipersexualização, e por isso somos extremamente objetificadas. Nas lojas, ainda é possível encontrar calcinhas tangas chamadas de "modelo brasileiro", e claro, o Brasil é famoso também pela depilação e a cirurgia Brazilian booty lift (um preenchimento dos glúteos conhecido no mundo todo por esse nome "lift de bunda brasileira").

Mas os clichês e estereótipos vão além dos sexuais.

<><> Energia brasileira

"Quando a minha irmã visitou a Alemanha pela primeira vez sozinha, nos anos 90, já perguntaram para ela se ela ia para a escola de cipó", me conta uma amiga. É chocante que ainda exista gente que pensa que o Brasil é uma selva, na "civilizada" e "educada" Europa.

Assim como é assustador que ainda haja europeu achando que no Brasil falamos espanhol. "Você pode ajudar minha filha na lição de espanhol?" Eu já ouvi isso de uma mulher teoricamente muito culta e sofisticada. Como pode?

Outro clichê comum (e que acho que atinge os latinos em geral) é o temperamento "quente, passional". Quem me conhece pessoalmente sabe que eu sou uma pessoa inofensiva, que as crianças adoram e que não oferece perigo (risos) mas juro que uma alemã já se referiu a mim da seguinte maneira: "Ela tem uma energia brasileira muito forte e eu me sinto desprotegida diante dela". Eu não estou brincando. Isso aconteceu comigo.

O que é "energia brasileira" é algo que eu ainda não entendi e nem pretendo entender. Já o preconceito, entendi na hora. A "pobre mulher branca europeia" se sentiu "desprotegida" diante da "selvagem". Sem querer, ela reproduziu outro clichê.

Não estou falando que todos os europeus têm essa ignorância e preconceitos em relação ao Brasil e brasileiros, de forma alguma. O que acho importante é a gente reconhecer que esse comportamento ainda existe. E denuncie para que um dia, quem sabe, brasileiros sejam tratados apenas como… pessoas que nasceram num país diverso chamado Brasil.

¨      Como as eleições vão mudar a política externa alemã

A política externa será um desafio e tanto para o próximo governo da Alemanha, a ser definido em eleição neste domingo (23/02). O país se vê diante de uma nova era, forçado a rever suas estratégias e a se despedir, de vez, do confortável papel de potência poderosa economicamente, mas hesitante do ponto de vista geopolítico.

Por muitas décadas, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, ministros alemães do Exterior puderam contar com um cargo atraente: firmemente ancorado no Ocidente, o país se transformou num defensor do multilateralismo, da democracia e do Estado de direito. Decisões delicadas na política externa eram tomadas em conjunto com potências amigas, e a segurança da Alemanha era responsabilidade dos Estados Unidos.

<><> EUA de Trump não querem bancar segurança alemã

Mas isso parece ter mudado. De passagem pela Alemanha, o novo vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, afirmou na semana passada que a Europa deve arcar com seus próprios custos de defesa e assumir responsabilidade.

A declaração irritou o conservador Friedrich Merz, líder da União Democrata Cristã (CDU) principal candidato ao cargo de chanceler federal alemã, que afirmou: "Estamos diante de um momento histórico: as garantias de segurança dos EUA estão sendo questionadas, e os americanos estão colocando em dúvida as instituições democráticas." E tudo isso numa velocidade frenética.

<><> Mudança de postura em relação à China

O país está num momento decisivo, argumenta Roderich Kiesewetter, especialista em política externa da bancada da CDU no Bundestag, a câmara baixa do parlamento alemão. Segundo o deputado, a democracia e o Estado de direito estão cada vez mais ameaçados na Alemanha, e o país precisa entender isso.

Como exemplo disso, Kiesewetter cita a China, que estaria fazendo de tudo para expandir sua influência e tornar países democráticos como a Alemanha mais dependentes de si.

Segundo o parlamentar, Berlim não está priorizando os próprios interesses estatais e econômicos, mas precisa fazê-lo. "Do contrário, as consequências econômicas serão massivas, e a Otan perderá sua capacidade de dissuasão."

Kiesewetter defende uma "reorientação estratégica e política clara na política externa e de segurança". "A antiga mentalidade de apaziguamento e a ingenuidade em relação à China não combinam com essa nova abordagem – pelo contrário, são contraproducentes."

<><> Papel da Alemanha na Ucrânia

Há também mudanças à vista na política em relação à Ucrânia. Com a invasão russa em 24 de fevereiro de 2022, a Alemanha se tornou o maior apoiador militar de Kiev depois dos EUA, e o país que mais acolheu refugiados ucranianos.

Agora, o risco é de que um acordo para encerrar a guerra seja negociado apenas entre os EUA e a Rússia. Nesse cenário, caberia à Alemanha e outros países – essencialmente europeus, ao que tudo indica – garantir o acordo com o envio de suas próprias tropas. O presidente americano, Donald Trump, já declarou que não assumirá essa responsabilidade.

Resta saber se a população alemã aceitará o envio de militares alemães em missão de paz à Ucrânia. A medida é apoiada por 49% e rejeitada por outros 44%, segundo uma pesquisa do instituto Forsa.

O atual chanceler federal alemão, o social-democrata Olaf Scholz, insiste na defesa da soberania ucraniana perante a Rússia – posição que, nas atuais condições, ele ou outro governo dificilmente conseguiria impor.

Em entrevista recente à emissora ARD, Scholz disse que discussões sobre a paz são desejáveis, "mas, para nós, está claro que isso não pode significar uma paz imposta e que a Ucrânia não deve ser forçada a aceitar o que lhe for apresentado".

Contudo esse é justamente o cenário que pode acabar se concretizando, e cuja perspectiva assombrará o próximo governo.

<><> Fortalecimento maciço das Forças Armadas

Seja qual for o cenário, a Alemanha, idealmente em cooperação com outros países-membros da UE, precisa se concentrar numa defesa própria eficaz. Nas contas do deputado federal Toni Hofreiter, do Partido Verde, isso não sairia por menos de 500 bilhões de euros.

Merz, provável novo líder alemão, defende que o país assuma a liderança na UE para alcançar esse objetivo. "Todos esperam que a Alemanha assuma uma responsabilidade maior pela liderança. Eu venho avisando isso repetidamente. A Alemanha é, de longe, o país mais populoso da Europa. Está localizada no centro geoestratégico do continente europeu. Precisamos desempenhar esse papel."

Para o conservador, o fortalecimento da Defesa alemã não é importante apenas no contexto da Ucrânia: "Trata-se da paz na Europa diante da agressão russa, que também nos atinge todos os dias aqui na Alemanha – com ameaças à nossa infraestrutura e aos cabos de dados no Mar Báltico."

<><> Apoio inabalável a Israel

No que diz respeito ao Oriente Médio, a influência alemã continuará sendo limitada, como era no passado. O próximo governo seguirá o princípio da "razão de Estado", ou seja, o compromisso inabalável com o direito de existência de Israel. Também continuará apoiando a solução de dois Estados – um para israelenses e outro para palestinos –, mesmo que isso pareça cada vez mais improvável

<><> Expansão de gastos militares

O que tudo isso significa na prática? O foco principal parece ser a construção de uma capacidade própria de defesa, algo que o atual ministro da pasta, o social-democrata Boris Pistorius, já reivindicava em outubro de 2023, ao citar a necessidade de "aprontar a Alemanha para a guerra".

Desde o verão de 2022, a modernização das Forças Armadas alemãs tem sido bancada por um fundo especial de aproximadamente 100 bilhões de euros – financiado por novas dívidas. O dinheiro vai acabar em 2028. A partir daí, os gastos anuais com defesa, atualmente em torno de 50 bilhões de euros, poderão subir para 80 ou até 90 bilhões. 

O debate sobre como financiar isso – se por meio de mais endividamento ou cortes em outras áreas do Orçamento – acirra a campanha eleitoral.

Para Kiesewetter, da CDU, esse aumento drástico é essencial para o futuro governo, porque os EUA só levarão a Alemanha a sério com um forte investimento militar. "A UE precisará oferecer um pacote mínimo para garantir que os EUA permaneçam um parceiro forte, tanto na Europa quanto na Otan."

<><> Novos parceiros no Oriente Médio e América do Sul?

Por isso a ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, do Partido Verde, soa quase desesperada quando insiste que a resposta a todas as mudanças no cenário global deve ser um esforço conjunto da UE.

"Somos 450 milhões. Temos o maior mercado interno comum do mundo. Firmamos novas parcerias. E agora precisamos usar tudo isso em conjunto, sem nos perder em detalhes insignificantes."

Essas novas parcerias incluem, por exemplo, cooperações com os países da região do Golfo e da América Latina, como o acordo Mercosul-UE, selado em dezembro de 2024.

 

Fonte: DW Brasil

 

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