sábado, 18 de janeiro de 2025

Moisés Mendes: Eduardo criou o roteiro para que Jair fosse humilhado por Trump

Eduardo Bolsonaro nem precisa dizer ao pai que o convite para a posse de Trump não tem o mesmo padrão dos que foram recebidos, alguns por telefonema, por Javier Milei, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg, Elon Musk, Viktor Orbán e Giorgia Meloni.

Bolsonaro sabe que foi tratado como mais um pelo cerimonial da posse. Eduardo recebeu um convite genérico para repassar ao pai. Um cartão virtual, via e-mail, que pode sair de um site em que todo mundo se convida e é convidado. Ninguém imagina que os bilionários trumpistas e as lideranças do fascismo internacional tenham recebido algo parecido.

E aí está o problema que Eduardo acabou criando para o pai, ao sair anunciando que ele havia sido convidado por Trump. Bolsonaro deu entrevistas até para o The New York Times dizendo que, por ter sido chamado para a festa pelo amigo americano, deixaria de tomar Viagra, de tão feliz que estava.

Pois aconteceu o que Alexandre de Moraes apostou que aconteceria ao desafiar Eduardo a arranjar um convite personalizado para o pai. Eduardo não conseguiu.

Para os bolsonaristas, ao fazer a aposta, o ministro seria derrotado por algo previsível. Dudu conseguiria mobilizar seus parceiros nos Estados Unidos, começando pelos filhos de Trump, para obter o convite com o carimbo do homem.

Imaginem a gincana a que foram submetidos os subalternos da família Bolsonaro atrás do convite. Quantos telefonemas não foram atendidos nos Estados Unidos. Imaginem quantas vezes alguém disse em Washington: é aquele cara do Brasil de novo.

Paulo Gonet e Moraes fizeram dobradinha para rejeitar o pedido de liberação do passaporte. Bolsonaro não seria uma autoridade em missão institucional para ir à posse. Seu interesse não poderia se sobrepor ao interesse público representado pelas investigações do golpe. 

Além disso, sempre foi um incentivador de fugas, como disse o ministro, e o convite era algo do tipo 'aparece lá em casa'. Incapaz de reverter o desafio proposto por Moraes sobre o convite, Eduardo não conseguiu tirar o pai da armadilha.

Trump, seus filhos, seus assessores, o pessoal da festa, os porteiros da Trump Tower – todos foram incomodados durante dias para que alguém expedisse com urgência um convite pessoal e intransferível. Os emissários de Dudu fracassaram. 

Parece um detalhe, mas não é. Trump tratou Bolsonaro com descaso, quando poderia ter parado alguns minutos e feito um movimento, um só, que resultasse na prova de que de fato desejava a presença de Bolsonaro em Washington.

Não fez esse movimento porque o brasileiro não é figura relevante no contexto das alianças e das guerras que vai deflagar logo depois da posse. 

Ninguém diz que o convite é falso. É apenas impessoal, impreciso e fajuto, sem os locais e horários dos festejos, considerando-se que haverá uma dúzia de eventos. Esse é o resumo da interpretação de Moraes.

Os filhos de Trump se negaram a mandar uma mensagem personalizada em nome do pai para o filho de Bolsonaro. Moraes apostou que, em mais uma tentativa de afrontá-lo, os Bolsonaros seriam humilhados. O ministro venceu de novo. 

 

¨      Decisão de Moraes aumenta a expectativa de prisão de Jair Bolsonaro. Por Esmael Moraes

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de negar o pedido de Jair Bolsonaro para recuperar seu passaporte e viajar aos Estados Unidos intensifica as especulações sobre o futuro jurídico e político do ex-presidente. A medida surge em meio a investigações que apontam seu suposto envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.

Na Petição 12100, a defesa de Bolsonaro alegava um convite para assistir à posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, em 20 de janeiro. Contudo, Moraes argumentou que não houve comprovação do convite e que as restrições são necessárias para evitar fuga e garantir a aplicação da lei penal.

Além disso, o ministro destacou declarações públicas do ex-presidente cogitando asilo político e apoiando a fuga de condenados pelos ataques antidemocráticos. A Procuradoria-Geral da República (PGR) reforçou a posição contra a solicitação, considerando-a infundada.

A decisão ocorre no contexto de investigações conduzidas pela Polícia Federal, que já indiciou Bolsonaro e outras 36 pessoas por crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. As medidas cautelares – incluindo a retenção do passaporte e a proibição de participar de eventos militares – visam evitar a obstrução da justiça e assegurar a integridade das apurações.

Uma pesquisa da Paraná Pesquisas divulgada recentemente revela que 93,6% dos brasileiros têm conhecimento das acusações contra Bolsonaro. Além disso, 45,6% acreditam que ele tentou liderar um golpe de Estado, enquanto 44,8% consideram justa a ação judicial contra ele.

O cenário se agrava à medida que os processos avançam, consolidando a tese de que Bolsonaro e aliados orquestraram ataques ao Estado de Direito. A decisão de Moraes, além de barrar sua saída do país, reforça as expectativas de um possível pedido de prisão preventiva caso novos elementos comprometam ainda mais sua situação.

A manutenção das medidas cautelares coloca Bolsonaro em uma posição delicada, impactando sua base de apoio e expondo fissuras em seu círculo político. A narrativa de perseguição judicial, frequentemente utilizada pelo ex-presidente, enfrenta um público dividido, com a maior parte da sociedade exigindo respostas claras sobre os eventos de 8 de janeiro.

Enquanto isso, os desdobramentos dessa decisão prometem influenciar o cenário político nacional, com possíveis reflexos nas eleições presidenciais de 2026 e no futuro da direita brasileira.

O STF mantém as restrições a Jair Bolsonaro com base na necessidade de garantir a aplicação da lei e o andamento das investigações. O avanço das apurações e a atenção da opinião pública tornam o cenário político mais tenso, com desdobramentos que podem influenciar os rumos institucionais do país.

 

¨      Bolsonaro foi buscar lã e saiu tosquiado. Por Alex Solnik

Na decisão de 16 páginas em que negou a devolução do passaporte a Jair Bolsonaro, o ministro do STF Alexandre de Moraes citou três argumentos. 

   Nada mudou desde que a apreensão do passaporte foi feita, ao contrário, a situação agravou-se porque Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal. Não há motivo, portanto, para revogar uma das três medidas cautelares impostas no contexto do inquérito da tentativa de golpe de estado.

   O segundo argumento é que a defesa não apresentou o convite oficial para a posse de Donald Trump, como Moraes havia solicitado.

   O terceiro, e mais contundente, é que haveria, por trás do pedido, a intenção de fugir do Brasil.

   Moraes baseia o argumento em declarações do próprio Bolsonaro, à Folha e ao UOL, nas quais cogitou pedir asilo em embaixadas caso fosse condenado e nas várias ocasiões em que incentivou e defendeu a fuga de condenados do 8/1 pelo STF que se refugiaram na Argentina.

   Moraes também afirmou que o deputado Eduardo Bolsonaro, intermediário do convite ao seu pai, é outro apoiador dos fugitivos da Justiça brasileira, tendo inclusive pedido asilo para eles ao presidente Milei.

   Depois dessa dura decisão de Moraes, a situação de Bolsonaro ficou mais complicada e seu indiciamento pela Justiça, apenas uma questão de tempo.

   E Eduardo Bolsonaro entrou no radar de Moraes.  

   A intenção de fugir do país pode caracterizar tentativa de obstrução de Justiça, um dos motivos que justifica a prisão preventiva.

   Bolsonaro foi buscar lã e saiu tosquiado.

¨      Inelegível, Bolsonaro quer os quatro filhos e a esposa Michelle nas urnas em 2026

Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira, 16, que deseja ter os quatro filhos e a esposa, Michelle (PL), disputando vagas no Congresso Nacional nas eleições de 2026.

Em entrevista ao canal de YouTube da revista Oeste, o ex-presidente relatou os seguintes planos:

— o senador Flávio Bolsonaro (PL) concorrendo à reeleição pelo Rio de Janeiro;

— o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) como candidato ao Senado por São Paulo;

— o vereador Carlos Bolsonaro (PL) disputando uma vaga na Câmara dos Deputados pelo Rio de Janeiro;

— Jair Renan Bolsonaro (PL), vereador por Balneário Camboriú, também candidato a vaga na Câmara Federal;

— e Michelle Bolsonaro concorrendo ao Senado pelo Distrito Federal.

·        Herança política

O próprio Jair está inelegível até 2030 por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas preserva o discurso de que é perseguido pelo Judiciário e concorrerá ao Planalto contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou outro representante do governo em 2026. Em pesquisas de intenção de voto para o pleito, chega a empatar tecnicamente com o incumbente.

Sem perspectiva de sua reabilitação política, que depende do STF (Supremo Tribunal Federal), no entanto, outros nomes da direita postulam o espólio do ex-presidente. São os casos dos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, e do ex-coach Pablo Marçal (PRTB), como reportou o site IstoÉ.

 

Fonte: Brasil 247/IstoÉ

 

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