Moisés Mendes:
Eduardo criou o roteiro para que Jair fosse humilhado por Trump
Eduardo Bolsonaro
nem precisa dizer ao pai que o convite para a posse de Trump não tem o mesmo
padrão dos que foram recebidos, alguns por telefonema, por Javier Milei, Jeff
Bezos, Mark Zuckerberg, Elon Musk, Viktor Orbán e Giorgia Meloni.
Bolsonaro sabe que
foi tratado como mais um pelo cerimonial da posse. Eduardo recebeu um convite genérico
para repassar ao pai. Um cartão virtual, via e-mail, que pode sair de um site
em que todo mundo se convida e é convidado. Ninguém imagina que os bilionários
trumpistas e as lideranças do fascismo internacional tenham recebido algo
parecido.
E aí está o
problema que Eduardo acabou criando para o pai, ao sair anunciando que ele
havia sido convidado por Trump. Bolsonaro deu entrevistas até para o The New
York Times dizendo que, por ter sido chamado para a festa pelo amigo americano,
deixaria de tomar Viagra, de tão feliz que estava.
Pois aconteceu o
que Alexandre de Moraes apostou que aconteceria ao desafiar Eduardo a arranjar
um convite personalizado para o pai. Eduardo não conseguiu.
Para os
bolsonaristas, ao fazer a aposta, o ministro seria derrotado por algo
previsível. Dudu conseguiria mobilizar seus parceiros nos Estados Unidos,
começando pelos filhos de Trump, para obter o convite com o carimbo do homem.
Imaginem a gincana
a que foram submetidos os subalternos da família Bolsonaro atrás do convite.
Quantos telefonemas não foram atendidos nos Estados Unidos. Imaginem quantas
vezes alguém disse em Washington: é aquele cara do Brasil de novo.
Paulo Gonet e
Moraes fizeram dobradinha para rejeitar o pedido de liberação do passaporte.
Bolsonaro não seria uma autoridade em missão institucional para ir à posse. Seu
interesse não poderia se sobrepor ao interesse público representado pelas
investigações do golpe.
Além disso, sempre
foi um incentivador de fugas, como disse o ministro, e o convite era algo do
tipo 'aparece lá em casa'. Incapaz de reverter o desafio proposto por Moraes
sobre o convite, Eduardo não conseguiu tirar o pai da armadilha.
Trump, seus filhos,
seus assessores, o pessoal da festa, os porteiros da Trump Tower – todos foram
incomodados durante dias para que alguém expedisse com urgência um convite
pessoal e intransferível. Os emissários de Dudu fracassaram.
Parece um detalhe,
mas não é. Trump tratou Bolsonaro com descaso, quando poderia ter parado alguns
minutos e feito um movimento, um só, que resultasse na prova de que de fato
desejava a presença de Bolsonaro em Washington.
Não fez esse
movimento porque o brasileiro não é figura relevante no contexto das alianças e
das guerras que vai deflagar logo depois da posse.
Ninguém diz que o
convite é falso. É apenas impessoal, impreciso e fajuto, sem os locais e
horários dos festejos, considerando-se que haverá uma dúzia de eventos. Esse é
o resumo da interpretação de Moraes.
Os filhos de Trump
se negaram a mandar uma mensagem personalizada em nome do pai para o filho de
Bolsonaro. Moraes apostou que, em mais uma tentativa de afrontá-lo, os
Bolsonaros seriam humilhados. O ministro venceu de novo.
¨ Decisão de Moraes aumenta a expectativa de prisão de
Jair Bolsonaro. Por Esmael Moraes
A decisão do
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de negar o
pedido de Jair Bolsonaro para recuperar seu passaporte e viajar aos Estados
Unidos intensifica as especulações sobre o futuro jurídico e político do
ex-presidente. A medida surge em meio a investigações que apontam seu suposto
envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.
Na Petição 12100, a
defesa de Bolsonaro alegava um convite para assistir à posse do presidente
eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, em 20 de janeiro. Contudo, Moraes
argumentou que não houve comprovação do convite e que as restrições são
necessárias para evitar fuga e garantir a aplicação da lei penal.
Além disso, o
ministro destacou declarações públicas do ex-presidente cogitando asilo político
e apoiando a fuga de condenados pelos ataques antidemocráticos. A
Procuradoria-Geral da República (PGR) reforçou a posição contra a solicitação,
considerando-a infundada.
A decisão ocorre no
contexto de investigações conduzidas pela Polícia Federal, que já indiciou
Bolsonaro e outras 36 pessoas por crimes como tentativa de abolição violenta do
Estado Democrático de Direito. As medidas cautelares – incluindo a retenção do
passaporte e a proibição de participar de eventos militares – visam evitar a obstrução
da justiça e assegurar a integridade das apurações.
Uma pesquisa da
Paraná Pesquisas divulgada recentemente revela que 93,6% dos brasileiros têm
conhecimento das acusações contra Bolsonaro. Além disso, 45,6% acreditam que
ele tentou liderar um golpe de Estado, enquanto 44,8% consideram justa a ação
judicial contra ele.
O cenário se agrava
à medida que os processos avançam, consolidando a tese de que Bolsonaro e
aliados orquestraram ataques ao Estado de Direito. A decisão de Moraes, além de
barrar sua saída do país, reforça as expectativas de um possível pedido de
prisão preventiva caso novos elementos comprometam ainda mais sua situação.
A manutenção das
medidas cautelares coloca Bolsonaro em uma posição delicada, impactando sua
base de apoio e expondo fissuras em seu círculo político. A narrativa de
perseguição judicial, frequentemente utilizada pelo ex-presidente, enfrenta um
público dividido, com a maior parte da sociedade exigindo respostas claras
sobre os eventos de 8 de janeiro.
Enquanto isso, os
desdobramentos dessa decisão prometem influenciar o cenário político nacional,
com possíveis reflexos nas eleições presidenciais de 2026 e no futuro da
direita brasileira.
O STF mantém as
restrições a Jair Bolsonaro com base na necessidade de garantir a aplicação da
lei e o andamento das investigações. O avanço das apurações e a atenção da
opinião pública tornam o cenário político mais tenso, com desdobramentos que
podem influenciar os rumos institucionais do país.
¨ Bolsonaro foi buscar lã e saiu tosquiado. Por Alex
Solnik
Na decisão de 16
páginas em que negou a devolução do passaporte a Jair Bolsonaro, o ministro do
STF Alexandre de Moraes citou três argumentos.
Nada
mudou desde que a apreensão do passaporte foi feita, ao contrário, a situação
agravou-se porque Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal. Não há motivo,
portanto, para revogar uma das três medidas cautelares impostas no contexto do
inquérito da tentativa de golpe de estado.
O
segundo argumento é que a defesa não apresentou o convite oficial para a posse
de Donald Trump, como Moraes havia solicitado.
O
terceiro, e mais contundente, é que haveria, por trás do pedido, a intenção de
fugir do Brasil.
Moraes
baseia o argumento em declarações do próprio Bolsonaro, à Folha e ao UOL, nas
quais cogitou pedir asilo em embaixadas caso fosse condenado e nas várias
ocasiões em que incentivou e defendeu a fuga de condenados do 8/1 pelo STF que
se refugiaram na Argentina.
Moraes
também afirmou que o deputado Eduardo Bolsonaro, intermediário do convite ao
seu pai, é outro apoiador dos fugitivos da Justiça brasileira, tendo inclusive
pedido asilo para eles ao presidente Milei.
Depois
dessa dura decisão de Moraes, a situação de Bolsonaro ficou mais complicada e
seu indiciamento pela Justiça, apenas uma questão de tempo.
E
Eduardo Bolsonaro entrou no radar de Moraes.
A
intenção de fugir do país pode caracterizar tentativa de obstrução de Justiça,
um dos motivos que justifica a prisão preventiva.
Bolsonaro
foi buscar lã e saiu tosquiado.
¨ Inelegível,
Bolsonaro quer os quatro filhos e a esposa Michelle nas urnas em 2026
Jair
Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira,
16, que deseja ter os quatro filhos e a esposa,
Michelle (PL), disputando vagas no Congresso Nacional nas eleições de 2026.
Em entrevista ao canal de YouTube da revista Oeste,
o ex-presidente relatou os seguintes planos:
— o senador Flávio
Bolsonaro (PL) concorrendo à reeleição pelo Rio de Janeiro;
— o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) como candidato ao Senado por São Paulo;
— o vereador Carlos Bolsonaro (PL) disputando uma vaga na Câmara dos Deputados pelo Rio de Janeiro;
— Jair
Renan Bolsonaro (PL), vereador por
Balneário Camboriú, também candidato a vaga na Câmara Federal;
— e Michelle Bolsonaro concorrendo ao Senado pelo Distrito
Federal.
·
Herança política
O próprio Jair está inelegível até
2030 por decisão do TSE (Tribunal Superior
Eleitoral), mas preserva o discurso de que é perseguido pelo Judiciário e concorrerá ao
Planalto contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) ou outro representante do governo em 2026. Em pesquisas de intenção de
voto para o pleito, chega a empatar
tecnicamente com o incumbente.
Sem perspectiva de sua reabilitação política, que
depende do STF (Supremo Tribunal Federal), no entanto, outros nomes da direita
postulam o espólio do ex-presidente. São os casos dos governadores Tarcísio de
Freitas (Republicanos), de São Paulo, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás,
e do ex-coach Pablo Marçal (PRTB), como reportou o
site IstoÉ.
Fonte: Brasil
247/IstoÉ
Nenhum comentário:
Postar um comentário