Vídeo Fake de
Nikolas foi tática eleitoral pró-Bolsonaro paga pelo PL, mostra jornal
O marqueteiro de
Jair Bolsonaro, Duda Lima, foi contratado pelo PL para coordenar a disseminação
das Fake News sobre o Pix, escalando o deputado federal Nikolas Ferreira (PL)
para a atuação contra o governo Lula, repercutindo no vídeo que gerou a principal crise
de comunicação do governo.
A informação foi
divulgada por reportagem de O
Globo,
nesta quinta-feira (16). Segundo o jornal, o marqueteiro de Bolsonaro e de
Ricardo Nunes à Prefeitura de São Paulo, em 2024, reuniu-se com o presidente do
PL, nesta semana, e convidou o deputado bolsonarista para iniciar uma grande
campanha de oposição contra o governo Lula, tendo como alicerce o recente
anúncio de monitoramento da Receita Federal sobre o Pix.
O Globo informou
que Duda Lima não fez o roteiro do vídeo de Nikolas Ferreira, que ultrapassou
200 milhões de visualizações, mas ele “ajudou na estratégia sobre como explorar
o tema”.
Se confirmada a
contratação do marqueteiro para a disseminação das Fake News, o caso poderá ser
levado como prova na Justiça sobre as mentiras divulgadas, de forma
intencional, controlada e, inclusive, paga.
A reportagem de O
Globo não trata a contratação do marqueteiro, pelo PL, como crime, mas como uma
simples batalha comunicacional entre a oposição e o governo Lula: “Agora, Duda
Lima trava uma disputa particular com Sidônio Palmeira, marqueteiro de Lula na
última campanha presidencial.”
O que a publicação
revela, contudo, é que o vídeo do deputado bolsonarista não foi uma estratégia
pessoal do político, mas uma tática do PL e da oposição, em torno a Jair
Bolsonaro, para atacar o governo Lula, por meio da disseminação de Fake News:
“Nos últimos dias,
Lima conversou com integrantes do PL sobre a forte rejeição popular ao tema.
Segundo aliados, Nikolas foi escolhido para liderar o embate por ter um grande
número de seguidores nas redes sociais e ser diretamente atrelado a Bolsonaro”
A publicação traz,
ainda, que o marqueteiro está sendo usado pelo PL com vistas às eleições
presidenciais 2026, para reforçar antecipadamente a imagem de Jair Bolsonaro
“como o único nome da direita” na disputa.
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Fake News do Pix:
como o governo tenta manejar os estragos
Enquanto o governo
tenta mediar e entender a sucessão de erros para a avalanche que se tornou o
caso das Fake News do Pix, a oposição ainda colhe os frutos do estrago para o
governo Lula e se debruça em mais narrativas distorcidas.
A noite desta
quarta e manhã desta quinta foram dedicadas, pelo governo Lula, a entender e
tentar evitar a continuidade da propagação das mentiras sobre novas regras de
monitoramento das transações via Pix, que foram alvo de desinformação e
mentiras por parte da oposição nas redes sociais, com destaque para um vídeo do
deputado federal Nikolas Ferreira (PL).
O referido vídeo no
instagram foi visto mais de 200 milhões de vezes e o tema chegou a bater
recorde de buscas no Google com a palavra “Pix”, com as maiores visualizações
nas publicações que distorciam e mentiam sobre o caso. Juntamente com o vídeo
de Nikolas, as publicações dos deputados do PL totalizaram mais de 4,5 milhões
de interações.
Do outro lado, as
publicações de governistas tentando desmentir as postagens atingiram pouco mais
de 218 mil interações nas redes sociais, segundo mostra um levantamento da
Bites. O vídeo oficial do presidente Lula desmentindo não passou de 16 milhões
de visualizações.
Para tentar conter
os danos, Lula decidiu trocar completamente o Ministério da Comunicação e
solicitou, de forma imediata, que o novo ministro, o publicitário Sidônio
Palmeira, atue para enfrentar a crise de comunicação. Sidônio assumiu no lugar
do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), nesta terça (14).
Ao mesmo tempo, nos
últimos dias, Lula chegou a contratar uma equipe de especialistas externos para
ouvir sugestões e tentar encontrar soluções para o caso.
Foi na tentativa de
conter a crise que o novo ministro Sidônio Palmeira entendeu que a guerra já
estava perdida e que era preciso suspender, revogar a medida
econômica criada
pelo governo, mais especificamente a Receita Federal, de monitorar as
transações Pix.
Mas, como já era
previsto pelo governo, a revogação foi também explorada pela oposição, que além
de inicialmente acusar o governo de ser favorável ao “aumento dos impostos dos
pobres e da classe média”, agora afirma que se não houvesse um erro na medida,
o governo não teria suspendido a decisão.
Nesta quinta (16),
o deputado Nikolas Ferreira estava adotando esse discurso em entrevista aos
veículos.
Enquanto isso, a
estratégia do governo vem sendo a de minimizar, dentro da Secretaria de
Comunicação, que se resolva completamente o estrago, que já foi feito, manter
as divulgações das informações corretas, e entrar judicialmente com medidas
contra as Fake News de Nikolas e demais parlamentares.
Nesse sentido, a
Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou à Polícia Federal a abertura de um
inquérito para investigar a disseminação das Fake News relacionadas ao Pix. Em
documento enviado nesta quarta (15), a AGU pede a responsabilização dos autores
do crime.
“Manifestações em
plataformas digitais não podem ser realizadas para gerar desinformação sobre
políticas públicas nem minar a legitimidade das instituições democráticas, nem
causar pânico na população, porquanto tal atuar causa prejuízos concretos ao
funcionamento eficiente do Estado Democrático de Direito”, escreveu a AGU no
pedido à PF.
Além disso,
diversas entidades de Direito entraram com ações na Justiça, buscando essa
finalidade. O Ministério Público Federal (MPF) e o Conselho de Ética da Câmara
foram acionados por petição do Grupo Prerrogativas pelo vídeo do deputado
federal Nikolas Ferreira.
A expectativa é
que, do ponto de vista de contenção do problema, a responsabilidade aos
disseminadores das Fake News possa trazer um controle para novas e futuras
mentiras nas redes.
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PIX, fake news e a
reação do governo, por Fernando Castilho
É difícil saber por
onde começar.
O Secretário da
Receita Federal, Robson Barreirinhas, com um raciocínio técnico e nada
político, pensou certo e agiu errado ao baixar um ato normativo. Estabelecer
que transações acima de 5 mil reais de pessoas físicas e 15 mil reais de
pessoas jurídicas devem ser alvo de relatório para a Receita, a fim de evitar
sonegações, assim como funciona com cartões de crédito e débito, é correto. Mas
o timing e a maneira como esse ato foi feito foram errados.
O resultado foi uma
enxurrada de fake news partindo da extrema direita. As mais graves vieram
através de vídeos e tweets de Eduardo e Jair Bolsonaro, que aterrorizaram os
usuários do PIX, afirmando que a modalidade passaria a ser taxada como imposto.
O rastilho de pólvora se espalhou rapidamente, principalmente entre os
informais mais pobres que utilizam muito o sistema.
O governo, sempre
em posição defensiva aos ataques mentirosos dos bolsonaristas, tentou
esclarecer a população através de vídeos e entrevistas de Barreirinhas a sites
e canais progressistas de alcance limitado dentro da bolha. Não funcionou.
Então, aí está o
pecado original que resultou na maior lambança deste terceiro governo Lula.
Barreirinhas
deveria ter discutido com Haddad uma estratégia de comunicação ao povo sobre as
medidas a serem implementadas. Espero que não o tenha feito, pois, caso Haddad
tivesse conhecimento disso, o erro passa a ser dele também. E isso seria
gravíssimo, uma vez que se espera do ministro raciocínio político.
Enquanto Haddad e
Barreirinhas se esforçavam em inócuas tentativas de explicação, Nikolas
Ferreira fez um vídeo que, por incrível que pareça, continha uma possível
verdade: o governo não taxou o PIX, mas passou a estabelecer um controle sobre
as transações, e isso poderia no futuro se transformar em imposto.
O vídeo bombou,
atingindo mais de 200 milhões de visualizações. Se a Meta atuou para inflar
esses números, não se sabe e nem é o mais importante. O fato é que os
bolsonaristas conseguiram seu objetivo e o estrago estava feito.
Havia, então, duas
possibilidades para o governo agir: ou ia à rede nacional de televisão para
desmentir as fake news e dar nomes aos bois que estavam enganando o povo – o
que defendi desde o início, porque num caso como esse era necessário que o
governo saísse das cordas e mostrasse a verdade – ou revogava o ato normativo.
As notícias indicam que Lula teria ficado furioso com a lambança e decidiu,
após duas reuniões com Haddad e Sidônio Palmeira, pela revogação.
Durante o dia de
ontem, os sites e canais progressistas, antes da decisão de Lula, debateram a
possível revogação, inicialmente proposta por Breno Altman, posicionando-se
contra a medida. Porém, à noite, com o anúncio da revogação, passaram todos a
defendê-la.
As consequências do
recuo do governo serão inúmeras, mas a mais provável será o crescimento da
credibilidade de Nikolas Ferreira e outros bolsonaristas mais radicais, em
detrimento da queda de confiança e na falta de transparência do governo Lula.
Isso certamente será medido em próximas pesquisas. Além disso, as necessárias
informações sobre grandes transações via PIX para controle de sonegação não
mais deverão acontecer. Uma avenida passa a estar aberta aos sonegadores.
Possivelmente Lula
não demitiu Barreirinhas porque ele não deve ter errado sozinho e não seria
escolhido como o bode expiatório dessa lambança.
Agora o fato está
consumado. Fica, porém, uma lição amarga que Haddad e o resto do governo têm
que aprender: há uma oposição fascista que está sempre prestes a morder os
calcanhares do governo e para a qual não se pode dar um milímetro de espaço. A
ficha disso ainda não caiu. É preciso que toda e qualquer medida a ser
implementada tenha antes uma estratégia bem definida de comunicação.
Além disso, deve
ficar claro para o governo que os canhões do bolsonarismo deixarão de ser
apontados somente para as pautas de costumes e passarão a ter como alvo a
economia, justamente o setor em que Lula está se saindo melhor.
Tendo essa
estratégia como clara, o governo, principalmente através da comunicação, tem
que se antecipar a todo e qualquer vídeo que ataque a economia, uma espécie de
vacina contra o veneno que os bolsonaristas tentarão inocular na população.
Ou isso, ou a
derrota em 2026.
¨
Melhor recuar do
que prolongar o sangramento, diz Lavareda após decisão do governo sobre PIX
Um dos cientistas
políticos mais renomados do País, pioneiro nos estudos de neuropolítica e
referência em marketing político e comportamento do eleitor, Antônio Lavareda
avaliou como correta a decisão do governo Lula em revogar a Instrução
Normativa que viabilizava o monitoramento de transações financeiras acima de R$
5 mil, incluindo o PIX. A publicação da IN provocou uma onda de ataques e
fake news nas redes sociais.
Em entrevista
exclusiva ao jornalista Luis Nassif, no canal TVGGN [assista abaixo], Lavareda disse que
a publicação da norma que desagradou sobretudo os trabalhadores informais foi
“infeliz” e pontuou que foi melhor recuar da decisão do que “prolongar o
sangramento”.
A revogação da
norma ocorreu na noite de quarta (15), após a posse do novo ministro da Secom,
Sidônio Palmeira, em meio à crise do PIX. No mesmo dia, um vídeo do deputado
Nikolas Ferreira atacando frontalmente a medida e a imagem do presidente Lula
ultrapassou a marca dos 230 milhões de visualizações apenas no Instagram.
Segundo Lavareda,
Sidônio é conhecido por trabalhar com o tripé “gestão, comunicação e política”,
considerando que, a depender das circunstâncias, esse triângulo terá fases
distintas, com um lado pesando mais do que o outro. No caso da crise do PIX, o
erro da gestão pesou mais e não havia o que a comunicação pudesse fazer para
estancar a sangria aberta pela oposição.
“A instrução normativa é um problema
administrativo e a comunicação pouco podia fazer. Na minha experiência, o
melhor era recuar em meio ao desgaste. É melhor uma derrota de pequena
dimensão, administrável, do que o prolongamento de um sangramento que poderia
levar o governo às cordas no curto e médio prazo”, disse Lavareda.
Na opinião do
especialista, do ponto de vista comunicação, o que poderia ter sido feito,
antes da medida ser lançada, seria um estudo para compreender qual seria o
impacto da IN sobre as camadas afetadas. Dessa forma, o governo poderia ter
preparado vacinas contra as reações negativas. Mas, ao contrário disso, não
houve preparo, e toda a narrativa foi tomada de assalto pela oposição. Segundo
Lavareda, isso foi facilitado pelo fato de que a população ficou realmente
ultrajada com a norma.
“O cidadão,
sobretudo o da informalidade – alguns estudos estimam que são até 35% da força
de trabalho brasileira -, ele leu essa instrução normativa como se o governo
estivesse entregando uma lupa para o leão da Receita. Obviamente, as pessoas
não gostaram”, frisou Lavareda.
<><> Sociedade
da atenção
Para Antônio
Lavareda, a literatura já firmou que estamos vivendo na “sociedade da atenção”,
mas o campo progressista não se adequou à nova realidade, e está longe de
fazê-lo.
“Atenção nas redes
sociais é tudo, os algoritmos exploram isso à exaustão. Do ponto de vista
político, os populistas levam vantagem porque eles não têm compromisso algum
com a verdade. A psicologia já mostra isso, há décadas e décadas, que fake news
e deturpação da realidade chamam muito mais atenção e transitam muito mais
rápido na sociedade. Bolsonaro e Trump têm posição privilegiada nessa sociedade
da atenção, levam vantagens sobre setores progressistas que têm que se reinventar.
Mas aí é uma questão mais longa. O problema dos progressistas não é mero
problema de comunicação.” Vai além.
Fonte: Jornal GGN
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