sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Governo Lula prioriza projetos econômicos e sociais em 2025

A principal missão do governo Lula em 2025 é aprovar projetos prioritários nas áreas econômica, social e de segurança pública. O governo começa o ano preparando a articulação política para contornar a fragmentação política do Congresso e assegurar a aprovação dos projetos prioritários, aponta o jornal O Estado de S.Paulo, que destaca também a possibilidade de tomar medidas adicionais como a reforma ministerial.

Nos dois primeiros anos do atual mandato do presidente Lula, o governo conseguiu avanços importantes no Congresso, incluindo a aprovação do novo marco fiscal, que estabelece regras para o controle de gastos públicos, e a reforma tributária, voltada para simplificar o sistema de impostos. Essas vitórias foram alcançadas com grande esforço político.

No próximo ano, o professor de ciência política analisa que o governo enfrentará um cenário ainda mais desafiador, marcado por um Congresso fragmentado e uma polarização crescente às vésperas das eleições presidenciais de 2026. O professor destaca que, com parlamentares focados em suas bases eleitorais, a aprovação de projetos prioritários será mais difícil, sobretudo diante de interesses conflitantes e da resistência de uma oposição fortalecida.

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), que assumirá a liderança da bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara, aposta na aprovação de projetos econômicos e considera que isto melhorará a avaliação do governo.

“O presidente falou que é hora de consolidar o governo. A economia é muito importante. Acho que vai continuar sendo a principal questão do governo aqui. A questão do governo aqui é dar tranquilidade, consolidar os números, os resultados do governo. Terá uma turma nova que vai estar na ‘frequência’. Vejo, com bons olhos, também esse novo momento no Parlamento”, disse.

Na mesma linha, o vice-líder do governo na Câmara, deputado Rogério Correia (PT-MG), destaca a importância das matérias econômicas e sociais, afirmando que 2025 será um “ano de entrega” para o governo, O parlamentar menciona o projeto de lei que propõe a alteração das regras para a aposentadoria de militares, com o objetivo de equilibrar as contas públicas, além da proposta de redução da renúncia fiscal, que busca diminuir os benefícios tributários concedidos a determinados setores da economia, aumentando a arrecadação e possibilitando a destinação de mais recursos para áreas prioritárias, como saúde, educação e programas sociais.

“Agora, precisamos de alguns programas para acertar a economia, que promovam a divisão de renda — uma marca que o PT busca estabelecer e que o governo do presidente Lula tem como compromisso”, resume.

<><> Caso Pix: governo detectou risco de nova 'jornada de junho de 2013'

A decisão do governo Lula (PT) de revogar a instrução normativa da Receita Federal para aumentar a fiscalização sobre transações financeiras, incluindo Pix, sinaliza que o Palácio do Planalto detectou riscos de a medida, muito atacada nas redes sociais, resultar em um amplo movimento de insatisfação nas ruas, semelhante ao que ocorreu nas chamadas 'jornadas de junho de 2013', de acordo com análise de César Felício no jornal Valor Econômico.

A avaliação interna do governo foi de que a cobrança poderia desencadear uma reação semelhante às manifestações de junho de 2013, que começaram por conta do aumento nas tarifas de transporte e evoluíram para uma onda de protestos generalizados, dando, inclusive, fôlego para o golpe contra Dilma Rousseff (PT) anos depois.

O Brasil tem atualmente 39,4 milhões de trabalhadores informais, representando 38,7% da força de trabalho, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada em agosto. A formalização do microempreendedor individual (MEI) oferece benefícios previdenciários importantes, mas também impõe custos imediatos. Em 2025, a contribuição mensal mínima para essa categoria será de pelo menos R$ 75,90. Esse custo extra, somado a uma eventual cobrança adicional no Imposto de Renda, gerou preocupação sobre o impacto direto no orçamento de milhões de trabalhadores informais e pequenos empreendedores. O medo foi alimentado pela extrema direita e pela oposição ao governo, que distorceu a nova norma da Receita em postagens nas redes sociais.

A forte repercussão negativa levou o governo a reavaliar a medida. Internamente, analistas políticos consideraram que a medida poderia acender a mesma insatisfação popular que levou às manifestações massivas de 2013, período marcado pelo slogan "Não é só pelos 20 centavos", em alusão ao aumento das tarifas de ônibus.

O governo, ciente desse contexto, optou por suspender a medida, buscando evitar tensões sociais que poderiam comprometer a estabilidade política.

¨       Câmara publica texto final da reforma tributária

A Câmara dos Deputados concluiu e publicou nesta quinta-feira (26) o texto final do Projeto de Lei Complementar 68/2024, o primeiro a regulamentar a reforma tributária, aprovada na última semana. O documento foi enviado ao Palácio do Planalto, onde o presidente Lula terá 15 dias úteis para sancionar ou vetar, total ou parcialmente, as medidas, informa a Folha de S. Paulo.

O projeto estabelece as diretrizes gerais dos novos tributos que serão implementados em 2026, inicialmente em caráter experimental. Além disso, prevê a criação, em 2025, de um Comitê Gestor composto por representantes de estados e municípios, que será responsável pela administração dos tributos reformulados.

Segundo Bernard Appy, secretário extraordinário da reforma tributária no Ministério da Fazenda, não se espera que o governo faça vetos significativos ao texto. 

A Receita Federal e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) estão auxiliando na revisão do projeto, especialmente no que diz respeito aos benefícios incluídos por deputados e senadores, que podem aumentar a alíquota inicial dos novos tributos para 28%. Esse percentual ultrapassa a trava de 26,5% estabelecida na lei, o que pode gerar desafios para sua implementação.

O PLP 68/2024, contudo, é apenas o começo. Um segundo projeto, o PLP 108/2024, está atualmente em tramitação no Senado e aborda aspectos tributários específicos, como o ITCMD (imposto sobre heranças e doações) e o ITBI (imposto sobre transmissão de imóveis). Além disso, o governo federal precisa enviar ao Congresso a proposta que definirá as alíquotas do novo Imposto Seletivo, que substituirá parte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 2027.

<><> Próximos passos

A reforma tributária, considerada uma das mais ambiciosas mudanças no sistema fiscal brasileiro das últimas décadas, enfrenta agora a etapa de ajustes finais e regulamentação. O presidente Lula e sua equipe terão a tarefa de avaliar como as novas regras podem impactar estados, municípios e a arrecadação federal.

O Comitê Gestor, previsto para 2025, será um elemento-chave na transição para o novo modelo tributário. Sua criação permitirá a coordenação entre diferentes entes federativos, buscando harmonizar a cobrança e a distribuição dos tributos em um sistema que promete simplificar e modernizar a estrutura fiscal do país.

¨       Lula sanciona regulamentação da reforma tributária: "finalmente os mais pobres pagarão menos"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta quinta-feira (16) o projeto de lei complementar que regulamentou a reforma tributária. Os vetos buscam evitar a judicialização e serão analisados pelo Congresso Nacional.

Lideranças parlamentares enfatizaram que a reforma tributária destaca-se por ser a primeira da história do Brasil democrático e possuir elementos de progressividade no consumo, já que prevê a isenção de impostos nos alimentos da cesta básica. A reforma também resulta na criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), cujo percentual médio é de 22%, segundo o Ministério da Fazenda.

O presidente Lula ressaltou na cerimônia no Palácio de Planalto a capacidade de diálogo do Congresso. "Em um país livre como o Brasil, a reforma tributária mostra que a democracia é o melhor sistema no planeta Terra", disse. 

"O Brasil finalmente decidiu ser um país grande e competitivo", acrescentou Lula, lembrando que a nova ordem tributária passará a valer a partir de 2027. 

O presidente também destacou que os mais pobres passarão a pagar menos impostos: "Finalmente uma política tributária que garante aos mais pobres pagar menos que os mais ricos", disse. 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou no evento que a reforma tributária será o maior legado do governo do presidente Lula. "Estamos plantando hoje um país muito mais justo e eficiente", afirmou.

Aprovada em dezembro de 2024 pela Câmara dos Deputados, a regulamentação reforma tributária, do Poder Executivo, contém detalhes sobre cada regime com redução ou isenção de incidência, a devolução de tributos para consumidores de baixa renda (cashback), a compra internacional pela internet e a vinculação dos mecanismos de pagamento com sistema de arrecadação.

¨       Sem aprovação de lei, tabela do IR fica congelada em 2025

Sem a aprovação da reforma do Imposto de Renda (IR), que só deverá ser enviada ao Congresso após a votação do Orçamento de 2025, a tabela progressiva fica congelada neste ano. Quem ganha mais de R$ 2.824, pouco menos de dois salários mínimos, pagará o tributo.

No fim de novembro, o governo tinha anunciado a intenção de elevar a faixa de isenção para R$ 5 mil, na segunda fase da reforma tributária, que trata do IR. Em troca, o governo pretendia introduzir uma alíquota em torno de 10% sobre os rendimentos mensais acima de R$ 50 mil, que compensaria o impacto fiscal do aumento do limite de isenção.

Originalmente anunciada para tramitar junto do pacote de corte de gastos aprovado no fim de dezembro, a proposta ficou para este ano. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “inconsistências” nos modelos estatísticos da Receita levaram o Fisco a rever os cálculos. Caso o Congresso aprove o Orçamento em fevereiro, a proposta pode ser enviada no mesmo mês ou no início de março.

Correspondente ao piso da tabela progressiva, a faixa de isenção foi elevada pela última vez em fevereiro de 2024, de R$ 2.640 para R$ 2.824. As demais faixas de tributação permanecem sem mudanças desde 2015. O projeto de lei do Orçamento de 2025, enviado ao Congresso em agosto, não prevê mudanças na tabela do Imposto de Renda.

Oficialmente, o limite máximo da alíquota zero está fixado em R$ 2.259,20. No entanto, para garantir a isenção para quem recebe até R$ 2.824, equivalente a dois salários mínimos, haverá um desconto simplificado de R$ 564,80 da renda sobre a qual deveria incidir o imposto. Esse desconto corresponde à diferença entre os dois valores: limite de isenção e dois salários mínimos.

A Receita Federal esclarece que esse desconto simplificado é opcional. Para quem tem direito a deduções maiores pela legislação atual, como dependentes, pensão alimentícia, gastos com educação e saúde, nada mudará.

 

¨       Lula: governadores contra o Propag são ingratos e terão que pagar

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a importância do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) nesta quinta-feira (16), em Brasília (DF), e alertou para a necessidade de articulação entre o governo federal e os governos estaduais para ajudar no crescimento da economia.

“Cinco governadores maiores e que mais devem são ingratos e deveriam agradecer ao governo federal. A partir de agora, eles vão pagar”, disse Lula, que agradeceu ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e ao Ministério da Fazenda, comandado por Fernando Haddad.

Na capital federal, o presidente também sancionou, com vetos, a Lei Complementar 212, de 2025, que cria o Propag. As dívidas estaduais somam mais de R$ 765 bilhões. De acordo com o Tesouro Nacional, mais de 90% do total se refere a cinco unidades da Federação: São Paulo (R$ 287,5 bilhões), Rio de Janeiro (R$ 171,8 bilhões), Minas Gerais (R$ 157,7 bilhões), Rio Grande do Sul (R$ 99,6 bilhões) e Goiás (R$ 18,4 bilhões). Os estados terão até 31 de dezembro de 2025 para solicitar adesão ao Propag.

O estado de São Paulo é governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o Rio, por Cláudio Castro (PL). Minas tem como chefe do Executivo estadual Romeu Zema (Novo). O Rio Grande do Sul é administrado pelo governador Eduardo Leite (PSDB), e Goiás, por Ronaldo Caiado (União Brasil).

A lei sobre o Propag autoriza desconto nos juros e permite pagamento em até 360 parcelas (prazo de 30 anos). As parcelas mensais serão calculadas e corrigidas mensalmente. Existe a hipótese de amortizações extraordinárias e redução dos valores nos primeiros cinco anos.

Os estados poderão quitar parte das dívidas por meio da transferência de ativos para a União (como bens móveis ou imóveis, participações societárias e créditos com o setor privado, entre outros). Também será criado um fundo de equalização federativa para compensar os estados menos endividados.

A proposta estabelece exigências de investimento, por parte dos estados, em educação, formação profissional, saneamento, habitação, enfrentamento das mudanças climáticas, transporte e segurança pública.

<><> Vetos

O presidente Lula vetou o trecho que permitia aos estados abaterem uma parte de seus passivos com a União por meio da execução de gastos, como obras de responsabilidade do governo federal.

De acordo com o governo, “o dispositivo incorre em vício de inconstitucionalidade, pois permite à União assumir obrigações de exercícios passados sem a formalização prévia de acordos, por meio de convênios, contratos de repasse ou termos de parceria, o que geraria insegurança jurídica e resultaria em renúncia de receita, comprometendo o equilíbrio financeiro da União (...)”. A informação foi publicada pela Agência Senado.

“Além disso, a falta de clareza na separação das responsabilidades entre entes federativos encontra grande dificuldade, uma vez que muitas atribuições são de competência concorrente, dificultando a definição dos responsáveis e o grau de responsabilidade por determinada obra.”

Foram vetados os artigos que permitiam aos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Goiás — inscritos no Regime de Recuperação Fiscal — acumular os benefícios desse regime com os do Propag. Essa medida “ampliaria o impacto fiscal do programa para a União”, afirmou o governo federal.

Também foi vetado o artigo que dispensava os estados interessados em aderir ao Propag de cumprirem as metas já pactuadas no Regime de Recuperação Fiscal. Outro artigo vetado suspendia os gatilhos da Lei de Responsabilidade Fiscal em caso de violação aos limites de despesas de pessoal pelos estados.

O presidente vetou ainda o trecho que permitia o uso de verbas do novo Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional para abatimento dos juros. Para o governo, esse dispositivo incorre em vício de inconstitucionalidade.

¨       Haddad detona Zema: “como é de praxe no bolsonarismo, esconde a verdade”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), rebateu as críticas do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), sobre a renegociação da dívida dos estados, sancionada, com vetos, pelo presidente Lula (PT) nesta semana. Na quarta-feira (15), Zema criticou os vetos no projeto e disse que eles permitiriam que o governo sustentasse “privilégios e mordomias”.

Segundo Haddad, Zema “escondeu” a verdade e teria apresentado um projeto de renegociação da dívida inferior ao estabelecido pelo governo federal. “O governador de Minas Gerais  Romeu Zema usou esta rede para atacar o governo federal, mas, como é de praxe no bolsonarismo, esconde a verdade. Primeiro: esqueceu de mencionar que se reuniu comigo e apresentou uma proposta para a renegociação das dívidas bem menor que a aprovada e sancionada agora”, criticou.

 “O governador também parece ter se esquecido de outra informação: o veto citado por ele simplesmente pedia que a União pagasse dívidas dos estados com bancos privados”, completou. 

Por fim , o ministro lembrou a decisão do governador mineiro de aumentar o próprio salário, apontando uma hipocrisia de Zema em falar sobre “privilégios” do governo federal. “Em terceiro lugar, ele critica privilégios enquanto sancionou o aumento do próprio salário em 298%, durante a vigência do Regime de recuperação fiscal, inclusive”, concluiu.

 

Fonte: Brasil 247

 

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