sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Europeus pessimistas sobre Trump; países do Brics, nem tanto

Enquanto os europeus estão preocupados com o retorno de Donald Trump à Casa Branca, cidadãos de outras partes do mundo demonstram maior otimismo em relação ao segundo mandato do republicano.

Uma pesquisa realizada pelo Conselho Europeu de Relações Exteriores em 24 países, incluindo Brasil, Índia, China e Turquia, revelou que uma parcela significativa dos entrevistados disse esperar que Trump seja bom para seus países e para a paz no mundo.

O clima mais otimista foi registrado na nação mais populosa do mundo, a Índia, onde mais de 80% dos participantes enxergam de maneira positiva o retorno de Trump.

Em comparação, a recepção foi bem menos acolhedora nas 11 nações da União Europeia (UE) pesquisadas, assim como no Reino Unido e Coreia do Sul, aliados de longa data dos EUA, onde a maioria dos entrevistados espera que o governo do republicano seja ruim para a Europa e para a paz global.

·        Confiança nos EUA cai dentro da UE

Apenas 24% no Reino Unido, 31% na Coreia do Sul e 34% na UE acreditam que o retorno de Trump poderá facilitar a resolução do conflito na Ucrânia, e ainda menos pessoas (16% no Reino Unido, 25% na UE e 19% na Coreia do Sul) acham que ele poderá contribuir para a paz Oriente Médio.

Em uma análise mais abrangente, apenas uma em cada cinco pessoas da UE afirma enxergar atualmente os EUA como um aliado. Este total representa uma queda significativa em relação ao cenário de dois anos atrás (31%) e contrasta com a proporção de cidadãos americanos que consideram a UE como um aliado (45%).

De modo geral, o próximo governo americano é bem avaliado nos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Irã) e na Turquia.

A percepção positiva sobre o novo mandato de Trump nos países de fora da Europa ocorre apesar de suas ameaças de impor tarifas sobre as importações de vários produtos, o que poderá abalar a economia global.

·        Paz mundial na nova era Trump?

Trump, que tomará posse na segunda-feira, prometeu pôr um fim rápido à guerra na Ucrânia, quase três anos após a invasão em larga escala da Rússia.

Apesar dos temores de que o novo líder dos EUA poderia forçar Kiev a aceitar um acordo ruim para os ucranianos, 33% dos entrevistados na Ucrânia avaliam que a eleição de Trump é boa para a paz mundial, em comparação com 18% que a consideram ruim.

Em países como Brasil, Índia, China e Turquia, a maioria dos entrevistados avalia que o retorno de Trump é bom para a paz no mundo, para os seus países e para os cidadãos americanos.

"Quando Donald Trump retornar à Casa Branca, grande parte do mundo o receberá bem", escreveram os autores da pesquisa intitulada Sozinha num mundo 'trumpiano': a UE e a opinião pública global após as eleições nos EUA, realizada em conjunto com o projeto de pesquisa Europa em um Mundo em Transformação da Universidade de Oxford e com a Fundação Calouste Gulbenkian, sediada em Portugal.

"Na Europa, a ansiedade é generalizada, mas as pessoas em muitos outros países se sentem relaxadas ou ativamente positivas sobre o segundo mandato de Trump", concluíram os autores.

·        UE em pé de igualdade com EUA e China

Fora da Europa, muitos veem a UE como uma potência comparável aos Estados Unidos e à China e preveem o crescimento da influência do bloco europeu na próxima década.

A UE é também amplamente vista pelos entrevistados como um "aliado" ou "parceiro necessário", sobretudo na Ucrânia e nos Estados Unidos, opinião contrariada apenas pelos russos.

Especialistas em política externa e autores do estudo, Mark Leonard, Ivan Krastev e Timothy Garton Ash avaliam, no entanto, que os líderes europeus poderão ter dificuldades em se unir em uma resistência comum ao presidente eleito dos EUA.

"Nos últimos dois anos, com o governo de Biden lado a lado com a Europa na invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia, ainda era possível falar de um Ocidente unido em política externa." No entanto, com o retorno de Trump, "as divisões não ocorrerão apenas entre os EUA e a Europa, mas também dentro da própria UE", afirmam os autores.

A pesquisa envolveu pouco mais de 28.500 pessoas nos 24 países e foi realizada em novembro do ano passado após a vitória eleitoral de Trump.

Os 11 Estados-membros da UE onde a pesquisa foi realizadas foram Alemanha, França, Itália, Polônia, Portugal, Espanha, Dinamarca, Estônia, Romênia, Bulgária e Hungria. Os demais países foram a China, Reino Unido, Ucrânia, Índia, Turquia, Rússia, EUA, Brasil, Arábia Saudita, África do Sul, Indonésia, Coreia do Sul e Suíça.

¨       Trump poderia reanimar economia dos EUA abandonando fundamentalismo do mercado, diz mídia

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, tem oportunidades únicas para restaurar o poder industrial do país, porém esse seria possível apenas com a recusa do fundamentalismo de mercado que está prevalecendo, afirma a revista norte-americana Foreign Affairs.

"Ele [Trump] tem o potencial de liderar a administração de transformação verdadeira, se ele abrir o caminho desviado do fundamentalismo de mercado que estava prevalecendo entre o Partido Republicano", afirma a revista.

De acordo com a revista, em setembro Trump disse que tinha intenção de "tornar os EUA uma superpotência industrial mundial novamente" e sugeriu realizar os projetos nacionais de grande escala, incluindo centros modernos industriais e capacidades avançadas de defesa.

"Criação de mais um 'século de ouro' nos EUA, como deseja Trump, exigirá um programa amplo de reindustrialização e entendimento do papel do governo nesse processo", acrescenta a Foreign Affairs.

A situação no setor industrial dos EUA, enfraquecido por décadas de globalização, precisa ser mudada através de medidas rápidas, acreditam analistas.

Se as medidas propostas forem realizadas, Trump conseguirá restaurar o setor industrial norte-americano, retornando ao país o papel-chave em esferas importantes, finaliza o artigo.

¨       Trump pode estar querendo formar uma 'união dos fortes' reforçando laços com Rússia e China

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, pode estar visando o estabelecimento de uma aliança com a Rússia e China, de acordo com um artigo no Yahoo News Japan.

"A nova administração de Trump formará uma nova 'união dos fortes' ao reforçar os laços econômicos e de segurança com a China e a Rússia", escreve o portal.

De acordo com a mídia, tal "união" permitiria aos EUA fortalecer os laços econômicos e de segurança com a China e a Rússia. Ressalta-se, entretanto, que os atuais aliados devem estar se preparando para que o apoio de Washington enfraqueça.

"Os antigos aliados, incluindo o Japão, enfrentarão a negligência e a evasão dos compromissos de defesa por parte dos EUA. Quão prontos estamos para isso?", indaga o autor.

Anteriormente, o candidato a secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que a estratégia de Washigton sob o presidente Donald Trump deve ser direcionada para manter um equilíbrio geopolítico com a China para evitar conflitos desestabilizadores e não prejudicar os interesses do país.

¨       Trump e a geopolítica climática. Por Roberto Malvezzi(Gogó)

Trump não está apenas vociferando ou jogando uma cortina de fumaça sobre os reais problemas dos Estados Unidos ao revelar suas pretensões de anexar novos territórios aos Estados Unidos.  Ao contrário, diante da previsão científica que o aquecimento global nos levará a um planeta cada vez mais hostil, onde a vida só será possível nas suas extremidades, o anúncio de anexar o Canadá e se apropriar da Groenlândia é coerente e visa o futuro.

Antes de Trump, a União Europeia já cobiçava as terras russas da Sibéria. A Rússia é grande demais, só a Sibéria tem 13 milhões de Km2, rica demais, com espaços a serem ocupados caso o degelo siberiano continue. Enfim, a Europa também cobiça as regiões hoje hostis ao ser humano, mas que poderão ser as únicas habitáveis no futuro. A guerra no território ucraniano revela essa disputa por regiões estratégicas do planeta. Porém, o território russo até hoje foi inexpugnável, Napoleão perdeu para os russos em 1812 e Hitler perdeu para os soviéticos na batalha de Stalingrado, em 1943. A intenção de fragmentar o território russo nunca teve sucesso entre seus pretendentes.

No caso canadense, há ainda o detalhe de unificar o território dos Estados Unidos com o Alasca. Hoje o Canadá é um entrave no meio do caminho. Anexando o Canadá, estará automaticamente integrando o Alasca e apenas a alguns quilômetros da Groenlândia. É só observar o mapa da América do Norte e lá na ponta esquerda do Canadá está o Alasca e na ponta direita está a Groenlândia. Ocupando o Canadá, basta aos ianques atravessar o Kennedy Channel (Canal de Kennedy), que tem entre 24 e 32 quilômetros de largura, e a Groenlândia será dos Estados Unidos.  

Essa estratégia revela que os negacionistas têm o pleno conhecimento do aquecimento global e de suas consequências. Quando constroem seus bunkers bilionários, quando visam dominar territórios que nunca lhes pertenceu, revelam que sabem exatamente as consequências funestas de um modelo civilizatório que levará ao abismo grande parte do planeta e da própria humanidade. Esses territórios são vistos como a Arca de Noé do futuro e pessoas como Trump se veem como os sobreviventes do apocalipse climático, como os novos descendentes de Noé, e que perpetuarão a espécie humana na face da Terra.  

Delírio ou realpolitik, a geopolítica climática começou.

¨       Em despedida, Biden diz que "oligarquias" ameaçam democracia

Em seu discurso de despedida do cargo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta quarta-feira (15/01) que "uma oligarquia está tomando forma no país", referindo-se ao poder dos super-ricos e citando também uma "estrutura tecnológico-industrial" capaz de infringir os direitos dos americanos e ameaçar o futuro da democracia.

No Salão Oval da Casa Branca, Biden fez alusão à proximidade entre proprietários de grandes corporações e o presidente eleito, Donald Trump, que assumirá o cargo na próxima segunda-feira.

"Neste momento, uma oligarquia está ganhando forma nos Estados Unidos, construída sobre uma extrema concentração de riqueza, poder e influência que ameaça toda a nossa democracia, nossos direitos e liberdades básicos, e a chance para que todos possam progredir. Se o abuso desse poder não for interrompido agora, as consequências serão graves", afirmou.

Sobre a utilização da estrutura industrial e de tecnologia do país, Biden invocou as advertências feitas por Dwight Eisenhower, que presidiu os EUA de 1953 a 1961. Ao deixar o cargo, na época, Eisenhower alertou sobre o surgimento de um complexo militar-industrial.

"Estou igualmente preocupado com o potencial surgimento de um complexo tecnológico-industrial que também pode representar perigos reais para o nosso país", acrescentou.

O discurso durou aproximadamente 15 minutos. Biden reiterou a importância de uma transferência pacífica de poder e, apesar de não ter citado Trump, fez questão de destacar que o presidente americano não tem poderes infinitos.

"O poder do presidente não é ilimitado, não deveria ser. E, em uma democracia, a concentração de poder e riqueza também representa um grande perigo", declarou.

<><> Meio século de vida pública

Aos 81 anos, Biden deixará a presidência dos EUA após cumprir um mandato em que foi precedido e será sucedido por Donald Trump. Assim, encerra mais de 50 anos de vida pública. Ele foi vice-presidente entre 2009 e 2017, durante a gestão de Barack Obama, e senador pelo estado de Delaware de 1973 a 2009.

O discurso de despedida foi uma advertência marcante de Biden na tentativa de definir seu legado e fortalecer o país em relação ao retorno de Trump à Casa Branca. A fala veio depois de ele ter anunciado um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que poderá pôr fim a mais de um ano de violentos conflitos no Oriente Médio.

"Levará algum tempo para sentirmos todo o impacto do que fizemos juntos, mas as sementes foram plantadas, crescerão e florescerão nas próximas décadas", argumentou.

Além de criticar indiretamente o seu sucessor, Biden alertou sobre a aproximação dele e do próximo governo com grandes empresários, principalmente do ramo de tecnologia.

O bilionário Elon Musk, por exemplo, gastou mais de 100 milhões de dólares para ajudar Trump a se eleger, e executivos como Mark Zuckerberg, da Meta, e Jeff Bezos, da Amazon, fizeram doações para o comitê do presidente eleito e foram até o clube particular dele, na Flórida, onde tiveram audiências, enquanto tentam se integrar ao próximo governo e moldar suas políticas.

Devido a isso, Biden alertou os americanos a ficarem atentos às liberdades e às instituições durante uma era turbulenta de rápidas mudanças tecnológicas e econômicas. Ele criticou, por exemplo, empresas de mídias sociais que recentemente excluíram ferramentas de checagem de fatos em suas plataformas.

<><> Biden diz que EUA, e não a China, devem liderar desenvolvimento da IA

Declaração acontece em meio aos intensos avanços tecnológicos da China no desenvolvimento da inteligência artificial e à liderança chinesa em investimentos no mundo, que somam mais de US$ 38 bilhões (R$ 228,5 bilhões) por ano.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou nesta quarta-feira (15) que os Estados Unidos, e não a China, deveriam liderar o desenvolvimento da inteligência artificial no mundo. "Os EUA, e não a China, devem liderar o mundo no campo da inteligência artificial", afirmou o presidente em seu discurso de despedida na Casa Branca.

Também nesta semana, em mais um ataque ao gigante asiático, Biden afirmou: "Muitos especialistas acreditavam que era inevitável que a economia da China superasse a nossa. De acordo com as últimas previsões sobre o curso atual da China, eles nunca nos ultrapassarão."

A China é uma preocupação constante de Washington, que tem visto a influência americana ser reduzida ao redor do mundo, uma perda de protagonismo e influência que levou ao aumento de tensões em várias partes do mundo, segundo observadores.

No discurso de despedida, Biden também pediu uma emenda à Constituição norte-americana que impeça qualquer presidente de evitar responsabilidades por crimes cometidos durante o mandato.

"Devemos emendar a Constituição para deixar claro que nenhum presidente pode ser imune à responsabilidade pelos crimes que cometa enquanto estiver no cargo", declarou.

O democrata também destacou a necessidade de combater a corrupção na política. "Precisamos acabar com o financiamento oculto das campanhas eleitorais", acrescentou.

Por fim, o presidente manifestou preocupação com a concentração de poder nas mãos dos bilionários norte-americanos, em meio à indicação de diversos magnatas para liderar departamentos e agências do governo na gestão republicana.

Biden deixará a Casa Branca na próxima segunda (20), data em que o presidente eleito, Donald Trump, assume o cargo para seu segundo mandato.

 

Fonte: DW Brasil/Sputnik Brasil

 

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