sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

POLÍTICA NA VENEZUELA: Nicolás Maduro, o Cramulhão?

No mais impressionante e inventivo livro de ficção publicado em língua portuguesa no século XX, Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, somos bombardeados com sinônimos daquela que é a maior das confessas obsessões do escritor, o Diabo. Ou, se preferirem: o Demo, Capiroto, Capeta, Cujo, Rinha-Mãe, Rasga-em-Baixo, Fancho-Bode, Cramulhão, Galhardo, o Pé-de-Pato, o Sujo, o Temba, o Azarape, o Coisa-Ruim… a coisa vai bem longe. Por outro lado, Deus é Deus, simples assim: “O que Deus sabe, Deus sabe”.

No Brasil de 2025, um novo consenso idiomático entre a esquerda liberal, o centro parasitário e a direita reacionária (em geral, não muito íntima da literatura): o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, com certeza é uma encarnação degenerada do traíra Hermógenes, o Belzebu, o Sem Gracejos, o Grão-tinhoso dos presidentes latino-americanos. Basta passar o olho no grosso das matérias publicadas pela nossa imprensa (nem contar os sites necropolíticos e microcéfalos da choldra bolsonarista) sobre a Venezuela nos últimos dez, doze anos.

No dia 07 de janeiro de 2025 desembarquei em Caracas para participar de um encontro da Internacional Antifascista, onde se reúnem delegações de pelo menos setenta países ao redor do mundo. Nos encontramos com a vice-presidente da Venezuela,  Delcy Rodríguez, na quinta-feira, dia 09, onde depois nos convidaram a escolher mesas temáticas para discutir uma agenda comum das esquerdas do Sul Global. Simultaneamente, a herdeira aristocrata e principal liderança da extrema-direita no país, María Corina Machado, amargava o fracasso de um ato público convocado por ela contra a posse do terceiro mandato presidencial de Maduro.

Sobre tal episódio, ao menos uma pergunta é urgente. Caso a oposição estivesse mesmo tão pujante, conforme alegam partidários da direita fascista latino-americana (que de maneira eufemística temos chamado apenas “extrema-direita”); caso os apoiadores de María Corina Machado e Edmundo González Urrutia tivessem o apoio da maioria da população do país, então por que o ato convocado por eles contra o presidente eleito, que acusam de fraude – e contra o qual pedem a intervenção militar dos Estados Unidos (!) – foi um verdadeiro fiasco? Sim, o que houve foi uma manifestação inexpressiva, senão ridícula, em uma pequena praça de Caracas, que de um lado a outro não tem mais do que quarenta passos. Fomos até o local, no dia seguinte, para ter certeza.

Veículos brasileiros, como a Folha de São Paulo, reproduziram sem checagem a fake news de que Corina Machado havia sido “presa violentamente”, o que logo foi desmentido por ela mesma e pelos dirigentes políticos brasileiros aqui presentes. Ou seja, alguns jornais parecem não ter aprendido nada com a artilharia de mentiras deslavadas do bolsonarismo. Ou devemos concluir que há muitos jornalistas mentirosos e mal-intencionados no Brasil? Será? Logo antes do indiciamento pela Polícia Federal, por tentativa de Golpe de Estado e plano para assassinar o Presidente, o Vice-Presidente e o Ministro do STF, a Folha deu palanque ao grande “democrata” Bolsonaro, apologeta da tortura em tribuna do Congresso, que agora choraminga por uma anistia daqueles a quem planejava matar.

Interessante que a mesma imprensa que não cansa de atacar o Pactário, o Bode preto, o Coisa-Ruim de Caracas, é a imprensa que frequentemente dá crédito aos delírios ultraliberais de Javier Milei, ajoelhado com suas costeletas hipertrofiadas (e sua nova medalha de imbrochável) diante da versão 2.0 de Donald Trump, este sim, um déspota alaranjado e esclarecido, ídolo colorido dos “patriotas brasileiros”. Estes últimos, meio verdes e meio amarelos, mas podres por dentro, como uma manga encerada.

No Brasil somos levados a crer que o governo de Maduro é uma ditadura implacável, claro, porque a imprensa não cansa de repetir a ladainha o dia inteiro. Então: se fosse uma ditadura, digam-me, por favor, se o principal nome da oposição, a senhora María Corina Machado, que teve participação na tentativa de golpe de Estado (quando os EUA inventaram o ventrículo Juan Guaidó), estaria livre, leve e solta, organizando manifestações contra o Presidente da República às vésperas da posse? Corina já estaria detida na maior parte do mundo. Na Espanha, lembremo-nos, por muito menos foram enviados à prisão os políticos independentistas catalães. Agora, aquela mesma direita que exige a punição dos insurgentes de Barcelona, são os que cobram um diálogo de Maduro com Corina, figura abertamente golpista e intervencionista.

É chocante, mas a mesma imprensa que aquiesce educadamente diante do projeto sionista e o genocídio do povo palestino, perpetrado por um governo de extrema-direita, abertamente fascista, é a que empunha o lábaro da moral democrática para acusar Maduro de “ditador” e “autócrata”, contestando o resultado publicado pelo Conselho Nacional Eleitoral venezuelano, com bravatas típicas de golpistas, envolvendo atas e não sei mais que provas finais de lisura processual, às quais não se pede a nenhum outro país. Ao menos a nenhum país curvado à política econômica dos Estados Unidos. Com isso, não quero dizer que aqui haja um santo homem ou qualquer tipo de pureza angelical bolivariana. A política é impura e todo mundo sabe mais ou menos quais são os ingredientes usados no laboratório geopolítico.

A questão é justamente essa. Não há pureza em lado algum, mas muitos ainda acreditam que os EUA, império cada vez mais decadente, desesperado e agarrado aos pés do Pentágono, são a maior democracia do mundo. Justo eles, financiadores de um sem-número de golpes de Estado (inclusive no Brasil), banqueiros do terrorismo de “Israel”, condenado pela ONU e pelo Tribunal Penal Internacional, que eles solenemente ignoram; usurpadores da autonomia política de tantos países pelo mundo, de Cuba ao Vietnã. Eles, os Estados Unidos, estão preocupados com a “cruel ditadura” e uma suposta trapaça nas eleições venezuelanas, depois de terem participado direta e indiretamente de outras sete tentativas de golpe nesse mesmo país?

Transcrevo Juan Carlos Monedero, em artigo publicado na Jacobin em agosto de 2024, um pouco depois das eleições:

‘O pensamento sempre deve ser situado, mas, ao mesmo tempo, capaz de enxergar as correntes profundas que há por trás da realidade. Trata-se de juntar os pontos. Por exemplo, perguntando-nos: o que faz Elon Musk ao entrevistar e financiar Donald Trump, ajudando Netanyahu a massacrar os palestinos e enchendo o X de notícias falsas sobre a Venezuela? Quem se beneficia com isso de que a Venezuela sempre esteja sob suspeita? Por que tanto interesse em que prestemos excessiva atenção à Venezuela? O que a Venezuela tem para gerar tanto interesse? Pois é, petróleo e marcar rotas alternativas’.

Ora, nós brasileiros sabemos o que é viver abaixo da linha do Equador. Enquanto o Brasil não voltar a representar uma ameaça iminente à agenda norte-americana, não terá suas eleições contestadas. O que teria acontecido se, nas eleições presidenciais de 2022, com a vitória apertada de Lula, diante das acusações de Bolsonaro e seus asseclas golpistas (alguns dos quais, presos há pouco por conspiração), fosse Donald Trump o presidente? Não teriam os trumpistas ajudado a criar uma narrativa, mais ou menos crível, para pôr em xeque as urnas eletrônicas e o Superior Tribunal Eleitoral, presidido então pelo capeta criado pela propaganda bolsonarista, o Ministro Alexandre de Moraes?

Lembremo-nos de que na última vez que um presidente brasileiro ousou dizer que faria reforma agrária e alfabetização em massa, acabamos vítimas de uma ditadura abjeta de vinte anos. Também não nos esqueçamos do que a grande democracia americana fez na Argentina e no Chile de Salvador Allende, onde enfiaram outro herói dos fascios nacionais, o General Augusto Pinochet, que mandou enterrar os corpos dos “comunistas” assassinados no maior dos grandes sertões, o deserto do Atacama.

“Ah!, mas não se pode justificar uma ditadura com outra”. Claro que não. O que estou dizendo, de uma perspectiva um pouco mais íntima e profunda, baseada não apenas em leituras rápidas e convicções automatizadas, aqui, entre venezuelanos, tendo tempo para ouvir diferentes pontos de vista, entrevistar, anotar, ler, ponderar, é que a Venezuela não apenas não vive uma ditadura, como vive uma nova fase de entendimento das suas contradições. Goste-se ou não do Presidente Maduro e da nauseabunda proximidade do governo com as suas forças de segurança, que, apesar de difícil de engolir, dado nosso horror a milicos, é o que tem garantido a continuidade do projeto, diante das intentonas golpistas. Também é compreensível que haja dificuldades em lidar com a aparente vaidade, o personalismo explícito, o jeito meio fanfarrão e populista de discursar de Maduro, com sua retórica gordurosa.

O encontro da Internacional Antifascista contou com lideranças de movimentos sociais de muitos países, de todos os continentes. Conversando com cada uma delas, fica muito claro o que a Revolução Bolivariana representa sobretudo para a classe trabalhadora, para os povos originários, assim como para representações de minorias tradicionalmente violentadas pelas políticas coloniais do Norte. De meu lado, como escritor e representante de associações de escritores, pude conversar mais profundamente sobre as políticas culturais implementadas desde Chávez, passando pela crise terrível que levou tantos venezuelanos a refugiarem-se pelo mundo, até os projetos de reconstrução do país que estão em curso.

No dia 12 de janeiro, domingo, fui a um encontro de escritores no Ministerio del Poder Popular para la Comunicación y la Información, depois de ter participado de um Congresso Internacional de Comunicadores, em uma universidade. No dia anterior, o poeta António Trujillo fora agraciado com o Prémio Nacional de Literatura, então tratou-se de um encontro mais íntimo e comemorativo, que contou com a presença de um dos maiores poetas de língua espanhola, Luis Alberto Crespo (1941)​​.

Crespo gosta de lembrar a fase de popularização dos livros durante o governo Chávez, de como imprimiam e distribuíam milhares de livros clássicos e contemporâneos para pessoas de todas as classes, com um projeto de leitura sem correspondente em qualquer país do mundo. A empolgação das pessoas era tão grande, contou o octogenário Crespo, que “um dia tive que autografar um exemplar de Don Quijote para uma senhora (ela não se importava de que não fosse ele o autor). O poeta então assinou: “Com carinho, Sancho Pança”.

Depois vieram as vacas magras, a crise terrível, a falta de alimentos e insumos básicos, o êxodo forçado, claro, não há de se apagar o horror do que houve. Quem gosta de apagar a memória das pessoas e fazer tabula rasa é o fascismo.

Pude conhecer, principalmente através dos amigos poetas Ana María Oviedo Palomares e Leonardo Ruiz, a atuação da Escuela de Poesía, constituída por oficinas organizadas por poetas e agentes de leitura, que acontecem de forma estruturada na rede pública de educação. Outra amiga, a poeta Yuri Patiño, fundadora da Red Nacional de Escritores de Venezuela, é uma das agentes mais ativas desse projeto. Além disso, com o apoio estatal são organizados ao menos três grandes eventos anuais de poesia, incluindo o Festival Internacional de Poesia de Caracas. Explicaram ainda como as novas políticas de incentivo à leitura consideram a importância de pequenas editoras, as quais, como no Brasil, fazem um trabalho extraordinário, porque não estão interessadas só em resultados financeiros. Conheci uma dessas jovens editoras, Stefhanie Wagner, fundadora da Abisinia Editorial.

O mais impressionante, entretanto, foi o contato com as pessoas nas ruas, nas comunas, nos acampamentos da juventude bolivariana. Antes da cerimônia de juramentação popular do presidente (que parece assumir um discurso mais populista e uma postura ainda mais emplumada diante da multidão), caminhei à contrapelo pela avenida e fui conversando com as pessoas, testemunhando a admiração ou paixão de muitas delas pelo presidente, mais ainda por Chávez, pessoas simples, trabalhadoras e trabalhadores da base. Uma multidão orgulhosa daquele momento, orgulhosa do país. “O que você está achando da Venezuela?”, perguntavam aos estrangeiros, na expectativa de que confirmássemos seu amor aflorado.

Conversando demoradamente com os jornalistas e comunicadores veteranos do mundo todo, inclusive do Brasil, já que Beto Almeida, diretor da TeleSUR, ficou hospedado no mesmo hotel, soube de histórias muito boas sobre uma Venezuela de vinte anos para cá. Beto era próximo de Chávez e conta que o ex-presidente era um homem de cultura extraordinária, um leitor de apetite, e que ficou fascinado pelo livro Quinhentos anos de periferia, de Samuel Pinheiro Guimarães. Um companheiro do Uruguai, o jornalista Andres Silva, que morou quatro anos em Caracas com a sua família, inclusive durante os anos de pandemia, não apenas deu detalhes de programas do Estado venezuelano para comunicação popular, como me levou para uma travessia a pé pelo centro de Caracas, apontando onde havia sido tal e qual tentativa de golpe de Estado, essa e aquela esquina de resistência da Revolução Bolivariana.

Por isso, pelo que se viu e se vê por aqui, antes e depois da posse de Maduro, afirmações levianas e mal-informadas de quadros da esquerda brasileira, como a que deu Randolfe Rodrigues, recentemente, sobre o governo venezuelano, são groselha para deleite do bolsonarismo guloso, mas, sobretudo, ajudam a desinformar nosso povo, de qualquer orientação política, sobre o real estado de coisas no país vizinho.

Antes, deveríamos escutar o que têm a dizer os companheiros do MST sobre a construção da soberania alimentar da Venezuela, que, com o embargo criminoso dos EUA, passou a produzir os próprios alimentos. Leiam o que diz o João Pedro Stedile sobre o assunto. Aliás, a liderança do MST esteve agora na mesa de encerramento do Festival Mundial da Internacional Antifascista, ao lado de Maduro. O prestígio do MST por aqui é imenso.

Estando em Caracas (depois de um intervalo de mais ou menos dez anos, quando pude testemunhar a pior crise econômica de um país do continente, devastadora), posso dizer, sem medo, que o país vive uma fase de reconstrução, não isenta de paradoxos, como no Brasil. E mais: há um apoio popular substancial à Revolução Bolivariana, mesmo com o embargo dos EUA, mesmo diante das restrições com as quais o país é forçado a conviver.

Há uma boa quantidade de textos de intelectuais da esquerda latino-americana que aprofundam a análise política e econômica da Venezuela a partir e depois de Chávez. O que eu quero aqui é dar meu testemunho do que a cidade de Caracas viveu, nos dias que antecederam, como nos dias que sucederam a posse de Nicolás Maduro. E faço questão de destacar que houve uma gigantesca e alegre festa popular ao lado do Palácio Miraflores, sem violência, com gente na rua, cantando, orgulhosa do paísAs tintas usadas para pintar o governo de Maduro no Brasil e na imprensa internacional não são apenas fortes, são enganosas.

Concordo que não é preciso estar em um país para poder formar uma opinião razoável sobre o que acontece ali, caso sejamos leitores interessados, mas o caso da Venezuela é singular, porque as informações que chegam ao grande público não fazem a mínima justiça à importância do país no xadrez geopolítico, nem ao que acontece de fato nas ruas do país, nem como funcionam as instituições venezuelanas. Isso de se meter na soberania de vizinhos é servir ao colonialismo mais sujo do império desesperado.

Os desafios de todos os países do Sul Global são muitos. O Brasil tem coisas a ensinar, somos a terra de Paulo Freire e Sueli Carneiro, mas é certo que deveríamos ter mais humildade para aprender com outras experiências. Não estamos em bons lençóis, sobretudo nesses últimos anos, e precisamos de alternativas urgentes para atravessar a ascensão vertiginosa da direita oportunista.

Há uma aliança explícita no Brasil, na América Latina, entre capital corporativo, milícias, religião e agronegócio. Mas o diagnóstico é pobre. Com ele é preciso elaborar uma agenda contra-hegemônica, anticolonial, que nos garanta soberania na medida em que o decadente império americano, na louca e alaranjada tentativa de se manter influente, torna-se capaz de todo tipo de atrocidade. Gaza não é só um delírio colonial sionista, é o laboratório mais importante do capitalismo que está por vir.

Voltando à Venezuela, para enfim terminar, digo às amigas e amigos brasileiros que venham, não apenas para desfrutar das praias do Caribe, mas para conhecer as experiências comunais que nasceram das políticas sociais de Chávez, para conversar com as idosas na rua que defendem com unhas e dentes o projeto da Revolução Bolivariana, porque viveram as agruras de um país miserável e violento, antes disso. Chávez não é um ídolo qualquer para esse povo, precisamente porque foi, como Fidel, capaz de enxergar a necessidade de um mundo multipolar em que a América Latina fosse mais do que um balneário ou um prostíbulo dos Estados Unidos.

Escutemos também as companheiras e companheiros que tiveram que deixar seu país com o empobrecimento súbito, quando a crise do petróleo afetou de forma aterradora a economia venezuelana. Estejamos abertos às críticas mais duras ao bolivarianismo que chegam de venezuelanos obrigados a migrar, também, com a consciência de que não há projeto político isento de críticas. Muitos erros graves foram cometidos, não há dúvidas, nessa travessia política pedregosa. É preciso saber que não há um consenso pacificador entre venezuelanos, e que são eles os que podem construir o presente e o futuro da Venezuela, não nós. Tratemos de resolver os nossos problemas, que não são poucos, e deixemos os outros países resolverem os seus.

Quanto a projetos de integração, aí está o BRICS como uma alternativa ao G7, ao FMI, à hegemonia do dólar, às instituições absolutamente decadentes de dominação utilizadas pelos países usurpadores. Mais do que um bloco político e financeiro, é preciso pensar no BRICS a partir de uma perspectiva cultural. É necessário que haja não apenas delegações diplomáticas na China, no Brasil, na Rússia, no Irã, na Índia, na África do Sul e demais países do Sul, como a Venezuela; é fundamental que sejamos capazes de nos reconhecer a partir daquilo que temos de mais forte, de mais bonito: nossas línguas, nossos livros, nosso cinema. E isso não está longe, já há algum tempo estamos construindo pontes.

Infelizmente, o terceiro mandato de Lula não sustenta as mesmas diretrizes para a política internacional que os seus mandatos anteriores, voltados à integração regional. Ao invés de aproveitar a chance histórica para se aproximar mais da China, como defende o professor Elias Jabour, ex-colega de UERJ e vizinho de Vila Isabel, especialista na questão chinesa e que vinha trabalhando até agora como conselheiro da ex-presidente Dilma no NDB (Banco do BRICS). Aproximar-se do BRICS, neste ano em que o Brasil preside o bloco, seria lógico e importante para nossa economia, mas o governo brasileiro tem preferido fazer confusas alianças com a União Europeia. Talvez aí devêssemos concentrar nossas forças, nossa energia, em mover o governo mais à esquerda, ao invés de querer ficar apitando os jogos de outros países.

Apesar da hesitação do governo, que se encolhe e se intimida diante de um parlamento tomado por parasitas alinhados à direita (milicos, milicianos, pastores, antigos senhores feudais), reconheçamos, ao menos nós, mais próximos de uma esquerda socialista, que a Venezuela é um país crucial no enfrentamento à agenda do minguante império americano, e só por isso tem causado tanta controvérsia e tanto interesse. Seu potencial energético e sua posição geográfica são alvo do interesse dos EUA e da União Europeia, principalmente nesse momento em que veem sua influência colonial diminuir a passos largos.

 

Fonte: Por Marcelo Reis de Mello, no Le Monde

 

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