TikTok banido nos
EUA: o que ainda pode evitar bloqueio a partir deste domingo?
A Suprema Corte
dos Estados Unidos decidiu nesta
sexta-feira (17/1) manter a lei que prevê a interrupção dos serviços do TikTok
aos mais de 170 milhões de usuários da plataforma no país.
A Corte recusou um
recurso feito pela empresa chinesa ByteDance, permitindo a proibição do
aplicativo.
Os juízes apoiaram
uma decisão de primeira instância que considerou constitucional a lei que
restringe o acesso à rede social caso ela não seja vendida até a meia-noite de
domingo (19/1).
A decisão
estabelece que as proteções à liberdade de expressão contidas na Primeira
Emenda da Constituição americana, argumento usado no recurso da ByteDance, não
impedem que o TikTok seja banido.
Os juízes concluíram
que a proibição à operação do aplicativo, justificada pelo Congresso como um
caminho para resguardar a segurança nacional e prevenir que uma empresa com
origem em outro país pudesse coletar grandes volumes de dados de dezenas de
milhões de americanos, tinha um critério mais fácil de ser atendido do que as
leis que regulam diretamente o conteúdo do discurso.
A opinião da Corte
foi limitada — os juízes reconheceram a pressão de tempo para emitir a decisão
— e evitou outras questões complexas, como se as preocupações sobre a
influência chinesa no algoritmo do TikTok justificavam que ele fosse banido.
Havia especulações
de que, com a proibição, o app não deixaria instantaneamente de funcionar país,
mas não poderia ser mais atualizado — o que faria com que o serviço se torne
obsoleto com o tempo.
O TikTok parece,
contudo, estar preparado para uma ação muito mais decisiva. Os advogados do
aplicativo disseram aos juízes da Suprema Corte na semana passada que, na
ausência de sua intervenção, o aplicativo poderia "sair do ar" nos
Estados Unidos.
Isso significa que
o TikTok poderia simplesmente desligar seus serviços, o que faria com que, de
um hora para outra, o aplicativo deixasse de funcionar para seus usuários no
país.
Novos inscritos,
por sua vez, não poderiam mais baixar o app nas lojas do Google ou da Apple.
A decisão da
Suprema Corte nesta sexta esgotou o último recurso legal que o TikTok tinha
para evitar que a proibição entrasse em vigor.
Se o aplicativo
quiser sobreviver, terá que contar com um acordo de última hora — político ou
financeiro.
·
Primeira
saída: um acordo financeiro
A primeira saída
para salvar o aplicativo chinês seria a compra por uma empresa americana até
este domingo (19).
Diversas empresas e
bilionários nos Estados Unidos já demonstraram interesse num acordo financeiro.
Nesta semana, uma
reportagem da Bloomberg afirmou que autoridades chinesas estariam avaliando a
venda da operação americana ao empresário Elon
Musk.
O TikTok, no
entanto, disse que os rumores de que a China estaria considerando permitir a
venda das operações da empresa nos Estados Unidos para Musk são "pura
ficção".
"Não podem
esperar que comentemos sobre pura ficção", disse um porta-voz do TikTok à
BBC News.
No entanto, Steven
Mnuchin, advogado do governo dos EUA, disse à Suprema Corte que uma proibição
pode ser exatamente o "choque" necessário para convencer a empresa a
considerar a venda.
Mnuchin, que como
secretário do Tesouro no primeiro governo de Donald Trump trabalhou em
esforços para vender o aplicativo, disse em março de 2024, após a aprovação da
lei, que estava montando um grupo para esse propósito.
No início deste
mês, Frank McCourt, ex-proprietário do LA Dodgers, e Kevin O'Leary, investidor
famoso pelo programa Shark Tank, também declararam estar organizando uma
proposta.
Bobby Kotick, que
liderou a empresa de videogames Activision Blizzard antes de sua venda para a
Microsoft, está entre os outros nomes supostamente interessados.
Até mesmo o
youtuber Mr. Beast parece ter mostrado interesse, comentando nas redes sociais
sobre reuniões com "bilionários" para discutir a ideia nesta semana.
·
Segunda
saída: um acordo político
A segunda
estratégia para salvar a empresa seria uma movimentação política, após a posse
do republicano Donald Trump na segunda-feira (20), um dia após a proibição do
aplicativo.
O presidente Joe
Biden afirmou que sua administração não tem planos de intervir em seu último
dia no cargo, o que significa que qualquer tentativa de reverter a proibição
ficará a cargo do presidente eleito Donald Trump após assumir o cargo.
Trump, por sua vez,
publicou nas redes sociais que pode rever a decisão.
"A decisão da
Suprema Corte era esperada, e todos devem respeitá-la. Minha decisão sobre o
TikTok será tomada em um futuro não muito distante, mas preciso de tempo para
analisar a situação."
Trump também
declarou que conversou com o presidente chinês Xi Jinping sobre diversos
tópicos, incluindo o TikTok. Ele disse à CNN na sexta-feira, após a decisão:
"A decisão final é minha, então vocês verão o que vou fazer".
No mês passado,
Trump pediu à Suprema Corte que adiasse sua decisão até que ele assumisse o
cargo, para que pudesse buscar uma "resolução política".
Seu advogado entrou
com pedido no tribunal que diz que Trump "se opõe à proibição do
TikTok" e "busca a capacidade de resolver os problemas em questão por
meios políticos assim que assumir o cargo".
Isso aconteceu uma
semana depois que Trump se encontrou com o presidente-executivo do TikTok, Shou
Zi Chew, em sua propriedade em Mar-a-Lago, na Flórida.
Nesta sexta-feira,
o Departamento de Justiça declarou que a decisão da Suprema Corte permite que o
departamento "impeça o governo chinês de usar o TikTok como uma arma para
minar a segurança nacional dos Estados Unidos".
"Regimes
autoritários não devem ter acesso irrestrito aos dados sensíveis de milhões de
americanos", afirma o procurador-geral Merrick Garland.
O TikTok negou em
diversas ocasiões qualquer influência do Partido Comunista Chinês na rede
social e argumentou que a lei banindo o aplicativo violaria os direitos de
liberdade de expressão garantidos pela Primeira Emenda da constituição
americana.
¨
Musk vai comprar
TikTok? Empresa chinesa diz que rumor é 'pura ficção'
O TikTok reagiu a uma
reportagem recente segundo a qual a China estaria
considerando permitir a venda das operações da empresa nos Estados Unidos para o
empresário sul-africano Elon Musk.
A empresa de mídia social disse que os
rumores são "pura ficção".
A declaração da
empresa foi uma resposta a uma reportagem no site da Bloomberg que dizia que as
autoridades chinesas estariam avaliando as alternativas caso a Suprema Corte dos
EUA mantenha a proibição ao aplicativo.
Entre essas opções,
estaria a venda da operação americana a Musk.
Os juízes da Suprema
Corte devem
decidir sobre uma lei que
estabeleceu a data de 19 de janeiro como limite para o TikTok vender suas
operações nos EUA ou ser banido do país.
O TikTok disse
repetidamente que não venderá sua operação nos EUA.
"Não podem
esperar que comentemos sobre pura ficção", disse um porta-voz do TikTok à
BBC News.
O X, rede social
pertencente a Musk, não respondeu ao pedido de resposta da BBC até a publicação
desta reportagem.
Elon Musk é um
aliado próximo do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que deve tomar
posse na Casa Branca em 20 de janeiro.
No mês passado,
Trump pediu à Suprema Corte que adiasse sua decisão até que ele assumisse o
cargo, para que pudesse buscar uma "resolução política".
Seu advogado entrou
com pedido no tribunal que diz que Trump "se opõe à proibição do TikTok"
e "busca a capacidade de resolver os problemas em questão por meios
políticos assim que assumir o cargo".
Isso aconteceu uma
semana depois que Trump se encontrou com o
presidente-executivo do TikTok, Shou Zi Chew, em sua propriedade em Mar-a-Lago,
na Flórida.
Na segunda-feira
(13/01), dois parlamentares democratas, o senador Edward Markey e o deputado Ro
Khanna, também pediram ao Congresso e ao presidente Joe Biden que
estendessem o prazo de 19 de janeiro.
Em uma audiência na
Suprema Corte na semana passada, os juízes pareceram inclinados a manter a
legislação e cumprir o prazo.
Durante quase três
horas de argumentos, os nove juízes citaram várias vezes preocupações com a
segurança nacional que deram origem à lei.
O governo Biden
argumentou que, sem a venda da operação americana, o TikTok poderia ser usado
pela China como uma ferramenta de espionagem e
manipulação política.
O TikTok negou em
diversas ocasiões qualquer influência do Partido Comunista
Chinês na
rede social e argumentou que a lei banindo o aplicativo violaria os direitos de
liberdade de expressão garantidos pela Primeira Emenda da constituição
americana.
Fonte: BBC News
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