sábado, 18 de janeiro de 2025

Café é um aliado do coração e contra o diabetes, afirma estudo

A cafeína é conhecida como a culpada pela associação entre o consumo excessivo de café e a maior propensão a problemas como insônia e até mesmo o aumento da pressão arterial. Entretanto, como a bebida não se resume à cafeína e, sim, a uma soma de compostos protetores, a literatura científica coleciona evidências sobre seus benefícios.

Uma recente revisão, publicada no periódico GeroScience, relaciona a ingestão do café com a redução do risco de males cardiovasculares, diabetes tipo 2 e síndrome metabólica – distúrbio marcado pelo acúmulo de gordura abdominal, hipertensão, além de taxas elevadas de glicose e de alterações nos níveis de colesterol. Doenças renais também são destaques no artigo.

Para estabelecer as associações, os pesquisadores se debruçaram em 284 estudos. “O trabalho traz várias evidências de que o cafezinho faz bem para a saúde, mas, ainda assim, vale frisar que mais pesquisas são necessárias”, avalia o nutrólogo Celso Cukier, do Hospital Israelita Albert Einstein.

O especialista chama a atenção para as diferentes versões de grãos e as distinções na forma de preparo e mesmo para a quantidade e maneira como a bebida é ingerida. “Os indícios referem-se ao consumo moderado”, comenta o nutrólogo. Algumas diretrizes médicas sugerem entre três e quatro xícaras diárias para um adulto saudável.

Recomenda-se ainda não ultrapassar a marca de 400 mg de cafeína por dia. Em média, uma xícara (150 ml) de café coado contém 100 mg da substância. Já o tipo expresso tende a apresentar 150 mg da substância estimulante em 75 ml, que é a quantidade que se costuma beber por xícara nessa versão.

Exageros, especialmente, no período da tarde, podem atrapalhar o sono. Isso porque a cafeína interfere com neurotransmissores – mensageiros químicos responsáveis pela comunicação entre os neurônios – envolvidos com o aumento da disposição e redução da sensação de fadiga.

<><> Fórmula protetora

Além dessa função estimulante, há indícios de que a cafeína oferece proteção cardiovascular. A substância faz parte da família das xantinas e apresenta ação antioxidante e anti-inflamatória, feitos que ajudam a resguardar o endotélio – tapete celular que recobre os vasos.

Mas outros componentes da bebida são mencionados no novo estudo pelos mesmos benefícios. É o caso dos polifenóis, com destaque para o ácido clorogênico, que combate o estresse oxidativo e blinda as artérias.

Demais componentes do grupo, como enterodiol e enterolactona, também são citados no trabalho, mas pelo potencial na modulação dos níveis de glicose no sangue. O que ajuda a explicar o elo com a redução do risco de diabetes tipo 2.

O café oferta ainda sais minerais, caso do potássio e do magnésio, além da niacina, uma vitamina do complexo B. Esse trio de micronutrientes se mostra aliado da saúde cardiovascular.

<><> Formas de consumo

Toda essa riqueza costuma se manter nas diferentes maneiras de preparo, mas o tipo expresso – que é obtido a partir de alta pressão por meio de uma máquina específica – tende a concentrar mais dos compostos.

Já o coado, em filtro de papel ou coador de pano, tem uma vantagem. É que, nesse tipo de preparação, a filtragem retém moléculas gordurosas presentes nos grãos, caso do cafestol, que podem elevar os níveis de colesterol.

A maneira de adoçar pode comprometer as benesses da bebida. Para alguns apreciadores, que conhecem todas as sutilezas de sabor, o certo é tomar o café puro. Para quem não tem o paladar treinado, o açúcar pode ser um parceiro, desde que com moderação.

“Pacientes com diabetes devem redobrar a atenção”, ressalta o médico. O ideal é seguir as orientações do profissional de saúde que faz o acompanhamento. Cukier lembra ainda que cada grama de açúcar oferece quatro calorias, daí que extrapolar nas colheradas acaba contribuindo para o ganho de peso. “Os adoçantes artificiais podem ser utilizados, eventualmente, mas sem exagero”, sugere o médico.

¨         Beber café pode reduzir risco de câncer de cabeça e pescoço, sugere estudo

O consumo moderado de café pode trazer diversos benefícios à saúde. Estudos já mostraram que a cafeína pode reduzir o risco de doenças crônicas, incluindo diabetes tipo 2, e doenças cardiovasculares. Agora, uma nova pesquisa sugere que beber café e chá pode reduzir o risco de desenvolver câncer de cabeça e pescoço. O artigo foi publicada no periódico Cancer, da Sociedade Americana do Câncer.

O câncer de cabeça e pescoço é o sétimo mais comum no mundo, com taxas aumentando em países de baixa e média renda. Esse tipo de tumor atinge regiões como boca, língua, palato mole e duro, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe, esôfago, tireoide, seios paranasais, fossas nasais e glândulas salivares.

Para entender como o consumo de café e chá poderia estar associado ou não ao risco desses tumores, pesquisadores examinaram dados de 14 estudos de diferentes cientistas associados ao consórcio internacional Head and Neck Cancer Epidemiology, uma colaboração de grupos de pesquisa ao redor do mundo.

Os participantes do estudo preencheram questionários sobre seu consumo anterior de café com cafeína, café descafeinado e chá em xícaras por dia/semana/mês/ano.

No total, os pesquisadores reuniram informações sobre 9.548 pacientes com câncer de cabeça e pescoço e 15.783 pessoas sem câncer (denominados grupo controle). Eles descobriram que aqueles que bebiam mais de quatro xícaras de café com cafeína diariamente tinham 17% menos chance de ter câncer de cabeça e pescoço em geral, 30% menos chances de ter câncer de cavidade oral e 22% menor chance de ter câncer de garganta — tudo isso em comparação com os que não bebiam café.

Além disso, beber entre três e quatro xícaras de café por dia foi associado a um risco 41% menor de ter câncer hipofaríngeo, um tipo de câncer na parte inferior da garganta.

Em relação ao café descafeinado, os pesquisadores descobriram que a bebida foi associada a 25% menos chances de ter câncer de cavidade oral. Já o consumo de chá foi relacionado a um risco 29% menor de ter câncer hipofaríngeo.

Beber uma xícara ou menos de chá diariamente foi associado a um risco 9% menor de câncer de cabeça e pescoço em geral, e um risco 27% menor de câncer hipofaríngeo. No entanto, beber mais de uma xícara foi associado a um risco 38% maior de câncer de laringe.

“Embora tenha havido pesquisas anteriores sobre o consumo de café e chá e redução do risco de câncer, este estudo destacou seus efeitos variados com diferentes sub-sítios de câncer de cabeça e pescoço, incluindo a observação de que até mesmo o café descafeinado teve algum impacto positivo”, afirma o autor sênior do estudo Yuan-Chin Amy Lee, do Huntsman Cancer Institute e da University of Utah School of Medicine, em comunicado à imprensa.

¨         Tomar café apenas pela manhã pode reduzir risco de morte precoce, diz estudo

O consumo de café tem sido repetidamente associado a uma melhor saúde cardíaca e vida prolongada. Mas os benefícios do consumo de café podem depender de quando você o bebe, segundo nova pesquisa.

Ingerir café apenas pela manhã pode ser o melhor — e isso parece ser independente da quantidade consumida e de outros fatores potencialmente influentes, de acordo com um estudo publicado na terça-feira (7) no European Heart Journal.

“Este é o primeiro estudo que testa padrões de horário de consumo de café e resultados na saúde”, disse o autor principal Dr. Lu Qi, titular da Cátedra Distinta HCA Regents e professor da Escola de Saúde Pública e Medicina Tropical Celia Scott Weatherhead da Universidade Tulane em Nova Orleans, em um comunicado à imprensa. “Normalmente não damos conselhos sobre horários em nossas orientações dietéticas, mas talvez devêssemos pensar nisso no futuro.”

A maioria das pesquisas anteriores que investigaram o consumo de café dos participantes ao longo do tempo descobriu que níveis moderados de consumo podem estar associados a menores riscos de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e morte prematura, segundo o estudo mais recente. Mas as evidências científicas sobre se fatores como genética, quantidade consumida ou adoçantes adicionados afetam essas relações têm sido inconsistentes ou, às vezes, controversas, disseram os autores.

Os autores estudaram os dados dietéticos e de saúde de 40.725 adultos com 18 anos ou mais da Pesquisa Nacional de Exame de Saúde e Nutrição dos Estados Unidos realizada de 1999 a 2018. Durante 10 ciclos ao longo dos anos, os participantes forneceram detalhes de sua ingestão dietética do dia anterior. Os autores também incluíram um subgrupo de 1.463 adultos, das versões feminina e masculina do Estudo de Validação do Estilo de Vida, que haviam completado pelo menos um registro dietético semanal.

Tanto o café com cafeína quanto o descafeinado foram incluídos, e o horário foi categorizado em três períodos: manhã (das 4h às 11h59), tarde (das 12h às 16h59) e noite (das 17h às 3h59). Os pesquisadores identificaram dois padrões de tempo de consumo: manhã e dia todo. Ao final do período médio de acompanhamento de quase 10 anos, houve 4.295 mortes por todas as causas, 1.268 por doenças cardiovasculares e 934 por câncer.

Em comparação com pessoas que não bebiam café, tomar café apenas pela manhã foi associado a um risco 16% menor de morte prematura por qualquer causa e 31% menor de morrer por doença cardiovascular. Aqueles que tendiam a beber café o dia todo não tiveram redução no risco. Essas descobertas permaneceram mesmo depois que os autores consideraram fatores de confusão como horas de sono, idade, raça, etnia, sexo, renda familiar, educação, níveis de atividade física, pontuação dietética e condições de saúde como diabetes, hipertensão e colesterol alto.

Para quem bebe café pela manhã, a quantidade — com ou sem cafeína — consumida também não importava — fosse menos de uma ou mais de três xícaras de café por dia. Ter feito isso pela manhã ainda era melhor do que outros padrões em termos de risco de mortalidade.

“O estudo foi observacional, o que significa que não foi um ambiente experimental, (que) é o padrão ouro”, disse Vanessa King, nutricionista registrada e porta-voz da Academia de Nutrição e Dietética que não participou do estudo, por e-mail.

A natureza do estudo também significa que ele apenas estabelece uma associação, não uma relação causal entre o consumo de café matinal e o risco de morte precoce. Mas as descobertas são “significativas, já que a principal causa de morte na América são as doenças cardiovasculares”, acrescentou King.

<><> Por que a hora de tomar café é importante?

David Kao, que não participou da pesquisa, considerou o estudo “fascinante” e uma das melhores investigações sobre este tópico em anos, disse ele.

“Entre os destaques está o uso de um método estilo aprendizado de máquina para categorizar padrões de consumo de café, e a validação das descobertas em (mais de uma) fonte externa de dados distintas da fonte primária, o que reduz muito a probabilidade de um achado acidental/falso positivo”, disse Kao, titular da Cátedra Jacqueline Marie Schauble Leaffer em Saúde Cardíaca Feminina na Universidade do Colorado Anschutz, por e-mail.

No entanto, o estudo tem algumas outras limitações: primeiro, as lembranças sobre a ingestão alimentar estão sujeitas a imprecisões ou vieses, e não consideram hábitos de longo prazo, disseram os autores.

Em segundo lugar, mesmo que os autores tenham considerado múltiplos fatores de confusão, é possível que houvesse outros que não puderam ser completamente descartados, afirmaram.

A equipe “não pôde excluir a possibilidade de que o padrão de consumo de café matinal seja um indicador de um estilo de vida geralmente saudável”, segundo o estudo. “Por exemplo, consumidores de café matinal podem estar mais dispostos a se exercitar e consumir alimentos não ultraprocessados.”

Além disso, informações genéticas não estavam disponíveis, então os autores não puderam examinar qualquer possível efeito das taxas de metabolismo de cafeína determinadas geneticamente.

Uma possível explicação para as descobertas “é que consumir café à tarde ou à noite pode perturbar os ritmos circadianos e os níveis de hormônios como a melatonina”, disse Qi. Baixos níveis de melatonina foram associados a níveis mais altos de pressão arterial e estresse oxidativo, e maior risco de doenças cardiovasculares.

O café também contém antioxidantes que reduzem a inflamação no corpo ao neutralizar radicais livres que podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares, disse King. Radicais livres, moléculas instáveis de fontes ambientais como fumaça de cigarro ou pesticidas, podem danificar as células.

Alguns marcadores inflamatórios no sangue têm seus próprios relógios, disseram os autores, e eles geralmente são mais altos pela manhã — então “o efeito anti-inflamatório de um padrão de consumo de café concentrado pela manhã pode ser mais benéfico do que um padrão… distribuído entre manhã, tarde e noite.” Isso se aplica tanto ao consumo de café com cafeína quanto descafeinado.

<><> Ajustando a ingestão de café

Se você quer começar a restringir seu consumo de café para a manhã, mas está tendo dificuldades, considere se está regularmente obtendo descanso de qualidade suficiente, disse King. Consultar um especialista em sono para descobrir se você tem uma condição, como apneia do sono, perturbando seu descanso também pode ser útil, disse Kao.

Você também pode começar diluindo suas porções diurnas e acompanhando-as com água para hidratação, disse King — o que também pode ajudar você a se sentir mais desperto.

Fazer exames de tireoide, vitamina D e níveis de ferro pode ajudar a determinar se o cansaço está vindo de algo mais sério, disse Sue-Ellen Anderson-Haynes, nutricionista registrada e porta-voz da Academia de Nutrição e Dietética dos EUA.

Se você não bebe café e acha que poderia se beneficiar adicionando-o à sua rotina, primeiro “olhe para o quadro geral”, disse Anderson-Haynes, que não participou do estudo. “Você está vivendo uma vida geral fisicamente ativa, equilibrada, sustentável e saudável?” Até que mais evidências sejam fornecidas sobre quando beber café, ela acrescentou, siga a recomendação do seu médico ou nutricionista sobre a ingestão de cafeína.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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