sábado, 18 de janeiro de 2025

Israel maculou imagem da diáspora judaica com genocídio em Gaza, apontam especialistas

As imagens produzidas do conflito na Faixa de Gaza, muitas vezes feitas pelos próprios soldados das Forças de Defesa de Israel (FDI), impactaram a opinião pública mundial não só dos militares israelenses ou dos cidadãos da nação hebraica, mas todos os judeus. O fortalecimento do antissemitismo, dizem analistas à Sputnik Brasil, é o grande perigo.

Em 7 de outubro de 2023, militantes das Brigadas Al-Qassam, braço armado do movimento palestino Hamas, lançaram um ataque contra os arredores da Faixa de Gaza, enclave palestino murado e vigiado por Israel.

Denominada de operação Dilúvio de Al-Aqsa, a incursão militar ceifou a vida de 1,2 mil israelenses. Outras 251 pessoas foram capturadas e levadas para dentro do pequeno território palestino.

As imagens do ataque incendiaram paixões ao redor do mundo e, em Israel, precipitaram uma dura resposta do governo. No mesmo dia, as FDI iniciaram a operação Espadas de Ferro com uma campanha de bombardeios contra o enclave.

Ao todo, foram mais de 70 mil toneladas de bombas disparadas contra o enclave de 365 km2 — cerca de um terço do tamanho da cidade do Rio de Janeiro (1,2 mil km2) —, segundo estimativas. Ademais, imagens de satélite apontam que 62% dos prédios foram atingidos ou completamente destruídos.

Paralelamente, Israel iniciou operações terrestres em 13 de outubro e uma invasão em larga escala no dia 27.

Nos 467 dias de conflito, até o estabelecimento de um acordo de cessar-fogo na quarta-feira (15), o Ministério da Saúde palestino afirma que mais de 46 mil palestinos morreram em decorrência dos ataques israelenses. Outros 110 mil ficaram feridos.

Especialistas, contudo, alertam que o número de fatalidades pode ser muito maior, devido aos escombros que permeiam o cenário da Faixa de Gaza, impossibilitando muitos corpos de serem resgatados.

Se no primeiro sábado de outubro de 2023 as imagens de militantes palestinos armados chocaram o mundo, nos dias que se seguiram foi a vez de as notícias da brutalidade israelense tomarem o lugar nas manchetes.

Nove dias após o início de sua retaliação, a Força Aérea Israelense bombardeou o Hospital Batista Al-Ahli, o maior da Faixa de Gaza, matando centenas de pessoas. Desde então, o ataque direcionado a hospitais, escolas e campos de refugiados se tornou manchete comum e Israel parou de negar sua autoria.

"As imagens da destruição de hospitais, escolas que atualmente servem de campos de refugiados, causam muita comoção", diz Luciana Garcia de Oliveira, mestre no Programa de Estudos Judaicos e Árabes do Departamento de Letras Orientais da Universidade de São Paulo (USP), à Sputnik Brasil.

Segundo a especialista, a exposição midiática sobre o que acontece não só na Faixa de Gaza, mas também na Cisjordânia, gerida pelo Fatah através da entidade governamental Autoridade Palestina, afeta o modo como se vê Israel.

"Não apenas os soldados israelenses, mas a sociedade israelense e os judeus da diáspora são associados ao que é classificado hoje como genocídio pela Anistia Internacional."

·        Os próprios soldados filmam seus crimes

A rede midiática catari Al-Jazeera lançou em outubro de 2024 um documentário longa-metragem sobre os crimes de guerra cometidos por Israel. O material é composto inteiramente por filmagens produzidas pelos próprios soldados das Forças de Defesa de Israel durante sua ocupação na Faixa de Gaza.

No Brasil, o caso de Yuval Vagdani chamou atenção para esse fato. Vagdani, que veio passar as férias na cidade de Morro de São Paulo (BA), foi denunciado à Justiça brasileira pela advogada Maira Pinheiro em nome da Fundação Hind Rajab, que cataloga as atividades desses soldados nas redes sociais e tenta processá-los quando vão para o estrangeiro.

O Judiciário brasileiro abriu um inquérito contra o militar israelense, mas Vagdani fugiu do país com ajuda da embaixada israelense. Por conta disso, o caso foi arquivado pela Polícia Federal.

Shajar Goldwaser, pesquisador e membro do coletivo Vozes Judaicas por Libertação, destaca que o fato de esses soldados estarem filmando abertamente suas atrocidades revela que "eles não se sentem, de certa maneira, fazendo algo errado ou cometendo qualquer tipo de crime".

E essa produção midiática, acrescenta o pesquisador, causa uma "sensação de desprezo" ao redor do mundo. "A mesma coisa aconteceu com aquele caso, quando os soldados americanos filmaram as torturas que eles cometiam em Guantánamo."

·        'Deturpou o que é antissemitismo'

A indignação popular com as imagens do genocídio em Gaza acenderam um grande debate público sobre a forma como o conflito é noticiado pela mídia.

Em outubro, Howard Jacobson, colunista da publicação britânica The Guardian, alertou que o foco midiático nas imagens de crianças palestinas mortas ecoa mitos antissemitas centenários, como o de que crianças eram utilizadas em sacrifícios de sangue, algo extremamente proibido na Torá, livro sagrado do judaísmo.

As imagens da Faixa de Gaza e das incursões violentas na Cisjordânia "geram muita revolta e proposições generalizantes", nota Luciana Oliveira, o que acarretou a "vandalização de sinagogas e de centros culturais judaicos, ofensas verbais e até agressões físicas", e relacionam Israel e o sionismo ao nazismo.

Para a especialista em estudos árabes e judaicos, o fortalecimento do antissemitismo "é fruto de desinformação sobre a guerra e o conflito Israel-Palestina".

Contudo Goldwaser, do coletivo Vozes Judaicas por Libertação, afirma que o responsável por essa confusão é "o próprio Estado de Israel, que nomeia toda e qualquer crítica a Israel como antissemitismo e associa os símbolos judaicos à sua bandeira e às suas ações de limpeza étnica e genocídio."

"Israel conseguiu deturpar o que se entende por antissemitismo. Até que ponto ele acontece, até que ponto ele não acontece e como combatê-lo."

·        A ascensão da extrema-direita

De acordo com o pesquisador, para recuperar o conceito de antissemitismo é necessário removê-lo da discussão em torno do conflito na Faixa de Gaza. "Porque quem é a vítima desse genocídio é o povo palestino, e não os judeus."

"A grande maioria dos judeus", lembra Goldwaser, "não vive em Israel, há mais judeus fora de Israel do que em Israel. E esses judeus, a priori, não deveriam ser automaticamente responsabilizados pelos crimes que Israel comete."

Oliveira, por sua vez, afirma que até mesmo de Israel a situação não é tão preto no branco como se aparenta. Na nação hebraica cresceu a aderência de grupos de aproximação e diálogo entre os dois povos, "como é o caso do Standing Together".

"Manifestações de rua contra as ações de governo, por um cessar-fogo e pela libertação de civis têm sido cada vez mais numerosas no centro de Tel Aviv", diz a pesquisadora.

À Sputnik Brasil, ambos os analistas enfatizam que a extrema-direita israelense é a parcela da população mais vocal pela continuidade do genocídio palestino.

Representada no governo por ministros como Itamar Ben-Gvir, da Segurança Nacional, e Bezalel Smotrich, das Finanças, o setor ultranacionalista hoje ameaça uma cisão da coalizão governamental do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu caso o acordo de cessar-fogo seja aprovado.

Diferentemente de ser um fenômeno típico de Israel, Luciana Oliveira argumenta que essas ideias se fazem presentes no Brasil principalmente em partidos e movimentos ligados ao bolsonarismo, como igrejas neopentecostais, que "coadunam com as ideias míticas da 'Terra de Israel', sem espaço de existência de palestinos".

"Cabe lembrar que Israel se insere dentro de um contexto mundial de ascensão da extrema-direita", diz Goldwaser.

"E quando se pergunta quão populares são essas visões em Israel, devemos nos voltar para nosso país e pensar quão populares foram as falas homofóbicas, racistas e sexistas nos quatro anos de governo [Jair] Bolsonaro, e quanto a sociedade brasileira se calou ou não conseguiu agir para enfrentá-las."

¨      Gabinete de segurança de Israel aprova cessar-fogo em Gaza

O gabinete de segurança de Israel aprovou nesta sexta-feira (17/01) o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, que inclui a libertação de reféns, conforme fora anunciado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, e o governo do Catar.

As incertezas duraram até a manhã desta sexta-feira, quando o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, informou que um acordo para libertar os reféns havia sido alcançado.

O acordo será agora submetido à aprovação dos demais ministros do gabinete de Netanyahu antes da assinatura final. A Suprema Corte israelense ainda deve ouvir petições contra determinadas partes do pacto, embora muitos entendam que o tribunal não deverá intervir.

O acordo, que deve entrar em vigor no próximo domingo, poderá pôr fim aos combates e bombardeios na Faixa de Gaza e dar início à libertação de dezenas de reféns mantidos no enclave palestino desde os ataques terroristas do grupo islamista Hamas em Israel, em 7 de outubro de 2023.

O pacto anunciado na noite de quarta-feira permitirá a libertação de 33 reféns nas próximas seis semanas em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinos e da retirada das forças israelenses das áreas mais populosas de Gaza. Após a fase inicial, todos os reféns deverão ser libertados, com a retirada total das tropas de Israel do território.

Tensões de última hora

O gabinete de Netanyahu, havia acusado o Hamas de renegar parte do acordo em uma tentativa de "extorquir concessões de última hora", sem oferecer detalhes. Ele afirmou que o gabinete não iria se reunir "até que os mediadores notifiquem Israel de que o Hamas aceitou todos os elementos do acordo".

O Hamas, por sua vez, se disse determinado a respeitar o acordo conforme anunciado e negou uma suposta oposição ao pacto. Em comunicado, o grupo islamista disse que está "comprometido com o acordo de cessar-fogo anunciado pelos mediadores".

Um dos porta-vozes do grupo islâmico, Sami Abu Zuhri, acusou Israel de tentar "criar tensão em um momento crítico" e exigiu que o governo dos Estados Unidos aplicasse o acordo. "Não há espaço para debate ou para Netanyahu evitar implementar o acordo de cessar-fogo", afirmou.

Ultradireita ameaçou bloquear acordo

Ao menos dois membros ultradireitistas do gabinete de segurança expressaram oposição ao cessar-fogo.

O ministro da Segurança de Israel, Itamar Ben-Gvir, ameaçou renunciar ao cargo se o governo aprovar o pacto. Ele disse que o acordo, no formato atual, era "imprudente" e "irresponsável" e que a libertação de centenas de militantes palestinos e a retirada de tropas israelenses de áreas estratégicas de Gaza "apagariam as conquistas da guerra", deixando o Hamas vitorioso.

O ministro das Finanças, o ultradireitista Bezalel Smotrich, também se opôs ao acordo, que chamou de "perigoso".

O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, porém, disse acreditar que o cessar-fogo iria seguir conforme o planejado. "Estou confiante e espero plenamente que a implementação comece, como dissemos, no domingo", afirmou

¨      Netanyahu promete secretamente continuar guerra em Gaza, após libertar reféns, diz mídia

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fez secretamente a promessa ao governo que ele continuará a guerra na Faixa de Gaza depois de finalizar a primeira etapa do acordo de resgate de reféns, afirma o jornal The Washington Post, citando fontes anônimas.

O jornal relata que "a portas fechadas" Netanyahu prometeu a seus aliados de extrema direita que a guerra recomeçaria depois da primeira etapa do acordo. Conforme o acordo, o movimento palestino Hamas deve libertar 33 reféns em troca de mais de 1.000 prisioneiros palestinos.

"De acordo com o tratado, a segunda fase de cessar-fogo será negociada durante a etapa inicial e exigiria a retirada das forças israelenses de Gaza. Se o cessar-fogo falhar após isso, cerca de metade dos reféns do Hamas, muitos deles soldados israelenses, permaneceria em cativeiro", ressalta o The Washington Post.

No entanto, Gayil Talshir, cientista político da Universidade de Hebrew, que está por dentro das negociações no parlamento israelense, o Knesset, disse ao jornal que Netanyahu concentrou seus esforços nos últimos dias em persuadir Smotrich (oficial que tem posição especial no Ministério da Defesa e controla a agência governamental que supervisiona a política em Gaza e na Cisjordânia) a ficar na equipe do primeiro-ministro.

"Aos olhos de Netanyahu, [Smotrich] é o mais poderoso, porque ele poderia destruir a coalizão, pois Netanyahu está prometendo a Smotrich e Ben Gvir que Israel retorne à guerra depois da primeira fase", sublinhou Talshir.

Anteriormente, Israel e Hamas concordaram com um cessar-fogo de 42 dias, mediado por Catar, Egito e Estados Unidos, manifestando a intenção de pôr fim às hostilidades, que em 15 meses resultaram na morte de cerca de 46 mil palestinos. O conflito também se estendeu ao Líbano e ao Iêmen, provocando trocas de ataques com foguetes entre Israel e o Irã.

A libertação dos primeiros reféns começará às 16h00 (horário de Israel) no domingo (19) caso o Gabinete dos Ministros e o governo a aprovem, informou o Channel 12 na sexta-feira (17).

¨      Netanyahu mantém ataques a Gaza após cessar-fogo para agradar a ala radical de sua coalizão

Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, especialistas afirmam que o primeiro-ministro israelense tenta manter o apoio de radicais de sua coalizão para se manter no poder e frisam que o pacto de cessar-fogo celebrado entre as partes já estava na mesa desde maio do ano passado, sem ser assinado.

grupo palestino Hamas e Israel anunciaram um acordo de cessar-fogo na última quarta-feira (5), após mais de um ano de confronto na Faixa de Gaza. A notícia da ratificação do acordo foi veiculada pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, nas redes sociais.

Embora celebrado pelas populações israelense e palestina, o acordo, no entanto, foi anunciado com alguns pontos pendentes, e é esperado para entrar em vigor no domingo (19).

O acordo prevê que nove reféns israelenses feridos ou doentes serão libertados em troca de 110 prisioneiros palestinos sentenciados à prisão perpétua em Israel. Outros 33 reféns serão libertados em troca de outros mil prisioneiros palestinos nativos da Faixa de Gaza, estando excluídos aqueles envolvidos nos eventos de 7 de outubro de 2023.

Ademais, o pacto prevê que Israel reduzirá gradualmente sua presença no Corredor Filadélfia, localizado na fronteira com o Egito, e retirará suas forças dos centros populacionais e as direcionará para as áreas de fronteira. Haverá, ainda, um aumento na entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza e a reconstrução de hospitais e outros centros de saúde.

Porém, nesta quinta-feira (16), Israel realizou novos bombardeios em Gaza, que deixaram pelo menos 80 mortos.

Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, especialistas analisam os termos do acordo e se ele conseguirá, de fato, dar fim ao conflito no Oriente Médio.

Karina Calandrin, professora de relações internacionais do Ibmec, afirma que a explicação oficial para o ataque ter sido realizado, mesmo após o anúncio, é de que o pacto somente entrará em vigor no dia 19. No entanto, ela enfatiza que os ataques podem ser uma forma de agradar a base extremista da coalizão de governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que era contra o acordo e é crucial para impedir a queda do governo do premiê, alvo de denúncias de corrupção.

"Apesar de o premiê Benjamin Netanyahu ter acordado com isso e o partido dele — que é o Likud, que é o partido que tem maioria no parlamento na coalizão — ter aceitado também, os partidos de extrema-direita, por exemplo, não estão a favor desse acordo. […] Acredito que esses ataques também sejam uma forma de agradar essa ala extremista que não queria os acordos e uma forma de garantir que o governo não caia agora", analisa.

Ela afirma que o mesmo ocorre em relação à decisão de Netanyahu de suspender a reunião de seu gabinete para discutir o acordo e afirmar que não vai assinar o pacto. Ela considera que o acordo será assinado, mas que o primeiro-ministro israelense traça dois discursos: um externo e outro interno direcionado a agradar a ala extremista.

"O acordo vai ser assinado porque há muita pressão internacional. Inclusive há pressão agora do Donald Trump, que vai ser empossado segunda-feira e tem uma relação diferente com Netanyahu do que Joe Biden. É uma relação, inclusive, pessoal. Trump tem um controle sobre Netanyahu que Biden não tem em hipótese alguma. Por isso, a situação chegou ao que nós vemos, de total tragédia humanitária, de crimes de guerra, porque os EUA não conseguiram controlar a ação de Netanyahu e de Israel."

Ela acrescenta que há, ainda, a pressão da população israelense, citando uma pesquisa divulgada na quarta-feira, na qual 70% dos entrevistados e mais de 56% dos eleitores de Netanyahu afirmaram ser a favor do acordo.

"Então há uma pressão grande também da sociedade israelense para que o acordo seja assinado. […] Acho que é um pouco esse quadro que, obviamente, para a opinião pública internacional, não é bom. Mas Netanyahu não se importa tanto com isso. A maior importância dele é se manter no poder."

Ela destaca ainda que as declarações de Trump, de que o cessar-fogo tinha de sair antes de ele tomar posse, também tiveram um papel nesse contexto.

"Então, na verdade, por isso que o início [do cessar-fogo] vai ser dia 19, que é exatamente um dia antes da posse do Trump. Então eu acho que Netanyahu está jogando para a galera [para a opinião pública interna e externa] exatamente para agradar esses aliados políticos dele, que ele não pode perder e que são muito extremistas."

Ela frisa que a pressão da sociedade israelense é agravada por conta dos termos do acordo, uma vez que a primeira fase do pacto determina o retorno de 33 reféns israelenses, parte deles viva e parte morta. Porém, ela afirma que não se sabe quanto do total está vivo ou morto nem suas identidades.

"Isso gera nas famílias uma ansiedade que eu não consigo nem imaginar […]. Será que o meu parente vai voltar? Será que ele vai estar vivo ou vai estar morto? Qual é o estado que ele vai estar? Ele vai estar bem de saúde ou não? Não se sabe nada. Então é uma ansiedade. E agora o governo sinaliza dessa maneira de que talvez não assine o acordo. Então é uma ansiedade inimaginável para essas famílias e, novamente, protestos estão acontecendo."

Para Marcos Feres, brasileiro-palestino e secretário de comunicação da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), os bombardeios de Israel de quarta-feira são parte do que ele chama de projeto de aniquilação do povo palestino, em vigor desde a fundação de Israel. Por isso, ele considera que o acordo de cessar-fogo não acabará com os ataques.

"Fica muito claro que, mesmo que esse acordo de cessar-fogo entre em vigor a partir do domingo ou nos próximos dias, ele muito provavelmente será violado de novo, e eu particularmente não acredito que a gente chegará a ver a implementação da segunda fase do acordo. É um acordo dividido em três fases e nenhuma delas prevê, de fato, se endereçar uma solução política justa e duradoura para a questão palestina", afirma.

Sobre a disputa entre o atual presidente dos EUA, Joe Biden, e Trump sobre quem foi o responsável pelo acordo, e se houve demora dos EUA para pressionar pelo pacto, Feres afirma que o acordo "foi apresentado, sem tirar nem pôr, em maio de 2024".

"É o mesmo acordo que a resistência palestina já havia concordado, o mesmo acordo que foi aprovado no Conselho de Segurança da ONU e que deveria ter sido implementado a despeito do que queriam os israelenses ou não. Esse acordo foi o que Biden colocou como a grande solução […]. Assim, é interessante observar como é que então a gente está celebrando ou efetivamente achando interessante um acordo que está na mesa desde maio do ano passado."

 

Fonte: Sputnik Brasil/DW Brasil

 

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