Lula x
Bolsonaro no 1º ano: petista encontrou mais chefes de Estado e sindicatos;
ex-presidente, empresários e evangélicos
Um
levantamento inédito comparando as agendas oficiais do primeiro ano do atual
mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (2023) e de seu antecessor, Jair Bolsonaro (2019), ajuda a
compreender as prioridades dos dois presidentes no início de suas gestões.
Os dados
compilados por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e
antecipados com exclusividade à BBC News Brasil mostram que, enquanto Bolsonaro
teve um volume maior de atividades envolvendo lideranças evangélicas e
empresários, por exemplo, Lula deu mais espaço para compromissos com forças
sindicais e para encontros com líderes mundiais.
Os números
também mostram que o primeiro ano do terceiro mandato de Lula teve uma agenda
menos intensa de compromissos oficiais que o ano inicial de Jair Bolsonaro.
Segundo
esses dados, que captam apenas o que aparece na agenda oficial, Lula somou
1.532 registros em 2023, quase 30% a menos que os 2.171 registros da agenda de
Bolsonaro em 2019, uma diferença de 639 atividades (entenda a metodologia ao
longo da reportagem).
O
levantamento indica que Bolsonaro manteve uma rotina doméstica mais intensa de
compromissos, com grande volume de encontros com sua própria equipe de
ministros e com outras autoridades brasileiras, como os presidentes do Supremo
Tribunal Federal, Senado e Câmara dos Deputados.
Já a
agenda de Lula registra uma quantidade maior de interações com lideranças mundiais na comparação com seu antecessor.
O
levantamento foi feito com auxílio de ferramentas de programação que permitem
extrair e filtrar dados de forma automatizada. Foram criados algoritmos
(conjunto de instruções e regras) para coletar os dados das agendas oficias,
sistematizar essas informações e organizar o conteúdo a partir de
palavras-chave, como nomes de autoridades recebidas pelos presidentes.
Foram
consideradas todas as atividades registradas na agenda, como encontros com
ministros, cerimônias, viagens nacionais e internacionais, telefonemas para
líderes de outros países, entrevistas, transmissões ao vivo em redes sociais e
reuniões com parlamentares, empresários, movimentos sociais ou lideranças
religiosas, entre outros.
Esses
registros, porém, não refletem a totalidade das atividades presidenciais, já
que tanto Lula quanto Bolsonaro tiveram compromissos no primeiro ano de mandato
que não foram incluídos nas agendas oficiais, algo que limita a transparência
da rotina dos mandatários, na avaliação dos pesquisadores.
A imprensa
brasileira noticiou, por exemplo, ao menos três encontros de Lula no ano
passado com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), sem registros oficiais.
Os dois teriam jantado no Palácio da Alvorada no dia 2 de agosto e se reunido
novamente na residência oficial de Lira duas semanas depois, para discutir a
reforma ministerial.
Já no dia
13 de dezembro, teriam almoçado no Palácio do Planalto com o ministro da
Fazenda, Fernando Haddad, para discutir a agenda econômica no Congresso.
Bolsonaro,
por sua vez, visitou a sede da Agência Central de Inteligência dos Estados
Unidos (CIA) quando viajou a Washington em março de 2019, em outro exemplo de
atividade presidencial sem registro oficial. No dia 29 daquele mesmo mês também
discursou em um evento evangélico só para homens em Brasília, chamado Escola de
Hombridade, novamente fora da agenda.
Também
chama atenção os poucos registros de compromissos com as primeiras-damas, em
especial no caso de Lula, já que Janja tem sido presença frequente em
atividades importantes, como a Cúpula do G20, em que participou das reuniões
dos líderes. Sua presença, porém, não consta na agenda.
Segundo o
levantamento, ela aparece apenas dez vezes na agenda oficial do petista,
enquanto Michelle Bolsonaro aparece seis vezes na de Bolsonaro.
A situação
se inverte no caso dos filhos, que eram presença frequente nos compromissos do
ex-presidente. Segundo o levantamento, a agenda de 2019 soma 27 registros do
senador Flávio Bolsonaro, 14 do deputado Eduardo Bolsonaro e sete do vereador
Carlos Bolsonaro — todos ativos na política como o pai. Já Lula não registrou
qualquer atividade com seus cinco filhos, que não possuem mandato político.
Além da
omissão de informações, a falta de padronização na divulgação das agendas
também impede uma comparação mais detalhada da quantidade de tempo que cada
presidente dedicou aos compromissos oficiais.
Enquanto a
agenda de Bolsonaro registrava a hora de início e de término das suas
atividades, a de Lula informa apenas o horário de começo. Dessa forma, não há
informações públicas sobre a duração dos compromissos do atual presidente.
O
levantamento foi coordenado por Ernani Carvalho, coordenador do mestrado
profissional em Políticas Públicas da UFPE e líder do grupo de estudos sobre
Poder Judiciário, Política e Sociedade. Participaram também Dalson Figueiredo e
Lucas Silva, do grupo de métodos de pesquisa em Ciência Política, e Bhreno
Vieira, do grupo de pesquisa Instituições, Políticas e Governo, vinculados à
mesma universidade.
Para os
autores do levantamento, a agenda presidencial é uma importante fonte para
análise das prioridades dos governos e dos grupos de interesse com maior
capacidade de influenciar a gestão federal, ainda que os registros não agreguem
a totalidade das atividades dos mandatários.
"Estamos
cientes de que não se pode confundir acesso político com sucesso dos grupos de
interesse na consecução dos seus objetivos. Porém, medir acesso é importante,
já que pode revelar o protagonismo de alguns grupos", ressaltam os autores
em um documento que resume os resultados encontrados e que, futuramente,
pretendem publicar como artigo científico.
"A
capacidade dos grupos de interesse em comunicar suas demandas aos líderes
políticos e gestores governamentais é pré-requisito para influenciar o processo
de tomada de decisão", dizem ainda.
Na
avaliação de Ernani Carvalho, a comparação inicial das agendas mostra que Lula
e Bolsonaro deram acesso, em seu primeiro ano de mandato, aos grupos que se
alinham aos seus projetos de governo.
"A
agenda cristaliza fortemente os alicerces em que estão construídos a
polarização que existe hoje no Brasil. Essa divisão está refletida na
agenda", diz.
Detalhes
dos números mostram, por exemplo, que Bolsonaro teve 28 atividades com
lideranças evangélicas em 2019, considerando registros envolvendo pastores e
missionários.
Esse
número não inclui as interações com parlamentares evangélicos, como o deputado
pastor Marco Feliciano (PL-SP), ou encontros com a Frente Parlamentar
Evangélica, pois os pesquisadores avaliam que esses compromissos têm mais um
aspecto institucional de relação com o Parlamento do que uma dimensão
estritamente religiosa.
Lula, por
sua vez, não teve qualquer registro de atividades com lideranças evangélicas em
2023.
Já os
compromissos com lideranças católicas são mais equilibrados, com cinco
registros para Bolsonaro e seis para Lula. O petista teve, inclusive, três
interações com o Papa Francisco: duas durante sua visita oficial ao Vaticano em
junho e um telefonema em maio.
Enquanto
Bolsonaro teve forte agenda religiosa, refletindo a importância desse grupo em
sua base eleitoral, Lula abriu sua agenda dez vezes para encontros ou
atividades com sindicatos, grupo que não aparece nas atividades oficiais do seu
antecessor. O sindicalismo é o berço político do petista, que se projetou ao
liderar greves no ABC paulista, durante a ditadura militar.
Por outro
lado, Bolsonaro registrou uma atividade mais intensa com empresários, seja em
eventos coletivos ou em encontros fechados no Palácio do Planalto.
Há 21
registros dessas atividades, sendo seis relacionados à Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo (Fiesp). Já na agenda de Lula foram identificadas cinco
atividades com o setor empresarial, sendo duas com a Fiesp.
A BBC News
Brasil questionou a Secretaria de Comunicação da Presidência e a assessoria do
ex-presidente Bolsonaro sobre os principais resultados encontrados e sobre a
ausência de alguns compromissos nas duas agendas, mas não obteve retorno.
A
reportagem também tentou obter a duração dos compromissos de Lula por meio da
Lei de Acesso à Informação, mas teve o pedido negado.
A Casa
Civil respondeu que "a disponibilização das agendas segue os princípios da
transparência ativa, estabelecidos pela CGU (Controladoria Geral da União) e
demais órgãos de controle e transparência".
Disse
também que "não há registro do horário exato de término das agendas do sr.
presidente da república, haja vista ausência de obrigação legal para
tanto".
·
O que explica a agenda
mais intensa de Bolsonaro?
Apesar da
impossibilidade de comparar a duração das agendas dos dois presidentes, o
pesquisador Ernani Carvalho considera que a diferença na quantidade de
compromissos entre Lula e Bolsonaro é significativa e pode estar relacionada às
prioridades dos seus governos e a diferença de experiência dos dois.
Sem contar
os dias de posse de ambos, a análise das agendas indica que Bolsonaro teve ao
menos um compromisso em 302 dias do ano, restando 62 dias sem atividades
oficiais.
Já Lula
teve ao menos uma atividade oficial em 277 dias do ano, havendo 87 sem
registros na agenda.
Com isso,
considerando apenas os dias em que houve ao menos um compromisso, a média
diária de atividades de Bolsonaro em 2019 ficou em 7,2, enquanto o atual
presidente registrou uma média de 5,5 compromissos por dia em 2023.
Os autores
do levantamento apontaram à BBC News Brasil possíveis explicações para a
diferença na quantidade de compromissos dos dois presidentes.
Uma das
hipóteses levantadas é o fato de Bolsonaro ter sido eleito em 2018 para um
primeiro mandato presidencial, que representou uma ruptura com a tradicional
polarização entre PT e PSDB que já durava mais de duas décadas no país.
Para
Ernani Carvalho, Bolsonaro assumiu o comando país interessado em consolidar um
forte polo de direita no país, sob sua liderança.
Isso,
avalia o coordenador, se refletiu em uma intensa agenda doméstica e nos
encontros frequentes com grupos de sua base eleitoral, como no caso dos
evangélicos.
"Precisamos
aprofundar melhor (a análise das agendas), mas provavelmente uma hipótese é
essa necessidade do ex-presidente Bolsonaro de constituir um polo de direita,
que defenda ideais e valores de direita. Isso exige realmente trabalho",
avalia.
Por outro
lado, nota o coordenador, o fato Lula de ser um líder experiente, já no
terceiro mandato, pode ser um motivo para o número menor de compromissos.
Outro
elemento que chama atenção é o grande número de viagens internacionais de Lula,
ressalta, o que pode ter contribuído para um número menor de compromissos
domésticos, devido ao tempo gasto em deslocamentos.
"O
presidente Lula já passou pelo governo duas vezes. Com toda a sua experiência,
ele tem mais foco do que quer atingir. Isso torna o trabalho de agenda menos
árduo do que no caso de Bolsonaro. Mas é importante deixar claro que isso ainda
é uma hipótese", ressalta o professor.
Restrições
médicas limitaram as agendas dos dois presidentes no primeiro ano.
No final
de setembro, Lula realizou uma cirurgia para colocar uma prótese no quadril,
devido a fortes dores que sentia na região. Por causa disso, passou dez dias
seguidos sem qualquer compromisso. Depois, manteve uma agenda menos intensa nas
duas semanas seguintes, despachando do Palácio da Alvorada, residência oficial.
Bolsonaro,
porém, também teve sua agenda limitada por questões médicas em 2019, quando
precisou fazer cirurgias para tratar sequelas da facada que sofreu em setembro
de 2018, durante a campanha presidencial.
Devido a
um procedimento no final de janeiro para reconstrução do trânsito intestinal e
retirada da bolsa de colostomia, ele passou dezessete dias internado em um
hospital em São Paulo, período em que teve doze dias sem qualquer compromisso.
Já em
setembro, Bolsonaro teve nove dias seguidos sem registros na agenda, quando
esteve internado para correção de uma hérnia na parede abdominal, perto da
cicatriz da facada.
·
Lula teve quase quatro
vezes mais encontros com líderes mundiais
A pedido
da BBC News Brasil, os pesquisadores contabilizaram os compromissos e
interações dos dois presidentes com líderes de outros países.
Foram
levantados os registros de encontros com chefes de Estado ou de governo de 28
países, priorizando as maiores potências mundiais e nações com as quais o
Brasil tem forte relação histórica. Foram incluídos também líderes de países
com os quais Lula ou Bolsonaro têm especial proximidade, como Cuba e Venezuela
no caso do petista, ou Hungria e Israel no caso do ex-presidente.
O
resultado mostrou 122 registros do tipo na agenda de Lula, contra 33 no caso de
Bolsonaro.
Para
Ernani Carvalho, a baixa interação de Bolsonaro com outros líderes
internacionais pode refletir seu foco na agenda doméstica, a escolha por um
ministro das Relações Exteriores (Ernesto Araújo) com pouca expressão e seus
ataques a importantes parceiros do Brasil, como a China, criticada por seu
regime comunista.
Além
disso, o pesquisador destaca a decisão do governo Bolsonaro de ir contra a
tradição brasileira de liderança nas pautas ambientais.
"Bolsonaro
teve muita dificuldade, até por questões de apoio interno, de capitalizar uma
agenda internacional relativa à Amazônia, à ecologia e à biodiversidade, que é
onde o Brasil se posiciona internacionalmente com maior capital", analisa.
Já no caso
de Lula, ressalta o professor, ocorre o contrário, com o fortalecimento da
política ambiental e a valorização dessa agenda na política externa.
Além
disso, Carvalho avalia que o atual presidente viu na fraca agenda internacional
de Bolsonaro a oportunidade de reposicionar o Brasil globalmente.
"Os
dados mostram com bastante clareza a força da política externa no governo Lula
e a diferença abissal com seu antecessor", nota Carvalho.
"Acredito
que isso vai diminuir um pouco esse ano porque nós temos eleições municipais e
o foco do presidente Lula, um político extremamente prático, deve voltar para
as questões internas mais fortemente", acrescenta.
Na agenda
do petista, se destacam os registros de atividades com líderes de Argentina
(13), Alemanha (9), França (8), Espanha (8), Estados Unidos (7), África do Sul
(6), Cuba (6), Paraguai (6) e Portugal (6).
No caso de
Bolsonaro, os líderes com mais frequência são da Arábia Saudita (6), Japão (6),
Argentina (4) e Paraguai (3).
A
proximidade com o governo de Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia
Saudita, gerou desgaste para Bolsonaro depois que foi revelada a venda de joias
recebidas durante visita àquele país.
O caso
levou à abertura de uma investigação criminal contra o ex-presidente, devido à
comercialização de itens do acervo presidencial. A defesa de Bolsonaro sustenta
que as joias seriam um presente de cunho pessoal e poderiam ser vendidas.
Mohammed
bin Salman voltou a aparecer na agenda presidencial em 2023 — há três registros
de compromissos de Lula com o líder saudita.
Chama
ainda atenção a maior frequência de compromissos de Lula com o presidente dos
EUA, Joe Biden, em comparação com a quantidade de interações ocorridas entre
Bolsonaro e o então mandatário americano, Donald Trump, apesar do forte
alinhamento do ex-presidente com o republicano.
A agenda
de Lula registra sete atividades com Biden, incluindo a visita oficial à Casa
Branca em fevereiro, um encontro bilateral em Nova York em setembro, e o
lançamento de duas iniciativas conjuntas: a Parceria pelos Direitos dos
Trabalhadores e Trabalhadora, ocorrida também em Nova York, e a Aliança Global
para os Biocombustíveis, durante a Cúpula do G20, na Índia.
Já a
agenda de Bolsonaro registra dois encontros com Trump: a visita oficial à Casa
Branca em março e o encontro bilateral realizado em junho, durante Cúpula do
G20 no Japão.
O então
presidente disse à imprensa brasileira em dezembro de 2019 que falou por
telefone com Trump para tentar evitar o aumento da taxa sobre a exportação de
aço brasileiro — alta que se confirmou no mês seguinte. Essa conversa, porém,
não aparece na agenda oficial.
·
Bolsonaro teve quase o
dobro de compromissos com ministros
A
comparação das agendas mostra que Bolsonaro manteve um contato mais frequente
com seus ministros do que Lula.
Uma
pesquisa pelo nome dessas autoridades nos registros oficiais indica que
ministros de Bolsonaro aparecem 1.417 vezes na sua agenda. No caso de Lula, há
742 registros do tipo, quase metade.
Por outro
lado, há semelhanças nas pastas mais prestigiadas pelos presidentes. Em ambos
os casos, os ministros palacianos, ou seja, que têm gabinete dentro do Palácio
do Planalto, são os mais recebidos. Além desses, o responsável pela política
econômica também aparece com destaque.
Nos dois
governos, as mulheres tiveram espaço reduzido na agenda presidencial do
primeiro ano.
De todos
os registros de integrantes da equipe ministerial na agenda de Lula, apenas 97
(13,1% do total) foram com mulheres. As mais frequentes foram a ministra da
Gestão, Esther Dweck (24), a ministra da Saúde, Nísia Trindade (16), e a
ministra do Planejamento, Simone Tebet (16).
O atual
presidente começou o governo com onze ministras, mas essa representação recuou
para nove, após as demissões de Ana Moser (Esportes) e Daniela Carneiro
(Turismo), para acomodar indicações políticas.
No governo
Bolsonaro, a representatividade feminina no primeiro escalão era ainda menor,
assim como a frequência nos compromissos oficiais: juntas, as ministras Damares
Alves (Mulher, da Família e dos Direitos Humanos) e Tereza Cristina
(Agricultura) somam 39 atividades na agenda de 2019, o que representa apenas
2,8% de todos os registros de integrantes da equipe ministerial.
·
Bolsonaro lidera
encontros com outras autoridades brasileiras
Analisando
os encontros com os chefes de outros Poderes, os pesquisadores identificaram 17
compromissos de Bolsonaro com a participação do então presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (União), e 22 atividades com a presença do então presidente do
Senado, Davi Alcolumbre (União).
Lula, por
sua vez, tem nove registros do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), em sua
agenda de 2023, enquanto o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), esteve
sete vezes com o presidente da República.
O número
de encontros com os presidentes do STF foi mais equilibrado: Bolsonaro teve
sete atividades oficiais com presença de Antonio Dias Toffoli, e Lula registrou
cinco compromissos com Rosa Weber.
As agendas
registram ainda 35 encontros individuais ou reuniões coletivas com governadores
para o ex-presidente e 30 para o petista.
Analisando
os nomes mais frequentes na agenda, nota-se que Lula se reuniu com governadores
de diferentes linhas ideológicas, enquanto Bolsonaro priorizou o campo da
direita.
O petista
Elmano de Freitas, do Ceará, lidera a agenda de Lula com cinco registros,
seguido do tucano Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, com quatro.
Depois,
aparecem três vezes os governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL); do
Pará, Helder Barbalho (MDB); e de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB).
No caso de
Bolsonaro, o mais frequente foi Ronaldo Caiado (União), de Goiás, com dez
registros. Depois aparece o então governador de São Paulo, João Doria (PSDB),
com quatro.
Na
sequência, com três compromissos, aparecem os governadores de Rondônia, Marcos
Rocha (União); e de Roraima, Antonio Denarium (PP).
·
Levantamento será
ampliado para mais presidentes
Os
pesquisadores pretendem aprofundar as análises das agendas presidenciais,
ampliando o levantamento para todos os presidentes após a redemocratização
(José Sarney em diante).
A falta de
padronização, porém, é um desafio, ressalta Carvalho.
"Os
estudos de agenda presidencial nos Estados Unidos aparecem como uma agenda
acadêmica forte na década de 80. E, no Brasil, a gente está tentando criar essa
tradição, até para fortalecer a transparência pública", disse.
A ideia é
verificar quais grupos mantêm historicamente acesso ao presidente analisando um
conjunto de presidentes maior e por mais anos. "Por exemplo, (poderemos)
saber se os evangélicos não tinham acesso antes e só vieram a ter com o
presidente Bolsonaro", acrescenta.
Fonte: BBC
News Brasil
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