Vítima de abusos de líder religioso na
Bahia desabafa: "ele é um criminoso"
Apesar da condenação e
do aumento da pena de reclusão de 13 anos e quatro meses para 17 anos e seis meses, o líder espiritual Jair Tércio Cunha Costa permanece fora das
grades. Isso porque o ex-grão-mestre de uma Loja Maçônica na Bahia nunca foi
localizado pelas forças policiais. Durante o processo, ele até forneceu um
endereço, porém, nunca foi encontrado.
Em conversa
ao Portal A TARDE, a primeira vítima a denunciar os crimes sexuais da
liderança religiosa, questiona quem estaria por trás do sumiço do condenado.
"Importante saber quem é quem está financiando Jair para que ele fique
foragido? Isso importa muito mais pela função dessa, ou dessas pessoas, do que
pela revelia de Jair Tércio", questiona Tatiana Amorim Badaró.
No entanto, para
Tatiana, só o fato dele ter sido condenado pela Justiça já é uma vitória.
"Para mim é irrelevante ele estar ou não foragido, o que importa é o fato
da condenação e sentença, ou seja, o registro jurídico de que ele é um
criminoso. Então, minha expectativa é pelo trânsito em julgado. Uma pessoa como
ele estar foragida já é, em si, uma prisão".
Pra mim é muito mais
impactante o fato de derrubarem a tipificação de estupro de vulnerável. Meu
medo é dos criminosos que se passam por gurus e ainda não foram
denunciados.Tatiana Amorim Badaró, Uma das denunciantes
·
Caso
Jair Tércio Cunha
Costa, de 63 anos, era grão-mestre de uma loja maçônica na Bahia e desenvolvia
uma doutrina pedagógica estudada em retiros espirituais promovidos por ele toda
semana.
Em 2020, Jair Tércio
passou a ser alvo do Ministério Público após denúncias de crimes sexuais contra
seguidores serem relatados. Na época, uma da vítima relatou era privada de
tudo. "Eu só podia viver o que ele queria que eu vivesse. Eu não podia usar
biquíni, ir à praia, ir para festas, encontrar meus amigos de infância. Até
encontros de família, ele dizia para eu ir o mínimo possível. Eu não tinha vida
fora da Fundação”.
Ao todo, 14 mulheres
que denunciou formalmente Jair Tércio por abusos sexuais e psicológicos. Em
setembro daquele ano, o MP deflagrou a "Operação Fariseu", que buscava cumprir um mandado de prisão preventiva contra
ele, porém, nunca foi encontrado.
"Desde que
começamos a apurar o caso, ele se evadiu do local onde ele havia dado como sua
residência. Então hoje é considerado como foragido da Justiça", explicou a
promotora de Justiça Sara Gama.
Ø
Somente 20% das mulheres brasileiras
conhecem bem a Lei Maria da Penha
Apenas duas em cada
dez mulheres se sentem bem informadas em relação à Lei Maria da Penha, que
criou mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra
a mulher e foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006.
Os dados fazem parte
da 10ª edição da Pesquisa Nacional de Violência Contra a Mulher, realizada pelo
Observatório da Mulher Contra a Violência (OMV) e o Instituto DataSenado, ambos
do Senado. A sondagem é bianual e foi divulgada nesta quarta-feira (28) em
Brasília. Ela envolveu entrevistas por telefone com 21.787 mulheres de 16 anos
ou mais entre os dias 21 de agosto a 25 de setembro do ano passado.
Esta é primeira edição
do levantamento que traz dados por estado. O estudo atualiza, também pela
primeira vez, o Mapa Nacional da Violência de Gênero, projeto viabilizado pelo
OMV, o Instituto Avon e a organização Gênero e Número, que cobre questões de gênero
e raça no Brasil e na América Latina desde 2016.
Na avaliação de
Beatriz Accioly, coordenadora de Parcerias do Instituto Avon, o que chama
bastante a atenção na pesquisa é que a Lei Maria da Penha é conhecida pela
população brasileira de maneira geral, mas quando se pergunta o quanto as
pessoas sabem da lei, sobretudo as mulheres, percebe-se que o conhecimento
ainda é muito pequeno. “É quase de ouvir falar. Não dá segurança de saber
exatamente o que a lei garante em termos de direitos e o que ela muda de fato”,
disse Beatriz à Agência Brasil.
Ela explicou que a
pesquisa alerta para a necessidade de entender não só o que as pessoas já
ouviram falar sobre a lei, mas o quanto elas conhecem nos detalhes, o quanto
esse conhecimento têm a ver com os seus próprios direitos. De acordo com o
estudo, mesmo nas localidades onde há maior conhecimento entre a população
feminina sobre a Maria da Penha, o índice é muito baixo, passando pouco de 30%.
É o caso do Distrito
Federal (33%), Paraná (29%) e Rio Grande do Sul (29%). “O conhecimento está
muito longe de ser o ideal”, afirmou Beatriz. As mulheres das regiões Norte e
Nordeste são as que afirmam conhecer menos a Lei Maria da Penha, principalmente
no Amazonas (74%), Pará (74%), Maranhão (72%), Piauí (72%), em Roraima (71%) e
no Ceará (71%).
·
Diagnóstico
Para a coordenadora de
Parcerias do Instituto Avon, o diagnóstico mostra que ainda não se conversa
tanto sobre a lei quanto é necessário. “É preciso furar a bolha”. O objetivo é
aumentar a parcela da população com conhecimento sobre a legislação. Isso pode
ser feito a partir da construção de medidas educativas e de conscientização
sobre leis, recursos e políticas públicas voltadas para o enfrentamento à
violência de gênero, afirma Daniela Grelin, diretora executiva do Instituto
Avon. Para ela, o maior conhecimento é fundamental para que as mulheres
brasileiras possam reivindicar seus direitos, além de interromper ciclos de
abusos e agressões.
A coordenadora do
Observatório da Mulher contra a Violência, do Senado, Maria Teresa Prado,
destaca que a pesquisa constitui ferramenta que pode auxiliar os legisladores
na criação de leis, políticas públicas e programas que funcionem de fato e que
sejam mais adequados às especificidades de cada estado.
Segundo Beatriz
Accioly, todos os senadores e senadoras vão receber um relatório específico de
seu estado, com diagnóstico do território. “É necessário que a gente alerte os
parlamentares para o fato de que esse problema de violência familiar contra a
mulher é um dos mais graves. É preciso que eles conheçam a realidade de seus
estados e possam cobrar das autoridades locais mudanças de atuação para
reverter a situação”.
A presidente e
diretora de conteúdo da Gênero e Número, Vitória Régia da Silva, lembrou que a
dificuldade em reconhecer situações de violência e a falta de conhecimento dos
próprios direitos podem impedir que as vítimas tenham acesso aos serviços da
rede de proteção. Por isso, é preciso mudar esse cenário.
·
Índice
Em relação ao grau de
conhecimento sobre os serviços que integram a rede de proteção à mulher, há
equilíbrio entre as unidades federativas brasileiras. A delegacia da mulher é o
serviço mais conhecido entre elas (95%), enquanto a Casa da Mulher Brasileira, por
sua vez, é conhecida por somente 38% das entrevistadas.
A pesquisa identificou
também que o índice nacional de mulheres que declaram ter solicitado medidas
protetivas para a sua segurança é de 27%, à exceção do Rio Grande do Sul, onde
41% das mulheres que sofreram violência com base no gênero solicitaram medidas
protetivas. Beatriz Accioly avaliou, entretanto, que embora o Rio Grande do
Sul, junto com Paraná e o Distrito Federal, sejam os locais onde o grau de
conhecimento das mulheres sobre a Lei Maria da Penha é “menos pior” no Brasil,
ainda há muito a avançar.
“Esses dados mostram
que as pessoas sabem que a lei existe. Mas elas precisam conhecer os seus
instrumentos, as suas ferramentas, como utilizar a lei e transformá-la em
direito difuso”, disse Beatriz.
·
Mapa
Lançado em novembro de
2023, o Mapa Nacional da Violência de Gênero é uma plataforma interativa que
reúne os principais dados nacionais públicos e indicadores de violência contra
as mulheres, incluindo a Pesquisa Nacional de Violência contra as Mulheres,
mais longa série de estudos sobre o tema no país.
·
Legislação
A Lei Maria da Penha,
sancionada em 7 de agosto de 2006, tornou mais rigorosas as penas contra crimes
de violência doméstica.
O nome da lei é uma
homenagem a Maria da Penha Maia, farmacêutica e bioquímica cearense que sofreu
diversas tentativas de homicídio por parte do marido. Em maio de 1983, ele deu
um tiro em Maria da Penha, que ficou paraplégica.
Após aguardar a
decisão da Justiça por 15 anos e sem resultado, ela entrou com uma ação contra
o país na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Esse foi o
primeiro relato sobre violência doméstica feito ao órgão na América Latina. Em
2001, o Estado brasileiro foi condenado, pela primeira vez na história, por
negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica. O marido de
Maria da Penha foi preso apenas 19 anos depois, em 28 de outubro de 2002, e
cumpriu dois anos de prisão.
Ø
PF cumpre mandados contra organização que
fraudava CNH na Bahia
Nesta quarta-feira
(28/2), a Polícia Federal, em atuação conjunta com o GAECO (MPBA), deflagrou a
operação Stop Driver, no município de Santa Maria da Vitória/BA e região. O
objetivo é combater organização criminosa especializada em fraudes no processo
para obtenção da Carteira Nacional da Habilitação.
A diligência contou
com participação de, aproximadamente, 90 policiais no cumprimento de 21
mandados de busca e apreensão, nas cidades de Santa Maria da Vitória/BA, São
Félix do Coribe/BA, Coribe/BA, Santana/BA, Canarana/BA, Bom Jesus da Lapa/BA,
Brasília/DF e Goiânia/GO; bem como quatro mandados de prisão, todos decretados
pelo Juízo Estadual da Vara Criminal de Santa Maria da Vitoria/BA.
Foram apreendidos
diversos bens de interesse para a linha investigativa e esclarecimentos dos
fatos, afastamento de servidores públicos do cargo e bloqueio de bens, além da
prisão de investigados que serão conduzidos à Delegacia da Polícia Federal de
Barreiras/BA.
As investigações
continuam com a finalidade de identificar novos suspeitos da prática delituosa
e colher novas informações.
Os crimes investigados
são organização criminosa, falsidade ideológica, corrupção ativa, corrupção
passiva, prevaricação e lavagem de capitais, juntos podem somar uma pena máxima
superior a 40 anos de prisão, além de perda de todo o patrimônio adquirido com
o crime.
Ø
SSP amplia ações de repressão a furto e
roubo de gado na Bahia
O reforço no trabalho de repressão aos crimes de furto e roubo de gado na Bahia
foi pauta da reunião promovida pela Secretaria da Segurança Pública na tarde
desta terça-feira (27), no Centro de Operações e Inteligência (COI), no CAB.
Conduzido pelo
subsecretário da SSP, Marcel de Oliveira, o encontro pontuou os principais
crimes, a relação entre as ocorrências registradas e as providências adotadas.
“A nossa diretriz é combater esse crime. Pensamos, diariamente, em estratégias
e ações de inteligência para que não tenhamos registro de ocorrência desse
tipo”, detalhou o subsecretário da SSP.
No encontro, o uso das
tecnologias dos ‘Projetos Vídeo-Polícia’ – responsável pelas câmeras do Sistema
de Reconhecimento Facial e de Placas Veiculares – e ‘Câmera Interativa’, além
da atuação preventiva das rondas rurais da Polícia Militar e das ações de
inteligência da Polícia Civil foram pontuadas.
Participaram do
encontro representantes das Superintendências de Inteligência (SI) e de Gestão
Integrada da Ação Policial (SIAP), além de integrantes das Polícias Militar e
Civil.
Fonte: A Tarde/Agencia
Brasil/Tribuna da Bahia
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