quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Instituição dos EUA: Ocidente sacrifica cinicamente vidas ucranianas por um 'negócio muito bom'

Apoiadores ocidentais da continuação do conflito na Ucrânia demonstram um cinismo notável sobre o massacre humano envolvido no país, escreve o think tank (instituições ou grupos de especialistas com a missão de refletir sobre assuntos relevantes) com sede em Washington, D.C. Instituto Quincy para Política Responsável (QI, na sigla em inglês).

Os especialistas da instituição apresentam o conflito na Ucrânia como uma rara chance de prejudicar a Rússia — sem a necessidade de envolver diretamente os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Além disso, o QI cita ainda políticos e figuras midiáticas proeminentes que são "favoráveis a uma guerra prolongada e aberta e mais contra os tipos de negociações de paz que poderiam encurtá-la".

Mas o think tank foi além ao apontar que o aumento desse tipo de retórica é anterior ao projeto que tentou um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia em 2022, mediado em Istambul, apenas um mês após o início da operação militar especial.

O político ucraniano David Arakhamia, que chefiou a delegação ucraniana durante as negociações com a Rússia em Belarus e na Turquia em 2022, disse, em novembro do ano passado, que o então primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, persuadiu Kiev a sair do plano de paz no último minuto.

"Quando voltamos de Istambul, Boris Johnson veio a Kiev e disse que não assinaríamos nada [com os russos] de jeito nenhum. E [disse] 'Vamos continuar lutando'", disse Arakhamia.

Políticos ocidentais têm sido igualmente belicosos. Josep Borrell, comissário não eleito da União Europeia para Assuntos Externos, declarou em abril de 2022 que o conflito seria "vencido no campo de batalha". O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, ecoou Borrell no mesmo mês, afirmando que Washington queria ver a Rússia "enfraquecida a ponto de não poder fazer as coisas que fez" ao lançar a operação militar especial.

Desde então, líderes dos EUA e da Europa têm rejeitado os gestos de paz. "Quatro meses depois do início disso, gosto do caminho estrutural em que estamos", afirmou o senador dos EUA Lindsey Graham no início do conflito, lembrou o QI. Mais tarde, o senador acrescentou que a aliança dos EUA com a Ucrânia no conflito era "o melhor dinheiro que já gastamos".

Em agosto de 2023, o senador democrata Richard Blumenthal argumentou em um artigo de opinião que "[os americanos] deveriam estar satisfeitos por estarmos obtendo nosso dinheiro de volta em nosso investimento na Ucrânia", pois "por menos de 3% do orçamento militar de nossa nação, permitimos que a Ucrânia degradasse pela metade a força militar da Rússia", e "tudo isso sem uma única mulher ou homem de serviço americano ferido ou morto".

"É uma quantia relativamente modesta com que estamos contribuindo, sem sermos solicitados a arriscar a vida e os membros", disse o senador republicano do Mississippi Roger Wicker em fevereiro de 2023. "Os ucranianos estão dispostos a lutar por nós se o Ocidente lhes der os recursos. É um negócio bastante bom."

"Nenhum americano está sendo morto na Ucrânia. Estamos reconstruindo nossa base industrial. Os ucranianos estão destruindo o Exército de um de nossos maiores rivais. Tenho dificuldade em encontrar algo de errado com isso", disse o líder da minoria republicana no Senado dos EUA, Mitch McConnell, à imprensa americana há quatro meses.

"Ajudar a Ucrânia, dar dinheiro à Ucrânia é a maneira mais barata possível para os EUA aumentarem sua segurança," afirmou Zanny Minton Beddoes, editora-chefe da revista britânica The Economist, no programa Daily Show, do apresentador Jon Stewart, recentemente. "A luta está sendo feita pelos ucranianos, são eles quem estão sendo mortos."

O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, anunciou na terça-feira (27) que a Ucrânia perdeu mais de 444 mil soldados, entre mortos e feridos, desde o início da operação militar especial em 2022.

"O que é repugnante nisso não é apenas a maneira leviana como trata a escala inimaginável de perda de vidas, a incapacidade permanente e crises emergentes de longo prazo vivenciadas pelos ucranianos — como meros grãos de ábaco a serem movidos em uma análise de custo-benefício centrada nos Estados Unidos e seus aliados da OTAN," escreveu o think-tank de Washington sobre a avaliação do Ocidente do conflito.

O QI argumentou que, longe de serem "dispostos", "determinados" e prontos para "lutar até o último homem", muitos ucranianos demonstraram que não querem arriscar suas vidas. A instituição destacou que muitos homens ucranianos em idade de alistamento fugiram do país para evitar o conflito, enquanto outros subornaram oficiais da Comissão Médica Militar (MMC, na sigla em inglês) para serem considerados incapazes para o serviço militar. Os ucranianos assinaram petições contra as práticas de alistamento agressivo.

Para jogar mais ucranianos na batalha, o regime de Kiev autorizou várias ondas de mobilização forçada. Ele pediu à UE que extraditasse os desertores do serviço militar, ordenou uma revisão completa de todas as isenções de mobilização concedidas na Ucrânia a partir de 24 de fevereiro de 2022 e, mais recentemente, propôs uma nova lei de mobilização baixando a idade do recrutamento, criando um banco de dados central de recrutas em potencial e convocando homens mais velhos e menos saudáveis.

"Parece cada vez mais que muitos dos que estão mais entusiasmados em manter a guerra em andamento e evitar um fim negociado não são, como continuamos ouvindo, os ucranianos mais propensos a serem mortos ou feridos no combate," argumenta Branko Marcetic, do instituto. "Em vez disso, são políticos e comentaristas muito distantes da linha de frente, em outros países, que veem sua morte e destruição como se fosse um jogo de tabuleiro — ou, em suas palavras, como um 'bom negócio', uma 'pechincha' e um investimento satisfatório para seus próprios países."

Um recente relatório do New York Times sobre uma rede de 12 bases secretas da CIA estabelecidas ao longo da fronteira da Ucrânia com a Rússia após o golpe Euromaidan, de 2014, sugere que o plano de conflito já estava em gestação há muito tempo.

Em entrevista à Sputnik em 21 de fevereiro, o ex-analista da CIA Larry Johnson disse que a Ucrânia foi imediatamente transformada em um proxy militar dos EUA após o golpe.

"Antes de 2014, você não via muitos exercícios da OTAN com a participação da Ucrânia. Após 2014, a Ucrânia, embora não fosse formalmente membro da OTAN, era regularmente incluída nesses exercícios anuais conjuntos, o que significava que a Ucrânia então se tornou um proxy para uma Guerra Fria," disse Johnson. "Ela se tornou um proxy para o Ocidente lutar contra a Rússia. E acho que é por isso que eles estavam lentamente construindo a Ucrânia."

"Na essência, o que se resume é que o Ocidente simplesmente decidiu que queria pegar a Rússia. No cerne disso, eles estavam procurando uma estratégia de longo prazo para isolar a Rússia. E a chave para isso era trazer a Ucrânia para o campo ocidental, trazer a Ucrânia para a OTAN, trazer a Ucrânia para a UE e, portanto, isolar completamente, pelo menos eles achavam que poderiam isolar a Rússia. Porque eu acho que pelo menos havia algum reconhecimento em alguns círculos governamentais de que a Rússia tem uma riqueza enorme e recursos naturais. E é melhor para nós tê-los do que para a Rússia tê-los. Acho que essa era a atitude", concluiu Johnson.

 

Ø  Proposta americana de enviar ativos russos à Ucrânia é uma 'falácia', diz ministro da Rússia

 

A fala se deu nesta terça-feira (27) durante o segundo dia de representantes e secretários dos ministros de Finanças e dos presidentes de Bancos Centrais do G20, na Bienal, no Parque Ibirapuera, em São Paulo.

Segundo a Agência Brasil, o ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, classificou como "falácia" e "desastre" a proposta americana de enviar ativos russos, que estão bloqueados por sanções, para a Ucrânia.

"Essa não é a primeira vez que ouvimos essa proposta. Nós acreditamos que essa proposta é uma falácia profunda e também destrutiva, porque ela mina as próprias fundações e pilares do sistema financeiro do mundo, porque ela rende o valor e as reservas de dinheiro a países vulneráveis e suscetíveis a decisões políticas", respondeu o ministro russo perguntado sobre a proposta norte-americana do envio dos ativos russos à Kiev.

Para o ministro russo, "a proposta [dos Estados Unidos] causaria graves danos aos próprios alicerces do sistema financeiro mundial".

Caso a ideia norte-americana prossiga, segundo o chanceler, Moscou estaria preparada para retaliar.

"Quanto à nossa resposta, temos algo com que responder, porque temos [ativos] congelados do nosso lado", afirmou.

No entanto, ele destacou que esse caminho não seria o ideal.

"Estas decisões não nos levariam ao caminho certo porque, em vez de agravar a situação, precisamos diminuir a escalada, reduzir as tensões. Mas se as contrapartes decidirem prosseguir por este caminho, responderemos simetricamente", sublinhou.

·        Polônia pode aumentar o embargo a produtos agrícolas da Ucrânia, diz primeiro-ministro

A Polônia pode expandir o embargo aos produtos agrícolas ucranianos se a União Europeia não fizer nada para proteger seu mercado, afirmou o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, nesta terça-feira (27) em entrevista a repórteres.

O governo polonês já embarga, junto da Eslováquia e da Hungria, quatro tipos de grãos ucranianos. Segundo Tusk, esse número pode aumentar ainda mais.

"A Polônia aderiu ao embargo de cereais ucranianos. É possível, e estamos falando sobre isso com o lado ucraniano, que seja necessário aumentar o embargo a outros produtos se a União Europeia não encontrar formas mais eficazes de servir os mercados europeu e polonês", disse Donald Tusk.

O discurso do primeiro-ministro, feito após uma reunião com o grupo de Visegrado — composto por Eslováquia, Hungria, Polônia e República Tcheca —, foi transmitido ao vivo na televisão.

Cerca de 10 mil agricultores e manifestantes participaram de um ato pelo centro da capital, Varsóvia, nesta terça, parando em frente ao edifício da câmara baixa do Parlamento e do escritório de Donald Tusk. Uma delegação foi recebida pelos parlamentares no início da tarde (horário local).

As relações entre a Polônia e a Ucrânia se deterioraram após o embargo aos grãos ucranianos. Em 15 de setembro de 2023, a União Europeia decidiu retirar o embago às importações de produtos agrícolas da Ucrânia. Entretanto, Polônia, Hungria e Eslováquia optaram por manter a proibição de maneira unilateral como forma de protegerem seus setores agrícolas.

 

Ø  EUA voltam atrás e discordam de envio de tropas à Ucrânia, diz mídia

 

Os Estados Unidos afirmaram que não enviarão tropas para combater na Ucrânia. No entanto, segundo uma fonte militar ouvida pela agência de notícias AFP, os EUA passaram semanas discutindo esses planos com a França.

Na última segunda-feira (26), o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que os líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) não chegaram a um acordo sobre o envio de tropas à Ucrânia. A declaração surpreendeu a todos, uma vez que o envio de combatentes não era esperado.

Desde então, inúmeros países europeus descartaram a ideia, como Alemanha, Polônia, Espanha e República Tcheca. Agora foi a vez de a Casa Branca negar a participação de suas tropas na zona da operação especial russa. Em declaração à imprensa, o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, afirmou que Joe Biden "não enviará soldados dos EUA para lutar na Ucrânia".

Contudo, segundo uma fonte militar ouvida pela AFP, os países da OTAN estão discutindo há semanas sobre a possibilidade de enviar soldados próprios para apoiar os ucranianos, e os Estados Unidos foram um dos que apoiaram a ideia.

De acordo com o Kremlin, "só o fato de discutir a possibilidade de enviar certos contingentes de países da OTAN para a Ucrânia é um novo elemento muito importante".

Segundo o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, se as tropas forem enviadas, "teremos que falar não sobre a probabilidade, mas sobre a inevitabilidade de um confronto direto entre a Rússia e a OTAN".

·        Ucrânia perderá sem ajuda de Washington, dizem líderes do Congresso dos EUA

Após reunião entre o presidente dos EUA, Joe Biden, e líderes do Congresso americano, congressista alerta que a assistência à Ucrânia não deveria estar no topo da agenda dos legisladores do país.

A Ucrânia será derrotada pela Rússia se não obter ajuda dos EUA, e os aliados do regime de Kiev se afastarão de Washington.

A afirmação foi feita nesta terça-feira (27) pelo líder democrata do Senado, Chuck Schumer, após uma reunião do presidente dos EUA, Joe Biden, com lideranças do Congresso.

"O consenso na sala foi que [Vladimir] Zelensky e a Ucrânia perderão a guerra se não fornecermos armas rapidamente", disse Schumer aos jornalistas após a reunião.

Schumer afirmou que a ajuda dos EUA à Ucrânia não pode esperar pela aprovação do Congresso, uma vez que Washington não pode permitir que Kiev perca o conflito.

"Na melhor das hipóteses, haverá uma divisão na OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte], e os aliados se afastarão dos Estados Unidos", disse o congressista.

Ele acrescentou que há quatro brigadas das Forças Armadas ucranianas ociosas no campo de batalha por conta da falta de armas e munição.

Devido à posição da maioria republicana na Câmara dos Representantes, o Congresso dos EUA ainda não apoiou o pedido da administração Biden de aprovar novos fundos para Kiev. As dotações anteriormente atribuídas terminaram em dezembro do ano passado.

Também após a reunião desta terça-feira (27), o presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, o congressista republicano Mike Johnson, afirmou que o fornecimento de assistência à Ucrânia não deveria estar no topo da agenda dos legisladores americanos.

"Meu objetivo hoje era expressar a verdade óbvia: as necessidades dos EUA precisam ser atendidas primeiro. Quando se fala sobre isso, é preciso falar sobre uma fronteira aberta [na questão dos imigrantes]. A outra prioridade é financiar nosso governo", disse Johnson aos repórteres.

A Rússia acredita que o fornecimento de armas à Ucrânia interfere nas tentativas de iniciar negociações de paz e envolve diretamente os países da OTAN no conflito.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, observou que qualquer carga que contenha armas para a Ucrânia se tornará um alvo legítimo para a Rússia.

Segundo ele, os Estados Unidos e a OTAN estão diretamente envolvidos no conflito, não só pelo fornecimento de armas, mas também pelo treinamento de combatentes em territórios do Reino Unido, Alemanha, Itália e outros países.

O Kremlin afirmou que inundar a Ucrânia com armas do Ocidente não contribui para as negociações e terá um efeito negativo.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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