Eduardo Ramos: Foi como ver as portas do
inferno se abrirem!
Teve Deltan Dallagnol
sorridente, o hipócrita-mor, clamando contra “abusos do STF que violam nossas
liberdades constitucionais” (sic…) e os “abusos do Governo Lula”.
Teve Michelle
Bolsonaro em oração lacrimejante com direito à voz entrecortada pelo choro ao
final, defendendo Israel e uma mistura maior e definitiva entre política e
religião.
Teve Tarcísio, o “Fala
Mansa”, como bem o descreveu o Nassif em artigo histórico, prevendo ser ele –
concordo totalmente! – a maior ameaça à nossa democracia e estabilidade
política. Comovido, agradeceu o governador o fato de “não ser ninguém”, até ser
reconhecido por Bolsonaro. Astuto como uma raposa, coloca-se como o herdeiro do
espólio do futuro condenado à prisão.
Teve Zema, teve
Jorginho, teve Caiado. E teve um “pastor”, o Malafaia, que afirmou: “Eu não vim
aqui atacar o Supremo. (…) Mas eu vim fazer, eu vim mostrar para vocês a
engenharia do mal para prender Jair Messias Bolsonaro. A engenharia do mal para
tirar o estado democrático de direito”, disparou Malafaia.
“Se eles te prenderem,
não vai ser para tua destruição, mas para a destruição deles. Você vai sair de
lá exaltado”, disse. (fonte, GGN).
Essa fala do Malafaia
foi a tônica, a essência, o MOTIVO na verdade, da manifestação, seu maior
objetivo: criar um discurso, uma RETÓRICA do “mártir perseguido”, do
“injustiçado” pelas “forças do MAL”. Para uma plateia de fanáticos
imbecilizados, quase que na totalidade religiosos, nada pode ser mais eficaz e
provocador de uma manipulação máxima. Os zumbis do bolsonarismo criam em si
mesmos mais adoração pelo mito, mais sensações psíquicas de que se trata de “um
homem de bem perseguido pelos comunistas”, e sandices, aberrações cognitivas
semelhantes.
A PM (de Tarcísio,
lembremo-nos…) fala em 600.000 pessoas. Bolsonaristas vão falar em dois
milhões, a USP, por métodos científicos fala em 185.000. Não importa muito,
para o que Bolsonaro queria, foi um sucesso o público presente e seu entusiasmo
fanático. Mas equivocam-se todos os bolsonaristas, se acham que é ou foi o
suficiente como “demonstração de força” para impedir a continuidade das
investigações e julgamentos que virão, sobre armação e tentativa de golpe,
genocídio, falsificação de carteira de vacina, roubo de joias, etc. etc. –
algumas condenações, PARA QUE A JUSTIÇA SE CUMPRA, terão que alcançar Bolsonaro
nos próximos meses.
Sobre o título desse
artigo, uso eu, mas com honestidade máxima, algumas das palavras de Jesus: “O
diabo é o pai da mentira!”
Farsas, mentiras,
distorções da verdade, criação de mundos-matrix horrendos, tudo isso fez e faz
parte dessa seita maligna, o bolsonarismo.
A fala mansa de
Tarcísio, as lágrimas de Michelle, a indignação de Dallagnol, o “apelo à
pacificação” do sr. “Arminha”, o genocida, tudo isso se encerra, exemplifica
absolutamente a frase citada dos Evangelhos.
A manifestação deste
domingo foi como assistir as portas do inferno se abrindo. Mais uma vez.
Ø
Antidemocracia em curso. Por Bruno Alcebino
da Silva
A manifestação, ou
melhor, reunião dos antidemocráticos deste domingo (25), convocada pelo
ex-presidente Jair Bolsonaro, teve como objetivo atacar as instituições
democráticas, incluindo o Supremo Tribunal Federal (STF), o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) e especialmente o ministro Alexandre de Moraes, além do atual
governo. No entanto, antes mesmo de começar os discursos inflamados e as
tentativas de pressionar o Supremo em relação às investigações do
ex-presidente, o evento já começava a dar sinais de desrespeito à lei.
Afinal, o trânsito de
gado na Avenida Paulista é proibido desde 1894 por uma lei municipal. Imagine
só a cena: apoiadores do ex-presidente marchando pela avenida, carregando suas
bandeiras (do Brasil e Israel) e entoando seus slogans, enquanto vários grupos
de gado, aparentemente extraviados de alguma fazenda, caminham tranquilamente
ao lado deles, em si são semelhantes e iguais. Parece até cena de filme de
comédia, mas é a triste realidade da “comilança de capim” que ocorreu durante a
tarde de domingo.
A manifestação
realizada na Avenida Paulista foi um evento de grande envergadura e relevância
política, que reuniu uma quantidade significativa de apoiadores do
ex-presidente Jair Bolsonaro. Convocada por ele próprio, a manifestação teve
como objetivo principal defender a anistia a si e aos indivíduos detidos
durante os eventos ocorridos em 8 de janeiro, que foram classificados como
tentativas de golpe de Estado.
Anistia é o perdão que
pode ser dado a indivíduos que precisam responder por seus crimes na Justiça.
De acordo com Gleisi Hoffmann, presidente do PT, em postagem no X (antigo
Twitter):
Pedir
anistia é confissão de culpa. Bolsonaro é réu confesso. É o que faltava depois
de tantas provas. — Gleisi Hoffmann (@gleisi) February
25, 2024
No entanto, por trás
das aparentes demandas por pacificação e perdão, as investigações em andamento
lançam uma sombra preocupante sobre as verdadeiras intenções por trás desses
discursos. A operação Tempus Veritatis, conduzida pela Polícia
Federal, revelou uma série de evidências que apontam para uma estratégia
coordenada para minar as instituições democráticas do país. Entre as figuras
centrais nesse complexo enredo de ataques antidemocráticos, está o ex-presidente
Jair Bolsonaro. Suas conexões com grupos extremistas e seus discursos
incendiários são elementos cruciais nas investigações em curso. As provas
coletadas sugerem uma clara tentativa de desestabilização do Estado de Direito,
com o objetivo final de consolidar um poder autoritário.
As descobertas das
investigações são profundamente alarmantes, mostrando um padrão de
comportamento que vai desde a disseminação de desinformação sobre o sistema
eleitoral até a articulação de planos para interferir no processo eleitoral e
promover atos que desafiam os pilares da democracia. O envolvimento de figuras
proeminentes do governo e militares de alta patente em tais ações é
particularmente preocupante, sugerindo uma tentativa de subverter as regras
democráticas em favor de interesses próprios.
A revelação de uma
estrutura paralela de inteligência, encarregada de monitorar autoridades e
pressionar militares a aderirem ao golpe, representa uma ameaça grave à
estabilidade democrática do Brasil. A presença de governadores e parlamentares
aliados de Bolsonaro no evento, juntamente com o discurso em favor da anistia
aos envolvidos nos eventos de janeiro, destaca a urgência de uma resposta
enérgica por parte das instituições democráticas do país.
Em face desses
desafios, é fundamental que as instituições democráticas brasileiras atuem de
forma eficaz para garantir a integridade do Estado de Direito e a preservação
das liberdades individuais. A responsabilização dos envolvidos nessas ações é
crucial para evitar que episódios semelhantes ocorram no futuro e para
fortalecer a democracia brasileira diante de ameaças tão sérias.
·
A burguesia e os
discursos antidemocráticos
A recente manifestação
bolsonarista traz à tona as controvérsias e lutas relativas à democracia na
América Latina, oferecendo uma nova perspectiva sobre as condições e
consequências da revolução burguesa na região. É interessante notar que, mesmo
após as revoluções burguesas ocorridas em todos os países latino-americanos, a
consolidação da democracia tem sido um desafio constante. Ao invés disso, as
experiências democráticas têm sido episódicas e interrompidas, refletindo um
cenário onde os valores e instituições democráticos se encontram constantemente
em confronto com valores oligárquicos, caudilhescos, privatistas e
autoritários.
À vista disso, o
bolsonarismo emerge como um fenômeno complexo, entrelaçando-se com interesses
da burguesia e promovendo discursos antidemocráticos que alimentam sua base de
apoio. Na interseção desses elementos, vemos uma narrativa que busca consolidar
poder e perpetuar privilégios, muitas vezes às custas da democracia e dos
direitos fundamentais.
A relação entre o
bolsonarismo e a burguesia é simbiótica, onde há uma convergência de interesses
econômicos e políticos. Setores da burguesia viam no governo Bolsonaro uma
oportunidade para implementar políticas favoráveis aos seus negócios, como
desregulamentações e cortes de impostos, enquanto o governo buscava apoio
financeiro e influência junto a esses setores poderosos.
Nesse contexto, os
discursos antidemocráticos ganham espaço como ferramenta para manter e expandir
o poder. Ataques às instituições democráticas, deslegitimação da imprensa e
intolerância com vozes dissidentes tornam-se características marcantes do bolsonarismo.
Essa retórica busca minar os pilares da democracia, enfraquecendo a
participação cidadã e consolidando um poder centralizado e autoritário.
Ao mesmo tempo, é
importante reconhecer que o bolsonarismo não é monolítico e enfrenta
resistência tanto dentro quanto fora das elites econômicas. Movimentos sociais,
organizações da sociedade civil e parte da própria classe burguesa têm se
posicionado contra os excessos autoritários e os retrocessos democráticos
promovidos pela retórica.
A presença dessa
manifestação bolsonarista, à semelhança de outros movimentos regionais, revela
uma cultura política permeada por ideais e práticas autoritárias. Os slogans e
lemas proclamados durante o evento, como “ordem e progresso” ou “paz social”, tentam
justificar ações antidemocráticas sob o pretexto de restaurar a ordem e a
estabilidade. Diversos grupos, incluindo militares, líderes religiosos
evangélicos, burocratas e outros, estavam presentes, exercendo uma influência
considerável no cenário político. Juntos, eles constituem uma força coesa,
impactando significativamente as estruturas democráticas estabelecidas em todo
o país.
Apesar dos esforços do
bolsonarismo e da extrema direita em retratar uma imagem de participação
política e apoio popular, a realidade revela uma profunda desconexão entre os
fundamentos democráticos e amplos setores da sociedade. Sob a influência dessas
correntes políticas, muitos cidadãos se vêem marginalizados e afastados,
perdendo o senso de conexão tanto com o governo quanto com as instituições
democráticas. A partir desse contexto, o bolsonarismo e a extrema direita
encontram oportunidades para minar ainda mais os princípios democráticos e a
coesão social.
Por meio de
estratégias como a disseminação de desinformação, a polarização da opinião
pública e a demonização de grupos minoritários, esses movimentos políticos
buscam manter sua influência e expandir sua agenda. Ao criar um clima de medo,
divisão e intolerância, eles promovem uma narrativa de “nós contra eles”, onde
qualquer dissidência é vista como uma ameaça.
Em última análise, a
ascensão do bolsonarismo também está intimamente ligada a uma onda global de
populismo de direita, caracterizada por uma retórica inflamada, promessas
simplistas e uma abordagem autoritária à política. Nesse contexto, as políticas
e declarações controversas de Jair Bolsonaro encontram eco em um segmento da
população desencantada e desiludida com o status quo.
Fonte: Jornal GGN
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