Detalhes vazados de operações da CIA na
Ucrânia sinalizam a Kiev que 'o fim está próximo'
A mídia dos EUA
publicou uma reportagem no domingo (25) sobre as operações da Agência Central
de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) na Ucrânia, fornecendo detalhes sobre
a criação de uma dúzia de bases operacionais clandestinas de inteligência perto
das fronteiras da Rússia. A Sputnik explora seu conteúdo com o ex-oficial da
CIA Larry Johnson.
O Ministério das
Relações Exteriores da Rússia dissecou a matéria de domingo do The New York
Times (NYT) sobre as operações da CIA na Ucrânia, desafiando a afirmação do
jornal de que o envolvimento ativo dos serviços de informação ocidentais no
país só começou depois do Euromaidan, golpe perpetrado em fevereiro de 2014.
"A CIA ajudou
Kiev a treinar os seus espiões, e não apenas espiões, mas militantes
declarados, extremistas, terroristas, bandidos. Todos. E um dos exemplos mais
marcantes do acionamento dessa cadeia ocorreu em 2013–2014", afirmou a
representante do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, reagindo
à reportagem do NYT. "Sob o disfarce de forças democráticas e civis,
aqueles que participaram no Maidan foram treinados principalmente em bases na
Polônia e nos Estados Bálticos. E já conversamos sobre isso", disse ela.
Os serviços de
inteligência dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)
trabalharam para estabelecer bases e outras infraestruturas na Ucrânia muito
antes da escalada de 2022, disse a representante, e não apenas na fronteira com
a Rússia, mas em todo o país.
"Isso levanta a
questão: porque é que o New York Times só agora está levantando preocupações
sobre isso? Fornecemos todas as informações publicamente. Por que a imprensa
norte-americana ficou em silêncio durante tantos anos?", questionou ela.
De acordo com o relato
do NYT, a CIA criou uma dúzia de bases secretas de espionagem na Ucrânia, perto
da Rússia, durante um período de oito anos, desde 2016, com a
"parceria" de inteligência, supostamente "criando raízes há uma
década", depois que o chefe espião nomeado no Maidan, Valentin
Nalivaichenko, contatou o então diretor da CIA, John Brennan, e o MI6, pedindo
que eles ajudassem a reconstruir o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU, na
sigla ucraniana) "a partir do zero".
·
Mentiras para construir uma narrativa
"Eles estão
mentindo sobre o papel dos EUA nesses estágios iniciais", diz Larry
Johnson, ex-analista da CIA e especialista do Escritório de Contraterrorismo do
Departamento de Estado.
"Eles estão
mentindo sobre o papel dos EUA e do Reino Unido na ajuda à criação do golpe e
sobre o que aconteceu no Maidan. Eles estão agindo como 'Ah, você sabe, o
Maidan aconteceu e então a CIA foi contactada, após o fato'. Bem, isso não é
verdade", disse Johnson à Sputnik, sugerindo que o NYT está procurando
criar uma narrativa sobre o golpe, o incidente do voo MH17 da Malaysia
Airlines, a história da "Rússia, o agressor" que ignora a punitiva
"Operação Antiterrorista" da Ucrânia em Donbass a partir de 2014,
etc.
"Há uma
desinformação atrás da outra" na história, segundo o observador.
"E então eles
estão dizendo que foram os Estados Unidos que tentaram impedir a Ucrânia de
realizar todos esses ataques terroristas. Portanto é como se estivéssemos
realmente tentando enviar a mensagem de que 'esses ataques à Rússia não foram
culpa dos Estados Unidos, foram os ucranianos que agiram por conta
própria'", o que é outra falsidade patente, disse Johnson.
"Temos ligações
[com elementos ucranianos antissoviéticos e antirrussos] desde 1955. Quero
dizer, o papel da CIA no trato com os banderistas [em referência aos seguidores
de Stepan Bandera, ultranacionalista ucraniano e colaborador nazista] remonta ao
final dos anos 1940 e início dos anos 1950. Eles estão tentando retratar isso
como um novo relacionamento ou [como se tivesse começado] apenas nos últimos
10–15 anos. Isso é um absurdo", enfatizou o ex-analista da CIA.
·
'Ratos começando a deixar o navio que está
afundando'
Questionado sobre as
prováveis motivações para publicar a denúncia nesta fase da guerra por
procuração na Ucrânia, enquanto a Rússia avança através de Donbass e a
assistência armamentista dos EUA e da Europa a Kiev está sob ameaça, Johnson
sugeriu que isso pode ser um sinal de que Washington decidiu encerrar seu
projeto ucraniano.
"Acho que este é
um sinal de que o fim está próximo para a Ucrânia. Essa é a única razão pela
qual eles estão vazando agora. Porque os próprios ucranianos estão divulgando
essa informação", disse Johnson. "É um sinal de que os ratos estão começando
a sair do navio que está afundando. Esta é a maneira deles dizerem que não é
culpa dos Estados Unidos. Você sabe, 'Fizemos tudo o que podíamos, são esses
ucranianos malucos'. Isso faz parte de [uma narrativa de] 'culpar a
Ucrânia'", sugere o observador.
Quanto às 12 bases
clandestinas mencionadas no artigo, Johnson expressou a confiança de que a
Rússia tinha conhecimento dessas instalações e provavelmente tomou ou tomará
medidas para eliminá-las.
"Se eu fosse a
inteligência russa, [diria que] vocês vão explodir essas instalações",
ponderou. "As bases não ficarão tão próximas do território russo porque os
russos podem facilmente eliminá-las. E quase exageram o tipo de inteligência que
é recolhida. Mais uma vez, se a CIA estivesse realmente operando como deveria,
isso significa que já teria recrutado fontes humanas no SBU. Isso seria lhes
passar informações sem admiti-las ou reconhecê-las. Mas não era isso que estava
acontecendo. Isso é o que eles chamam de serviço de ligação aberto, então a
informação está sendo repassada livremente."
¨
Vladimir Zelensky será forçado a chegar a
uma solução política para o conflito, diz jornalista
Jornalista
especialista em geopolítica diz, em entrevista concedida a jornal chinês, que a
situação atual é bastante desesperadora para o regime de Kiev, uma vez que os
militares estão ficando sem munições.
O presidente
ucraniano, Vladimir Zelensky, será forçado a chegar a uma solução política para
o conflito travado contra a Rússia, devido à difícil situação no campo de
batalha. É o que afirma o jornalista investigativo e especialista em
geopolítica Ben Norton, fundador e editor da publicação de notícias
independente Geopolitical Economy Report, em entrevista ao jornal chinês Global
Times.
"As Forças
Armadas da Ucrânia estão simplesmente ficando sem os recursos necessários. Em
algum momento a Ucrânia terá de chegar a um acordo político", disse Norton
na entrevista.
Segundo ele, a
situação atual é bastante desesperadora para o regime de Kiev, uma vez que os
militares estão ficando sem munições. Norton alertou que as Forças Armadas
ucranianas enfrentam problemas semelhantes no que diz respeito à mão de obra.
"Vimos que os
militares estão tentando pressionar os refugiados ucranianos que vivem no
exterior, em outros países, a voltarem [para a Ucrânia] para lutar",
explicou Norton.
O especialista afirmou
que, ao mesmo tempo, muitos ucranianos querem que as negociações diplomáticas
ponham fim ao conflito.
No início de junho do
ano passado, as tropas ucranianas lançaram uma ofensiva de verão para tentar
ganhar terreno no campo de batalha. Três meses depois, conforme anunciou o
presidente russo Vladimir Putin, foi constatado que a empreitada falhou
completamente.
Durante o período da
ofensiva, as Forças Armadas ucranianas perderam quase 166 mil soldados, 800
tanques, incluindo metade dos tanques Leopard alemães, 123 aeronaves e 2,4 mil
veículos blindados.
No início de
fevereiro, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, anunciou que as perdas da
Ucrânia em janeiro ultrapassaram 23 mil pessoas. Ele afirmou que Kiev está
lançando suas forças reservas ao campo de batalha e realizando convocações
forçadas apressadamente, no intuito de evitar o colapso de suas forças. Ao
mesmo tempo, as unidades russas avançam e expandem as suas zonas de controle.
·
Desgastada e fraca: Zelensky reclama que
Ucrânia só recebeu 30% dos projéteis prometidos pela EU
Até o momento, Kiev só
recebeu 30% do um milhão de projéteis de artilharias prometidos pela União
Europeia (UE).
É o que lamentou nesta
segunda-feira (26) o presidente ucraniano Vladimir Zelensky.
Após dois anos de conflito,
a Ucrânia enfrenta um desgaste, e as idas e vindas internas de seus aliados
prejudicaram seus suprimentos. O Exército de Kiev passa por uma escassez de
artilharia para se defender na linha de frente.
"Do um milhão de
projéteis que a União Europeia nos prometeu, não chegaram nem 50%.
Lamentavelmente, apenas 30% foram entregues", declarou Zelensky em
coletiva de imprensa em Kiev junto com o primeiro-ministro da Bulgária, Nikolai
Denkov.
Segundo informou a
AFP, a UE se comprometeu no ano passado a fazer esse envio à Ucrânia até o fim
de março de 2024, mas em janeiro reconheceu que só poderia entregar metade.
O governo ucraniano
instou a UE este mês a entregar com urgência os recursos e, no fim de semana,
vários líderes ucranianos lamentaram os atrasos na chegada de material militar
ocidental e suas consequências.
Ø
Zelensky minimiza perdas do Exército
ucraniano para conseguir mais dinheiro do Ocidente
O presidente
ucraniano, Vladimir Zelensky, afirmou que apenas 31 mil soldados ucranianos
foram mortos desde o início da operação militar especial da Rússia. Esses
números são realistas? O que está por trás da avaliação de Zelensky? Em
entrevista no último domingo (27), o presidente voltou a implorar por mais
dinheiro e armas aos seus apoiadores.
"Se a Ucrânia
perder dependerá de vocês, nossos parceiros, o mundo ocidental", disse ele
à CNN. "Não perderemos esta guerra se recebermos as armas. Nós
venceremos." A entrevista de Zelensky ocorreu logo após o controle russo
sobre a cidade de Avdeevka, na região de Donetsk, quando o Exército ucraniano
foi forçado a recuar ainda mais.
As Forças Armadas
continuam perdendo terreno desde o fracasso da contraofensiva de verão do
regime de Kiev. A tentativa resultou sozinha em 159 mil baixas, entre soldados
ucranianos mortos e feridos, de acordo com o Ministério da Defesa russo.
Ainda assim, o
presidente ucraniano insistiu, em uma coletiva de imprensa em Kiev no domingo,
que a Ucrânia perdeu apenas 31 mil militares desde o início do conflito. Porém
contradisse a avaliação de autoridades dos EUA de que a Ucrânia já havia
perdido, até o meio do ano passado, quase 70 mil, fora os feridos, entre 100
mil e 120 mil, observou Aleksandr Mikhailov, analista e chefe de análise
militar-política na Rússia à Sputnik.
Em agosto de 2023,
Douglas Macgregor, coronel aposentado do Exército dos Estados Unidos e analista
político, sugeriu, em entrevista ao jornalista norte-americano Tucker Carlson,
que as perdas reais da Ucrânia totalizavam 400 mil. "Isso foi dito antes
da batalha por Avdeevka e outras batalhas importantes", disse Mikhailov à
Sputnik.
"A declaração de
Zelensky nesse contexto deve ser vista como um sinal de medo do povo ucraniano.
Ele mentiu repetidas vezes. Aparentemente ele mente e fala sobre 31 mil mortos
para reduzir a responsabilidade social pelo que está acontecendo", observou.
O analista referiu-se
a relatos de que autoridades de Kiev estavam deliberadamente subestimando as
perdas ucranianas para evitar o pagamento de compensação às famílias dos
mortos.
Ao mirar o público
doméstico em seu discurso, o presidente ucraniano também procurou tranquilizar
os espectadores ocidentais de que a Ucrânia ainda tem mão de obra suficiente —
e que tudo o que precisa para vencer são mais dinheiro e armas.
"No geral, a
declaração de Zelensky foi tão sem sentido e implausível que acho que causará
uma ampla ressonância, inclusive na Ucrânia", enfatizou Mikhailov.
·
Plano da contraofensiva foi vazado para a
Rússia
O analista também
considerou "irônicos" os comentários de Zelensky sobre uma mudança de
estratégia, dada sua afirmação de que o plano de contraofensiva de verão da
Ucrânia foi descoberto pela Rússia. "Nossos planos de ação de
contraofensiva estavam na mesa do Kremlin antes de as ações de contraofensiva
começarem", disse o presidente.
"Ao afirmar que
os russos sabiam sobre a contraofensiva, ele pode estar esfregando o nariz da
inteligência dos EUA nisso. Porque os americanos agora controlam muitos
processos: agências de inteligência ocidentais controlam todos os planos de
Kiev. E, portanto, se foi vazado, significa que eles perderam", declarou
Mikhailov.
A reivindicação de
Zelensky "mostra o quão bem a inteligência russa funciona", observou
ele com humor. "Por outro lado, o que ele poderia dizer, dado que a
contraofensiva falhou? Aqui, não importa o quanto você minta, todos veem o
fracasso da contraofensiva, todos sabem disso e todos estão discutindo. Você
não pode esconder."
Segundo Mikhailov,
Zelensky está tentando justificar os fracassos do regime de Kiev e do Exército
ucraniano — e então ele sugere que os russos sabiam de tudo antecipadamente e
atribui suas derrotas a isso. O analista disse ser patético como a liderança ucraniana
joga o jogo da culpa.
"Ele finge que
está lutando pela democracia, pela Europa e pela América. 'Me dê dinheiro, me
dê armas, continuarei a lutar até o último ucraniano.' Então acho que ele
continuará fazendo tais declarações, que são mesquinhas aos olhos dos
especialistas", concluiu Mikhailov.
·
Soldados russos já alertaram que tanques
dos EUA fornecidos à Ucrânia seriam destruídos, diz Peskov
O porta-voz do
Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou hoje que a destruição do primeiro tanque Abrams
usado pelas Forças Armadas ucranianas mostra a determinação dos soldados russos
em desmilitarizar a região e já era prevista.
O veículo foi
destruído na região de Avdeevka, na zona de operações militares especiais.
Peskov destacou que,
desde o início, os combatentes russos alertaram que os tanques Abrams
fornecidos à Ucrânia enfrentariam o mesmo destino que os outros. "Desde o
início, os nossos soldados disseram que esses tanques iriam queimar como os
outros."
Ele enfatizou que essa
ação faz parte do trabalho diário, sistemático, profissional e altruísta dos
militares russos, que estão empenhados na desmilitarização da Ucrânia.
"Como sabemos
pelos relatórios diários do Ministério da Defesa, este é o trabalho diário,
sistemático, profissional e dedicado dos nossos militares que estão
desmilitarizando a Ucrânia e fazem isso todos os dias", disse ele,
questionado por repórteres se o Kremlin tinha sido notificado sobre o vídeo do
tanque em chamas.
O conselheiro do chefe
interino da República Popular de Donetsk (RPD), Yan Gagin, confirmou a
destruição do tanque Abrams e ressaltou a contínua ação dos soldados russos na
região.
Fonte: Sputnik Brasil
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