terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Detalhes vazados de operações da CIA na Ucrânia sinalizam a Kiev que 'o fim está próximo'

A mídia dos EUA publicou uma reportagem no domingo (25) sobre as operações da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) na Ucrânia, fornecendo detalhes sobre a criação de uma dúzia de bases operacionais clandestinas de inteligência perto das fronteiras da Rússia. A Sputnik explora seu conteúdo com o ex-oficial da CIA Larry Johnson.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia dissecou a matéria de domingo do The New York Times (NYT) sobre as operações da CIA na Ucrânia, desafiando a afirmação do jornal de que o envolvimento ativo dos serviços de informação ocidentais no país só começou depois do Euromaidan, golpe perpetrado em fevereiro de 2014.

"A CIA ajudou Kiev a treinar os seus espiões, e não apenas espiões, mas militantes declarados, extremistas, terroristas, bandidos. Todos. E um dos exemplos mais marcantes do acionamento dessa cadeia ocorreu em 2013–2014", afirmou a representante do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, reagindo à reportagem do NYT. "Sob o disfarce de forças democráticas e civis, aqueles que participaram no Maidan foram treinados principalmente em bases na Polônia e nos Estados Bálticos. E já conversamos sobre isso", disse ela.

Os serviços de inteligência dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) trabalharam para estabelecer bases e outras infraestruturas na Ucrânia muito antes da escalada de 2022, disse a representante, e não apenas na fronteira com a Rússia, mas em todo o país.

"Isso levanta a questão: porque é que o New York Times só agora está levantando preocupações sobre isso? Fornecemos todas as informações publicamente. Por que a imprensa norte-americana ficou em silêncio durante tantos anos?", questionou ela.

De acordo com o relato do NYT, a CIA criou uma dúzia de bases secretas de espionagem na Ucrânia, perto da Rússia, durante um período de oito anos, desde 2016, com a "parceria" de inteligência, supostamente "criando raízes há uma década", depois que o chefe espião nomeado no Maidan, Valentin Nalivaichenko, contatou o então diretor da CIA, John Brennan, e o MI6, pedindo que eles ajudassem a reconstruir o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU, na sigla ucraniana) "a partir do zero".

·        Mentiras para construir uma narrativa

"Eles estão mentindo sobre o papel dos EUA nesses estágios iniciais", diz Larry Johnson, ex-analista da CIA e especialista do Escritório de Contraterrorismo do Departamento de Estado.

"Eles estão mentindo sobre o papel dos EUA e do Reino Unido na ajuda à criação do golpe e sobre o que aconteceu no Maidan. Eles estão agindo como 'Ah, você sabe, o Maidan aconteceu e então a CIA foi contactada, após o fato'. Bem, isso não é verdade", disse Johnson à Sputnik, sugerindo que o NYT está procurando criar uma narrativa sobre o golpe, o incidente do voo MH17 da Malaysia Airlines, a história da "Rússia, o agressor" que ignora a punitiva "Operação Antiterrorista" da Ucrânia em Donbass a partir de 2014, etc.

"Há uma desinformação atrás da outra" na história, segundo o observador.

"E então eles estão dizendo que foram os Estados Unidos que tentaram impedir a Ucrânia de realizar todos esses ataques terroristas. Portanto é como se estivéssemos realmente tentando enviar a mensagem de que 'esses ataques à Rússia não foram culpa dos Estados Unidos, foram os ucranianos que agiram por conta própria'", o que é outra falsidade patente, disse Johnson.

"Temos ligações [com elementos ucranianos antissoviéticos e antirrussos] desde 1955. Quero dizer, o papel da CIA no trato com os banderistas [em referência aos seguidores de Stepan Bandera, ultranacionalista ucraniano e colaborador nazista] remonta ao final dos anos 1940 e início dos anos 1950. Eles estão tentando retratar isso como um novo relacionamento ou [como se tivesse começado] apenas nos últimos 10–15 anos. Isso é um absurdo", enfatizou o ex-analista da CIA.

·        'Ratos começando a deixar o navio que está afundando'

Questionado sobre as prováveis motivações para publicar a denúncia nesta fase da guerra por procuração na Ucrânia, enquanto a Rússia avança através de Donbass e a assistência armamentista dos EUA e da Europa a Kiev está sob ameaça, Johnson sugeriu que isso pode ser um sinal de que Washington decidiu encerrar seu projeto ucraniano.

"Acho que este é um sinal de que o fim está próximo para a Ucrânia. Essa é a única razão pela qual eles estão vazando agora. Porque os próprios ucranianos estão divulgando essa informação", disse Johnson. "É um sinal de que os ratos estão começando a sair do navio que está afundando. Esta é a maneira deles dizerem que não é culpa dos Estados Unidos. Você sabe, 'Fizemos tudo o que podíamos, são esses ucranianos malucos'. Isso faz parte de [uma narrativa de] 'culpar a Ucrânia'", sugere o observador.

Quanto às 12 bases clandestinas mencionadas no artigo, Johnson expressou a confiança de que a Rússia tinha conhecimento dessas instalações e provavelmente tomou ou tomará medidas para eliminá-las.

"Se eu fosse a inteligência russa, [diria que] vocês vão explodir essas instalações", ponderou. "As bases não ficarão tão próximas do território russo porque os russos podem facilmente eliminá-las. E quase exageram o tipo de inteligência que é recolhida. Mais uma vez, se a CIA estivesse realmente operando como deveria, isso significa que já teria recrutado fontes humanas no SBU. Isso seria lhes passar informações sem admiti-las ou reconhecê-las. Mas não era isso que estava acontecendo. Isso é o que eles chamam de serviço de ligação aberto, então a informação está sendo repassada livremente."

¨      Vladimir Zelensky será forçado a chegar a uma solução política para o conflito, diz jornalista

Jornalista especialista em geopolítica diz, em entrevista concedida a jornal chinês, que a situação atual é bastante desesperadora para o regime de Kiev, uma vez que os militares estão ficando sem munições.

O presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, será forçado a chegar a uma solução política para o conflito travado contra a Rússia, devido à difícil situação no campo de batalha. É o que afirma o jornalista investigativo e especialista em geopolítica Ben Norton, fundador e editor da publicação de notícias independente Geopolitical Economy Report, em entrevista ao jornal chinês Global Times.

"As Forças Armadas da Ucrânia estão simplesmente ficando sem os recursos necessários. Em algum momento a Ucrânia terá de chegar a um acordo político", disse Norton na entrevista.

Segundo ele, a situação atual é bastante desesperadora para o regime de Kiev, uma vez que os militares estão ficando sem munições. Norton alertou que as Forças Armadas ucranianas enfrentam problemas semelhantes no que diz respeito à mão de obra.

"Vimos que os militares estão tentando pressionar os refugiados ucranianos que vivem no exterior, em outros países, a voltarem [para a Ucrânia] para lutar", explicou Norton.

O especialista afirmou que, ao mesmo tempo, muitos ucranianos querem que as negociações diplomáticas ponham fim ao conflito.

No início de junho do ano passado, as tropas ucranianas lançaram uma ofensiva de verão para tentar ganhar terreno no campo de batalha. Três meses depois, conforme anunciou o presidente russo Vladimir Putin, foi constatado que a empreitada falhou completamente.

Durante o período da ofensiva, as Forças Armadas ucranianas perderam quase 166 mil soldados, 800 tanques, incluindo metade dos tanques Leopard alemães, 123 aeronaves e 2,4 mil veículos blindados.

No início de fevereiro, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, anunciou que as perdas da Ucrânia em janeiro ultrapassaram 23 mil pessoas. Ele afirmou que Kiev está lançando suas forças reservas ao campo de batalha e realizando convocações forçadas apressadamente, no intuito de evitar o colapso de suas forças. Ao mesmo tempo, as unidades russas avançam e expandem as suas zonas de controle.

·        Desgastada e fraca: Zelensky reclama que Ucrânia só recebeu 30% dos projéteis prometidos pela EU

Até o momento, Kiev só recebeu 30% do um milhão de projéteis de artilharias prometidos pela União Europeia (UE).

É o que lamentou nesta segunda-feira (26) o presidente ucraniano Vladimir Zelensky.

Após dois anos de conflito, a Ucrânia enfrenta um desgaste, e as idas e vindas internas de seus aliados prejudicaram seus suprimentos. O Exército de Kiev passa por uma escassez de artilharia para se defender na linha de frente.

"Do um milhão de projéteis que a União Europeia nos prometeu, não chegaram nem 50%. Lamentavelmente, apenas 30% foram entregues", declarou Zelensky em coletiva de imprensa em Kiev junto com o primeiro-ministro da Bulgária, Nikolai Denkov.

Segundo informou a AFP, a UE se comprometeu no ano passado a fazer esse envio à Ucrânia até o fim de março de 2024, mas em janeiro reconheceu que só poderia entregar metade.

O governo ucraniano instou a UE este mês a entregar com urgência os recursos e, no fim de semana, vários líderes ucranianos lamentaram os atrasos na chegada de material militar ocidental e suas consequências.

 

Ø  Zelensky minimiza perdas do Exército ucraniano para conseguir mais dinheiro do Ocidente

 

O presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, afirmou que apenas 31 mil soldados ucranianos foram mortos desde o início da operação militar especial da Rússia. Esses números são realistas? O que está por trás da avaliação de Zelensky? Em entrevista no último domingo (27), o presidente voltou a implorar por mais dinheiro e armas aos seus apoiadores.

"Se a Ucrânia perder dependerá de vocês, nossos parceiros, o mundo ocidental", disse ele à CNN. "Não perderemos esta guerra se recebermos as armas. Nós venceremos." A entrevista de Zelensky ocorreu logo após o controle russo sobre a cidade de Avdeevka, na região de Donetsk, quando o Exército ucraniano foi forçado a recuar ainda mais.

As Forças Armadas continuam perdendo terreno desde o fracasso da contraofensiva de verão do regime de Kiev. A tentativa resultou sozinha em 159 mil baixas, entre soldados ucranianos mortos e feridos, de acordo com o Ministério da Defesa russo.

Ainda assim, o presidente ucraniano insistiu, em uma coletiva de imprensa em Kiev no domingo, que a Ucrânia perdeu apenas 31 mil militares desde o início do conflito. Porém contradisse a avaliação de autoridades dos EUA de que a Ucrânia já havia perdido, até o meio do ano passado, quase 70 mil, fora os feridos, entre 100 mil e 120 mil, observou Aleksandr Mikhailov, analista e chefe de análise militar-política na Rússia à Sputnik.

Em agosto de 2023, Douglas Macgregor, coronel aposentado do Exército dos Estados Unidos e analista político, sugeriu, em entrevista ao jornalista norte-americano Tucker Carlson, que as perdas reais da Ucrânia totalizavam 400 mil. "Isso foi dito antes da batalha por Avdeevka e outras batalhas importantes", disse Mikhailov à Sputnik.

"A declaração de Zelensky nesse contexto deve ser vista como um sinal de medo do povo ucraniano. Ele mentiu repetidas vezes. Aparentemente ele mente e fala sobre 31 mil mortos para reduzir a responsabilidade social pelo que está acontecendo", observou.

O analista referiu-se a relatos de que autoridades de Kiev estavam deliberadamente subestimando as perdas ucranianas para evitar o pagamento de compensação às famílias dos mortos.

Ao mirar o público doméstico em seu discurso, o presidente ucraniano também procurou tranquilizar os espectadores ocidentais de que a Ucrânia ainda tem mão de obra suficiente — e que tudo o que precisa para vencer são mais dinheiro e armas.

"No geral, a declaração de Zelensky foi tão sem sentido e implausível que acho que causará uma ampla ressonância, inclusive na Ucrânia", enfatizou Mikhailov.

·        Plano da contraofensiva foi vazado para a Rússia

O analista também considerou "irônicos" os comentários de Zelensky sobre uma mudança de estratégia, dada sua afirmação de que o plano de contraofensiva de verão da Ucrânia foi descoberto pela Rússia. "Nossos planos de ação de contraofensiva estavam na mesa do Kremlin antes de as ações de contraofensiva começarem", disse o presidente.

"Ao afirmar que os russos sabiam sobre a contraofensiva, ele pode estar esfregando o nariz da inteligência dos EUA nisso. Porque os americanos agora controlam muitos processos: agências de inteligência ocidentais controlam todos os planos de Kiev. E, portanto, se foi vazado, significa que eles perderam", declarou Mikhailov.

A reivindicação de Zelensky "mostra o quão bem a inteligência russa funciona", observou ele com humor. "Por outro lado, o que ele poderia dizer, dado que a contraofensiva falhou? Aqui, não importa o quanto você minta, todos veem o fracasso da contraofensiva, todos sabem disso e todos estão discutindo. Você não pode esconder."

Segundo Mikhailov, Zelensky está tentando justificar os fracassos do regime de Kiev e do Exército ucraniano — e então ele sugere que os russos sabiam de tudo antecipadamente e atribui suas derrotas a isso. O analista disse ser patético como a liderança ucraniana joga o jogo da culpa.

"Ele finge que está lutando pela democracia, pela Europa e pela América. 'Me dê dinheiro, me dê armas, continuarei a lutar até o último ucraniano.' Então acho que ele continuará fazendo tais declarações, que são mesquinhas aos olhos dos especialistas", concluiu Mikhailov.

·        Soldados russos já alertaram que tanques dos EUA fornecidos à Ucrânia seriam destruídos, diz Peskov

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou hoje que a destruição do primeiro tanque Abrams usado pelas Forças Armadas ucranianas mostra a determinação dos soldados russos em desmilitarizar a região e já era prevista.

O veículo foi destruído na região de Avdeevka, na zona de operações militares especiais.

Peskov destacou que, desde o início, os combatentes russos alertaram que os tanques Abrams fornecidos à Ucrânia enfrentariam o mesmo destino que os outros. "Desde o início, os nossos soldados disseram que esses tanques iriam queimar como os outros."

Ele enfatizou que essa ação faz parte do trabalho diário, sistemático, profissional e altruísta dos militares russos, que estão empenhados na desmilitarização da Ucrânia.

"Como sabemos pelos relatórios diários do Ministério da Defesa, este é o trabalho diário, sistemático, profissional e dedicado dos nossos militares que estão desmilitarizando a Ucrânia e fazem isso todos os dias", disse ele, questionado por repórteres se o Kremlin tinha sido notificado sobre o vídeo do tanque em chamas.

O conselheiro do chefe interino da República Popular de Donetsk (RPD), Yan Gagin, confirmou a destruição do tanque Abrams e ressaltou a contínua ação dos soldados russos na região.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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