Novo tratamento com células-tronco abre
caminhos contra a leucemia
Tratamento foca nas
células-tronco de forma menos tóxica e mais eficaz. A abordagem se mostrou
bastante eficiente em pacientes com idade avançada e em debilitados. Foi
utilizado o interferon tipo II (IFNy), substância naturalmente produzida pelo
sistema imunológico
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Cientistas da City of
Hope, instituição líder em pesquisa e tratamento do câncer nos Estados Unidos,
anunciaram uma descoberta promissora na luta contra a leucemia. Publicado, na
revista Blood, o estudo revela uma abordagem inovadora, testada em tecido humano
e animais, para combater as células-tronco da leucemia mieloide aguda (LMA),
conhecidas por sua resistência aos tratamentos convencionais e propensão à
recidiva.
Essa nova estratégia
terapêutica, desenvolvida pela equipe, visa as células-tronco da leucemia de
forma menos tóxica e potencialmente mais eficaz. A abordagem é especialmente
boa para pacientes mais velhos e debilitados que não podem se submeter a transplantes
de células-tronco, atualmente a única cura disponível para a LMA.
O cerne da inovação
reside no interferon tipo II (IFNy), uma substância naturalmente produzida pelo
sistema imunológico que perturba a capacidade das células-tronco da leucemia de
se multiplicarem e disseminarem a doença. No entanto, o desafio estava em superar
o estímulo do IFNy à proteína CD38, que suprime a resposta imunológica do
corpo.
Os pesquisadores
desenvolveram um anticorpo denominado CD38-BIONIC, que atua como uma ponte
entre as células T do sistema imunológico e as células estaminais da leucemia
que expressam CD38. A conexão permite que o sistema imunológico ataque
seletivamente as células cancerígenas, sem danificar as estruturas saudáveis do
sangue ou as células imunológicas. A abordagem não danificou células-tronco
sanguíneas saudáveis ou células imunológicas em tecidos humanos, ou modelos de
camundongos com LMA.
"O CD38 foi
explorado com sucesso como alvo terapêutico no mieloma múltiplo e outras formas
de leucemia", frisou, em nota, Flavia Pichiorri. "No entanto, como as
células estaminais da LMA são principalmente CD38 negativas, os cientistas não
priorizaram o CD38 como alvo terapêutico para a leucemia mieloide aguda
recidivante."
Para John Williams,
coautor do estudo e professor da City of Hope, o formato compacto do BIONIC
leva a um ponto de conexão eficiente do sistema imunológico com a explosão
positiva para CD38. "O que impulsiona a produção de IFNy. As
células-tronco da leucemia reagem ao IFNy, pintando-se com CD38, o que, por sua
vez, permite que sejam alvo do CD38-CD3 BIONIC."
Marcucci completou
afirmando que o novo mecanismo e o direcionamento da abordagem local permitirão
eliminar células-tronco de leucemia que poderiam estar adormecidas. "A
nossa esperança e nosso objetivo são que a erradicação das células estaminais da
leucemia diminua e até elimine o risco de recidiva da doença em pacientes com
LMA, mas é necessário fazer muito mais investigação para traduzir a nossa
investigação pré-clínica em tratamento humano."
Phillip Scheinberg,
chefe da hematologia do Centro de Oncologia e Hematologia da Beneficência
Portuguesa de São Paulo, detalha que a estratégia torna visível para o sistema
de defesa células que antes não poderiam ser notadas. "Você tira o
esconderijo, tira a capacidade da célula se tornar invisível, a partir daí o
anticorpo vem e mata essa célula que antes não conseguiria eliminar."
O especialista reforça
a necessidade de testes mais amplos. "Essa tecnologia foi avaliada em
modelo animal. Eventualmente vai ser testada em humanos, mas é uma estratégia
bem interessante, diferente, e mostra a robustez e a diversidade em que esses anticorpos
que têm."
Segundo a publicação,
o resultado abre novas perspectivas no tratamento da LMA, oferecendo esperança
para pacientes que lutam contra a doença. Embora seja necessário mais pesquisa
para traduzir esses resultados em tratamentos humanos, a descoberta representa
um avanço significativo na batalha contra a leucemia.
• Vantagens
"Se aplicada em
humanos, a principal vantagem da abordagem é de ser um tratamento específico.
Em geral para esses casos, são utilizados quimioterapia e transplante de medula
óssea. As células normais são muito danificadas nesses tratamentos, uma vez que
radioterapia e quimioterapia não são (terapias) específicas. Quando você tem um
alvo, no caso o CD38, diminuem também os efeitos adversos e colaterais nas
células normais do paciente, fazendo com que o tratamento seja mais específico,
aumentando a efetividade, pois está destruindo apenas a 'célula de interesse' e
com menor chance de efeitos adversos sistêmicos, ou seja, no restante das
células que não são de leucemia." - Renato Cunha, hematologista e líder do
Programa de Terapia Celular da Oncoclínicas
Fonte: Correio
Braziliense
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