Lula ironiza pedido de Bolsonaro por
anistia: "se acovardou"
O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) ironizou nesta quarta-feira, 28, o pedido de anistia
a pessoas condenadas de participação nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro
de 2023, como proposto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Lula descartou a
possibilidade do governo federal tome a iniciativa que tenha como objetivo
beneficiar os golpistas.
“Está pedindo anistia?
Você quer apagar a bobagem que fez? A bobagem é que ele [Bolsonaro] se
acovardou, pensou o golpe, não teve coragem”, disse Lula ao jornalista Kennedy
Alencar no programa É Notícia, da RedeTV!.
Lula ainda ressaltou
que, pelas “barbaridades que fez”, Bolsonaro deverá se submeter ao processo
jurídico a que todo cidadão tem direito em uma democracia, inclusive a
“presunção de inocência” que, ele repetiu, não teve durante o processo da Lava
Jato.
Na última semana,
Bolsonaro pediu que o governo Lula fizesse uma proposta ao Congresso para
anistiar os condenados pela participação nos atos. “No fechamento [do ato de
domingo], fui para cima do apaziguamento, com anistia, e isso precisa vir do
lado de lá. Eu sei que o Parlamento é o ente que decide essa questão, mas,
partindo do Executivo, seria muito bem-vindo”, disse.
• Lula afirma que ato promovido por
Bolsonaro foi 'grande' e 'em defesa do golpe'
O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) classificou o ato organizado pelo ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista, em São Paulo, no último domingo, 25, como
"grande" e afirmou que a manifestação foi "em defesa do golpe".
As declarações foram dadas ao jornalista Kennedy Alencar, no programa É
Notícia, da RedeTV!.
"Eles fizeram uma
manifestação grande em São Paulo. Mesmo quem não quiser acreditar, é só ver a
imagem. Como as pessoas chegaram lá, 'é outros 500'", afirmou Lula.
O presidente também
disse que o ato na Paulista foi "em defesa do golpe". "Eles
todos com muito medo, muito cuidado. [...] De qualquer forma, é importante a
gente ficar atento, porque essa gente está demonstrando que não está para
brincadeira", acrescentou.
Lula ainda criticou a
pedido de anistia feita pelo ex-presidente para os presos durante o episódio de
8 de janeiro. "Quando o cidadão lá pede anistia, ele tá dizendo: 'Não,
perdoe os golpistas'. Tá confessando o crime", avaliou.
Um levantamento
realizado pela USP indicou que a estimativa de público no ápice do evento, às
15h, foi de 185 mil pessoas. A informação integra o Monitor do Debate Político
da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Por
outro lado, Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo fala em 600 mil
pessoas presentes no local. Além disso, afirma que 750 mil estiveram ao todo,
contando também pessoas que estavam nas proximidades, sem necessariamente na
manifestação.
Ø
Noblat: Lulinha paz e amor, Lula mau como
um pica-pau. Faça sua escolha
Lula não só disse em
entrevista à Redetv que “foi grande” o comício realizado por Bolsonaro na
Avenida Paulista, no último domingo (25/2). Em conversa com assessores, disse
também que só um governo bem-sucedido, como ele espera que seja o seu, poderá
derrotar o bolsonarismo nas eleições de 2026.
É o que ele acha de
fato? Ou é o que diz para injetar mais ânimo nos companheiros? Vá lá saber. A
confiança dele no próprio taco parece grande. E cresce a disposição para fazer
acordos com todos os lados do espectro político. Mas o Lulinha Paz e Amor em cena
não apaga o Lula mau como um pica-pau.
O Lulinha conciliador
assinou, nessa terça-feira (27/2), uma medida provisória revertendo a
reoneração da folha de pagamentos que havia sido imposta na véspera do Ano-Novo
por meio de outra medida provisória. Cedeu assim à pressão do presidente do
Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), seu candidato ao governo de Minas Gerais.
A nova medida
provisória torna sem efeito todo o trecho contido na anterior, que previa a
reoneração dos 17 setores da economia atendidos pelo benefício. O trecho gerou
forte reação negativa do Congresso e de representantes do setor privado. E
Pacheco soube galvanizar a reação e faturar politicamente com isso.
No mesmo dia, o Lula
mau como um pica-pau liberou o líder do governo na Câmara, José Guimarães
(PT-CE), para que espalhasse no Congresso a informação de que deputados e
senadores que assinaram um pedido de impeachment contra ele serão retaliados
pelo governo. Perderão cargos e dinheiro de emendas ao Orçamento da União.
Há emendas que são
obrigatórias, e estas serão pagas, se possível com atraso. E há liberação de
verbas que dependem da boa vontade do governo. Essas verbas poderão ser
sustadas. O pedido de impeachment é porque Lula comparou as mortes na Faixa de
Gaza com o holocausto dos judeus à época da Alemanha nazista.
Ameaça Alencar Santana
(PT-SP), um dos vice-líderes do governo na Câmara:
“Quem
assinou o impeachment está dizendo claramente que não está na base. Portanto,
se tiver algum tipo de espaço no governo, tem que perder. Essa contradição não
pode continuar. Quem assinou tem que decidir de que lado está: ao lado de Lula
ou contra”.
O pedido de
impeachment só iria adiante se Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara,
quisesse, mas ele não quer. Lira quer fazer seu sucessor na presidência da
Câmara, quer mais cargos no governo, e finalmente quer se eleger senador por
seu estado. E Lula pode ajudá-lo a conseguir tudo. Os dois, por ora, estão de
bem.
Vida que segue, pois.
O impeachment não passa de uma tempestade em copo-d’água.
Bolsonaro diz que 'seria muito bem-vinda'
uma anistia proposta por Lula: 'tem que vir do lado de lá'
O ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) voltou a falar nesta segunda-feira, 27, sobre uma possível
anistia para réus e condenados pelos ataques contra as sedes dos Três Poderes
em 8 de Janeiro. Ele afirmou que um perdão proposto pelo governo do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "seria muito bem-vindo". Porém,
ressalvou também que a gestão petista "não tem interesse em aprovar
anistia".
A declaração do
ex-mandatário ocorreu após manifestação bolsonarista que reuniu milhares de
pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo, no domingo, 25. O ato foi convocado
pelo próprio ex-presidente, que é investigado pela Política Federal (PF) por
tentativa de golpe de Estado. Na manifestação, Bolsonaro pediu anistia para
presos de 8 de Janeiro e negou liderar uma articulação golpista depois da
derrota nas eleições.
Em entrevista ao
programa "Oeste Sem Filtro", da revista Oeste, nesta segunda, o
ex-presidente retomou o tema da anistia. "Dei o fechamento (da
manifestação), fui para cima do apaziguamento, com anistia. Isso precisa vir do
lado de lá. Eu sei que o Parlamento é o ente que decide essa questão, mas
partindo do Executivo seria muito bem-vindo", disse ele, após ser
questionado sobre a repercussão da manifestação na Paulista.
Bolsonaro relatou
também que chegou a conversar com o ex-presidente Michel Temer (MDB) antes de
discursar no ato. Em setembro de 2021, Temer auxiliou Bolsonaro na redação de
uma carta em que o então presidente buscava remediar ataques dirigidos ao
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), feitos na
manifestação de 7 de Setembro daquele ano.
Durante a transmissão,
o ex-presidente também elogiou o discurso do pastor Silas Malafaia proferido no
ato na Paulista, que mirou Supremo. O pastor disse, na ocasião, que se
Bolsonaro for preso são "eles" que vão se destruir e fez ataques a
Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.
Bolsonaro se enrola e quase confessa
articulação do golpe ao chegar a hospital
Um dia após fazer um
apelo ao presidente Lula por anistia aos golpistas - incluindo ele mesmo -,
Jair Bolsonaro (PL) se enrolou em entrevista à CNN Brasil e quase confessou a
articulação na tentativa de golpe de Estado.
Ao chegar ao Hospital
Vila Nova Star, em São Paulo, onde avalia se passará por "nova cirurgia
decorrente da facada" em meio às investigações da Polícia Federal,
Bolsonaro foi indagado sobre a minuta golpista.
Demonstrando incômodo,
o ex-presidente enrolou a língua e engasgou ao se explicar, detalhando provas
já descobertas pelos investigadores sobre o plano golpista.
"Bem... Segundo
nota da imprensa tem minuta do Artigo 142 [sobre o ilusório "poder
moderador" das Forças Armadas], da Constituição. Minuta do Estado de
Defesa, minuta do Estado de Sítio... A minha defesa não teve acesso ao
processo. Nós não sabemos o que está lá", reafirmou, mentindo novamente
sobre a liberação do processo, já feita pelo ministro Alexandre de Moraes, do
Supremo Tribunal Federal (STF).
"E... como eu
disse. Um Estado de Sítio começa convocando os conselhos da República e da
Defesa, incluindo autoridades políticas. Nada disso foi feito, sequer o
primeiro passo foi dado. Agora deixo claro: são dispositivos constitucionais.
Se um presidente da República estivesse pensado usar qualquer dispositivo, de
forma legal, isso não é crime", afirmou o ex-presidente.
Em seguida, o
jornalista da CNN indaga: "essa era a ideia que o senhor tinha, de usar a
Constituição..."
Bolsonaro, então,
interrompe desesperadamente: "não tivemos acesso ao processo".
O ex-presidente ainda
tenta minimizar a confissão ao dizer que "estou muito curioso, quero ter
acesso ao processo também, né?".
Após a declaração,
Bolsonaro foi recebido pelo cirurgião Antonio Luiz Maced, que avalia a
necessidade de "nova cirurgia decorrente da facada" em meio ao avanço
das investigações da PF.
• Sem anistia
Nesta terça-feira
(27), em entrevista à remanescentes da Jovem Pan alocados na revista Oeste,
havia implorado para que Lula conceda "anistia" aos golpistas.
“No fechamento [do ato
de domingo], fui para cima do apaziguamento, com anistia, e isso precisa vir do
lado de lá. Eu sei que o Parlamento é o ente que decide essa questão, mas,
partindo do Executivo seria muito bem-vindo”, disse Bolsonaro, em um apelo ao
presidente.
Em entrevista a
Kennedy Alencar, Lula deu uma aula em duro recado enviado ao ex-presidente que,
segundo a Polícia Federal, comandou uma organização criminosa que tinha a
intenção de dar um golpe de Estado no Brasil.
"Primeiro você
vai ser julgado, você cometeu muita barbaridade. Você vai ser julgado,
apreciado. Vai ter seu advogado de defesa. Eu só quero que você tenha a
presunção de inocência que eu não tive. Quero que você tenha pra você dizer o
que fez e o que não fez. É um direito seu, um direito da democracia. E é isso
que eu garanto para o meu melhor amigo e para o meu pior inimigo: o direito de
defesa pleno", iniciou Lula.
Em seguida, olhando
diretamente para a câmera, o presidente indagou Bolsonaro sobre o apelo pela
anistia.
"Está pedindo
anistia? Você quer apagar a bobagem que fez? A bobagem é que ele se acovardou,
pensou o golpe, não teve coragem. Foi embora para os EUA com antecedência,
achando que ia acontecer [o golpe], que a sociedade iria sair todo mundo
apavorado e ele ia voltar ungido pelas massas. E não foi isso o que aconteceu.
O que aconteceu é que as instituições assumiram a responsabilidade pela
democracia e você agora está em um processo de investigação", disse.
Lula, que protagonizou
um embate histórico em seu depoimento a Sergio Moro durante o processo de
lawfare conduzido pela Lava Jato contra ele, então explicou o motivo de
Bolsonaro ter se calado no depoimento à Polícia Federal na semana passada.
"Eu sei que o
cara quando é covarde, não fala. Quando o cara é covarde e vai prestar
depoimento o advogado fala: 'não fala nada'. E eu sei que ele foi lá e ficou
quietinho, com a boca fechada. Porque ele fala bobagem o dia inteiro, quando
era presidente era de manhã, de tarde, de noite. Agora no processo, ele chega
todo fino, sem querer falar. Então, é isso que vai acontecer, vai ser
investigado, prestar depoimento e um belo dia terá o julgamento. Se for
inocente, será inocente", finalizou
Fonte: A Tarde/Metrópoles/Terra/Agencia
Estado/Fórum
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