terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Religião foi criada para "pobres" não matar "ricos"?

SIM!

•        O Uso da Religião como Instrumento de Controle Social: Exemplos na História

A relação entre religião e poder é intrincada, e em muitos momentos da história, líderes poderosos e elites dominantes apropriaram-se da religião como uma ferramenta eficaz para consolidar seu controle sobre a população. Esta prática é evidenciada em diversos contextos históricos. Vamos explorar alguns exemplos emblemáticos:

1.       Império Romano e o Cristianismo: No início do cristianismo, os seguidores de Jesus eram frequentemente perseguidos pelo Império Romano. No entanto, o cenário mudou de maneira dramática quando o imperador Constantino se converteu ao cristianismo no século IV. Essa conversão levou à adoção do cristianismo como a religião oficial do Império Romano, transformando-o em uma poderosa ferramenta de unificação. A igreja se tornou uma instituição estreitamente ligada ao Estado e exerceu influência tanto sobre a política quanto sobre a espiritualidade.

2.       Idade Média e o Poder da Igreja Católica: Durante a Idade Média na Europa, a Igreja Católica detinha considerável influência sobre a sociedade. A hierarquia eclesiástica possuía poderes que incluíam a excomunhão e a concessão de perdões, o que influenciava significativamente o comportamento e as crenças das pessoas. A religião desempenhou um papel fundamental na manutenção da ordem social, com a Igreja atuando como intermediária entre Deus e os fiéis.

3.       Colonização e Conversão Forçada: Durante o período de colonização, os impérios europeus frequentemente impuseram suas religiões às populações nativas das regiões colonizadas como parte de seu controle e dominação. A conversão forçada de povos indígenas nas Américas, África e Ásia ilustra como a religião era usada como instrumento de subjugação, muitas vezes em detrimento das crenças e práticas nativas.

4.       Regimes Teocráticos e Autoritários: Em algumas partes do mundo, líderes religiosos ou grupos religiosos dominantes estabeleceram regimes teocráticos nos quais a religião é usada para justificar o poder autoritário. Um exemplo contemporâneo é o Irã, onde a Revolução Islâmica de 1979 levou a um governo teocrático baseado na interpretação da lei islâmica.

Esses exemplos destacam como a religião, muitas vezes um elemento central da vida das pessoas, pode ser cooptada por elites poderosas para fortalecer seu controle sobre a população. No entanto, é fundamental compreender que a relação entre religião e poder é complexa e multifacetada, e nem todas as religiões ou líderes religiosos se envolvem nesse tipo de exploração. Muitas religiões também promovem valores de justiça social, compaixão e igualdade, demonstrando que a influência religiosa pode ser tanto positiva quanto negativa na sociedade.

 

       Alguém decidiu por conta tirar os livros apócrifos e dizer que estes não são divinamente inspirados?

 

Temos um processo histórico dentro da literatura cristã que foi construído por meio dos muitos concílios que, escolheram a formação do cânone, isto é, dos 27 livros. Com isso, quase automaticamente, nasceram os negligenciados apócrifos que, também passaram por um processo de aceitação para a crítica pelos eruditos da igreja primitiva.

O Concílio de Hipona (393) tratou do celibato clerical e, houve também a deliberação sobre a lista oficial dos livros que deveriam ser apontados para compor a bíblia.

O Sínodo de Cartago (397 e 419) - tratou de vários assuntos, como; a possibilidade de rebatizar os heréticos, algumas "excomungações" foram feitas e, apresentou uma lista, um cânone bíblico composto por;

Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, 4 livros de Reis, 2 livros de Crônicas, Jó, Salmos de Davi, 5 livros de Salomão, 12 livros de profetas, Isaías, Jeremias, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, 2 livros de Esdras, 2 livros de Macabeus." No Novo Testamento, "4 Evangelhos, 1 livro de Atos dos Apóstolos, 13 cartas paulinas, 1 carta para os Hebreus, 2 de Pedro, 3 de João, 1 de Tiago, 1 de Judas e o Apocalipse de João.

Concílio de Trento (1546 - 1563) - Elaborado pela igreja católica para definir dogmaticamente os 27 livros como os únicos que deveriam ser utilizados como norma dentro da igreja. Ainda não eram utilizados normativamente. Além de defender os ensinamentos da Igreja Católica e a criação do Tribunal da Santa Inquisição.

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Personagens e seus escritos que, podem nos auxiliar no entendimento histórico da formação da bíblia.

1 Clemente de Roma (Falecimento 99 d.EC) - Na Primeira Carta aos Coríntios, Clemente faz citações do AT, que era considerado como Escritura, e, cita alguns textos do NT, epístola aos Hebreus, porém, ainda não eram Escrituras. Apenas a Septuaginta. Detalhe, o termo Antigo Testamos (AT) surge no final do segundo século (+ ou - 170 d.EC) com Melitão de Sardes.

As epistolas Paulinas foram as primeiras literaturas espalhadas entre as igrejas, elas tinham o intuito de ensinar, organizar e converter e, por esse simples motivo, as mesmas ganharam autoridade como Escrituras antes mesmo dos evangelhos. Esses últimos ganharam expressividade como Escrituras no final do segundo século.

Pápias de Hierápolis (Falecimento 163 d.EC) - Os ensinamentos apostólicos eram mais importantes que qualquer texto escrito, segundo Pápias. Uma tradição comum dos Hebreus que, era refletido nas igrejas, ou seja, apesar de Paulo ter "panfletado" as congregações com seus textos, a tradição da oralidade sobreviva com muita relevância, mesmo na época de Pápias.

Os evangelhos começaram a ganhar força após a primeira metade do segundo século, por volta do ano 140 d.EC.

Marcião de Sinope (85 - 160 d.EC) - Foi ele quem fez a primeira "bíblia", elaborou um kanón (Cânone) como medida para sua religião, o Marcionismo. O seu Cânone continha o evangelho de Lucas e dez epistolas paulinas. E, isso começou a dar consciência e urgência para a igreja formar um cânone como base normativa para suas crenças, além de sedimentar a liturgia eclesiástica tendo por fundamento os textos religiosos.

Justino Martir (100 - 165 d.EC) - Segundo esse autor, na igreja de Roma já existia o costume de se ler os livros que hoje conhecemos como os 4 evangelhos. Entretanto, alguns textos desses evangelhos eram um tanto distintos daquilo que temos hoje, levantando a hipótese de Justino ter tido acesso a outros evangelhos ou ainda de ser um texto "manipulado".

Taciano (120 - 172 d.EC) - Aluno de Justino que escreve uma obra chamada de Diatessarão ou Diatéssaron (De Quatro) onde ele propõem juntar num único livro os 4 evangelhos. Entretanto, o Diatéssaron não foi muito bem recebido pelos devotos.

O livro era aceito no cânone se;

1 - fosse um testemunho apostólico.

2 - Se tivesse grande aquisição pela proto ortodoxia / igrejas.

3 - A questão doutrinária/teológica presente em cada obra.

Portanto, essas são as verdadeiras atribuições para a entrada de um livro no cânone e, não a famosa, mas mentirosa, "inspiração".

Outros importantes personagens dessa saga; Constantino, Eusébio de Cesárea (o maior culpado em transformar algumas literaturas em apócrifas, Atanásio (o primeiro registro da formação dos 27 livros)), contudo, muitas igrejas não aceitaram como normativos. Mas, por quê? Atanásio era um bispo local.

Enfim, foi um processo lento, gradativo e demorado (16 séculos) que foi quase finalizado no 5 século. Porém, no Concílio de Trento foi onde a "coisa" teve um realmente um fim, os 27 seriam os únicos utilizados dentro das igrejas e, ponto final.

 

Fonte: Quora

 

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