quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Usina em Morro do Chapéu apresentou maior capacidade de geração de energia eólica da Bahia em 2023

Entre os 312 parques eólicos em operação na Bahia, a usina Ventos de Santo Abraão foi destaque em 2023. Localizada no município de Morro de Chapéu, o empreendimento apresentou 68,95% de fator de capacidade de geração de energia eólica, o maior no Estado. Conforme os dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), no acumulado de janeiro a novembro do ano passado, o parque gerou 152,90 GWh, energia capaz de abastecer 1 milhão de residências.

“Esse potencial é resultado de um conjunto de características que proporcionam as condições favoráveis para a implantação de empreendimentos de geração desse tipo de energia na Bahia. O Estado apresenta regimes mensais de sazonalidade bem definidos, com ventos constantes e unidirecionais, com predomínio do sentido Leste-Oeste. E nesse contexto se destaca o Ventos de Santo Abraão, que está localizado em uma das sete principais áreas promissoras para exploração desta fonte, como aponta Atlas Eólico da Bahia”, explica o secretário da SDE, Angelo Almeida.

O gestor também pontuou o potencial da Bahia, que é líder nacional na geração de energia eólica. “Fechamos 2023 na liderança nacional. São 312 usinas em operação no Estado, com capacidade de 8,90 Gigawatts (GW) de potência outorgada, um investimento estimado total de R$ 42 bilhões e capacidade de ter gerado 89 mil empregos, de acordo com dados disponibilizados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). É um resultado a ser comemorado, pois a geração de energia limpa não apenas contribui para a diversificação da matriz energética, reduzindo a dependência de fontes não renováveis, mas também promove o desenvolvimento sustentável, o crescimento econômico e a geração de empregos”, finalizou.

A Enel Green Power, companhia responsável pelo parque Ventos de Santo Abraão, investiu cerca de R$ 182 milhões na usina, que entrou em operação em 2018. O parque teve capacidade de geração de 280 empregos em toda a cadeia produtiva, de acordo com cálculos da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).

 

Ø  Entidades propõem medidas para reduzir impactos de parques eólicos no NE

 

Em uma iniciativa inédita no Brasil, um grupo composto por representantes das comunidades afetadas pela geração de energia eólica no Nordeste elaborou um documento com mais de cem recomendações para serem adotadas de forma preventiva e, assim, mitigar danos e impactos dessa atividade.

O material, intitulado *Salvaguardas Socioambientais para Energia Renovável*, foi lançado na quarta-feira (31), em evento online. Ele é resultado de um ano de discussões, análises e construção coletiva de medidas socioambientais de mitigação.

Cada medida proposta é fundamentada em problemas apresentados por 29 instituições participantes do processo - entre movimentos e organizações sociais, povos e populações tradicionais, ativistas socioambientais e pesquisadores da área. “A crescente expansão de renováveis tem intensificado conflitos territoriais, gerado ameaças à biodiversidade, agravado injustiças e danos socioambientais aos povos do campo, da floresta, das águas e aos seus ecossistemas”, traz a introdução do documento.

As salvaguardas respondem a três grandes grupos de problemas. O primeiro são os contratos que apresentam grandes desequilíbrios entre empresas e pequenos proprietários ou posseiros, que arrendam suas terras para a instalação das usinas e outras estruturas relacionadas. Outro é a outorga cedida pela Aneel para geração e transmissão de energia, que não inclui uma análise qualificada de componentes ambientais, sociais, etnoculturais, produtivos ou agrários. Já o licenciamento ambiental dos empreendimentos, majoritariamente estadual, tem se mostrado ineficaz para fazer frente aos problemas enfrentados no chão e também não fornece ações adequadas de reparação. 

“Se não houver alteração do modelo, os conflitos e o racismo ambiental se complexificam. Entendemos e acreditamos que existem empresas e financiadores de boa-fé. Para aquelas que não são, o Estado precisa cumprir seu papel, assim como ser corresponsabilizado em não respeitar ou não fazer cumprir o que consta na Constituição Federal e nos acordos que o Brasil é signatário, como a Convenção 169 da OIT, por exemplo”, afirma Andréa Machado Camurça, do Instituto Terramar, no Ceará, uma das entidades participantes.

Entre as salvaguardas propostas, o grupo sugere um conteúdo mínimo contratual para arrendamento; estabelecimento de uma distância mínima de 2 quilômetros da torre eólica para edificações (hoje esse limite não existe); priorizar áreas degradadas para instalação de centrais a fim de evitar mais desmatamento; e estudos dirigidos à poluição sonora, incluindo de infrassons, e à luminosa (para evitar o “efeito estroboscópico” provocado pelas luzes intermitentes). 

O documento também se debruça em medidas para proteger as atividades tradicionais e a agricultura familiar, cujas políticas de fomento passam a ser ameaçadas em certas regiões do Nordeste pela evasão rural ligada à geração de energia eólica. Também são sugeridas medidas para garantir a conservação de áreas protegidas e os direitos de povos e comunidades tradicionais, principalmente o direito à consulta prévia, livre e informada prevista na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho. 

“É preciso entender que os direitos humanos são integrais, não podem ser negociados, violados”, explica a professora Maria Rosa Almeida Alves, do Movimento Salve as Serras, da Bahia. Ela enfrenta atualmente a instalação de um projeto híbrido, eólico e solar, na Serra dos Morgados. “O projeto Manacá, especificamente, vem sendo conduzido de forma que desrespeita a legislação ambiental: afirmam que não há nascentes no caminho das torres, sendo que há 36 nascentes catalogadas pela Secretaria de Meio Ambiente junto com a Univasf (Universidade Federal do Vale do São Francisco) exatamente onde terras foram arrendadas pela empresa”, conta. Essas nascentes abastecem comunidades a até 100 quilômetros do local.

Durante o processo de elaboração do documento, representantes das comunidades participaram de três encontros presenciais, realizados em Salvador (BA) e no Recife (PE), promovidos pelo Plano Nordeste Potência, iniciativa resultante de uma coalizão de ONGs empenhadas em fazer com que transição energética, além de levar em consideração o meio ambiente, ocorra de forma socialmente justa e inclusiva.

 

Ø  NORDESTE DEVE SE TORNAR PROPULSORA DO CRESCIMENTO BRASILEIRA NO LONGO PRAZO, E CITA ACELEN E BYD

 

Com ganhos de investimentos públicos e privados, a região Nordeste deve se tornar a propulsora do crescimento do Brasil no longo prazo. A informação é de estudo da Tendências Consultoria.

A consultoria estima um  crescimento médio ao ano para a região de 3,4% entre 2025 e 2033. A perspectiva é que o Brasil cresça 2,5% ao ano no período.

A consultoria mapeou que o Nordeste deve receber R$ 44 bilhões de investimentos privados nos próximos dez anos, menos do que as demais regiões, exceto o Norte, com previsão de R$ 4 bilhões. Mas, em compensação, o Nordeste deve ser alvo de R$ 700 bilhões do programa federal Novo PAC, atrás apenas do Sudeste, com R$ 760 bilhões.

Setores de petróleo e gás, de geração e transmissão de energia e de transporte e logística devem ser os mais beneficiados pelo programa do governo no Nordeste.

Já entre os investimentos privados, a Tendências destaca:

  • produção de diesel renovável e querosene de aviação sustentável pela Acelen, com R$ 12 bilhões em investimentos e conclusão prevista para 2033;
  • a instalação de refinaria no Complexo do Pecém pela Noxis Energy para a produção de combustíveis, com investimento de R$ 10 bilhões e conclusão em 2026;
  • a instalação de fábricas para produção de ônibus, caminhões e veículos de passeio da chinesa BYD, com data de conclusão prevista para o ano que vem e R$ 3 bilhões em investimentos.

“Existe um efeito de que economias menores tendem a crescer mais ano a ano do que economias maiores, mas, de fato, a região Nordeste deve ser um celeiro de investimentos públicos e privados nos próximos dez anos em diferentes frentes”, diz Lucas Assis, economista da Tendências. 

 

Fonte: Jornal da Chapada/Tribuna da Bahia/Bahia Econômica

 

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