É verdade que o celibato dos padres tem a
ver com não deixar herdeiros para que a riqueza da igreja permaneça com ela?
Para um católico médio
essa afirmação é tão esdrúxula que beira a idiotice total. E te digo o porquê.
Essa frase é claramente formulada e pensada por algum ateu ou alguém de fora da
Igreja pois é exatamente o oposto da nossa fé.
O motivo principal do
celibato sacerdotal:
1- Imitação de Nosso
Senhor Jesus Cristo
O Papa São Paulo VI,
escreveu uma carta encíclica chamada Sacerdotalis Caelibatus a qual vou
reproduzir aqui pequenos trechos para dar as razões do celibato sacerdotal.
* Sumo Sacerdote
9. O sacerdócio
cristão, que é novo, só pode ser compreendido à luz da novidade de Cristo,
Pontífice máximo e Sacerdote eterno, que instituiu o sacerdócio ministerial
como participação do seu sacerdócio único.[6] Portanto o ministro de Cristo e
administrador dos mistérios de Deus (1 Cor 4, 1), encontra também nele o modelo
direto e o ideal supremo (cf. 1 Cor 11, 1).
* Celibato aponta o
reino dos céus
22. Jesus que escolheu
os primeiros ministros da salvação e quis que eles fossem participantes dos
mistérios do reino dos céus (Mt 13, 11; cf. Mc 4,11; Lc 8, 10), cooperadores de
Deus a título especialíssimo e seus embaixadores (2 Cor 5,20), Jesus que lhes
chamou amigos e irmãos (cf. Jo 15, 15; 20, 17), e se consagrou por eles para
que também eles fossem consagrados na verdade (cf. Jo 17, 19), prometeu
superabundante recompensa a todos quantos abandonem casa, família, mulher e
filhos pelo reino de Deus (cf. Lc 18, 29-30). E até recomendou, com palavras
densas de mistério e de promessas, uma consagração mais perfeita ainda, ao
reino dos céus, com a virgindade, em conseqüência dum dom especial (cf. Mt 19,
11-12). A correspondência a este carisma divino tem como motivo o reino dos
céus (ibid. v 12); e, do mesmo modo, é neste reino (cf. Lc 18,29-30), no
evangelho (Mc 10, 29-30) e no nome de Cristo (Mt 19, 29), que se encontram
motivados os convites de Jesus às difíceis renúncias apostólicas no sentido
duma participação mais íntima na sua própria sorte.
* Plenitude de amor
24. A correspondência
à vocação divina é resposta de amor ao amor que Jesus Cristo nos mostrou de
maneira sublime (cf. Jo 3, 16; 15, 13); é resposta coberta de mistério no amor
particular pelas almas a quem Ele fez sentir os apelos mais instantes (cf. Mc
10, 21). A graça multiplica, com força divina, as exigências do amor; este,
quando autêntico, é total, exclusivo, estável e perene, e estímulo irresistível
que leva a todos os heroísmos. Por isso, a escolha do celibato consagrado foi
sempre considerada pela Igreja "como sinal e estímulo da caridade":
sinal de amor sem reservas, estímulo de caridade que a todos abraça. Numa vida
de entrega tão inteira, feita pelos motivos que expusemos, quem poderá
reconhecer sinais de pobreza espiritual ou de egoísmo, sendo ela e devendo ser,
pelo contrário, exemplo raro e excepcionalmente expressivo duma vida
impulsionada e fortalecida pelo amor, no qual o homem exprime a grandeza que é
exclusivamente sua? Quem poderá duvidar da plenitude moral e espiritual duma
vida, assim consagrada não a qualquer ideal, por mais nobre que seja, mas a
Cristo e à sua obra em favor duma humanidade nova, em todos os lugares e em
todos os tempos?
Em resumo, o sacerdote
é aquele que mais perfeitamente deve imitar a Jesus Cristo, pois é um sinal de
Deus na terra. O bom Deus poderia ter escolhido diversas formas de derramar
suas graças e bençãos sobre nós na terra porém Ele quis que fosse por meio de
seus sacerdotes. Quando um padre celebra um sacramento ele está ali agindo in
persona Christi , em outras palavras, é o próprio Jesus Cristo ali agindo.
Pelas mãos e palavras de um sacerdote no sacramento da confissão, por exemplo,
uma pessoa que está condenada ao inferno, com o perdão sacramental, volta a
Aliança e para o céu novamente. A realidade sacerdotal sempre esteve ligado ao
celibato, desde os primórdios da Igreja há a tradição do celibato, ela foi
somente fixada para a Igreja universal na idade média, mas a prática já era
vivida em toda Igreja desde do primeiro século.
O celibato é o sinal
da vida futura, pois o matrimônio é para essa vida, no céu estaremos todos
"casados" com Deus. Talvez por isso incomode tanta gente, pois muitos
vivem uma vida imoral e não consegue suportar sequer saber que alguém vive todo
inteiro para Deus, de corpo e alma. Pensar que a Igreja se move por dinheiro ou
por motivos terrenos é buscar tornar pequeno aquilo que é grande, pois em uma
mente que só pensa nas coisas mundanas é inconcebível que exista outras
pessoas, e uma instituição divina que se move pelas coisas eternas.
Ps: Quando eu falo
aqui criticando a pergunta, eu sei que não foi você que inventou, mas para quem
pensa assim.
O celibato católico está mesmo baseado na
Bíblia?
O Novo Testamento, em
algumas passagens na boca do próprio Jesus Cristo e também de Paulo, parece
sugerir que servir completamente a Deus e dedicar-se por completo à
evangelização é uma condição que, se não exige, ao menos recomenda renunciar ao
casamento. Um exemplo claro disso (já aviso que é óbvio que o uso das palavras
"eunuco" e "castrar" são metafóricos nesta passagem, no
sentido de pessoa que não vai se casar nem ter filhos):
9 Eu vos digo, porém,
que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de prostituição, e
casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete
adultério.
10 Disseram-lhe seus
discípulos: Se assim é a condição do homem relativamente à mulher, não convém
casar.
11 Ele, porém, lhes
disse: Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi
concedido.
12 Porque há eunucos
que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos
homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos por causa do Reino dos céus.
Quem pode receber isso, que o receba.
No entanto, isso nunca
foi colocado como uma obrigação, mas apenas uma expectativa ou um ideal, e de
fato era assim que era entendido na Igreja Católica até o século XII, quando o
celibato foi tornado obrigatório em razão de diversos problemas, em especial o
notório e infelizmente já esperado problema de que, numa época em que a Igreja
tinha muitíssimo poder temporal, e não só espiritual, começavam a se formar
verdadeiras "dinastias familiares" locais no clero, com os cargos de
sacerdote passando basicamente de geração em geração, quase como que
"feudos espirituais", o que não podemos deixar de observar que,
infelizmente, ocorreu e ocorre muito na porção protestante da cristandade, onde
algumas igrejas criaram mecanismos, sem ser o celibato, para tentar coibir essa
tendência perniciosa.
Fonte: Quora
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