SUS
oferecerá DIU hormonal e desogrestrel para tratar endometriose
Mulheres
com endometriose terão duas novas opções de tratamento de base hormonal para a
doença via Sistema Único de Saúde (SUS): o dispositivo intrauterino liberador
de levonogestrel (DIU-LNG) e o desogestrel. Ambos foram recentemente
incorporados à rede pública depois de receberem recomendação favorável da
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde
(Conitec).
Em
nota, o Ministério da Saúde detalhou que o DIU-LNG suprime o crescimento do
tecido endometrial fora do útero e figura como uma opção para mulheres com
contraindicação ao uso de contraceptivos orais combinados. “A nova tecnologia
pode melhorar a qualidade de vida das pacientes, uma vez que sua troca só é
requerida a cada cinco anos, o que contribui para aumentar a adesão ao
tratamento.”
Já o
desogestrel, segundo a pasta, pode reduzir a dor e dificulta a progressão da
doença. Trata-se de um anticoncepcional hormonal que age bloqueando a atividade
hormonal, impedindo o crescimento do endométrio fora do útero, e que poderá ser
usado como primeira linha de tratamento, ou seja, prescrito já na avaliação
clínica até que o diagnóstico se confirme por meio de exames.
“Vale
destacar que, para estarem disponíveis na rede pública de saúde, é necessário o
cumprimento de etapas necessárias, como a atualização do Protocolo Clínico e
Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Endometriose”, informou o ministério no
comunicado.
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Entenda
A
endometriose é uma condição ginecológica inflamatória crônica que ocasiona o
crescimento do tecido que reveste o útero fora da cavidade uterina. Nas
mulheres com a doença, o tecido semelhante ao endométrio (que reveste o útero)
cresce fora do útero em órgãos como ovários, intestino e bexiga, o que causa
reações inflamatórias.
Cólica
menstrual intensa, dor pélvica crônica, dor durante a relação sexual,
infertilidade e queixas intestinais e urinárias com padrão cíclico estão entre
os principais sintomas da endometriose.
Dados
da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que a condição afeta cerca de 10%
das mulheres e meninas em idade reprodutiva em todo o mundo, representando mais
de 190 milhões de pessoas.
No
Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam aumento de 30% na assistência
relacionada ao diagnóstico da endometriose na atenção primária na comparação
entre 2022 (115,1 mil atendimentos) e 2024 (144,9 mil). Ao longo dos dois
últimos anos (2023 e 2024), foram registrados, segundo a pasta, mais de 260 mil
atendimentos.
Já na
atenção especializada, o SUS registrou aumento de 70% no número de atendimentos
por endometriose, passando de 31.729 em 2022 para 53.793 em 2024. Nos dois
últimos anos, foram contabilizados 85,5 mil atendimentos.
Também
houve um aumento de 32% nas internações pela doença, que passaram de 14.795 em
2022 para 19.554 em 2024. No mesmo período (2023 e 2024), o total foi de 34,3
mil internações.
• Adenomiose: o que é, sintomas,
tratamentos e como impacta na fertilidade
Muito
confundida com a endometriose, a adenomiose é uma doeça em que há um
crescimento anormal do tecido do endométrio dentro da parede do útero. É uma
condição que atinge muitas mulheres, especialmente entre os 30 e 40 anos.
Apesar
de ser considerada uma doença benigna, pode causar sintomas importantes como
sangramento menstrual intenso, dores pélvicas e dificuldade para engravidar.
A
identificação da adenomiose evoluiu nos últimos anos graças a exames de imagem
mais precisos, como a ultrassonografia transvaginal com preparo e a ressonância
magnética. Ainda assim, o diagnóstico definitivo, em alguns casos, só é
possível após a retirada do útero, o que torna fundamental a realização de uma
avaliação clínica cuidadosa, especialmente em mulheres que desejam preservar a
fertilidade.
Além do
desconforto físico e emocional gerado pelos sintomas, a adenomiose representa
um desafio para a reprodução. Embora o diagnóstico não signifique
necessariamente a impossibilidade de engravidar, a doença reduz
significativamente as chances de gestação espontânea, principalmente em suas
formas mais graves.
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O que é a adenomiose e seus sintomas
A
adenomiose é uma doença estrogênio-sensível, ou seja, seus sintomas e
progressão dependem dos níveis do hormônio estrogênio no corpo. A ginecologista
Iana Carruego, da Clínica Elsimar Coutinho em São Paulo, explica que a condição
se diferencia de outras doenças uterinas por afetar a parede muscular do útero,
onde o tecido endometrial se infiltra.
Roberto
de Azevedo Antunes, diretor da Associação Brasileira de Reprodução Assistida
(SBRA), destaca que, em condições normais, o endométrio reveste apenas o
interior da cavidade uterina. Quando esse tecido invade a parede muscular,
caracteriza-se a adenomiose, o que pode resultar em dor pélvica, distorções na
anatomia uterina e infertilidade. A endometriose, por sua vez, é o crescimento
do tecido do endométrio em outras regiões do abdômen, como intestino, bexiga e
ovários.
Entre
os principais sintomas estão:
• aumento do fluxo menstrual;
• sangramentos fora do período esperado;
• anemia, que leva a cansaço extremo,
queda capilar e dificuldade de concentração
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Fatores de risco e diagnóstico precoce
A
adenomiose costuma ser diagnosticada entre os 30 e 40 anos, mas está sendo cada
vez mais reconhecida em mulheres mais jovens, graças ao avanço dos exames de
imagem. Entre os fatores de risco para o desenvolvimento da doença estão a
menarca precoce (primeira menstruação mais cedo do que o esperado), obesidade,
histórico de endometriose e cirurgias uterinas prévias.
Há
também indícios de que dietas inflamatórias, tabagismo e consumo excessivo de
álcool possam aumentar o risco de adenomiose, embora mais estudos sejam
necessários para confirmar essas associações. Malformações uterinas também
podem predispor ao surgimento da condição.
O
diagnóstico pode ser feito com uso de exames de imagem como ultrassom
transvaginal com preparo intestinal, ressonância magnética e histeroscopia com
biópsia.
A
ressonância é hoje o exame mais sensível para identificar a adenomiose. O
diagnóstico precoce permite não só um melhor manejo dos sintomas, mas também
possibilita o planejamento reprodutivo, seja antecipando a gestação ou
preservando óvulos enquanto a reserva ovariana ainda é adequada.
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Como a adenomiose afeta a fertilidade
Segundo
Antunes, a adenomiose impacta a fertilidade de maneira complexa, principalmente
por promover um ambiente inflamatório no útero e alterar a expressão de
moléculas essenciais para a implantação embrionária. Além disso, as distorções
da "arquitetura" do útero causadas pela doença dificultam a fixação
do embrião no endométrio.
Mesmo
quando a gravidez ocorre, há risco aumentado de complicações como abortamentos
espontâneos, partos prematuros, hipertensão gestacional e bebês com baixo peso.
Estima-se que até 60% das mulheres com adenomiose também apresentem
endometriose, o que pode agravar ainda mais a dificuldade de concepção.
Carruego
complementa que, em casos em que a adenomiose gera nódulos que comprometem a
anidação do embrião, pode ser necessária a cirurgia para retirada dessas
lesões, preservando a estrutura do útero. Técnicas de reprodução assistida,
como a fertilização in vitro, também são alternativas em casos mais
desafiadores.
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Tratamento e qualidade de vida
O
tratamento da adenomiose depende da gravidade dos sintomas e do desejo da
paciente de ter filhos. “Os hormonais são a primeira linha de tratamento,
buscando melhorar a qualidade do endométrio”, explica Carruego. Pílulas
anticoncepcionais combinadas, progestágenos isolados e dispositivos
intrauterinos hormonais estão entre as opções.
No
entanto, medicamentos que controlam a doença tendem a suprimir a ovulação,
dificultando a gravidez espontânea. Em casos específicos, como em presença de
adenomiomas (nódulos únicos), a cirurgia conservadora pode ser uma alternativa
para restaurar a fertilidade.
Antunes
reforça que cada caso deve ser avaliado individualmente. “É fundamental uma
análise completa do casal, da reserva ovariana e do planejamento familiar antes
de definir o tratamento”, conclui.
Fonte:
CNN Brasil

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