terça-feira, 29 de julho de 2025

Antes restrita à Amazônia, febre oropouche se espalha pelo país

Até 2023, os casos de febre oropouche se concentravam na região amazônica. Mas, neste ano, o estado com maior número de registros foi o Espírito Santo, com 6.318 notificações. Diante desse cenário, gestores de saúde estão em alerta. As informações são da Agência Brasil. 

A febre oropouche causa sintomas como febre, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações. É transmitida pelo mosquito Culicoides paraensis, mais conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Essa espécie é encontrada em todo o país.

A infecção também pode causar complicações na gravidez, incluindo microcefalia, malformações e óbito fetal, assim como o vírus Zika. Por isso, o Ministério da Saúde recomenda que gestantes que vivem em áreas com registros da doença reforcem a proteção contra os mosquitos.

A preocupação atual é com a forma como a doença se espalha em uma população sem imunidade prévia.

•        Neste ano, infecções por oropouche já foram confirmadas em 18 estados, além do Distrito Federal, totalizando 11.805 casos.

•        Cinco pessoas morreram em decorrência da doença: quatro no Rio de Janeiro e uma no Espírito Santo. Há ainda duas mortes sob investigação.

•        Em praticamente todas as semanas, os casos registrados em 2025 superam os do ano anterior. A expectativa é que o total deste ano ultrapasse os 13.856 casos registrados em 2024.

•        O número de óbitos também já é superior. No ano passado, foram quatro: dois na Bahia, um no Espírito Santo e um em Santa Catarina.

Os surtos têm ocorrido principalmente em regiões periurbanas, áreas de transição entre ambientes rurais, de mata e zonas habitadas por humanos. Apenas as fêmeas transmitem o vírus da febre oropouche, que também pode ser inoculado em animais.

Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz realizaram estudos genéticos que mostram que os novos casos foram causados por uma nova linhagem do vírus. Essa linhagem surgiu no Amazonas, circulou pela Região Norte e depois se espalhou.

<><> Possíveis causas: mudanças climáticas

Um estudo internacional recente analisou dados de seis países sul-americanos, incluindo o Brasil, e identificou que variáveis climáticas — como alterações nos padrões de temperatura e chuva — foram os principais fatores que influenciaram a disseminação da oropouche, contribuindo com 60%. Por isso, os pesquisadores acreditam que eventos climáticos extremos, como o El Niño, provavelmente tiveram papel fundamental no surto iniciado em 2023. Os casos também estão relacionados a cenários de desmatamento.

“Todas as vezes que há eventos mais extremos, seja de seca ou cheia dos rios, isso afeta a população não só do vetor, mas também dos animais dos quais o mosquito se alimenta. Isso modifica todo o ecossistema. Nossos dados mostram que a população do vírus aumentava justamente nos períodos de chuva na Região Amazônica.” - Felipe Naveca, chefe do Laboratório de Arbovírus e Hemorrágicos do Instituto Oswaldo Cruz

O Ministério da Saúde reforçou o monitoramento dos casos de oropouche e tem realizado reuniões periódicas e visitas técnicas aos estados para orientar as autoridades locais sobre as formas corretas de notificar, investigar e encerrar os casos suspeitos.

“Em parceria com a Fiocruz e a Embrapa, a pasta realiza estudos sobre o uso de inseticidas para o controle do vetor, com resultados preliminares promissores. As evidências apoiam a definição de estratégias de enfrentamento da doença, especialmente durante surtos, e a redução de seu impacto na população. A prevenção inclui o uso de roupas compridas, sapatos fechados, telas de malha fina nas janelas e eliminação de matéria orgânica acumulada”, declarou o Ministério da Saúde em nota.

<><> Casos no Espírito Santo e Nordeste

As autoridades de saúde do Espírito Santo também estão em alerta, já que estado se tornou o recordista de casos no ano passado e neste ano. O subsecretário estadual de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, explica que boa parte dos 78 municípios capixabas tem características periurbanas, com muitas áreas de plantação, o que facilita a reprodução do maruim. Com mosquitos em abundância e uma população sem imunidade prévia, o vírus encontrou condições ideais para se disseminar.

A febre oropouche também se tornou uma novidade indesejada em alguns estados da Região Nordeste, com destaque para o Ceará, que registrou 674 casos neste ano. De acordo com o secretário executivo de Vigilância em Saúde do estado, Antonio Lima Neto, os casos no Ceará também começaram em áreas de plantio, principalmente de banana, mas também de cacau e mandioca.

Segundo o secretário executivo, o estado também está investindo em ações de manejo clínico e vigilância laboratorial para diagnosticar corretamente a doença, especialmente em gestantes. O Ceará foi um dos estados que registrou a morte de um feto após a infecção da mãe por oropouche. No ano passado, pelo menos cinco casos de óbito fetal e um caso de anomalia congênita foram registrados no Brasil, causados pelo vírus.

“O controle vetorial de um mosquito domiciliado tem um fundamento central, que é a eliminação de criadouros, como no caso do Aedes aegypti. Eliminar os locais onde ele se reproduz, renovar a água, cuidar do lixo doméstico… Com o mosquito-pólvora, seria necessário fazer uma barreira química entre as plantações e as áreas onde as pessoas vivem. O Ministério da Saúde tem realizado testes em busca de produtos eficientes, mas não é algo trivial.” - Antonio Lima Neto, Secretário Executivo de Vigilância em Saúde do Ceará

•        Brasil intensifica ações contra o sarampo após novos casos no Tocantins

Campos Lindos, cidade do interior do Tocantins, registrou nove casos de sarampo. Outros dois casos estão sendo investigados pelo Ministério da Saúde. A infecção aconteceu entre moradores de uma pequena comunidade de 400 habitantes. As informações foram divulgadas pela Agência Brasil e Ministério da Saúde.

O Ministério da Saúde mantém uma equipe permanente no local desde segunda-feira, 21 de julho. Até o momento, 660 pessoas estão sendo acompanhadas no município, 282 casas foram visitadas e 644 doses da vacina foram aplicadas. Com os esforços contínuos do Ministério da Saúde e das secretarias estadual e municipal, é possível que, mesmo com o surgimento de novos casos, a disseminação seja controlada e a circulação do vírus, interrompida.

Os principais sintomas do sarampo são febre, mal-estar, tosse, coriza e as tradicionais manchas vermelhas pelo corpo. A doença pode evoluir para formas graves, especialmente em crianças pequenas, podendo deixar sequelas ou até mesmo levar à morte.

<><> Controle Nacional

No ano passado, o Brasil recuperou o certificado de país livre do sarampo, concedido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Enquanto isso, outros países da América registram aumento de casos. Somente neste ano, foram confirmados 7.132 casos de sarampo: 34 na Argentina, 34 em Belize, 60 na Bolívia, cinco no Brasil, um na Costa Rica, 1.227 nos Estados Unidos, 2.597 no México e quatro no Peru. Além disso, 13 pessoas morreram por causa da doença — sendo nove no México, três nos Estados Unidos e uma no Canadá.

De acordo com o Ministério, como os casos confirmados, apesar de numerosos, são importados e não demonstram transmissão sustentada da doença internamente, a certificação não foi comprometida. No entanto, para evitar outras situações do tipo, as ações de bloqueio vacinal estão sendo intensificadas no Tocantins e em regiões que fazem fronteira com a Bolívia.

Alguns dos infectados no Tocantins têm histórico de viagem recente à Bolívia. Com a confirmação desses casos, o Brasil soma 14 registros da doença neste ano. Os outros ocorreram no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal.

<><> Ações de Bloqueio do Sarampo

Ao longo do ano, o Ministério da Saúde realizou ações de bloqueio em diferentes regiões:

•        Interrupção da circulação do vírus no Rio de Janeiro

Caso de duas crianças da mesma família em São João de Meriti.

Ações realizadas: rastreamento de contatos e reforço da vacinação.

•        Resposta rápida em outras regiões com casos isolados

Estados: Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal. Cada um registrou apenas um caso.

Medidas de bloqueio semelhantes foram aplicadas para conter a disseminação.

•        Intensificação das ações em áreas de fronteira

Foco especial nas regiões que fazem fronteira com a Bolívia.

Parceria entre o Ministério da Saúde e equipes de saúde estaduais e municipais.

•        Vigilância ativa e investigação imediata de casos importados

Casos importados são aqueles em que a infecção ocorre fora do local de residência.

Todos os casos suspeitos devem ser investigados prontamente para evitar surtos.

<><> Importância da Vacinação

No Acre, estado que faz fronteira com a Bolívia, foi realizado o Dia D de vacinação, com quase 5 mil doses aplicadas em um único dia. Neste sábado (26), foi a vez dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia receberem o Dia D de vacinação contra o sarampo.

A cobertura vacinal ideal é acima de 95%. Neste ano, o Brasil conseguiu vacinar 91,74% do seu público infantil com a primeira dose, mas apenas 72,74% completaram o esquema até o momento. No Tocantins, a cobertura está abaixo da média nacional: 86% na primeira dose e 55% na segunda.

 

Fonte: Olhar Digital

 

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