terça-feira, 29 de julho de 2025

Soberania com Lula ou capitulação

O Brasil enfrenta hoje um dos momentos mais graves de sua história recente. Uma potência estrangeira tenta impor sua vontade para anular a soberania da Justiça brasileira e, por consequência, inviabilizar o próprio sistema democrático. Trata-se de uma agressão que não se limita a sanções, mas que atinge o cerne da independência nacional. E o faz com a cumplicidade direta do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seu filho Eduardo, que, ao lado de Donald Trump e da extrema-direita norte-americana, atuam para subjugar o país aos seus interesses.

Não é coincidência que esse conluio tenha resultado na aplicação de sanções contra Alexandre de Moraes, relator dos processos sobre a tentativa de golpe de Estado e os planos para assassinato de autoridades em 2022, bem como contra outros ministros do Supremo Tribunal Federal. Não satisfeitos em agredir a Justiça brasileira, arrancaram dos Estados Unidos a imposição criminosa de sanções de 50% contra todas as exportações brasileiras. Querem sacrificar a população, as empresas e a economia nacional apenas para escapar da lei.

Essa manobra não é senão a ressurreição, em nova fase, do frustrado golpe de dezembro de 2022. Agora, a tentativa de subverter a democracia se dá por meio da força econômica e diplomática, numa pressão externa jamais vista. Quem se render a esse ataque pagará caro, pois aceitar tal chantagem significaria capitular diante da destruição da soberania conquistada com séculos de luta.

Em contraste com esse cenário de traição e ameaça, destaca-se a figura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele e seu vice, Geraldo Alckmin, têm buscado negociação com uma Casa Branca que se mostra inacessível e refratária ao diálogo. Em busca de mediação, o Brasil, vale notar, de forma responsável, não respondeu na mesma moeda à infame cassação do visto de entrada nos EUA de ministros da Suprema Corte. Não retrucou no mesmo tom declarações intervencionistas inaceitáveis de Donald Trump e de seu secretário de Estado, Marco Rubio.

Tudo, porém, tem limites e hora adequados. Lula não capitulará no momento mais crucial para a reafirmação da independência nacional. Não entregará as cobiçadas terras raras, não descartará o Pix gratuito para todos, não abrirá mão de qualquer valor nacional nem, por óbvio, da mais total soberania das instituições. Não submeterá a ninguém sua associação ao BRICS ou a qualquer outro organismo.

Para que essa resistência seja vitoriosa, é indispensável que todos os setores da sociedade, acima de diferenças partidárias ou eleitorais, emprestem ao presidente o mais firme e decidido apoio. Quem não o fizer estará sendo observado pela consciência nacional à luz da história — e poderá pagar um preço pesado.

O que está em jogo não é um governo, mas a continuidade da autonomia do Brasil, construída ao longo de gerações com sacrifícios imensos e hoje afrontada por ultimatos ultrajantes.

Contra essa ofensiva, Lula precisa do respaldo amplo e incondicional da Nação. A escolha é clara e inadiável: soberania com Lula ou capitulação.

¨      Elias Jabbour: “Brasil será o epicentro da luta mundial”

Durante participação no programa Boa Noite 247, o analista político e professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Elias Jabbour afirmou que o Brasil está prestes a ocupar um papel central nas disputas geopolíticas globais. De acordo com ele, o país se tornará o “epicentro da luta mundial” nos próximos meses, por conta de sua importância estratégica e da aproximação com os Brics.

Segundo Jabbour, o Brasil enfrentará uma intensificação da guerra híbrida, caracterizada por táticas como desinformação, sanções econômicas, sabotagem e pressão internacional coordenada. “O Brasil vai passar por um processo agora — já está passando — mas vai se aprofundar até as eleições do ano que vem, de intensa guerra híbrida, de guerra de quinta, sexta geração, guerra de informação, desinformação, tarifas”, declarou. Para o analista, há um esforço deliberado de setores da extrema direita global para impedir a permanência de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência. “O Brasil não pode continuar sendo governado pelo Lula. Essa que é a verdade na cabeça desses caras. O Lula é uma ameaça. Mesmo com todas as concessões internas que ele faz do ponto de vista político, econômico, monetário, o Lula não é uma figura confiável para eles”, avaliou.

Ao comentar a recente proposta de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, de aplicar uma tarifa de 50% sobre o aço brasileiro, Jabbour foi taxativo ao afirmar que a medida faz parte de um esforço de desestabilização interna. Para ele, o país deve adotar medidas imediatas com base na reciprocidade e na proteção de sua base produtiva, especialmente dos setores que serão atingidos pelas tarifas. “Existem milhares de empregos que podem ser perdidos caso essas tarifas venham a ser efetivadas em primeiro de agosto”, alertou. “O Brasil deveria aplicar a regra da reciprocidade, buscar meios de auxílio aos produtores de commodities e manufaturados prejudicados e criar um fundo de apoio via crédito e finanças para manter essas estruturas de pé.”

Jabbour manifestou ceticismo quanto à possibilidade de o bloco dos Brics oferecer respostas imediatas à crise. Segundo ele, o grupo ainda não está consolidado como bloco econômico. “No curto prazo, não. O Brasil vai ter que lançar mão de ferramentas internas e de reciprocidade para enfrentar essa taxação”, disse. Ele acredita, no entanto, que no médio e longo prazo os Brics podem se tornar uma alternativa sólida ao mercado norte-americano, desde que se transformem em um bloco econômico, com unidade financeira própria e instrumentos comuns para comércio e investimento. “Enquanto não se transformar em bloco econômico, muito pouco poderá ser feito”, explicou.

Como saída estratégica, o geógrafo defendeu a retomada da política de integração regional com a América do Sul, uma política ativa de substituição de importações e um programa robusto de reindustrialização nacional. “O Brasil precisa de um programa orientado para a reindustrialização, para a construção de trilhos, ferrovias, produtos que utilizem aço. Isso resolveria 90% dos problemas criados por essas tarifas”, apontou. Ele também sugeriu a criação de mercados regionais que absorvam a produção nacional e fortaleçam a soberania do Brasil frente a sanções externas. “A tendência é a criação de mercados regionais como necessidade para enfrentar essa onda, essa utilização de tarifa como arma de destruição em massa.”

Questionado sobre uma possível articulação da CIA em meio à crise tarifária, Jabbour afirmou não haver qualquer surpresa. “Não tenho a menor dúvida de que a CIA opera no mundo inteiro, no Brasil em particular, como parte da transformação do caos em instrumento de governança americana”, disse. Ele ainda denunciou a atuação de fundações estadunidenses no país, como a Open Society e a Fundação Ford, acusando-as de atuarem na desarticulação do pensamento progressista brasileiro. “Elas obliteram a capacidade da nossa intelectualidade progressista em pensar o Brasil a partir de uma visão brasileira dos problemas.”

Ao comentar o editorial do jornal O Estado de S. Paulo, que sugeriu a saída do Brasil dos Brics, Jabbour apontou contradições internas da elite econômica nacional, especialmente do agronegócio. “Boa parte da base material do Estadão vem do agronegócio paulista, e quem compra mais deles é a China, não os Estados Unidos”, disse. “O agronegócio brasileiro não é classe para si. Porque se fosse, seria até anti-imperialista, já que quem concorre com eles é a agricultura americana e europeia, não a chinesa.”

Para Jabbour, o Brasil está hoje no centro de uma disputa geopolítica que envolve temas como semicondutores, inteligência artificial, abastecimento energético e alinhamentos diplomáticos. “O mundo hoje tem alguns focos de tensão fundamentais para os Estados Unidos: Ucrânia, mar do Sul da China, Taiwan. E o terceiro ponto sou eu que coloco: o Brasil.” Ao final de sua análise, ele foi direto: “A luta de classes no âmbito mundial vai ter o Brasil como epicentro nos próximos meses”.

¨      Mário Kertész: "A elite brasileira é burra e por isso rejeita Lula"

Em entrevista concedida ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o jornalista e radialista Mário Kertész fez uma profunda análise do cenário político brasileiro, criticando duramente a elite econômica do país por sua rejeição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Aos 81 anos, com mais de três décadas à frente do programa da Rádio Metrópole, Kertész foi categórico: “A elite brasileira é burra, sim, em certo sentido, porque sempre apostou na manutenção de uma estrutura que lhe garante lucros e poder, mesmo que isso prejudique o país”.

A conversa,publicada no canal da TV 247 no YouTube (link para a entrevista), foi marcada por reflexões contundentes sobre o papel da mídia, das igrejas, da direita política e da desinformação que molda a percepção popular. “Hoje em dia, o pobre é convencido de que o verdadeiro inimigo não é quem o explora, mas outro. Isso é obra de anos de manipulação midiática, religiosa e ideológica”, afirmou o jornalista.

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<><> Lula isolado e a corrosão da racionalidade pública

Kertész destacou que o governo Lula enfrenta uma população radicalmente diferente daquela de seus primeiros mandatos. Segundo ele, há um isolamento político do presidente, que perdeu o convívio com antigos aliados capazes de fazer alertas críticos. “No Lula 1 e 2, ele tinha gente que podia dizer: ‘Lula, não faça isso que vai dar merda’. Hoje, ele não tem mais esse tipo de interlocutor”, lamentou.

Ele também criticou a transformação da comunicação política, citando a perda de influência da mídia tradicional para influenciadores e podcasters: “Tudo virou uma bagunça. A racionalidade tem dificuldade para se impor nesse ambiente de caos informativo”.

<><> A influência de Trump e o risco da extrema direita

Para Kertész, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, favoreceu Lula ao impor sobretaxas que escancararam a hostilidade norte-americana. Ainda assim, ele alerta para a crescente influência da extrema direita no Brasil. “A direita pode se unir no segundo turno, e a gente corre o risco de um governo autoritário, neoliberal, que despreza o povo”, advertiu.

Ele acredita que Jair Bolsonaro continuará atrapalhando a reorganização da direita. “Ele é personalista e inseguro. Vai demorar a aceitar que não será candidato e pode tentar impor a mulher ou o filho, o que enfraquece a direita”, avaliou, considerando Tarcísio de Freitas como potencial nome viável, mas ameaçado pela própria sombra de Bolsonaro.

<><> Um panorama histórico de resistência à mudança

Mário Kertész revisitou episódios históricos para ilustrar o padrão de rechaço da elite a líderes populares. Citou Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Lula como exemplos de presidentes atacados por representarem avanços nacionais. “Getúlio se matou, Juscelino quase foi impedido de governar e Lula precisou escrever a famosa carta aos brasileiros para acalmar o capital”, lembrou.

A elite, diz ele, nunca aceitou Lula: “Eu vejo gente dizendo ‘odeio o Lula, quero que ele morra’. Quando pergunto por quê, inventam qualquer coisa. O ódio é irracional, é de classe mesmo”.

<><> O papel das igrejas e o abandono da educação

O jornalista alertou para o papel das igrejas pentecostais na desmobilização popular e crítica à ausência de investimentos estruturais. “Enquanto a Igreja Católica forma padres em quatro anos, essas igrejas formam pastores em um mês. Elas acolhem e moldam o pensamento do povo”, explicou. “A única saída é a educação, mas ninguém quer esperar pelo resultado de longo prazo que ela exige”, disse.

Ao comentar a situação da imprensa, Kertész lamentou o desaparecimento de espaços realmente independentes e denunciou a submissão financeira da mídia tradicional. “Hoje, tudo está alinhado. São poucos os que ainda tentam fazer jornalismo crítico”, afirmou. Ele destacou a importância de espaços como a Rádio Metrópole e veículos como o Brasil 247 por manterem esse espírito vivo.

<><> Genocídio na Palestina e silêncio internacional

Como judeu, Mário Kertész também se posicionou contra o massacre promovido pelo governo de Benjamin Netanyahu na Palestina. “O que está acontecendo é genocídio, é desumano. E o pior é o silêncio cúmplice da comunidade internacional e de grande parte da comunidade judaica brasileira”, denunciou. “Lula não é antissemita. Isso é uma estupidez”.

Mesmo diante das dificuldades, Mário Kertész vê uma oportunidade para o Brasil no novo cenário geopolítico. “Com a ascensão dos BRICS e o declínio do modelo imperial dos Estados Unidos, temos uma chance rara. Mas é preciso abandonar o complexo de vira-lata e investir no que o Brasil tem de melhor: sua gente, sua cultura, sua criatividade”.

 

Fonte: Brasil 247

 

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