Soberania
com Lula ou capitulação
O
Brasil enfrenta hoje um dos momentos mais graves de sua história recente. Uma
potência estrangeira tenta impor sua vontade para anular a soberania da Justiça
brasileira e, por consequência, inviabilizar o próprio sistema democrático.
Trata-se de uma agressão que não se limita a sanções, mas que atinge o cerne da
independência nacional. E o faz com a cumplicidade direta do ex-presidente Jair
Bolsonaro e de seu filho Eduardo, que, ao lado de Donald Trump e da
extrema-direita norte-americana, atuam para subjugar o país aos seus
interesses.
Não é
coincidência que esse conluio tenha resultado na aplicação de sanções contra
Alexandre de Moraes, relator dos processos sobre a tentativa de golpe de Estado
e os planos para assassinato de autoridades em 2022, bem como contra outros
ministros do Supremo Tribunal Federal. Não satisfeitos em agredir a Justiça
brasileira, arrancaram dos Estados Unidos a imposição criminosa de sanções de
50% contra todas as exportações brasileiras. Querem sacrificar a população, as
empresas e a economia nacional apenas para escapar da lei.
Essa
manobra não é senão a ressurreição, em nova fase, do frustrado golpe de
dezembro de 2022. Agora, a tentativa de subverter a democracia se dá por meio
da força econômica e diplomática, numa pressão externa jamais vista. Quem se
render a esse ataque pagará caro, pois aceitar tal chantagem significaria
capitular diante da destruição da soberania conquistada com séculos de luta.
Em
contraste com esse cenário de traição e ameaça, destaca-se a figura do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele e seu vice, Geraldo Alckmin, têm
buscado negociação com uma Casa Branca que se mostra inacessível e refratária
ao diálogo. Em busca de mediação, o Brasil, vale notar, de forma responsável,
não respondeu na mesma moeda à infame cassação do visto de entrada nos EUA de
ministros da Suprema Corte. Não retrucou no mesmo tom declarações
intervencionistas inaceitáveis de Donald Trump e de seu secretário de Estado,
Marco Rubio.
Tudo,
porém, tem limites e hora adequados. Lula não capitulará no momento mais
crucial para a reafirmação da independência nacional. Não entregará as
cobiçadas terras raras, não descartará o Pix gratuito para todos, não abrirá
mão de qualquer valor nacional nem, por óbvio, da mais total soberania das
instituições. Não submeterá a ninguém sua associação ao BRICS ou a qualquer
outro organismo.
Para
que essa resistência seja vitoriosa, é indispensável que todos os setores da
sociedade, acima de diferenças partidárias ou eleitorais, emprestem ao
presidente o mais firme e decidido apoio. Quem não o fizer estará sendo
observado pela consciência nacional à luz da história — e poderá pagar um preço
pesado.
O que
está em jogo não é um governo, mas a continuidade da autonomia do Brasil,
construída ao longo de gerações com sacrifícios imensos e hoje afrontada por
ultimatos ultrajantes.
Contra
essa ofensiva, Lula precisa do respaldo amplo e incondicional da Nação. A
escolha é clara e inadiável: soberania com Lula ou capitulação.
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Elias Jabbour: “Brasil será o epicentro da luta mundial”
Durante
participação no programa Boa Noite 247, o analista político e
professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (Uerj) Elias Jabbour afirmou que o Brasil está prestes a ocupar um
papel central nas disputas geopolíticas globais. De acordo com ele, o país se
tornará o “epicentro da luta mundial” nos próximos meses, por conta de sua
importância estratégica e da aproximação com os Brics.
Segundo
Jabbour, o Brasil enfrentará uma intensificação da guerra híbrida,
caracterizada por táticas como desinformação, sanções econômicas, sabotagem e
pressão internacional coordenada. “O Brasil vai passar por um processo agora —
já está passando — mas vai se aprofundar até as eleições do ano que vem, de
intensa guerra híbrida, de guerra de quinta, sexta geração, guerra de
informação, desinformação, tarifas”, declarou. Para o analista, há um esforço
deliberado de setores da extrema direita global para impedir a permanência de
Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência. “O Brasil não pode continuar sendo
governado pelo Lula. Essa que é a verdade na cabeça desses caras. O Lula é uma
ameaça. Mesmo com todas as concessões internas que ele faz do ponto de vista
político, econômico, monetário, o Lula não é uma figura confiável para eles”,
avaliou.
Ao
comentar a recente proposta de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, de
aplicar uma tarifa de 50% sobre o aço brasileiro, Jabbour foi taxativo ao
afirmar que a medida faz parte de um esforço de desestabilização interna. Para
ele, o país deve adotar medidas imediatas com base na reciprocidade e na
proteção de sua base produtiva, especialmente dos setores que serão atingidos
pelas tarifas. “Existem milhares de empregos que podem ser perdidos caso essas
tarifas venham a ser efetivadas em primeiro de agosto”, alertou. “O Brasil
deveria aplicar a regra da reciprocidade, buscar meios de auxílio aos
produtores de commodities e manufaturados prejudicados e criar um fundo de
apoio via crédito e finanças para manter essas estruturas de pé.”
Jabbour
manifestou ceticismo quanto à possibilidade de o bloco dos Brics oferecer
respostas imediatas à crise. Segundo ele, o grupo ainda não está consolidado
como bloco econômico. “No curto prazo, não. O Brasil vai ter que lançar mão de
ferramentas internas e de reciprocidade para enfrentar essa taxação”, disse.
Ele acredita, no entanto, que no médio e longo prazo os Brics podem se tornar
uma alternativa sólida ao mercado norte-americano, desde que se transformem em
um bloco econômico, com unidade financeira própria e instrumentos comuns para
comércio e investimento. “Enquanto não se transformar em bloco econômico, muito
pouco poderá ser feito”, explicou.
Como
saída estratégica, o geógrafo defendeu a retomada da política de integração
regional com a América do Sul, uma política ativa de substituição de
importações e um programa robusto de reindustrialização nacional. “O Brasil
precisa de um programa orientado para a reindustrialização, para a construção
de trilhos, ferrovias, produtos que utilizem aço. Isso resolveria 90% dos
problemas criados por essas tarifas”, apontou. Ele também sugeriu a criação de
mercados regionais que absorvam a produção nacional e fortaleçam a soberania do
Brasil frente a sanções externas. “A tendência é a criação de mercados
regionais como necessidade para enfrentar essa onda, essa utilização de tarifa
como arma de destruição em massa.”
Questionado
sobre uma possível articulação da CIA em meio à crise tarifária, Jabbour
afirmou não haver qualquer surpresa. “Não tenho a menor dúvida de que a CIA
opera no mundo inteiro, no Brasil em particular, como parte da transformação do
caos em instrumento de governança americana”, disse. Ele ainda denunciou a
atuação de fundações estadunidenses no país, como a Open Society e a Fundação
Ford, acusando-as de atuarem na desarticulação do pensamento progressista
brasileiro. “Elas obliteram a capacidade da nossa intelectualidade progressista
em pensar o Brasil a partir de uma visão brasileira dos problemas.”
Ao
comentar o editorial do jornal O Estado de S. Paulo, que sugeriu a
saída do Brasil dos Brics, Jabbour apontou contradições internas da elite
econômica nacional, especialmente do agronegócio. “Boa parte da base material
do Estadão vem do agronegócio paulista, e quem compra mais deles é a China, não
os Estados Unidos”, disse. “O agronegócio brasileiro não é classe para si.
Porque se fosse, seria até anti-imperialista, já que quem concorre com eles é a
agricultura americana e europeia, não a chinesa.”
Para
Jabbour, o Brasil está hoje no centro de uma disputa geopolítica que envolve
temas como semicondutores, inteligência artificial, abastecimento energético e
alinhamentos diplomáticos. “O mundo hoje tem alguns focos de tensão
fundamentais para os Estados Unidos: Ucrânia, mar do Sul da China, Taiwan. E o
terceiro ponto sou eu que coloco: o Brasil.” Ao final de sua análise, ele foi
direto: “A luta de classes no âmbito mundial vai ter o Brasil como epicentro
nos próximos meses”.
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Mário Kertész: "A elite brasileira é burra e por
isso rejeita Lula"
Em
entrevista concedida ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o
jornalista e radialista Mário Kertész fez uma profunda análise do cenário
político brasileiro, criticando duramente a elite econômica do país por sua
rejeição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Aos 81 anos, com mais de três
décadas à frente do programa da Rádio Metrópole, Kertész foi categórico: “A
elite brasileira é burra, sim, em certo sentido, porque sempre apostou na
manutenção de uma estrutura que lhe garante lucros e poder, mesmo que isso
prejudique o país”.
A
conversa,publicada no canal da TV 247 no YouTube (link para a entrevista), foi marcada por
reflexões contundentes sobre o papel da mídia, das igrejas, da direita política
e da desinformação que molda a percepção popular. “Hoje em dia, o pobre é
convencido de que o verdadeiro inimigo não é quem o explora, mas outro. Isso é
obra de anos de manipulação midiática, religiosa e ideológica”, afirmou o
jornalista.
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Lula isolado e a corrosão da racionalidade pública
Kertész
destacou que o governo Lula enfrenta uma população radicalmente diferente
daquela de seus primeiros mandatos. Segundo ele, há um isolamento político do
presidente, que perdeu o convívio com antigos aliados capazes de fazer alertas
críticos. “No Lula 1 e 2, ele tinha gente que podia dizer: ‘Lula, não faça isso
que vai dar merda’. Hoje, ele não tem mais esse tipo de interlocutor”,
lamentou.
Ele
também criticou a transformação da comunicação política, citando a perda de
influência da mídia tradicional para influenciadores e podcasters: “Tudo virou
uma bagunça. A racionalidade tem dificuldade para se impor nesse ambiente de
caos informativo”.
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A influência de Trump e o risco da extrema direita
Para
Kertész, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, favoreceu Lula ao impor
sobretaxas que escancararam a hostilidade norte-americana. Ainda assim, ele
alerta para a crescente influência da extrema direita no Brasil. “A direita
pode se unir no segundo turno, e a gente corre o risco de um governo
autoritário, neoliberal, que despreza o povo”, advertiu.
Ele
acredita que Jair Bolsonaro continuará atrapalhando a reorganização da direita.
“Ele é personalista e inseguro. Vai demorar a aceitar que não será candidato e
pode tentar impor a mulher ou o filho, o que enfraquece a direita”, avaliou,
considerando Tarcísio de Freitas como potencial nome viável, mas ameaçado pela
própria sombra de Bolsonaro.
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Um panorama histórico de resistência à mudança
Mário
Kertész revisitou episódios históricos para ilustrar o padrão de rechaço da
elite a líderes populares. Citou Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Lula
como exemplos de presidentes atacados por representarem avanços nacionais.
“Getúlio se matou, Juscelino quase foi impedido de governar e Lula precisou
escrever a famosa carta aos brasileiros para acalmar o capital”, lembrou.
A
elite, diz ele, nunca aceitou Lula: “Eu vejo gente dizendo ‘odeio o Lula, quero
que ele morra’. Quando pergunto por quê, inventam qualquer coisa. O ódio é
irracional, é de classe mesmo”.
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O papel das igrejas e o abandono da educação
O
jornalista alertou para o papel das igrejas pentecostais na desmobilização
popular e crítica à ausência de investimentos estruturais. “Enquanto a Igreja
Católica forma padres em quatro anos, essas igrejas formam pastores em um mês.
Elas acolhem e moldam o pensamento do povo”, explicou. “A única saída é a
educação, mas ninguém quer esperar pelo resultado de longo prazo que ela
exige”, disse.
Ao
comentar a situação da imprensa, Kertész lamentou o desaparecimento de espaços
realmente independentes e denunciou a submissão financeira da mídia
tradicional. “Hoje, tudo está alinhado. São poucos os que ainda tentam fazer
jornalismo crítico”, afirmou. Ele destacou a importância de espaços como a
Rádio Metrópole e veículos como o Brasil 247 por manterem esse espírito vivo.
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Genocídio na Palestina e silêncio internacional
Como
judeu, Mário Kertész também se posicionou contra o massacre promovido pelo
governo de Benjamin Netanyahu na Palestina. “O que está acontecendo é
genocídio, é desumano. E o pior é o silêncio cúmplice da comunidade
internacional e de grande parte da comunidade judaica brasileira”, denunciou.
“Lula não é antissemita. Isso é uma estupidez”.
Mesmo
diante das dificuldades, Mário Kertész vê uma oportunidade para o Brasil no
novo cenário geopolítico. “Com a ascensão dos BRICS e o declínio do modelo
imperial dos Estados Unidos, temos uma chance rara. Mas é preciso abandonar o
complexo de vira-lata e investir no que o Brasil tem de melhor: sua gente, sua
cultura, sua criatividade”.
Fonte:
Brasil 247

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