quinta-feira, 31 de julho de 2025

Trump acusa governo Lula de ameaçar segurança dos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) uma ordem executiva que impõe uma tarifa adicional de 40% sobre produtos importados do Brasil, elevando o total da tarifa para 50%. Segundo a Casa Branca, o objetivo é responder a ações do governo brasileiro que, de acordo com Washington, representam “uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”. A nota oficial foi divulgada no site do governo norte-americano (whitehouse.gov).

A medida é acompanhada da declaração de emergência nacional com base na Lei dos Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA), de 1977, o que permite ao presidente norte-americano aplicar sanções contra governos considerados hostis aos interesses dos EUA.

<><> Acusações contra o governo Lula

Segundo o documento, o governo brasileiro tem adotado “práticas incomuns e extraordinárias” que prejudicam empresas americanas, limitam a liberdade de expressão de cidadãos dos EUA, e ameaçam os interesses políticos e econômicos do país. A nota acusa diretamente o Supremo Tribunal Federal (STF), em especial o ministro Alexandre de Moraes, de agir de forma autoritária contra adversários políticos.

“Desde 2019, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes tem abusado de sua autoridade judicial para ameaçar, perseguir e intimidar milhares de seus opositores políticos”, afirma a Casa Branca. Ainda segundo o comunicado, o magistrado teria atuado em coordenação com outros membros do STF para censurar críticos políticos, aplicar multas, congelar ativos de empresas americanas e ameaçar executivos com processos criminais.

A nota cita nominalmente o caso de Paulo Figueiredo, residente nos EUA, que estaria sendo processado criminalmente no Brasil por manifestações realizadas em solo americano. Além disso, a Casa Branca denuncia a existência de prisões sem julgamento por postagens em redes sociais.

<><> Defesa da liberdade de expressão

Trump afirma que está “defendendo empresas americanas da extorsão, protegendo cidadãos americanos da perseguição política e salvando a economia americana dos éditos arbitrários de um juiz estrangeiro tirânico”.

A retórica empregada reforça a agenda do atual presidente norte-americano, que colocou a defesa da liberdade de expressão e os interesses econômicos dos EUA no centro de sua política externa. “Preservar e proteger os direitos de liberdade de expressão de todos os americanos e defender empresas americanas contra a censura forçada permanecerão na vanguarda da estratégia de política externa America First do presidente Trump”, afirma o texto.

<><> Sanções pessoais contra Moraes e aliados

Além da tarifa, a Casa Branca anunciou novas sanções pessoais contra Alexandre de Moraes, outros ministros do STF e seus familiares. Em 18 de julho, Trump ordenou ao secretário de Estado, Marco Rubio, a revogação dos vistos dos magistrados envolvidos em ações contra a liberdade de expressão. As medidas fazem parte de uma política mais ampla, iniciada em maio, que impõe restrições de visto a estrangeiros que promovem censura de manifestações protegidas nos EUA.

<><> Reações e contexto

A decisão de Trump marca um novo e grave episódio nas relações entre Brasil e Estados Unidos, agora sob forte tensão política. O comunicado retrata o governo brasileiro como autoritário, aliado à censura e perseguidor de opositores políticos, ao passo que reforça a defesa da liberdade de expressão como valor fundamental norte-americano. As medidas também ecoam a retórica bolsonarista e colocam em xeque a soberania das instituições brasileiras.

Ainda não houve pronunciamento oficial do governo Lula ou do STF em resposta às acusações feitas pela Casa Branca. A escalada diplomática deverá ter consequências econômicas e políticas significativas, podendo desencadear reações multilaterais e aprofundar a polarização entre os dois países.

•        "Se os EUA não quiserem comprar de nós, vamos atrás de quem queira", diz Lula em resposta a Trump

Em entrevista publicada na madrugada desta quarta-feira (30) pelo jornal norte-americano The New York Times, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Brasil buscará novos parceiros comerciais caso os Estados Unidos, sob a gestão do presidente Donald Trump, sigam com a imposição de tarifas contra produtos brasileiros. O presidente fez um aceno direto à China, principal parceira comercial do Brasil, ao declarar que não se curvará a pressões geopolíticas, informa o g1.

“Se os Estados Unidos não quiserem comprar algo de nós, nós vamos atrás de quem queira. Temos uma relação comercial extraordinária com a China”, declarou Lula, em resposta ao tarifaço norte-americano, que entra em vigor nesta sexta-feira (1º), com uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros.

Lula disse ainda que vem tentando contato com Donald Trump para discutir o tema, mas, segundo ele, sem sucesso até o momento. “Ninguém quer conversar”, resumiu o presidente brasileiro.

<><> Lula rejeita alinhamento ideológico

O presidente brasileiro criticou a tentativa de enquadramento do Brasil na lógica de uma nova Guerra Fria entre os Estados Unidos e a China. Segundo ele, o país seguirá adotando uma postura pragmática na política internacional, pautada por interesses comerciais e não ideológicos.

“Se os Estados Unidos e a China quiserem uma Guerra Fria, não aceitaremos. Não tenho preferência. Tenho interesse em vender para quem quiser comprar de mim — para quem pagar mais”, afirmou. Lula também frisou que não vê motivos para antagonismo com o líder republicano. “Trump é uma questão para o povo americano lidar. Eles votaram nele. Fim da história”, disse ao jornal.

<><> China sinaliza abertura a mais comércio com o Brasil

Em meio ao acirramento da tensão entre Brasília e Washington, o governo chinês indicou disposição para aprofundar os laços comerciais com o Brasil. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, declarou na segunda-feira (28) que o país asiático quer cooperar com o Brasil para “defender conjuntamente o sistema multilateral de comércio centrado na OMC [Organização Mundial do Comércio] e proteger a justiça e a equidade internacional”.

Questionado sobre a ampliação da abertura às exportações brasileiras, Jiakun afirmou que a China está disposta a “promover a cooperação com base em princípios de mercado”.

<><> "Quero ser tratado com respeito", diz Lula sobre tarifaço de Trump ao Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou a escalada de tensões entre Brasil e Estados Unidos em entrevista concedida ao jornal estadunidense The New York Times, no Palácio da Alvorada. O estopim da crise é a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, que entrará em vigor nesta sexta-feira (1), de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, como carne bovina, café e suco de laranja.

Lula afirmou que o governo brasileiro trata o tema com firmeza e atenção. “Tenham certeza de que estamos tratando isso com a máxima seriedade. Mas seriedade não exige subserviência”, declarou. “Trato a todos com muito respeito. Mas quero ser tratado com respeito”, reforçou o presidente.

Na entrevista, Lula ressaltou que o Brasil não aceitará pressões ou imposições por parte do governo norte-americano. “Em nenhum momento o Brasil negociará como se fosse um país pequeno contra um país grande”, afirmou. Ele reconheceu o peso dos EUA no cenário internacional, mas afirmou que isso não intimida seu governo. “Conhecemos o poder econômico dos Estados Unidos, reconhecemos o poder militar dos Estados Unidos, reconhecemos a dimensão tecnológica dos Estados Unidos. Mas isso não nos deixa com medo. Nos deixa preocupados”, disse

O presidente brasileiro condenou a postura de Trump por ter feito ameaças econômicas ao Brasil através da rede social Truth Social. “É vergonhoso”, resumiu Lula. “O comportamento do presidente Trump se desviou de todos os padrões de negociação e diplomacia”, completou.

Lula também enfatizou a necessidade de diálogo para lidar com conflitos comerciais. “Quando você tem um desentendimento comercial, um desentendimento político, você pega o telefone, marca uma reunião, conversa e tenta resolver o problema. O que você não faz é cobrar impostos e dar um ultimato".

Segundo o New York Times, “talvez não haja nenhum líder mundial desafiando o presidente Trump tão fortemente quanto o senhor Lula”. O jornal também associou os ataques estadunidenses à tentativa de Trump de favorecer Jair Bolsonaro (PL), considerado por ele como um aliado.

Para Lula, os americanos também sofrerão com as tarifas impostas por Trump. “Os esforços de Trump para uma ‘defesa’ de Bolsonaro serão pagos pelos americanos, que enfrentarão preços mais altos por café, carne bovina, suco de laranja e outros produtos que são, em grande parte, originários do Brasil”, apontou. “Nem o povo americano nem o povo brasileiro merecem isso”, declarou. “Vamos passar de uma relação diplomática de 201 anos de ganhos mútuos para uma relação política de perdas mútuas".

O presidente também reagiu às informações de que Donald Trump estendeu as tarifas como forma de atacar o Supremo Tribunal Federal (STF), alegando que a Corte teria adotado medidas de censura contra empresas de tecnologia dos EUA. Desde o dia 18 de julho, ministros do STF, incluindo Alexandre de Moraes, tiveram seus vistos de entrada nos EUA revogados.

O jornal destaca ainda que Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-mandatário está em Washington “fazendo lobby pelas chamadas sanções da Lei Magnitsky Global contra o ministro Moraes”. A Lei Magnitsky prevê punições a estrangeiros acusados de violações graves de direitos humanos ou corrupção. O secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou ao Congresso dos EUA que “há uma grande possibilidade de que isso aconteça”.

Se o que você está me dizendo for verdade, é mais sério do que eu imaginava. O Supremo Tribunal Federal de um país precisa ser respeitado não só pelo seu próprio país, mas pelo mundo”, reagiu Lula.

•        Tarifaço: narrativa mentirosa de que governo não quer negociar é aposta contra o Brasil. Por Bepe Damasco

Em uma tentativa de inverter os fatos e criar uma realidade paralela para atingir o governo Lula, setores da imprensa comercial estão embarcando na onda mentirosa da extrema direita de transformar a vítima em algoz, no caso do tarifaço de 50% que Donald Trump impôs, de forma unilateral, às exportações brasileiras para os Estados Unidos.

Grandes empresários, banqueiros, parlamentares e governadores bolsonaristas vêm ganhando espaços cada vez mais generosos na imprensa para defender a tese calhorda de que o governo Lula está fazendo corpo mole na busca por negociações com os EUA, a fim de capitalizar politicamente sua luta para fazer valer a soberania nacional.

Alguns comentaristas de política e economia dos veículos de comunicação se somam a essa campanha de manipulação e distorção dos fatos. Há pouco reconhecimento de todo o esforço que o Itamaraty, o Ministério da Fazenda e o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, têm feito para quebrar a intransigência de Trump e desbloquear os canais de negociação.

A verdade é que o governo brasileiro vem tendo uma conduta impecável até aqui no enfrentamento da investida de Trump contra a nossa soberania. Como não existe justificativa plausível e racional de ordem econômica para o tarifaço — mas sim uma chantagem de natureza política, com ataques inaceitáveis à independência e à autonomia da Justiça brasileira — o governo se prepara para o pior cenário, que é a aplicação efetiva do tarifaço a partir de 1º de agosto.

Elaborado pelas equipes de Haddad e Alckmin, já está pronto, inclusive, um plano de contingência para socorrer os setores mais prejudicados pela medida autoritária e ilegal, segundo vários juristas, do presidente americano.

"Ah, mas o governo erra ao não mobilizar e envolver a população nessa luta patriótica", têm dito alguns militantes do campo popular e democrático. Mas estou convencido de que esse momento chegará.

Agindo com prudência diante de um problema grave e complexo, primeiro o governo reuniu os empresários dos segmentos potencialmente mais afetados e apostou na negociação, enquanto o presidente Lula faz os discursos mais duros e ideológicos.

Surgiu no horizonte uma chance de negociação, fruto de pressões de empresários dos próprios Estados Unidos. Não levo muita fé. Penso que a batalha pela afirmação da soberania do país, em defesa das empresas nacionais e dos empregos dos nossos trabalhadores, está apenas começando.

•        Brasil: entre a soberania e o viralatismo! Por Arnóbio Rocha

O Brasil é uma nação gigante com mais de 200 milhões de habitantes, um território imenso que o faz o 5º maior do mundo e está entre as 8 maiores economia do planeta, com uma diversidade de biomas fundamentais para a humanidade. Um solo riquíssimo, áreas imensas de extrativismo, agricultura e pecuária, que é um celeiro alimentar global. Produção substancial de petróleo e um complexo energético renovável e limpo, tem empresas com capacidade e inovação, uma economia complexa e é baseada em múltiplos setores, não dependente de um único, ainda que a produção primária seja ainda predominante.

O país é uma Democracia que passa por solavancos, golpes, tutela militar, mas que se reafirma e luta consigo mesmo para se manter como nação livre e independente, sem submissão política e econômica de nenhuma nação estrangeira. Tem presença pequena, mas crescente no comércio mundial sem dependência exclusiva a nenhuma país e/ou blocos econômicos, participando de organismo multilaterais e foi decisivo na criação do Mercosul, do G20, do BRICS, do conceito de Sul Global, o que lhe deu relevância na Diplomacia internacional, um importante país na ONU e nas relações de paz e de defesa do Meio Ambiente, da defesa do clima e na luta contra a fome.

Esse protagonismo mais forte neste novo século, com uma visão ousada e aproveitando as oportunidades de se inserir nos debates fundamentais sobre o destino do planeta, especialmente nas questões ambientais, preservação e economia baseada na inclusão, criou resistências internas e externas, agendas ligadas ao velho imperialismo e o florescimento da extrema-direita renascida nos escombros da crise global de 2008.

A rearticulação do reacionarismo capaz de derrubar uma Presidenta eleita, sem crime, prender um ex-presidente e eleger o pior dos seres humanos, é parte de uma resistência contra a possibilidade de o Brasil se afirmar como Nação, o mais contraditório é o uso dos símbolos nacionais, patriotismo, usados contra o país, apenas agora se torna evidente e cristalino, tanto nas forças do bolsonarismo e seu entreguismo atávico, como também da mídia corporativa, porta-voz do rentismo, dos especuladores e dos setores que são contra o desenvolvimento econômico, político, social e diversidade.

A maioria congressual, nos governos estaduais dos estados mais ricos, reflete a Hegemonia Política da extrema-direita, conquistada com muito dinheiro do Orçamento, dos subsídios trilionários e dos juros altos. O Governo Lula III, um governo de aliança ampla até com parte da Direita, que repôs o Brasil na agenda do mundo, fez crescer o PIB, emprego e renda e mais uma vez tirou o Brasil do mapa da Fome, entrou numa rota de colisão com a extrema-direita encastelada no Congresso, e este cenário contraditório, que caminhava firmemente para emparedar o governo, uma série de duras derrotas no parlamento vetos e a IOF, no entanto, houve uma reação firme do governo, com repercussão na sociedade e nas redes sociais, uma reversão de expectativas justamente depois que impingiram tamanhas derrotas.

Para tornar pior o cenário, o Presidente dos EUA, Donald Trump, publicou uma carta de ameaça política e jurídica contra a Soberania Nacional, que caso não seja cumprida a “liberdade” do Réu Jair Bolsonaro, o Brasil será retaliado com “tarifaço” de 50% sobre suas exportações, o que inviabilizaria alguns setores, mesmo que o impacto seja de apenas 1,8% do PIB, cria uma espécie de medo e ansiedade sobre o futuro. Essa iniciativa, vinculada à extrema-direita da família Bolsonaro, teve apoio de governadores como o de São Paulo, Tarcísio de Freitas e parte do Congresso, um crime de lesa-pátria explícito.

A mídia corporativa ficou feito “barata voa”, ora condena a ameaça, ora compra o discurso de que a responsabilidade é do Brasil, como se a vítima da violência fosse a culpada. Alguns mais ousados EXIGEM que o Presidente Lula ligue e/ou seja humilhado publicamente por Trump, assim como o Presidente da Ucrânia. Ao mesmo tempo, a mídia global, acompanha com entusiasmo a resistência e a seriedade do Brasil, em não retaliar por impulso, mas de se mostrar firme em negociar, hoje o prêmio Nobel de Economia, Joseph E. Stiglitz, escreveu um grande artigo “A brava posição do Brasil contra Trump” diz no subtítulo que “Sob a liderança de Lula, o Brasil optou por reafirmar seu compromisso com o Estado de Direito e a democracia”.

O vice-presidente e ministro do desenvolvimento, Geraldo Alckmin, lidera os negociadores brasileiros junto à competente diplomacia do Itamaraty, para trazer à mesa os EUA, aparentemente, a orientação de Trump é não conversar com o Brasil e, sim, impor uma humilhação pública, como afirmaram um grupo de senadores que estão nos EUA nesse esforço de abrir canais de negociações a fim de evitar as tais tarifas. Ao mesmo tempo, os ministérios e os empresários estão trabalhando junto alternativas para mitigar os prejuízos e buscar novos mercados, inclusive o interno.

O Brasil tem uma oportunidade histórica de se afirmar como Nação Soberana e livre, a despeito de todas as ameaças externas e dos acólitos locais.

 

Fonte: Brasil 247

 

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