Trump
acusa governo Lula de ameaçar segurança dos EUA
O
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30)
uma ordem executiva que impõe uma tarifa adicional de 40% sobre produtos
importados do Brasil, elevando o total da tarifa para 50%. Segundo a Casa
Branca, o objetivo é responder a ações do governo brasileiro que, de acordo com
Washington, representam “uma ameaça incomum e extraordinária à segurança
nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”. A nota oficial
foi divulgada no site do governo norte-americano (whitehouse.gov).
A
medida é acompanhada da declaração de emergência nacional com base na Lei dos
Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA), de 1977, o que permite
ao presidente norte-americano aplicar sanções contra governos considerados
hostis aos interesses dos EUA.
<><>
Acusações contra o governo Lula
Segundo
o documento, o governo brasileiro tem adotado “práticas incomuns e
extraordinárias” que prejudicam empresas americanas, limitam a liberdade de
expressão de cidadãos dos EUA, e ameaçam os interesses políticos e econômicos
do país. A nota acusa diretamente o Supremo Tribunal Federal (STF), em especial
o ministro Alexandre de Moraes, de agir de forma autoritária contra adversários
políticos.
“Desde
2019, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes tem abusado de
sua autoridade judicial para ameaçar, perseguir e intimidar milhares de seus
opositores políticos”, afirma a Casa Branca. Ainda segundo o comunicado, o
magistrado teria atuado em coordenação com outros membros do STF para censurar
críticos políticos, aplicar multas, congelar ativos de empresas americanas e
ameaçar executivos com processos criminais.
A nota
cita nominalmente o caso de Paulo Figueiredo, residente nos EUA, que estaria
sendo processado criminalmente no Brasil por manifestações realizadas em solo
americano. Além disso, a Casa Branca denuncia a existência de prisões sem
julgamento por postagens em redes sociais.
<><>
Defesa da liberdade de expressão
Trump
afirma que está “defendendo empresas americanas da extorsão, protegendo
cidadãos americanos da perseguição política e salvando a economia americana dos
éditos arbitrários de um juiz estrangeiro tirânico”.
A
retórica empregada reforça a agenda do atual presidente norte-americano, que
colocou a defesa da liberdade de expressão e os interesses econômicos dos EUA
no centro de sua política externa. “Preservar e proteger os direitos de
liberdade de expressão de todos os americanos e defender empresas americanas
contra a censura forçada permanecerão na vanguarda da estratégia de política
externa America First do presidente Trump”, afirma o texto.
<><>
Sanções pessoais contra Moraes e aliados
Além da
tarifa, a Casa Branca anunciou novas sanções pessoais contra Alexandre de
Moraes, outros ministros do STF e seus familiares. Em 18 de julho, Trump
ordenou ao secretário de Estado, Marco Rubio, a revogação dos vistos dos
magistrados envolvidos em ações contra a liberdade de expressão. As medidas
fazem parte de uma política mais ampla, iniciada em maio, que impõe restrições
de visto a estrangeiros que promovem censura de manifestações protegidas nos
EUA.
<><>
Reações e contexto
A
decisão de Trump marca um novo e grave episódio nas relações entre Brasil e
Estados Unidos, agora sob forte tensão política. O comunicado retrata o governo
brasileiro como autoritário, aliado à censura e perseguidor de opositores
políticos, ao passo que reforça a defesa da liberdade de expressão como valor
fundamental norte-americano. As medidas também ecoam a retórica bolsonarista e
colocam em xeque a soberania das instituições brasileiras.
Ainda
não houve pronunciamento oficial do governo Lula ou do STF em resposta às
acusações feitas pela Casa Branca. A escalada diplomática deverá ter
consequências econômicas e políticas significativas, podendo desencadear
reações multilaterais e aprofundar a polarização entre os dois países.
• "Se os EUA não quiserem comprar de
nós, vamos atrás de quem queira", diz Lula em resposta a Trump
Em
entrevista publicada na madrugada desta quarta-feira (30) pelo jornal
norte-americano The New York Times, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
afirmou que o Brasil buscará novos parceiros comerciais caso os Estados Unidos,
sob a gestão do presidente Donald Trump, sigam com a imposição de tarifas
contra produtos brasileiros. O presidente fez um aceno direto à China,
principal parceira comercial do Brasil, ao declarar que não se curvará a
pressões geopolíticas, informa o g1.
“Se os
Estados Unidos não quiserem comprar algo de nós, nós vamos atrás de quem
queira. Temos uma relação comercial extraordinária com a China”, declarou Lula,
em resposta ao tarifaço norte-americano, que entra em vigor nesta sexta-feira
(1º), com uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros.
Lula
disse ainda que vem tentando contato com Donald Trump para discutir o tema,
mas, segundo ele, sem sucesso até o momento. “Ninguém quer conversar”, resumiu
o presidente brasileiro.
<><>
Lula rejeita alinhamento ideológico
O
presidente brasileiro criticou a tentativa de enquadramento do Brasil na lógica
de uma nova Guerra Fria entre os Estados Unidos e a China. Segundo ele, o país
seguirá adotando uma postura pragmática na política internacional, pautada por
interesses comerciais e não ideológicos.
“Se os
Estados Unidos e a China quiserem uma Guerra Fria, não aceitaremos. Não tenho
preferência. Tenho interesse em vender para quem quiser comprar de mim — para
quem pagar mais”, afirmou. Lula também frisou que não vê motivos para
antagonismo com o líder republicano. “Trump é uma questão para o povo americano
lidar. Eles votaram nele. Fim da história”, disse ao jornal.
<><>
China sinaliza abertura a mais comércio com o Brasil
Em meio
ao acirramento da tensão entre Brasília e Washington, o governo chinês indicou
disposição para aprofundar os laços comerciais com o Brasil. O porta-voz do
Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, declarou na
segunda-feira (28) que o país asiático quer cooperar com o Brasil para
“defender conjuntamente o sistema multilateral de comércio centrado na OMC
[Organização Mundial do Comércio] e proteger a justiça e a equidade
internacional”.
Questionado
sobre a ampliação da abertura às exportações brasileiras, Jiakun afirmou que a
China está disposta a “promover a cooperação com base em princípios de
mercado”.
<><>
"Quero ser tratado com respeito", diz Lula sobre tarifaço de Trump ao
Brasil
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou a escalada de tensões entre
Brasil e Estados Unidos em entrevista concedida ao jornal estadunidense The New
York Times, no Palácio da Alvorada. O estopim da crise é a decisão do
presidente dos EUA, Donald Trump, que entrará em vigor nesta sexta-feira (1),
de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, como carne bovina, café e
suco de laranja.
Lula
afirmou que o governo brasileiro trata o tema com firmeza e atenção. “Tenham
certeza de que estamos tratando isso com a máxima seriedade. Mas seriedade não
exige subserviência”, declarou. “Trato a todos com muito respeito. Mas quero
ser tratado com respeito”, reforçou o presidente.
Na
entrevista, Lula ressaltou que o Brasil não aceitará pressões ou imposições por
parte do governo norte-americano. “Em nenhum momento o Brasil negociará como se
fosse um país pequeno contra um país grande”, afirmou. Ele reconheceu o peso
dos EUA no cenário internacional, mas afirmou que isso não intimida seu
governo. “Conhecemos o poder econômico dos Estados Unidos, reconhecemos o poder
militar dos Estados Unidos, reconhecemos a dimensão tecnológica dos Estados
Unidos. Mas isso não nos deixa com medo. Nos deixa preocupados”, disse
O
presidente brasileiro condenou a postura de Trump por ter feito ameaças
econômicas ao Brasil através da rede social Truth Social. “É vergonhoso”,
resumiu Lula. “O comportamento do presidente Trump se desviou de todos os
padrões de negociação e diplomacia”, completou.
Lula
também enfatizou a necessidade de diálogo para lidar com conflitos comerciais.
“Quando você tem um desentendimento comercial, um desentendimento político,
você pega o telefone, marca uma reunião, conversa e tenta resolver o problema.
O que você não faz é cobrar impostos e dar um ultimato".
Segundo
o New York Times, “talvez não haja nenhum líder mundial desafiando o presidente
Trump tão fortemente quanto o senhor Lula”. O jornal também associou os ataques
estadunidenses à tentativa de Trump de favorecer Jair Bolsonaro (PL),
considerado por ele como um aliado.
Para
Lula, os americanos também sofrerão com as tarifas impostas por Trump. “Os
esforços de Trump para uma ‘defesa’ de Bolsonaro serão pagos pelos americanos,
que enfrentarão preços mais altos por café, carne bovina, suco de laranja e
outros produtos que são, em grande parte, originários do Brasil”, apontou. “Nem
o povo americano nem o povo brasileiro merecem isso”, declarou. “Vamos passar
de uma relação diplomática de 201 anos de ganhos mútuos para uma relação
política de perdas mútuas".
O
presidente também reagiu às informações de que Donald Trump estendeu as tarifas
como forma de atacar o Supremo Tribunal Federal (STF), alegando que a Corte
teria adotado medidas de censura contra empresas de tecnologia dos EUA. Desde o
dia 18 de julho, ministros do STF, incluindo Alexandre de Moraes, tiveram seus
vistos de entrada nos EUA revogados.
O
jornal destaca ainda que Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do
ex-mandatário está em Washington “fazendo lobby pelas chamadas sanções da Lei
Magnitsky Global contra o ministro Moraes”. A Lei Magnitsky prevê punições a
estrangeiros acusados de violações graves de direitos humanos ou corrupção. O
secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou ao Congresso dos EUA que “há uma
grande possibilidade de que isso aconteça”.
Se o
que você está me dizendo for verdade, é mais sério do que eu imaginava. O
Supremo Tribunal Federal de um país precisa ser respeitado não só pelo seu
próprio país, mas pelo mundo”, reagiu Lula.
• Tarifaço: narrativa mentirosa de que
governo não quer negociar é aposta contra o Brasil. Por Bepe Damasco
Em uma
tentativa de inverter os fatos e criar uma realidade paralela para atingir o
governo Lula, setores da imprensa comercial estão embarcando na onda mentirosa
da extrema direita de transformar a vítima em algoz, no caso do tarifaço de 50%
que Donald Trump impôs, de forma unilateral, às exportações brasileiras para os
Estados Unidos.
Grandes
empresários, banqueiros, parlamentares e governadores bolsonaristas vêm
ganhando espaços cada vez mais generosos na imprensa para defender a tese
calhorda de que o governo Lula está fazendo corpo mole na busca por negociações
com os EUA, a fim de capitalizar politicamente sua luta para fazer valer a
soberania nacional.
Alguns
comentaristas de política e economia dos veículos de comunicação se somam a
essa campanha de manipulação e distorção dos fatos. Há pouco reconhecimento de
todo o esforço que o Itamaraty, o Ministério da Fazenda e o vice-presidente e
ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, têm feito para quebrar a
intransigência de Trump e desbloquear os canais de negociação.
A
verdade é que o governo brasileiro vem tendo uma conduta impecável até aqui no
enfrentamento da investida de Trump contra a nossa soberania. Como não existe
justificativa plausível e racional de ordem econômica para o tarifaço — mas sim
uma chantagem de natureza política, com ataques inaceitáveis à independência e
à autonomia da Justiça brasileira — o governo se prepara para o pior cenário,
que é a aplicação efetiva do tarifaço a partir de 1º de agosto.
Elaborado
pelas equipes de Haddad e Alckmin, já está pronto, inclusive, um plano de
contingência para socorrer os setores mais prejudicados pela medida autoritária
e ilegal, segundo vários juristas, do presidente americano.
"Ah,
mas o governo erra ao não mobilizar e envolver a população nessa luta
patriótica", têm dito alguns militantes do campo popular e democrático.
Mas estou convencido de que esse momento chegará.
Agindo
com prudência diante de um problema grave e complexo, primeiro o governo reuniu
os empresários dos segmentos potencialmente mais afetados e apostou na
negociação, enquanto o presidente Lula faz os discursos mais duros e
ideológicos.
Surgiu
no horizonte uma chance de negociação, fruto de pressões de empresários dos
próprios Estados Unidos. Não levo muita fé. Penso que a batalha pela afirmação
da soberania do país, em defesa das empresas nacionais e dos empregos dos
nossos trabalhadores, está apenas começando.
• Brasil: entre a soberania e o
viralatismo! Por Arnóbio Rocha
O
Brasil é uma nação gigante com mais de 200 milhões de habitantes, um território
imenso que o faz o 5º maior do mundo e está entre as 8 maiores economia do
planeta, com uma diversidade de biomas fundamentais para a humanidade. Um solo
riquíssimo, áreas imensas de extrativismo, agricultura e pecuária, que é um
celeiro alimentar global. Produção substancial de petróleo e um complexo
energético renovável e limpo, tem empresas com capacidade e inovação, uma
economia complexa e é baseada em múltiplos setores, não dependente de um único,
ainda que a produção primária seja ainda predominante.
O país
é uma Democracia que passa por solavancos, golpes, tutela militar, mas que se
reafirma e luta consigo mesmo para se manter como nação livre e independente,
sem submissão política e econômica de nenhuma nação estrangeira. Tem presença
pequena, mas crescente no comércio mundial sem dependência exclusiva a nenhuma
país e/ou blocos econômicos, participando de organismo multilaterais e foi
decisivo na criação do Mercosul, do G20, do BRICS, do conceito de Sul Global, o
que lhe deu relevância na Diplomacia internacional, um importante país na ONU e
nas relações de paz e de defesa do Meio Ambiente, da defesa do clima e na luta
contra a fome.
Esse
protagonismo mais forte neste novo século, com uma visão ousada e aproveitando
as oportunidades de se inserir nos debates fundamentais sobre o destino do
planeta, especialmente nas questões ambientais, preservação e economia baseada
na inclusão, criou resistências internas e externas, agendas ligadas ao velho
imperialismo e o florescimento da extrema-direita renascida nos escombros da
crise global de 2008.
A
rearticulação do reacionarismo capaz de derrubar uma Presidenta eleita, sem
crime, prender um ex-presidente e eleger o pior dos seres humanos, é parte de
uma resistência contra a possibilidade de o Brasil se afirmar como Nação, o
mais contraditório é o uso dos símbolos nacionais, patriotismo, usados contra o
país, apenas agora se torna evidente e cristalino, tanto nas forças do
bolsonarismo e seu entreguismo atávico, como também da mídia corporativa,
porta-voz do rentismo, dos especuladores e dos setores que são contra o
desenvolvimento econômico, político, social e diversidade.
A
maioria congressual, nos governos estaduais dos estados mais ricos, reflete a
Hegemonia Política da extrema-direita, conquistada com muito dinheiro do
Orçamento, dos subsídios trilionários e dos juros altos. O Governo Lula III, um
governo de aliança ampla até com parte da Direita, que repôs o Brasil na agenda
do mundo, fez crescer o PIB, emprego e renda e mais uma vez tirou o Brasil do
mapa da Fome, entrou numa rota de colisão com a extrema-direita encastelada no
Congresso, e este cenário contraditório, que caminhava firmemente para
emparedar o governo, uma série de duras derrotas no parlamento vetos e a IOF,
no entanto, houve uma reação firme do governo, com repercussão na sociedade e
nas redes sociais, uma reversão de expectativas justamente depois que
impingiram tamanhas derrotas.
Para
tornar pior o cenário, o Presidente dos EUA, Donald Trump, publicou uma carta
de ameaça política e jurídica contra a Soberania Nacional, que caso não seja
cumprida a “liberdade” do Réu Jair Bolsonaro, o Brasil será retaliado com
“tarifaço” de 50% sobre suas exportações, o que inviabilizaria alguns setores,
mesmo que o impacto seja de apenas 1,8% do PIB, cria uma espécie de medo e
ansiedade sobre o futuro. Essa iniciativa, vinculada à extrema-direita da
família Bolsonaro, teve apoio de governadores como o de São Paulo, Tarcísio de
Freitas e parte do Congresso, um crime de lesa-pátria explícito.
A mídia
corporativa ficou feito “barata voa”, ora condena a ameaça, ora compra o
discurso de que a responsabilidade é do Brasil, como se a vítima da violência
fosse a culpada. Alguns mais ousados EXIGEM que o Presidente Lula ligue e/ou
seja humilhado publicamente por Trump, assim como o Presidente da Ucrânia. Ao
mesmo tempo, a mídia global, acompanha com entusiasmo a resistência e a
seriedade do Brasil, em não retaliar por impulso, mas de se mostrar firme em
negociar, hoje o prêmio Nobel de Economia, Joseph E. Stiglitz, escreveu um
grande artigo “A brava posição do Brasil contra Trump” diz no subtítulo que
“Sob a liderança de Lula, o Brasil optou por reafirmar seu compromisso com o
Estado de Direito e a democracia”.
O
vice-presidente e ministro do desenvolvimento, Geraldo Alckmin, lidera os
negociadores brasileiros junto à competente diplomacia do Itamaraty, para
trazer à mesa os EUA, aparentemente, a orientação de Trump é não conversar com
o Brasil e, sim, impor uma humilhação pública, como afirmaram um grupo de
senadores que estão nos EUA nesse esforço de abrir canais de negociações a fim
de evitar as tais tarifas. Ao mesmo tempo, os ministérios e os empresários
estão trabalhando junto alternativas para mitigar os prejuízos e buscar novos
mercados, inclusive o interno.
O
Brasil tem uma oportunidade histórica de se afirmar como Nação Soberana e
livre, a despeito de todas as ameaças externas e dos acólitos locais.
Fonte:
Brasil 247

Nenhum comentário:
Postar um comentário