terça-feira, 29 de julho de 2025

Liszt Vieira: O império contra-ataca – e os militares brasileiros?

Os militares brasileiros sempre tiveram relações estreitas com os militares dos EUA, país considerado tradicionalmente como amigo. Aceitaram a submissão aos EUA durante a guerra fria, e apoiaram as dezenas de guerras de intervenção dos EUA em outros países, tudo em nome do combate ao comunismo.

Esses acordos vão desde frequentes exercícios militares conjuntos, como o previsto para novembro próximo na Amazônia, até o acordo militar da Base de Alcântara, no Maranhão, para lançamentos espaciais, além de acordos na indústria de defesa, envolvendo tecnologia militar.

Tudo isso vem do século passado. Mas o Muro de Berlim caiu em 1989, a União Soviética desmoronou em 1991, a Guerra Fria terminou, e muitos militares brasileiros ficaram defendendo uma ideologia anticomunista ultrapassada, continuam vivendo no século XX, não compreendem, ou não querem compreender, as novas relações geopolíticas que surgiram no século XXI.

A ascensão econômica da China, candidata a potência, ameaça a hegemonia unilateral dos EUA e aponta para um mundo multipolar. A multipolaridade vai acarretar o enfraquecimento do poder político e econômicos dos EUA, ameaçando o peso do dólar como moeda universal. Essa transição não se faz sem conflitos e guerras.

Os EUA deixaram de ser uma democracia, tornaram-se hoje um regime de exceção, para dizer o mínimo, com fortes características autocráticas, já que o atual Presidente, com vocação de ditador, controla o Legislativo e parte do Judiciário. Com pose de imperador do mundo, como afirmou Lula, Donald Trump começou a tumultuar as relações comerciais até então reguladas pela Organização Mundial do Comércio (OMC), que se tornou letra morta, e passou a impor sobretaxas em produtos importados pelos EUA, atingindo diversos países como Canadá, México, Japão, Coreia do Sul, Austrália, China, União Europeia etc.

As relações comerciais tornaram-se caóticas, com decisões e recuos de Donald Trump. Sua tática é colocar o elefante na sala, e depois negociar tirando o elefante e deixando um cabrito, que antes não existia. Donald Trump rompeu com compromissos internacionais dos EUA em diversas áreas, como o Acordo de Paris sobre clima, e retirou seu país de organizações internacionais como, por exemplo, a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Em relação ao Brasil, a taxação de 50% dos produtos brasileiros exportados para os EUA veio acompanhada de pressão política para favorecer seu aliado Bolsonaro que, como ele, tentou dar um golpe de Estado. Os bolsonaristas ficaram sem discurso, já que a taxação de Donald Trump prejudica o Brasil como um todo, afetando indústria, comércio, agricultura, empregos etc. Isso deu a Lula a oportunidade de defender a soberania nacional ameaçada por Donald Trump que atacou até o Pix para defender os interesses de empresas americanas.

Senadores democratas acusaram o presidente dos EUA, Donald Trump, de abuso de poder ao impor sobretaxa de 50% a produtos brasileiros para beneficiar Jair Bolsonaro. Na carta enviada à Casa Branca, os parlamentares de oposição expressam preocupação com a ameaça de “uma guerra comercial” que prejudicaria famílias americanas. “Tudo porque o presidente quer corromper um processo judicial estrangeiro para ajudar seu amigo pessoal”, afirmam (O Globo, 25/7/2025).

E os militares brasileiros? O que vão fazer? Vão continuar defendendo seus interesses corporativos, apoiando os EUA e afrontando a soberania nacional e os interesses do Brasil? Ou terão coragem para defender o Brasil e cancelar ou pelo menos adiar os acordos militares em curso?

Segundo notícia da CNN, de 23/7/2025, as Forças Armadas reforçam aliança com EUA ante assédio de China e Rússia. E, ainda segundo a CNN, seria Donald Trump quem proporia sanções militares ao Brasil após operação contra Jair Bolsonaro. E, segundo alguns jornalistas, alguns parlamentares e militares brasileiros apoiam o ataque de Donald Trump contra o Brasil.

Diante disso, caberia ao governo Lula organizar um Encontro de representantes da Indústria, Comércio, Agricultura, Sindicatos para lançar um documento de defesa nacional e apelando para cancelar ou adiar acordos militares, até mesmo como instrumento de negociação.

Se por acaso prevalecer a subserviência, e o Brasil entregar as “Terra Raras” com minerais estratégicos para empresas americanas, o presidente Donald Trump provavelmente vai dizer que nunca ouviu falar de Jair Bolsonaro, uma sobremesa dispensável. Mas seu prato principal é atacar o BRICS que poderia, a médio prazo, enfraquecer o dólar.

A extrema direita mundial encontrou em Donald Trump seu grande líder autocrático, com traços neofascistas, que destrói as instituições democráticas nos EUA, mostrando o caminho a ser seguido.

A antiga ordem internacional foi desmantelada e, num mundo sem regras, predomina as posições de força, sem aparências de democracia e liberdade, confinadas apenas aos discursos retóricos. Cabe relembrar aqui a famosa frase de Antonio Gramsci em seus Cadernos de Cárcere: “O velho mundo agoniza, o novo tarda a nascer. Nesse claro-escuro, surgem os monstros”.

Já surgiram, liderados pelo criminoso (segundo a Justiça norte-americana) presidente dos EUA, em marcha acelerada para transformar seu país em um regime autocrático neofascista. Diante desse quadro, os militares brasileiros não dispõem de muito tempo para decidir entre a civilização e a barbárie.

•        “Trump é uma vacina contra o vira-latismo brasileiro", diz Leonardo Stoppa

Em participação no programa Léo ao Quadrado, da TV 247, o comunicador e analista político Leonardo Stoppa fez duras críticas ao imperialismo dos Estados Unidos e ao papel da elite brasileira em meio à escalada de tensões entre Washington e Brasília.

“Estamos em guerra com os Estados Unidos, mas estamos vencendo todas as batalhas”, afirmou Stoppa, ao analisar o novo cenário geopolítico marcado pelas tarifas impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump — em seu segundo mandato — contra produtos brasileiros. Para ele, trata-se de uma guerra comercial e diplomática disfarçada de retaliação pelo processo judicial de Jair Bolsonaro, mas que na verdade visa sabotar a economia nacional, desestabilizar o governo Lula e desarticular o BRICS.

Play Video

<><> Trump e o fim do vira-latismo

Segundo Stoppa, Trump “é uma vacina contra o vira-latismo brasileiro”, pois tornou explícita a relação de dominação que os Estados Unidos sempre buscaram manter com o Brasil. Ele citou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para lembrar que parte da elite brasileira defende a dependência em relação aos EUA por interesse econômico e não por convicção ideológica. “Essa elite não tem ideologia, tem conta bancária”, disse.

Criticando os setores da sociedade que defendem subserviência a Washington, Stoppa ironizou: “O bolsonarista de classe média que defende Trump é um completo imbecil. Esse precisa ser vacinado. E Trump está aplicando essa vacina ao demonstrar, em alto e bom tom, que para ele o Brasil não é parceiro, é inimigo.”

Lula adota estratégia inteligente

Stoppa elogiou a condução do presidente Lula diante do ataque comercial dos EUA. Segundo ele, o presidente brasileiro age com diplomacia e racionalidade: “Lula está deixando Trump falar sozinho. Essa é a melhor estratégia. Ele mostra que quer manter os acordos e diversifica nossas relações comerciais. Está correndo contra o tempo para ampliar as exportações para a China e incentivar o mercado interno.”

Stoppa ressaltou que o governo federal está tentando reindustrializar setores estratégicos e incentivar o consumo doméstico, como no caso do café 100% arábica, que antes era quase todo exportado e agora volta a ser valorizado no mercado nacional. “Temos que parar de exportar grão e começar a vender café torrado e moído. A indústria tem que ficar aqui”, defendeu.

<><> Riquezas visadas: terras raras, alimentos e soberania

O analista lembrou que o Brasil é alvo do imperialismo há décadas. “As Forças Armadas já identificavam, durante o regime militar, a presença de geólogos disfarçados de ONGs, enviados pelos EUA para mapear nossas riquezas minerais na Amazônia.” Segundo ele, os interesses de Trump vão muito além de Bolsonaro: incluem o controle das terras raras, da produção de alimentos e da energia.

Ele também acusou os EUA de historicamente sabotarem o desenvolvimento tecnológico e industrial do Brasil, citando a Lava Jato como uma operação articulada para desorganizar a Petrobras e facilitar a exploração estrangeira do pré-sal. “A dominação estadunidense tem como objetivo garantir conforto para os americanos e fome para os outros”, disse.

<><> Agentes infiltrados e traição interna

Stoppa alertou para a presença de agentes norte-americanos infiltrados na política brasileira. O caso mais recente seria o do senador Marcos do Val, que revelou ter entrado nos EUA com visto da categoria “S”, destinado a informantes do governo norte-americano. “Ele está confessando que trabalha para os Estados Unidos. Isso comprova a infiltração do império no Judiciário e no Congresso”, disse.

Segundo ele, há um novo plano de golpe em curso, em que os EUA apoiariam setores da oposição para derrubar o governo Lula e colocar um interventor submisso, como fizeram em outros países: “Foi assim no Iraque, na Ucrânia, na Líbia. Sempre o mesmo roteiro.”

<><> “Agora é hora de patriotismo de verdade”

Para Leonardo Stoppa, o momento exige mobilização nacional e resgate do verdadeiro patriotismo. “Temos uma oportunidade histórica de desenvolver o nacionalismo saudável, porque temos um inimigo externo claro”, afirmou. Ele elogiou a postura do presidente Lula em evento recente em Osasco, onde resgatou o símbolo da bandeira nacional: “Agora quem está segurando essa bandeira são os verdadeiros donos do Brasil: o povo brasileiro.”

Stoppa concluiu com uma mensagem de esperança: “Não estamos fadados a virar uma nova Líbia ou uma nova Síria. Temos tamanho, temos povo, temos capacidade produtiva. Se soubermos comunicar com clareza, podemos virar uma nova China.”

•        Um camaleão sanguinário no Congresso estadunidense. Por Fernando Lavieri

É de conhecimento geral e irrestrito que o camaleão é bicho com característica peculiar, ele muda de cor, disfarça a própria aparência para abocanhar a sua presa. Em política também há seres com capacidade semelhante. Lindsey Graham, senador republicano pela Carolina do Sul, adequa o seu sorriso e apoio ao presidente do momento desde que esse líder imponha o imperialismo estadunidense por todo o mundo. O rosto rosado, quase laranja, de Lindsey Graham não fica vermelho ao defender massacres no Oriente Médio. Seus olhos azuis não vertem uma única lágrima após cerca de sessenta mil mortes palestinas, em Gaza. Ao contrário, ele apoiou o lançamento de todas as bombas estadunidenses naquela região, contra o Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria, Iêmen e Irã. Graham verte desatinos sem cessar. Ele é duro entusiasta do jogo tarifário de Trump e, claro, da política de sanções contra a Rússia, Venezuela, Nicarágua, Cuba, China e, agora, ao Brasil. “Vamos impor tarifas pesadas e esmagar a economia de vocês”, declarou Graham recentemente a Fox News, referindo-se aos países do Brics que, segundo ele, estariam comprando petróleo barato da Rússia, o que automaticamente financia o conflito contra a Ucrânia. A respeito do certame entre Rússia e a Ucrânia, orquestrado pelos EUA  por intermédio da Otan, Graham chegou declarar a infame frase, “esse é o melhor dinheiro que gastamos porque os russos estão morrendo”. Para Lindsey Graham, contra a Rússia, sanções econômicas não são suficientes, Donald Trump deveria atacar o país com bombas e tudo mais. Ele festejou com regozijo o envio de armas estadunidenses para Ucrânia. Detalhe, tal armamento foi pago pela Europa. Perceba que em todas as situações belicosas e sórdidas promovidas pelos EUA havia presidentes diferentes; Democratas e republicanos revezam-se no poder cometendo barbáries impressionantes. E, nesse sentido, Lindsey Graham é o personagem principal no Congresso dos Estados Unidos que segue o rastro de sangue e dinheiro adaptando-se as circunstâncias.

É errado considerá-lo como político conservador apenas, pois ele não mede esforços para apoiar agressões múltiplas. Lindsey Graham é, com certeza,  a imagem perfeita para exemplificar todas as ações imorais, ilegais e de lesa-humanidade que os Estados Unidos desenvolvem em todas as regiões do mundo. Em 2001, Lindsey Graham apoiou com entusiasmo e virilidade juvenil a invasão do Afeganistão e, depois, a do Iraque, o presidente dos EUA na época era George Bush, o júnior. O mesmo ocorreu quando Barack Obama  atacou a Líbia, em 2011, e depois a Síria. Lindsey Graham metamorfoseou-se e apoiou as matanças.  Não poderia ser diferente contra a Rússia e o Irã. Se dependesse apenas de Lindsey Graham, a Terceira Guerra Mundial já haveria começado. O jornal estadunidense The New York Times já reconheceu a capacidade camaleônica de Lindsey Graham, o periódico publicou certa vez que a primeira opção política dele era a de atuar pelo Partido Democrata, o que não foi possível porque nesse caso teria poucas chances de conquistar posições relevantes.

Nesse contexto sempre é bom lembrar, que  os Estados Unidos oprimiram e massacraram diversos países e povos durante todo o século XX. A destruição continua agora, basta observar o genocídio palestino, em Gaza. Desde 1992 Lindsey Graham rasteja pelos meandros da política em Washington defendendo o que há de mais destrutivo, a face mais horrível de seu país. Ele não liga se o ocupante da Casa Branca é Obama, Biden ou Trump, preto, branco ou laranja, mas sim se o chefe de Estado vai operar agressivamente. Assim como o presidente Donald Trump, o senador Lindsey Graham não é novidade na conjuntura imperialista dos Estados Unidos, eles são mais do mesmo e, a partir desse raciocínio, a influência de Graham sob Trump, pode ocasionar em ainda mais agressão. As perguntas que surgem agora são: quem são os financiadores de Lindsey Graham? A indústria de armas está entre eles? Se não é verdade é bem provável.

 

Fonte: A Terra é Redonda/Brasil 247

 

Nenhum comentário: